O Ir∴ Laércio Bezerra Galindo
Partindo do principio de que o homem de bem exige tudo de si próprio; e o homem medíocre espera tudo dos outros, encontraremos muitos Irmãos com boa vontade, solidários, fraternos e tolerantes, e que se sentem desiludidos por acontecimentos que acontecem em seu redor, como discussões frívolas que não levam a lugar nenhum; falta de amor próprio e orgulho ferido, invejas, traições e vaidades por cargos em Loja.
A qualidade do Maçom, aplicada sucessivamente a todos os Iniciados na Ordem, compreende uma afinidade de nuanças, desde a simples crença na fraternidade, até as mais altas deduções morais e filosóficas; desde aquele que, detendo-se na superfície, nela não vê senão um passa-tempo de curiosidade, até aquele que procura concordância dos princípios com as leis universais, e suas aplicações aos interesses gerais da Humanidade; enfim, desde aquele que nela não vê senão um meio de exploração em seu proveito, até aquele que nela haure os elementos de sua própria melhoria moral.
Tem-se feito, é verdade, uma distinção entre os bons e os maus, os verdadeiros e os falsos Maçons, estes conhecidos como profanos de avental, os Maçons mais ou menos esclarecidos, mais ou menos convencidos, os Maçons de coração, os Maçons do ágape, etc.; mas essas designações, sempre vagas, nada têm de autênticas, nada que as caracterizem quando não se conhece os indivíduos, e quando não se teve ocasião de julgá-los pelas suas obras, pode-se, pois, ser enganado pelas aparências.
Disso resulta que a qualidade do Maçom, não é uma recomendação absoluta; essa incerteza lança nos espíritos uma espécie de desconfiança que impede estabelecer entre os adeptos um laço sério de confraternidade.
Todas as vezes que maçons se reúnem em nome de uma idéia vaga, jamais chegam a se entender, porque cada um compreende essa idéia à sua maneira.
Porquanto ela se compõe de interesses divergentes, materiais, ou de amor-próprio a si mesmo, tendendo a um objetivo diferente, que se combatem, e muito raramente estão dispostos a fazer concessões ao interesse comum, ou mesmo à razão, agindo individualmente, onde fica o coletivo e a Egrégora, nas lojas onde os IIr.•. agem dessa forma?
A condição absoluta de vitalidade de uma Loja Maçônica devidamente integrada é a homogeneidade, quer dizer, a unidade de vistas, de princípios e de sentimentos; a tendência para um mesmo objetivo determinado, em uma palavra, a comunhão de pensamentos, oferecendo magnífica oportunidade para o exercício do relacionamento sincero, sem reserva ou desconfiança na exposição dos mais puros sentimentos.
Mas, para alcançar um estágio de excelência, no relacionamento, será necessária uma efetiva integração e união entre os irmãos, criando um ambiente preservado de qualquer favorecimento subordinado a decisões e vantagens pessoais e de personalismo, cultivando um clima edificante para a prática da verdadeira Maçonaria.
Tendo cada membro funções ativas e assíduas, se não se usasse senão homens de boa vontade, os trabalhos de uma Loja poderiam sofrer com isso, porque ninguém teria o direito de censurar os negligentes.
Para a regularidade do trabalho é necessário ter Irmãos com assiduidade dos quais se possam contar e cujas funções não sejam simples atos de complacência.
Por que nos custa tanto viver pura e simplesmente tal como somos, sem tanta carga de temores, medos, prevenções, preconceitos, automatismos ignorantes e cegos, complicações no nosso pensar, no nosso sentir, no nosso agir, em nossas relações pessoais?
Fugimos do simples e despojado e nos enredamos no complicado.
O homem que é avançado moralmente, não fará senão o bem, há, pois, interesse para todos no progresso moral da Humanidade.
