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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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quarta-feira, 4 de julho de 2018

MÚSICA - SUA UTILIZAÇÃO PELO MESTRE DE HARMONIA

MÚSICA  - SUA UTILIZAÇÃO PELO MESTRE DE HARMONIA

É muito difícil falar sobre música, sem um pouco de reflexão sobre arte. 

O que é arte? 

Admitamos inicialmente, que arte é um conjunto de técnicas, através das quais se manifesta a comunicação entre dois grupos, utilizando símbolos, sons, imagens, enfim qualquer meio que lhe é conveniente e próprio. Entenda-se por grupo, neste caso um conjunto, seja unitário, seja formado de dois ou mais elementos, tanto o transmissor como o receptor.

Essas técnicas, de forma disciplinada e previamente ordenadas, são convenientemente adequadas para comutar um pensamento, racional ou não, compreensível ou não, de um transmissor, com qualquer dispositivo convenientemente adequado que, após estimulado pela emissão de um sinal, de uma vibração seja estático ou dinâmico, é avaliado de acordo também com técnicas próprias de um receptor, para então ser aceito ou rejeitado. A sincronicidade, que manifesta entre os meios dispostos permitem a manifestação da arte, ou seja, arte pode ser conceituada como os mecanismos, através dos quais um ser se transporta do nada, do caos absoluto para sua realização. Do caos à plenitude, ao conhecimento.

A música é uma das formas de expressão, talvez a mais antiga, a mais primitiva se considerarmos a própria evolução do ser humano, desde seu nascimento, pois é através do som sua primeira manifestação. 

É uma das formas de manifestação, de sincronicidade entre os meios, assunto que nos envolve neste momento. E para definir, ou conceituar esta sublime arte, aceitemos o conceito de Rousseau, ou seja, a música é a arte de combinar os sons agradavelmente permitindo assim uma comunicação perfeita entre transmissor e receptor de acordo com nossas reações, conscientes e inconscientes. Tanto o transmissor como o receptor manifestam-se através de estímulos e, um deles, neste caso, provocado pela música, ou melhor um som ou vibração, pois dependendo do estado de espírito, é comum a afirmação: "que delícia a música das ondas do mar..., que delícia de música o revoar dos pássaros..., que delícia de música a brisa da manhã..., etc". fenômenos que sempre provocam algum tipo de reação, seja de alegria, prazer, dor, saudade, ansiedade, etc.

Leibnitz, descobridor do cálculo diferencial, encontrou na música um exercício inconsciente da aritmética. Schelling afirmava que "a música expressa idéias independentes da pessoa humana e contem as formas exteriores das coisas exteriores". 

Para Kant a música é a arte das emoções e Hegel dizia ser a arte dos sentimentos. Goethe afirmava que nenhuma arte se mostra com tanta dignidade como a música, pois ela enobrece e dignifica a expressão. 

Beethoven a considerava como a mais alta revelação, superior á ciência e à filosofia. Spencer afirmava que a música era a sublimação da linguagem e das paixões e Nietzsche dizia que quanto mais músico fosse um homem, mais filósofo chegaria a ser porque esta arte liberta o espírito e dá asas ao pensamento. 

Mozart, certa ocasião, ao ser questionado por sua mãe, como era possível escrever uma sinfonia inteira sem uma rasura sequer, respondeu com sorriso: “mamãe, está tudo aí, eu apenas estou transferindo para o papel...”. Talvezuma referência á arte celestial...

E também não se poderia deixar de citar Hung-Fu-Tsi, isto é, Confúcio (571-478 AC), pai da célebre máxima da filosofia de vida: "Não faças aos outros o que não queres que façam para ti." Sua doutrina concedia especial valor à arte, ao estudo e á bondade. Esforçava-se para que os homens pudessem alcançar um estado de alma próprio com a concórdia entre todos mediante o desenvolvimento do sentido artístico e do sentimento de respeito mútuo, fruto do saber.

