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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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segunda-feira, 13 de maio de 2019

REFORMA DO TEMPLO REAA

REFORMA DO TEMPLO REAA 
(republicação)

Em 06.08.2014 o Respeitável Irmão Ivan Luiz Emerim, membro da Loja Duque de Caxias III Milênio, GOERS (COMAB), REAA, Oriente de Caxias do Sul, Estado do Rio Grande do Sul, solicita as seguintes informações: 
ilemerim@gmail.com 

Reforma do Templo REAA

Minha Loja tem passado por reformas e melhoramentos na sua estrutura física. Os últimos Veneráveis preocuparam-se em adequar, reformar e embelezar a Loja em quase todos os seus aspectos físicos, digamos profanos. O Templo está ficando por último. Acontece que nestas reformas já foi deixado espaço para a ampliação do Templo no sentido Leste, ou seja, onde hoje se situa o Oriente será ampliado o Ocidente e no novo espaço estabelecer o Oriente definitivo (no plano inicial da construção - 1970 - já estava prevista esta ampliação). Bem, o atual Venerável está pensando em iniciar a reforma no Templo nas férias de final de ano.

Como membro integrante (já há muitos anos) das Comissões de Instruções, pretendo apresentar sugestões abalizadas no sentido de colocar em seus devidos lugares algumas, digamos irregularidades ritualísticas e arquitetônicas, cometidas quando da sua construção e, para que não haja continuidade destes enganos, tomo a liberdade de consultar vosso saber para as seguintes dúvidas:

a) A posição correta do 2º Vigilante é no meio da Coluna do Sul, abaixo da Estrela Flamejante? (Atualmente as mesas dos Vigilantes estão na mesma posição (paralelas) em suas respectivas Colunas) 

b) As mesas dos Vigilantes devem ser retangulares? Possuem degraus? (Atualmente são triangulares – a do 1º Vigilante possui dois degraus e a do 2º Vigilante um degrau)

c) Sobre o Oriente temos a observar o seguinte: Nosso Oriente é elevado, ou seja, está num plano superior ao Ocidente, é de madeira e possui a balaustrada. Acontece que quando de uma das reformas foi deixado o espaço para a ampliação do Oriente e também já se deixou pronto a elevação, agora de concreto. Portanto não há como nivelar o Oriente ao Ocidente. 

d) O piso mosaico atualmente é só no meio do Ocidente. Com a reforma passará a ser, corretamente, em todo o Ocidente.

e) Qual deverá ser a cor do piso do Oriente?

f) Qual deverá ser a cor das paredes? (Entendo que devem ser vermelhas. Atualmente são brancas e suponho que não haverá consenso em alterá-las).

g) As mesas das Dignidades e Chanceler também devem ser retangulares? (Atualmente são triangulares)

h) O Altar dos Juramentos deve ser retangular e um pouco afastado da mesa do Venerável ou um apêndice grudado na mesa deste? (Atualmente é triangular e afastado da mesa do VM).

Numa primeira análise estas são as minhas dúvidas. Se surgirem outras peço permissão para consulta-lo novamente. 

Considerações:

Recordo-me dessa Loja quando tive oportunidade de conhecê-la por ocasião da minha estada em Caxias do Sul para ministrar palestra no ano de 2.012.

Quanto às considerações:

a) Devido ao caráter “antigo” adquirido pela também raiz anglo-saxônica do simbolismo do Rito Escocês Antigo e Aceito, haurida na criação dos seus três primeiros graus, embora de origem francesa e a influência das já extintas Lojas Capitulares, o Rito mantém o segundo Vigilante no meridiano do Meio-Dia (até para atender a dialética “antiga” de abertura e encerramento).

Assim, embora no princípio do simbolismo escocês (a partir de 1.804) na França o Segundo Vigilante tomasse assento no Ocidente de frente para o Oriente – simétrico ao Primeiro Vigilante – quando da evolução do ritual no século XIX o Segundo Vigilante, à moda dos “antigos” teve o seu lugar sacramentado na Coluna do Sul na porção mediana do espaço Ocidental.