Compreende-se que sem um Venerável Mestre de autoridade moral capaz de centralizar os trabalhos, estudos e observações, de dar impulso, de estimular o zelo, de defender o fraco, de enfrentar os pavões, de sustentar as coragens vacilantes, de concorrer com os conselhos da experiência, de fixar opinião sobre os pontos incertos, uma Loja Maçônica correria o risco de caminhar à deriva.
Não somente essa direção é necessária, mas é preciso que ela esteja nas condições de força e de estabilidade suficientes para desafiar tempestades.
Por isso mesmo, um ambicioso, orgulhoso, um casuísta, atormentado pela sede de honras, e do supérfluo, dirigindo uma doutrina baseada na abnegação, no devotamento, na indulgência com as imperfeições de outrem, no desinteresse e na humildade, não poderá senão falsear-lhe o espírito.
E o que ocorreria inevitavelmente, se não se tomasse, de antemão, medidas eficazes para evitar esse inconveniente?
Admitamos, no entanto, que um Irmão reunisse todas as qualidades requeridas para o cumprimento de suas funções, e que chegue à direção; os homens se sucedem e não se assemelham; depois de um bom, pode vir um mau; com ele pode mudar o espírito da Loja; sem ter maus desígnios, pode ele ter objetivos menos justos; se prevalecer suas idéias pessoais, pode fazer a Loja desencaminhar, suscitar divisões e as mesmas dificuldades se renovarão a cada mudança.
Como não é racional admitir que Deus confie missões a ambiciosos, ou a orgulhosos, as virtudes características de um verdadeiro Maçom, seja ele; Aprendiz, Companheiro ou Mestre devem ser antes de tudo, a simplicidade, a humildade, a modéstia, e o desinteresse material mais completo; ora, a pretensão de ser um Venerável Mestre, por imposição e não por indicação de seus pares, seria a negação dessa qualidade essencial; ela provaria, naquele que se prevê semelhante título, ou uma tola presunção se for de boa-fé.
Não faltariam intrigantes que quereriam se elevar pelo orgulho, ambição, cupidez, esquecendo, porém, que o Maçom deve ser fiel às leis, materiais e espirituais, principalmente. As leis materiais de todo agrupamento organizado, essenciais para que haja ordem no caos, por isso a possuímos.
Ela é instrumento genérico que contém as linhas-mestras da Instituição, pois visa disciplinar, quase que permanentemente, as regras de comportamento.
Os princípios que essas leis observam são fruto de um longo e judicioso trabalho que, embora não seja perfeito, possui suficiente credibilidade para subsistir até hoje.
Já as leis espirituais, estão em cada um de nós, em nossas atitudes.
Para concluir; – O verdadeiro maçom opõe barreiras aos enredos e intrigas e a ambição. Põe definitivamente de parte o hábito de querer mudar os outros, deve ouvir atentamente o Irmão, e depois argumentar com ponderação para que haja um entendimento sadio e, por conseqüência, o esforço de uma amizade que a Maçonaria em si sempre fez questão de que seja primordial entre irmãos.
E dentro desses parâmetros da atual conjuntura em que vivemos, notamos que praticamente ninguém consegue se concentrar espiritualmente e se irmanar em um pensamento positivo.
É, pois, do dever de todos os Maçons sinceros que chamados a dar o seu concurso na honrosa missão de GUIA de seus Irmãos, não possam conceber nenhuma inquietação.
Quanto mais a sua base seja sólida, menos estará exposto aos golpes da intriga, da ambição, das manobras casuísticas, ao abrigo de todas as eventualidades que se podem urdir nas menores Oficinas, como nas maiores.
O que faz a força é o universo; ora, uma união fraterna não poderia existir entre pessoas interessadas, moral e materialmente, a não seguir o mesmo caminho, e que não perseguem o mesmo objetivo.
Dez homens sinceramente unidos por um pensamento comum são mais fortes do que cem, que não se entendem.
Em semelhante caso, a mistura de objetivos divergentes tira a força de coesão entre aqueles que queiram andar e confraternizar juntos como verdadeiros Irmãos.
Fonte: JBNews - Informativo nº 282 - 06.06.2011
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