Platão, o Divino, afirmava que a música modela o espírito declarando na obra "As Leis" que os deuses haviam dado ao homem o sentido da melodia e do ritmo. A música é o remédio da alma. Comentava a respeito da influência e contribuição da música na vida cívica e sua expressiva contribuição nos exercícios físicos como também para auxiliar na formação disciplinar fortalecendo o espírito despertando o verdadeiro sentimento do amor e da beleza.

Aristóteles recomendava o estudo da música já na idade infantil, pois mais tarde iria fortalecer o gosto artístico, equilíbrio físico e moral. É de nota especial mencionar sua doutrina sobre a "katharsis", ou seja o conforto espiritual ou tratamento de almas enfermas através da música (musicoterapia na antiga Grécia). Pois segundo este sábio pensador, existem músicas de caráter essencialmente ético e outras fomentadoras do entusiasmo. Enquanto umas servem para a formação moral, outras servem para a Katharsis. Dizia ele que "enquanto a pintura e a escultura, direcionadas ao órgão de visão, imitam as formas, os objetos exteriores e as pessoas com o auxílio das cores e das formas em geral, as artes musicais (poesia, música e dança) que trabalham através do órgão de audição, imitam os estados de ânimo, das afeições e das ações com a ajuda do ritmo, da palavra e da sucessão melódica”. Tanto Platão como Aristóteles discutem os efeitos morais da música em suas principais obras 

Na China, há pelo menos 3 mil anos AC, este fenômeno já era estudado e pesquisado em níveis de conhecimento, até hoje misteriosamente cultivado e desconhecido – ou incompreendido - pelo ocidente. Pelo som era diagnosticado o equilíbrio social de uma comunidade. Dependendo da "qualidade" da música ali cultivada, sabia-se da necessidade ou não da intervenção do poder público. Nunca se constatou qualquer engano. Ainda hoje, os grandes empreendimentos, que exigem muita mão de obra, o trabalho é acompanhado com música, seja no campo, na lavoura, na fábrica, etc. O ensino da aritmética nas escolas primárias, auxiliado pela música, utilizando instrumentos musicais, como a flauta, por nós adotado em escolas "modernas", na China, este processo didático já era conhecido há 2.500 anos AC. 

E a histórica da música ainda se estende pela Índia, Japão, Grécia e Roma antiga. Um acervo de conhecimento desta arte, que seria necessário um trabalho especifico para poder pelo menos tentar entender o grau de conhecimento desses povos extraordinários onde a música ainda é cultivada através da preservação sagrada da tradição de uma cultura milenar. Baseando-se nesses conhecimentos sabe-se que as vibrações, possuem poderes tais que hoje a ciência, em laboratórios específicos, estuda qual e como o som é capaz de produzir cólera, paz, orgasmo e até a morte.

Não sei se há algum culto, religioso ou não, sem acompanhamento musical. Desde os povos primitivos aos mais modernos e suntuosos templos, sempre há um lugar de destaque para um grupo de músicos, seja instrumental, coral ou mesmo um solista. Existem tribos indígenas na África, por exemplo, que logo após o nascimento, a criança é “batizada” recebendo de sua mãe uma melodia que o seguirá por toda sua vida. Ele, ou ela, jamais esquece sua identidade musical. A preservação desta melodia é uma questão de honra e sobrevivência espiritual. Os escritos bíblicos são ricos em testemunhar a presença constante dos músicos, seja em júbilo, glórias ou momentos para reflexão. A citação certamente ocuparia várias páginas, entretanto creio justo citar pelo menos os salmos, sempre, até os dias de recitados e cantados.

A preservação desta cultura de comunicação estende-se a todos os meios, classes ou ambientes em todo e qualquer momento. E nos templos maçônicos, não se deixa por menos, pois há um lugar também de destaque para o Mestre de Harmonia. 

Sua função: através da música, procurar manter a harmonia espiritual, mental e psicológica da sessão possibilitando um ambiente sadio, descontraído, harmonioso, quiçá, um autêntico trabalho de musicoterapia.

