Páginas

PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

A IMPORTÂNCIA DO NÚMERO 3 NA MAÇONARIA

A importância do número 3 na Maçonaria e o Maçom com três anos de idade

A necessidade de refletir sobre este tema prende-se com a condição do Maçom com três anos de idade. Porquê esta caracterização?

Assim, tentarei identificar a importância do número três na nossa Augusta Ordem, e procurarei clarificar porque tem, afinal, um Aprendiz a idade de três anos.

Começo por reparar que o número três tem uma presença relevante na nossa vida: o mundo onde vivemos é percebido por nós num espaço tridimensional. O tempo, o outro acesso que temos à realidade tem para nós três divisões: passado, presente e futuro. A nossa existência decorre em três grandes fases, nascimento, vida e morte. O corpo humano divide-se em três segmentos; cabeça, tronco e membros. A religião católica apresenta o dogma do Pai, Filho e Espírito Santo da Santíssima Trindade, bem como na sua teologia divide a vida além túmulo em céu, purgatório e inferno. A divisa propagada pela Revolução Francesa era tríplice: Liberdade, Igualdade e Fraternidade

Três materiais foram utilizados na construção do Templo de Salomão: pedra, que representa a estabilidade; madeira de cedro, sinónimo de vitalidade e o ouro como metáfora da espiritualidade.

Uma vez que falámos do Templo de Salomão, vamos então ver a relação do número três com a Maçonaria:

Começaremos por dizer que três graus fundamentais formam a Maçonaria: O mais completo é o de Mestre, precedido pelo grau de Companheiro e o primeiro grau, por onde se começa é o de Aprendiz. Este é distinguido pela idade – três anos, por três passos, pela bateria (tripla) e pela aclamação. Admitido na Arte Real após três viagens é reconhecido por três coisas: os seus sinais, palavras e toques.

Esta Augusta Ordem tem 3 Grandes Luzes, cada Templo ou Loja também tem 3 Luzes Maiores, 3 Luzes Menores, 3 Jóias Fixas e 3 Jóias Móveis. A saber:
  • As 3 Grandes Luzes da Maçonaria são o Livro Sagrado, que governa nossa fé, o Esquadro e o Compasso, pelos quais devemos reger as nossas vidas e ações.
  • Em Loja existem 3 Luzes Maiores – O Venerável Mestre, o Sol e a Lua; 
  • 3 Luzes Menores – O Venerável Mestre, o Primeiro Vigilante e o Segundo Vigilante e para que a loja seja justa e perfeita, necessita de 3 coisas: que três a dirijam; cinco a iluminem e sete tornem-na justa e perfeita.
  • As 3 Jóias Móveis que decoram uma Loja são: o Esquadro, o Nível e o Prumo e estão associadas às 3 Luzes Menores. As t3 Jóias Fixas, porque expostas em Loja para que os Irmãos possam reflectir sobre elas, são a Pedra Bruta, a Pedra Polida ou cúbica e a Prancha.
No centro da Loja, ou seja, o ponto em que a vontade do Céu se exprime na Terra, erguem-se três colunetas, que representam três princípios distintos mas interdependentes que formam uma unidade. Essas colunas apresentam as três ordens da Arquitetura Clássica, Jónica, Dórica e Coríntia. Posicionando-se entre si, formam um triângulo rectângulo cuja extensão dos lados obedece à proporção 3 x 4 x 5 cuja tradução simbólica é a seguinte:

O três – símbolo do espírito; O quatro – representa a matéria; O cinco – é elo de ligação entre ambos que medeia entre a vontade do Céu e a acção na Terra.

Trindade central da loja maçónica do Rito Escocês Antigo e Aceito – REAA, têm ainda correspondência com os pontos cardeais, as Jóias Móveis da Loja, suas três Luzes Menores, e três princípios de construção do templo maçónico ou ética social. Assim diremos que:
  • A Coluna Jónica situada a Oriente, simboliza a Sabedoria, Corresponde em Loja ao Venerável Mestre portador do Esquadro, que historicamente corresponde ao sábio Rei Salomão;
  • A Coluna Dórica, Situada a Norte Noroeste, simboliza a Força, Detida pelo 1° Vigilante que usa o nível e que corresponde historicamente ao poderoso Rei de Tiro, Hiram;
  • A Coluna Coríntia no lado Sul da Loja, simboliza a Beleza, representada pelo 2° Vigilante detentor do Prumo, que corresponde ao artista Hiram-Abiff arquiteto do Templo de Salomão.
Para a Sabedoria se manifestar, deve apoiar-se na Força e na Beleza. A Força sem Sabedoria e Beleza gera atos imperfeitos e se a Beleza não se apoiar na Sabedoria e na Força é ilusória e superficial. São portanto estas, as mensagens que os símbolos na Loja remetem para o número 3.

