O QUE É RITO E O QUE É O RITUAL
Ir.´. Kennyo Ismail
Rito e Ritual: costuma-se fazer grande confusão entre esses
dois termos, principalmente na Maçonaria. Alguns acreditam serem sinônimos,
outros que se trata de coletivo e unidade. Há ainda algumas explicações
filosóficas complexas ou mesmo reflexões etimológicas sobre os termos, que, muitas
vezes, mais complicam do que explicam.
Ao pesquisar sobre os termos na literatura maçônica, você
pode se deparar com afirmações de que Rito é a teoria e Ritual é a prática. Ou
que Rito é conteúdo e Ritual é forma. Ou que o Rito é um conjunto de graus,
sendo que cada grau é um Ritual.
Em homenagem aos doutos do direito, os quais compõem parcela
significativa dos membros da Ordem Maçônica, utilizemos de analogia com dois
termos jurídicos para explicar o que é Rito e o que é Ritual. Pois bem, se Rito
fosse lei, Ritual seria instrução normativa.
Um Rito é realmente como uma lei. É um conjunto de preceitos
e obrigações gerais que produz efeitos sobre aqueles que estão sob seu alcance.
Assim como uma lei, um Rito reflete princípios que o orientam, possui elementos
históricos, além de buscar um objetivo específico.
Para ilustrar essa afirmação, podemos
utilizar o Rito Escocês Antigo e Aceito – REAA, devido à sua expressividade no
cenário maçônico brasileiro. Da mesma forma que uma lei é desenvolvida com base
em valores de uma determinada sociedade e normas éticas oriundas desses
valores, o REAA tem por base os princípios de Fraternidade, Tolerância,
Caridade e Verdade, conforme missão declarada do Supremo Conselho do Rito
Escocês “Mãe do Mundo”.
Assim como uma lei surge de uma demanda social presente
em um contexto histórico específico para tratar de um conflito ou situação que
necessite ordenamento, o REAA surgiu, em Maio de 1801, para trazer ordem ao
caos em que se encontrava o Rito de Heredom nos EUA, com dezenas de diferentes
autoridades conferindo os graus de diferentes formas.
E assim como uma lei
atende a um objetivo específico por meio de sua observância, o REAA tem por
objetivo o desenvolvimento moral e espiritual de seus membros por meio de sua
prática.
Já o Ritual é como uma instrução normativa, um manual de
procedimentos que determina e regulamenta como essa lei deve ser praticada e
observada. Uma lei pode ter várias instruções normativas, quando necessário.
Como bem registrou Vincenzo Cuoco, “sem instrução, as melhores leis tornam-se
inúteis”. Do mesmo modo, o Ritual é o manual de procedimentos que determina a
prática do Rito, o qual pode ter vários rituais. E sem os rituais, não há como praticar o Rito. O
Rito está morto.
Uma instituição que possui um sistema de ritos e rituais que
podem colaborar para suas compreensões é a Igreja Católica. A Igreja possui
vários ritos: Rito Ambrosiano, Rito Bracarense, Rito Galicano, Rito Bizantino,
Rito Romano, etc. Cada um desses Ritos possui diferentes Rituais para sua
prática: missa, batismo, crisma, casamento, natal, etc. E mesmo dentro de um
Rito específico, como o Rito Romano, há variações nos Rituais, conforme país,
movimentos, etc.
Retornado ao exemplo do REAA, algo similar ocorre, havendo
Rituais diferentes de um mesmo grau conforme país e Obediência Maçônica. Assim
sendo, ao contrário dos prejulgamentos inconsequentes de alguns maçons quando dizem
que “o Rito Escocês deles é diferente do nosso”, ou ainda pior, “isso não é Rito
Escocês”, a variação não é no Rito e sim nos Rituais.
Essas diferenças nos Rituais são
algo totalmente natural e esperado, e cuja única consequência negativa são as ofensas
que a fraternidade sofre com tal ignorância e intolerância de alguns pelo que é
diferente do que se está acostumado.
É também por esse motivo que o Ritual de Emulação é chamado
de Ritual e não de Rito, pois se refere a um manual com textos e práticas
específicas, que segue estritamente as diretrizes do sistema inglês, sistema
esse que a Grande Loja Unida da Inglaterra opta por não chamar de Rito.
Há na
Inglaterra outros tantos rituais diferentes: Bristol, East End, Falcon,
Goldman, Henley, Humber, Logic, Newman, Oxford, Paxton, Stability, Sussex,
Taylor, Universal, Veritas, West End, etc. Porém, todos esses Rituais, assim
como o de Emulação, como boas instruções normativas que são, também seguem as
mesmas diretrizes da “lei” maçônica inglesa pós-1813.
O próprio Rito de York, o legítimo, norte-americano, não
fica de fora de ter diferentes rituais. Há nos graus simbólicos diferentes
versões do Ritual de Webb, além do Ritual de Duncan e tantos outros pouco
conhecidos por grande parte dos maçons, mas todos provenientes do Antigo Rito de York.
Enfim, como registrado anteriormente, a existência de
diferentes Rituais é algo natural e esperado em todos os Ritos Maçônicos. Entretanto,
essas definições de Rito e Ritual, tão básicas e essenciais para a Maçonaria,
infelizmente não estão presentes na educação maçônica convencional, cabendo a
cada um de nós colaborar para que esse conhecimento seja compartilhado entre
nossos Irmãos.
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.183
Bom dia. Obrigado pelo estudo. Sempre aprendemos. Eu desenvolvi uma compreensão bem objetiva sobre três termos que se completam, quais sejam: Rito, Ritual e Ritualistica. Rito está no campo mental no campo das ideias de quem o idealizou. O Ritual é a materialização da ideia um Manual. A Ritualistica é a aplicação na prática. Ea forma como se executa a ideia materializada.
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