São conhecidos alguns livros e artigos maçônicos onde o autor, sugere um repertório musical. Louvável a pretensão, sem dúvida porem, no meu entender, de acordo com o conceito, julgo um tanto temerário, pois algumas músicas de um desses repertórios consta, por exemplo, o Coral Final da Paixão Segundo São Mateus de Johann Sebastian Bach. Ora, sob o ponto de vista artístico e musical, esta obra, sem sombra de dúvida é do mais alto valor. Ela é perfeita sob todos os aspectos, no entanto, a poesia que o coral quando canta

Com lágrimas de dor, Jesus, nós vos deixamos.
Corações clamam por Vós, ó caro Salvador.
Ficai aqui, em paz, docemente.
Repensai o Vosso corpo tão gasto e dolorido,
Em vosso túmulo, abençoado Jesus.
Possa o pecador, cansado de carpir,
Achar conforto em Vossa proteção
E a alma fatigada achar o seu descanso.
Dormi em paz,
Dormi, no seio de Vosso Pai.

O texto deixa claro que a interpretação desta obra está associada a um acontecimento, talvez o mais dramático da liturgia cristã, a morte e o sepultamento de seu fundador. E, não obstante todo esse drama litúrgico, muitas vezes já presenciei esta obra sendo executada em sessões ordinárias administrativas e até festivas, com maravilhosa aceitação, com expressões de agradável paz, ternura e tranqüilidade. Por que? A melodia, a vibração, a transmissão harmônica dos sons que envolvem esta música, é perfeita e se compatibiliza com a sensibilidade humana como também, com a própria necessidade de nossa harmonização com a própria vida. 

E mais significativo exemplo, é o famoso "Va Pensiero" da ópera Nabuco de Verdi. A poesia trata de um grupo de prisioneiros hebreus, que cantam a saudade de sua terra natal dentro das masmorras já enfraquecidos pela miséria e pela fome, suplicando à liberdade. 

Vá, pensamento, sobre as asas douradas
Vá, e pousa sobre as encostas e as colinas 
Onde os ares são tépidos e macios
Com a doce fragrância do solo natal!
Saúda as margens do Jordão
E as torres abatidas do Sião.
Oh! minha pátria tão bela e perdida!
Oh! lembrança tão cara e fatal!
Harpa dourada de desígnios fatídicos,
Porque Você chora a ausência da terra querida?
Reacende a memória no nosso peito, 
Fale-nos do tempo que passou!
Lembra-nos o destino de Jerusalém.
Traga-nos um ar de lamentação triste, 
ou o que o Senhor te inspire harmonias
que nos infundam a força para suportar o sofrimento.

No entanto a melodia é de tal magnitude agradável, que quando esta ópera estava sendo ensaiada para a estréia, todos os empregados do teatro pararam seus afazeres para poder escutar e imediatamente passaram a cantar junto com o coral, causando transtornos ao próprio grupo de artistas.

Talvez um pouco mais carregado de mistério é o canto gregoriano, música desenvolvida para a liturgia católica. A linha melódica do canto gregoriano foi desenvolvida em uma época em que a Igreja estava em séria crise social. Os fiéis afastavam-se de forma progressiva e crescente. Houve então, uma transformação radical nos conceitos da música litúrgica e o povo, mesmo não tendo condições de cantar, acompanhava mentalmente as seqüências. Algo semelhante ainda hoje ocorre com os mantras, isto é, como o canto gregoriano que nos conduz à introspecção e nos eleva a estados agradáveis de bem estar.

No Templo Maçônico, onde a estrutura grupal pouco se diferencia de outras instituições, estamos sujeitos às mesmas condições e expostos às mesmas influências e, neste caso em particular, ao desempenho do Mestre de Harmonia. Queira ele ou não, sua atividade é tão importante quanto à própria responsabilidade do Venerável Mestre em conduzir uma sessão. A ele a responsabilidade de uma dificílima tarefa, a de conciliar os ânimos através do som, através da música. Não é uma tarefa das mais simples, pois a seleção musical de uma sessão, mesmo elaborada com antecedência, apesar dos momentos inesperados, deve ser criteriosa, pois o homem é imprevisível em suas reações emocionais. Hoje ele se conforma com uma derrota consciente de que é mais fraco, amanhã revolta-se com reações extremas por uma simples contradição.