Prende-se essa justificativa pela dialética atribuída ao Segundo Vigilante: “(...) para verificar a passagem do Sol no seu meridiano (...)”. Isso significa que no Rito em questão o Vigilante posicionado ao Sul no meridiano do Meio-Dia de frente para o eixo longitudinal da Loja (equador) vislumbra a passagem no movimento aparente diário do Sol, desde o seu alvorecer no Oriente, a sua passagem no Meio-Dia e o seu ocaso no Ocidente.

b) Sim, as “mesas”, como bem qualificadas (nunca altares) são retangulares no Rito Escocês Antigo e Aceito.

Quanto ao acesso para o estrado onde ficam dispostas essas mesas, para o Primeiro Vigilante é por dois degraus e para o Segundo é por um degrau apenas.

A regra universalmente aceita em um Templo do Rito em questão é a de que nele existam sete degraus assim divididos: um degrau para o Oriente, neste três para o sólio (lugar do Venerável). No Ocidente dois para o Primeiro Vigilante e um para o Segundo – a soma deles é igual a sete.

c) A consideração está implícita no item “b”, cabendo, entretanto uma consideração no que tange ao Oriente e Ocidente no mesmo nível.

Entre ambos no que preceituava o primeiro Ritual em 1.804, este baseado nas Lojas Azuis americanas (rituais Webb) era que não existia desnível nem demarcação (balaustrada) entre o Oriente e o Ocidente. Subia-se apenas ao sólio por três degraus. Todavia, devido o aparecimento na França das Lojas Capitulares (hoje totalmente extintas), apareceria então à elevação e demarcação do espaço oriental em distinção ao ocidental para se coadunar com o Capítulo. Extintas essas Lojas, ainda no século XIX, acabou consuetudinariamente permanecendo, provavelmente para agradar “alguns à moda latina”, o costume de se destacar elevando e demarcando o quadrante oriental da Loja. Daí para se retomar as verdadeiras origens, o procedimento merece discussão e aprovação pela Obediência que abriga as Lojas do Rito mencionado.

Assim atualmente o Oriente continua dividido pela já conhecida balaustrada, assim como ele se apresenta em desnível com o piso mais alto em relação ao Ocidente.

d) Esse procedimento antigo que imitava o Pavimento Mosaico no centro do Ocidente por um pequeno espaço delimitado era apenas representativo, já que à época era uma adaptação simbólica para o Pavimento quando houvesse a impossibilidade de recobrir todo o assoalho ocidental, inclusive o do Átrio.

A questão é que os “inventores” de plantão acabariam por confundir aquele pequeno espaço retangular que imitava precariamente o Pavimento com o tapete usado no Trabalho de Emulação do Craft inglês parecido com um tabuleiro de xadrez. Assim consideraram-no equivocadamente como um espaço sagrado que, segundo esses “inventores” não se poderia nele pisar.

A partir daí inúmeras considerações também viriam povoar o imaginário ao gosto dos “achistas” e o costume acabou acampando indevidamente as salas da Loja simbólica do REAA.

À bem da verdade o tapete é o ancestral dos Painéis da Loja atualmente colocados em suportes próprios quando expostos em Loja aberta. Um exemplo disso pode ser verificado no Rito Schroeder que conserva a tradição de estender ao centro um belíssimo tapete decorado e que não representa nenhum Pavimento Mosaico, que por sinal é inexistente nesse Rito.

O “Emulation Ritual”, chulamente ainda confundido com o título de York, é outro exemplo que conserva o Tapete quadriculado branco e preto, às vezes com a letra “G” no centro que nada tem a ver com o já mencionado Pavimento, já que este, o Pavimento, é também inexistente no Craft – vertente inglesa de Maçonaria.

No simbolismo do Rito Escocês Antigo e Aceito, o Pavimento Mosaico ocupa rigorosamente todo o solo (chão) do Ocidente, inclusive o do Átrio, cuja disposição dos quadrados negros e brancos intercalados entre si, estará disposta de modo oblíquo (diagonal) – esse Pavimento no Rito Escocês, inclusive serve para regular a Marcha do Grau.

