Ir. João Ivo Girardi
Loja Obreiros de Salomão nr. 39 (Blumenau)
A Origem Mística da Fogueira de São João: Há qualquer coisa de melancólico nessas festas juninas, nesses fogos, nessa insistência em conservar-se a tradição dos dias dedicados aos barulhentos São João, Santo Antônio e São Pedro. (Augusto F. Schmidt).
Toda festa junina, que se pretenda tradicional, tem de ser tudo isso, apontado na transcrição acima pelo grande poeta.
Humildemente pedimos licença ao autor para acrescentarmos que, na referida festa, existem mais coisas. Muitos desconhecem a origem mística da fogueira de São João e o porquê de certas tradições juninas.
Vamos começar com a dança, a famosa quadrilha. Não sei se os Irmãos já repararam nas palavras que orientam a evolução dos dançarinos: changê, anavã, anarriê.
Convenhamos, são palavras bastante esquisitas.
Mas, na verdade, são expressões aportuguesadas da língua francesa. É que a quadrilha é uma dança inspirada nos bailes rurais da França, do século XVIII; os casais, em coreografias carregadas de mesuras, cumprimentavam-se e trocavam os pares, alegrando os salões das cortes européias.
Assim, surgiram o padre, o noivo, a noiva, o delegado e expressões como olha a cobra no caminho, etc.
Em, Sonho de Papel, conhecida canção junina, os autores Carlos Braga e Alberto Ribeiro aquecem as emoções da ambiência festiva com a presença da fogueira: O balão vai subindo, vem caindo a garoa / O céu é tão lindo e a noite é tão boa. / São João, São João! / Acende a em fogueira do meu coração. Talvez, não suspeitassem os mistérios que envolvem.
De origem européia, a fogueira joanina faz parte da antiga tradição pagã, em que se cultuava Solstício de Verão
A Igreja Católica, como sempre, agindo nos bastidores, escamoteou o cunho esotérico da fogueira estival, associando-a à lenda católica, onde afirmava que o antigo costume de acendê-la, no começo do verão europeu, tinha suas raízes num acordo feito pelas primas: Maria, grávida de Jesus, e Isabel, grávida de João.
Ficou combinado que Isabel acenderia uma fogueira, que pudesse ser vista a distância, para avisar à primeira o nascimento da criança. Mesmo com tal artimanha da Igreja, inculcando, no vulgo profano, a mudança da tradição pagã em manifestação católico-cristã, não se pôde apagar a verdade iniciática de milênios.
O filho de Isabel, cuja excelsa missão era anunciar a vinda do Cristo, o Avatara (Ava, antigo; Tara, Torá, Lei, Rota), a manifestação da Divina Lei para o segundo milênio, veiculada na Terra por Jeoshua Bem Pandira (Jesus, o Cristo), foi, pois, o grande Yokanaan (o que prega, ensina, doutrina e batiza, anunciando esses Seres ungidos, dados como filhos de mães virgens e chamados o Sol, o Salvador, o Cristo, o Messias).
Pregando o batismo e a conversão para a remissão a dos pecados, ao percorrer as terras do Jordão, o Rio Sagrado, diante de tanta autoridade e sabedoria, o povo lhe o perguntou se era o Cristo. Ele, então, redarguiu: Eu vos batizo com a água, mas virá Outro muito mais poderoso que eu, cujas correias das sandálias não sou digno de desatar; Ele é que vos batizará com o Fogo do Espírito Santo. Com tal esclarecimento, mais uma ponta dos velados mistérios pode ser levantada, pois, ao batizar Jesus no aludido Rio, restabeleceu a Nova Aliança, entre a Divindade e a humanidade, o pacto com o Salvador, com o Cordeiro de que nos falam as milenares profecias.
Uma simbologia ligada à expressão, usada, ainda, no Ciclo atual, Cordeiro de Deus, indicadora do Fogo Místico, o Fogo Sagrado, que arde em todas as coisas, através das palavras latinas Agnus Dei e da palavra sânscrita, Agni. João, o Batista, está intimamente ligado ao Culto do Fogo, praticado por diversos povos, milhares de anos antes do Advento do Cristianismo.
E, por isso mesmo, a permanência, nos dias de hoje, do acendimento das fogueiras de São João, que, embora entendido como simples manifestação folclórica, tem uma dimensão bem maior, sendo, na verdade, uma reminiscência do Culto ao Filho de Deus, representado pelo Sol, o Salvador da humanidade das durezas do inverno. (João Geraldo Camanho). (V. Avatar, Elementos, Folclore, Fogo, São João).
Fonte: JBNews - Informativo nº 281 - 05.06.2011
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