A única restrição, que eu particularmente faria, talvez por questão de formação, é a utilização das músicas reconhecidas como populares, mesmo quando executadas por grandes orquestras. Reservo-me a esta afirmativa porque a música ambiente, praticamente o mesmo que musicoterapia de grupo, não deve conduzir o ouvinte a devaneios, a lembrança de momentos ou situações particulares, o que é próprio da música dita popular à qual há ambientes próprios. As músicas para sessões maçônicas, no meu entendimento, devem ser puras, sem artifícios orquestrais ou eletrônicos para que a mente, possa trabalhar de acordo com um processo dinâmico e rítmico, organizado, harmônico e próprio para uma forma de atividade introspectiva onde o raciocínio, o pensamento possam elaborar seus trabalhos em paz e harmonia, frente a situações estimulantes as mais diversas, produzidas pela atividade, seja individual ou do grupo.

Volto a afirmar que esta atividade, apesar de complexa e difícil provoca reações as mais diversas. Lembro-me quando lá pelos anos 70 tentou-se divulgar a música clássica através de um programa em FM, um dos locutores, em réplica a um dos diretores da emissora criticando e classificando como "chata", esse tipo de música. Relatou haver conhecido um colecionador de música clássica em alguma cidade do interior de Pernambuco. Feliz em sua tentativa de conseguir um horário para divulgação, sem muita experiência, iniciou o programa com a série “Das Wohltemperirtes Clavier” (O cravo bem temperado)de J. S. Bach. No inicio foi bastante chocante como era de se esperar, no entanto este programa permaneceu com repetições sucessivas das mesmas músicas por um período de seis meses, apesar de sucessivas proposições do próprio produtor em alterar a programação. Um público ouvinte que na sua maioria nunca nem sequer ouviu falar de Johann Sebastian Bach ou mesmo o que vem a ser música clássica, muito menos um cravo. O que os atraia para escutar esse programa?

O fato é que mantendo um diálogo rigorosamente de acordo com princípios matemáticos e físicos, Bach conseguiu traduzir para a linguagem musical a estrutura do universo. Da mesma forma, verificamos que, enquanto Brahms pode ser considerado o filósofo da música conduzindo-nos à meditação, constatamos Beethoven como representante fiel e autêntico da expressão da alma humana com seus quartetos traduzindo a mais profunda, esotérica, introspectiva necessidade de elevar a alma ao encontro de si mesmo para com o Deus universal ou o próprio deus de cada um. Mozart revela o homem interior em seu estado puro, metaforizado pelo teólogo Karl Barth, quando solicitado falar sobre Mozart, disse “não estar certo se os anjos tocam a música de Bach quando estão ocupados em louvar a Deus; mas tinha certeza de que, nas horas de folguedo, tocam a música de Mozart”. 

Felix Mendelssohn é o intelectual, sério, determinado ao trabalho objetivo, enquanto que Wagner o revolucionário nos conduz à luta, ao labor altruístico e Debussy o místico, meditativo. Não podemos deixar de mencionar também nosso Heitor Villa Lobos, que conseguiu, como poucos ou raros compositores, exteriorizar a música do povo, da terra, elevando-a aos mais requintados e exigentes palcos de toda Europa e América através de harmonizações surpreendentes. E todos esses, entre muitos outros que podem ser explorados ao máximo em reuniões, ambientes de trabalho, em nossas sessões em particular.

Sabemos que cada qual, com sua característica própria, extrai das profundas raízes da natureza humana, com todo potencial artístico, revelações de nossa origem, de nossa estrutura, de nossa capacidade de construir um mundo cada vez melhor. E ainda, com relação à música contemporânea, a exemplo de Xenakis, Henri, Halpern, Vuh, Cage entre tantos outros mestres, reconhecidamente respeitados, reservo-me apenas à observação, pois todos esses retratam nossas angústias, nossos medos e condicionamentos de forma explícita à neurose coletiva pela qual passamos e somos todos vítimas. São exemplos de músicas próprias, talvez à ilustração de nosso mundo moderno.