Cabe aqui também um esclarecimento concernente a “Orla Denteada” que é uma espécie de moldura, ou guarnição do Pavimento. Como a disposição do piso branco e preto é oblíqua o limite do Pavimento com as paredes e com a elevação do Oriente, pela disposição mencionada, representa simbolicamente essa moldura marchetada, já que a verdadeira representação da Orla Denteada, inclusive com as respectivas borlas, se apresenta no Painel da Loja contornando o agrupamento simbólico e alegórico correspondente ao Grau.

e) Antes do aparecimento das já comentadas Lojas Capitulares, o Pavimento ocupava todo o espaço da Loja. Embora já extintas as ditas, consuetudinariamente o Oriente permaneceu elevado à moda capitular, cujo desnível acabou por interceptar a continuidade do Pavimento.

Assim recomenda-se atualmente para o piso do Oriente uma disposição única recoberta com peças da mesma cor de maneira discreta e compatível com o ambiente. Muitas Lojas também adotam com muito bom gosto uma cobertura do piso para esse espaço oriental com um carpete ou forração de tom encarnado (vermelho cardeal) de conformidade com a cor predominante na decoração do REAA. Em resumo, devido ao desnível, no Oriente não existe o Pavimento Mosaico.

f) Embora ainda algumas Obediências brasileiras apregoem principalmente a cor azul, tradicionalmente elas são vermelhas (encarnadas) conforme preceituam alguns bons e verdadeiros rituais simbólicos do Rito.

g) Assim como as mesas destinadas às Dignidades do Orador e do Secretário, devem ser retangulares, também assim são aquelas destinadas aos dois Oficiais denominados Tesoureiro e Chanceler.

Vale a pena aproveitar a oportunidade para mencionar o seguinte: algumas Obediências ainda tratam os cargos de Tesoureiro e Chanceler como Dignidades provavelmente por confundi-los com cargos eletivos. Assim, as Dignidades de uma Loja são verdadeiramente constituídas por apenas “cinco cargos”, cuja composição se constitui pelas Luzes da Loja (Venerável, Primeiro e Segundo Vigilantes) mais o Orador e o Secretário e nunca “sete Dignidades”.

De qualquer modo, todos os mencionados, à exceção do Venerável, ocupam moveis retangulares – denominados mesas, nunca altares.

h) O Altar dos Juramentos no REAA é uma extensão do Altar ocupado pelo Venerável, disposição essa adquirida ainda no século XIX com a colocação de um pequeno móvel, ou uma coluna truncada, colocado logo à frente do Altar (Venerável). A esse pequeno móvel fora dado o nome de Altar dos Juramentos onde permanecem as Três Grandes Luzes Emblemáticas.

Quanto ao seu formato, tanto faz. Atualmente, conforme o ritual, ele pode ser retangular, quadrado ou triangular.

Quanto à sua localização atual ele permanece no Oriente em frente ao Altar ocupado pelo Venerável, porém abaixo do sólio. Embora o termo “extensão do Altar”, destaque-se que ambos são dois móveis distintos (separados um do outro).

Essas considerações se prendem ao fato da tradição e de como deve, ou deveria ser essa disposição inerente ao simbolismo do Rito Escocês Antigo e Aceito, lembrando que infelizmente muitos rituais legalmente aprovados ainda permanecem em desacordo com a tradição do Rito em questão. Nesse sentido, embora equivocados, eu gostaria de lembrar que um ritual em vigência é Lei, daí recomenda-se o seu fiel cumprimento, mesmo estando ele assentado no campo da contradição.

Finalizando, eu particularmente recomendo que móveis tais como os das mesas dos Vigilantes, do Orador, Secretário, Tesoureiro e Chanceler, bem como o Altar dos Juramentos não sejam fixados de modo definitivo ao piso, já que a disposição destes pode variar conforme o ritual aprovado nas administrações das Obediências.

T.F.A. 
PEDRO JUK  - jukirm@hotmail.com 
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.568 Florianópolis (SC) – terça-feira, 13 de janeiro de 2015

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