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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

TOMADA DE OBRIGAÇÃO NA INICIAÇÃO, ELEVAÇÃO E EXALTAÇÃO

Em 26.04.2024 o Respeitável Irmão José Edvaldo Correa, Loja Conde de Saint Germain, 4532, REAA, GOB-SP, Oriente de Santo André, Estado de São Paulo, apresenta a seguinte questão:

TOMADA DE OBRIGAÇÃO

Porque quando o candidato está para ser iniciado, o mesmo sobe ao Altar para tomar a bebida doce e a amarga, se depois que ele se torna neófito, só pode subir novamente depois que virar Mestre.

Esta parte não deveria estar perto da balaustrada? É o Venerável Mestre que deveria descer para fazer esta parte? Para o candidato não subir ao Oriente.

Desculpa incomodar com tal pergunta, mas sei que irei receber a resposta certa, pois sei que é um grande conhecedor da ordem.

CONSIDERAÇÕES:

Para se compreender um pouco disso, se faz necessário conhecer, pelo menos superficialmente, a história das Lojas Capitulares do REAA, hoje extintas, mas que por boa parte dos séculos XIX e XX funcionaram com força e vigor, tanto na Europa como no Brasil.

Em síntese, por volta de 1804, no primeiro ritual para o simbolismo do REAA, os seus templos não possuíam ainda Oriente elevado e separado. Nessa época, as lojas simbólicas do REAA trabalhavam em um templo com piso plano, muito próximo dos utilizados pelo Rito de York (inglês), ou seja, neste particular não havia desnível do piso entre o Oriente e o Ocidente, nem a separação do mesmo por balaustrada.

 Em outubro de 1814 o Grande Oriente da França interferiu no II Supremo Conselho, instalado em Paris, fazendo com que fossem criadas as Lojas Capitulares do REAA. Assim, o Grande Oriente da França passava a dirigir os todos os graus do 1º até o 18º, deixando para o II Supremo Conselho somente os graus acima do 18º.

Neste sistema, o dirigente do Capítulo (Grau 18 do REAA), o Athersata, era também o Venerável Mestre da loja simbólica. Aspectos relativos à esta longa história capitular na França podem ser encontrados no Blog do Pedro Juk – http://pedro-juk.blogspot.com.br

No contexto das Lojas Capitulares havia um lugar reservado onde só ingressavam os Príncipes Rosa Cruzes. Chamava-se Santuário Rosa-Cruz.

Na verdade, neste sistema capitular o santuário era o Oriente da loja, ficando o Ocidente destinado aos três graus do simbolismo.

Graças a isso, foi criada uma extensão móvel do altar principal, o qual destinava-se às tomadas de juramento nas Iniciações, Elevações e Exaltações do simbolismo. Este artifício móvel, então denominado de Altar dos Juramento, evitava o ingresso no santuário (Oriente) daqueles que não tinham ainda alcançado os graus do sistema capitular.

Este pequeno altar ficava entre o altar principal e o degrau de entrada do Oriente. Assim, nas tomadas de juramento do 1º, 2º e 3º Graus, o Altar dos Juramentos era colocado rente à entrada do Oriente, o que fazia com que os Irmãos do simbolismo chegassem no máximo até a divisa com o Oriente. Quer dizer, o Altar dos Juramentos continuava o Oriente e os Irmãos do simbolismo ficavam no Ocidente.

Histórias a parte, vale ressaltar que as Lojas Capitulares acabariam sendo extintas mais tarde e o simbolismo voltaria à tradição de possuir apenas três graus, ficando este sob a égide da Potência Simbólica (Grande Oriente da França) e os demais, do 4º ao 33º, sob a tutela do II Supremo Conselho, o da França.

Com a extinção das Lojas Capitulares, o Oriente, sem se saber exatamente o porquê, mesmo no simbolismo, continuou elevado por um degrau e separado por uma balaustrada. E assim permanece consagrado até os dias atuais.

Com isso, o Oriente, que outrora fora privado apenas aos Irmãos do Capítulo, passou a ser, daí em diante, reservado ao Venerável Mestre, aos Mestres Instalados e Autoridades do simbolismo, enfim, o Oriente, ficou condicionado aos Mestres Maçons. Sob à óptica iniciática, isto significa que o Oriente é a etapa final da jornada do simbolismo e o alcance da plenitude maçônica.

A vista disso, o Altar dos Juramentos permaneceu no Oriente, entre a sua entrada e o Altar Mor.

Graças a isso, convencionou-se que nas Iniciações, Elevações e Exaltações, para cumprir a liturgia, os Aprendizes e Companheiros - apenas nestas oportunidades e acompanhados - podem adentrar no espaço oriental para prestarem os seus juramentos e receberem as devidas consagrações (consagração do candidato e dignidade do grau). Fora as ocasiões aqui mencionadas, sob nenhuma hipótese Aprendizes e Companheiros podem ingressar no Oriente em Loja aberta, acompanhados ou não.

Desafortunadamente, no simbolismo o modo de se mover o Altar dos Juramentos até o limite com o Oriente como nos tempos capitulares, acabou não se consagrando e fez com que o pequeno altar permanecesse fixo no Oriente, em frente e próximo ao Altar ocupado pelo Venerável Mestre. Esta é a razão do porquê que no REAA o Altar dos Juramentos fica no Oriente e, por extensão, a razão pela qual Candidatos, Aprendizes e Companheiros ali adentrem apenas nos momentos especificados pelo ritual.

Ao concluir, vale ressaltar que o costume das tomadas de juramento no Oriente acabou virando consuetudinário no REAA pós Lojas Capitulares, e ninguém mais mexe. Embora, do ponto de vista iniciático até seja um paradoxo, esta foi a forma convencional adotada.

T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB 
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

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