A técnica a ser utilizada pelo Mestre de Harmonia, no entanto é que deve ser analisada, pesquisada com critérios rígidos pois sabemos quão grande é o potencial dessas ondas vibratórias. Provado já está, que elas podem conduzir uma pessoa á loucura como também podem curar. Podem ser repousantes como estimulantes. Estudos recentes, nos revelam que a música de Mozart, aplicada em ambientes de unidades de tratamento intensivo, aceleram a cicatrização, Beethoven é muito utilizado em tratamentos de esquizofrenia e Bach muito utilizado em casos gerais de depressão.

Bem. o que foi dito até aqui, talvez possa parecer quão paradoxal é a existência de um Mestre de Harmonia, diante de uma atividade tão complexa, mística e misteriosa. E é exatamente neste ponto, onde reside a manifesta necessidade de se cultivar cada vez mais e mais esta arte sublime. Não se trata de afirmar "ou se faz certo ou não se faz". Esta afirmativa corrompe qualquer princípio ativo do desenvolvimento. Cultivar e cultuar a arte, e em nosso caso, a arte da música, consiste em cultivar e preservar seus conceitos básicos e estruturais, quais sejam em conduzir o homem ao conhecimento pleno. A música faz parte dos princípios básicos do conhecimento, do equilíbrio emocional e espiritual. é um dos grandes alicerces da confraternização da solidariedade.

Nosso emocional é altamente sensível à música. Já tive oportunidade de presenciar irmãos com lágrimas, ao lado irmãos com expressão de alegria, escutando a mesma música em uma mesma sessão, como também já presenciei irmãos acompanhando determinada música ora cantarolando, ora com um discreto estalar de dedos, ao lado de irmãos torcendo o nariz por achar desagradável. Extraordinária revelação do poder oculto da música, típica da energia vibratória que Yehudi Menuhin explica:

"Ela cria ordem a partir do caos; pois impõe unanimidade ao divergente; a melodia impõe continuidade ao estático e a harmonia impõe compatibilidade ao incongruente. Destarte, a confusão rende-se à ordem e o ruído à música, e, à medida que nós, através da música, alcançamos a maior ordem universal, que repousa sobre relações fundamentais de proporção geométrica e matemática, o tempo meramente recebe uma direção e é dado poder à multiplicação dos elementos e propósito à associação fortuita. "

Afirmava Aristóteles que "as emoções de toda espécie são produzidas pela melodia e pelo ritmo; através da música, por conseguinte, o homem se acostuma a experimentar as emoções certas,- tem a música portanto, o poder de formar o caráter e os vários tipos de música, baseado em vários modos, distinguem-se pelos seus efeitos sobre o caráter - um, por exemplo, operando na direção da melancolia, outro na efeminação; um incentivando a renúncia, outro, o domínio de si, um terceiro o entusiasmo, e assim por diante, através da série. "

Ao Mestre de Harmonia, poderia aqui transmitir-lhe uma mensagem, no entanto diante desta magnífica atividade participativa de nossa evolução, em busca de nossa realização como homens de bons costumes, apenas lembrar que os princípios básicos e ativos de nossa atividade, depende, com significativa proporção, também de seu trabalho. Um trabalho tão sério quanto o estabelecimento de critérios para formação de nosso caráter, de nossa personalidade maçônica.

Seria por demais confortante se nos fosse possível definir quais músicas são efetivamente próprias para este ou aquele ambiente, para esta ou aquela sessão, satisfazendo à todas as necessidades, sejam ambientais, sejam emocionais. Estaríamos então, dado por concluído nosso trabalho de polir uma pedra desde seu estado inicial á perfeição geométrica e matemática. Suas dimensões estariam perfeitamente compatíveis ás proporções do universo.

Estaríamos contemplando a realização total. Mas sabemos que isto é impossível. É uma tarefa que não nos pertence. A nós cabe a pesquisa, a procura, a busca do conhecimento através da prática das artes, entre as quais a música, o som, a palavra, a comunicação que estabelece o intercâmbio entre os povos, entre as nações.

Fraternalmente com um tríplice e muito fraternal abraço, 

Pedro Moacyr Mendes de Campos

Florianópolis, 23 de março de 2004

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