Mas há mais, Na prancha de Aprendiz que decora a Loja neste grau estão desenhadas 3 janelas pelas quais não se olha de dentro para fora nem de fora para dentro. Servem antes para permitir a entrada da luz que ilumine os Aprendizes no seu trajeto. Este, é um percurso ascensional, também representado na prancha por uma escada com três degraus; a Escada de Jacób.

Os três passos que esta escada solicita correspondem às três virtudes teológicas: Fé, Esperança e Caridade, a mais importante (Bíblia, 1 Coríntios 13.13) com as quais o Aprendiz poderá construir o seu Templo, um templo justo e perfeito e ascender ao céu pela prática da virtude moral.

Para isso, e porque assim como em cima, é igual ao que está em baixo, o Maçom vai ao Templo fazer três coisas:
  • Vencer as suas paixões,
  • submeter a sua vontade e
  • fazer novos progressos na Maçonaria.
Um iniciado é admitido na loja batendo três vezes, símbolo de três palavras escritas: Bate e ela se abrirá (a porta do templo); procura e acharás (a verdade); pede e receberás (a luz).

Acede assim à Loja. Esta é o “lugar secreto que serve de abrigo aos Maçons para cobrir os seus trabalhos”, ou seja, um lugar protegido para que os trabalhos possam realmente ser internos, como o trabalho do Maçom que se deve concentrar no seu interior. A loja, é portanto, como um ovo com um ser em potencia, protegido da agitação exterior.

É assim, em Loja, que o Aprendiz pode ser iniciado nos mistérios dos três primeiros números e, por isso, tem três anos.

O número Um, que os cabalistas designam Kether, corresponde ao ponto dentro do círculo, é a base de todos os números e indivisível, multiplicando-se produz nada mais do ele mesmo. O próprio ser ou consciência unificador(a) de todas as coisas, sendo uma existência una e para além de qualquer dúvida possível, mas mesmo assim, incompreensível.

Para que o Um se compreenda, deve retornar a si mesmo, criando uma certa dualidade. Aparece assim o número Dois. Este que os cabalistas chamam de Chokmak, será a manifestação do UM na forma de auto-reconhecimento. “Eu sou Eu” consciência que se reveste de conhecimento. Este processo impulsiona a Compreensão – Binah, em que o Um compreende que “Isto que é percebido” não é o seu ser, é diferente, por isso é um “não eu” completando-se e traduzindo-se em sabedoria.

Esta trindade forma agora uma nova unidade, mais completa e complexa, não apenas como soma das partes, mas uma unidade composta mas mesmo assim, ainda uma primeira viagem ao interior da consciência, que deve ser Rectificada por dentro, no caminho da luz da sabedoria. Ainda uma Pedra por Desocultar.

Todo o simbolismo maçónico é um acesso a esta revelação. Por isso, a primeira imagem que um iniciado vê quando a venda é retirada pela primeira vez é o triângulo Lua, Sol e Venerável Mestre, as Luzes da Loja. Os dois astros são o sinal do dia, visíveis ao homem como prova da obra do GADU, o Venerável Mestre, representa a sua sabedoria na terra e ao iniciado compete-lhe avançar no seu caminho desvendando por si mesmo o que agora se lhe depara aos olhos.

E agora Meus Queridos Irmãos como, para que seja reconhecido, o Maçom deve ainda fazer três coisas:

“Deve desafiar-se a si próprio e evitar juízos de valor antes de consultar a sabedoria dos Irmãos”.

Apresento-vos, assim, o tema que me desafiou, sem juízos de valor mas com fundamentos, para que sejam analisados à luz da vossa sabedoria.

R. C.

Bibliografia

Dier, Colin – O Simbolismo na Maçonaria, trad. Sérgio Cernea, Madras Editora, 2006
Frater Achad. B.L. The Brides Reception, transcribed and converted to electronic formats by Benjamin Rowe , 1997, 1998
GLLP / GLRP – Ritual de Aprendiz, 2018
Santos, Joaquim G. – O Quadro de Loja de Aprendiz no REAA História Simbólica
Artigo online do site https://opontodentrocirculo.com/ – publicado em 13 de Fevereiro de 2020 por Luiz Marcelo Viegas

Fonte: fremason.pt

Nenhum comentário:

Postar um comentário