Por J. Filardo M⸫ I ⸫
“Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade.”
(Joseph Goebbels)
Meu Grão-Mestre “in pectore”, o Ir⸫ Lauro Fabiano, puxou minha orelha e disse que “castellanei” em meu último post, quando chamei a Grande Loja de Londres de 1717 uma “Grande Loja ilegal”. Fora que tenho que considerar sua autoridade adicional como historiador que é, além de toda a sua vivência de Maçonaria.
Ele chamou minha atenção para a distinção entre “ilegal” e “ilegítimo”, o que foi um belo puxão de orelhas, vez que sou advogado. Shame on me!
Por isso, sinto-me obrigado a explicar minha posição.
Acabo de traduzir a obra publicada em 1872, ANTIGAS GRANDES LOJAS DE YORK E DE LONDRES – UMA REVISÃO DA MAÇONARIA NA INGLATERRA 1567 A 1813, do Ir⸫ Leon Hyneman, uma defesa apaixonada da “antiga Loja da cidade de York” a autoridade maçônica legítima em 1717, em que ele expõe minuciosamente os fatos ocorridos durante o século XVIII na Inglaterra, conhecido popularmente como a “polêmica entre maçons Antigos e Modernos”.
A meu ver, diante da narrativa de Hyneman, existe fundamento para se considerar que a Grande Loja de Londres e Westminster de 1717 era uma Grande Loja ilegítima (para não melindrar os puristas) vez que lhe falta origem em um corpo maçônico mais antigo que a tivesse “patrocinado” ou, na terminologia moderna “reconhecido” no universo maçônico.
Essa grande loja até pode ser considerada “legal” vez que foi autorizada pelo rei da Inglaterra, interessado em controlar as lojas maçônicas do reino, naquele momento fortemente infiltrada por jacobitas partidários do retorno do legítimo rei, James III ao trono que lhe fora usurpado por ocasião da Revolução Gloriosa em 1698.
Mas, mesmo sendo “legal”, ela era “ilegítima” porque usurpava a autoridade maçônica da “antiga Loja da cidade de York” que era a autoridade maçônica da época (não existia a figura da Grande Loja), inventando uma grande loja que se arrogava o direito de “fazer” maçons no sul da Inglaterra enquanto, ao mesmo tempo, alterava “landmarks” importantes entre os maçons. Essa ilegitimidade gerou as condições para a fundação da Grand Lodge of the Most Ancient and Honourable Fraternity of Free and Accepted Masons em 1751. Somente em 1813 a GL de Londres de 1717 recuperaria sua legitimidade (deixaria de ser “espúria”), ao se unir à Grande Loja dos Antigos para constituir a atual UGLE – United Grande Lodge of England que nos próximos 200 anos repetiria a sua versão dos fatos e divulgaria uma “história oficial” em que aparece como inventora da maçonaria especulativa (outra mentira).
A GL de Londres renuncia então ao conceito revolucionário que a informava em 1717, contido no Artigo Primeiro das Constituições de Anderson de 1723 para adotar os princípios defendidos pelos Maçons Antigos, quais sejam a presença obrigatória do Livro da Lei em loja e a crença obrigatória em deus.
Essa capitulação da Grande loja de 1717 diante da Grande Loja dos Antigos teve como consequência, por exemplo, a proscrição do Grande Oriente de França que defendia e preservava o conceito revolucionário dos Modernos de 1717, no quadro atual de “reconhecimentos” entre potências maçônicas.
Seus comentários, meu Grão Mestre…
Fonte: https://bibliot3ca.com
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