SAUDAÇÃO AO DELTA
(republicação)
Em 17/01/2017 o Respeitável Irmão
Hildemário Santos Rios, Loja Cavaleiros de Canabrava, 121, REAA, GLEB, Oriente
de Miguel Calmon, Estados da Bahia, formula a seguinte questão:
SAUDAÇÃO AO DELTA
Tenho pesquisado a respeito da
saudação ao Delta e, nada obstante já conhecer sua opinião, uma pequena dúvida
me atormenta por não ter encontrado comentário sobre a situação que passarei a
descrever:
DÚVIDA - Saudação estando o Livro
da Lei fechado. O atual Ritual de Práticas
Ritualísticas orienta saudar o Delta ao cruzar o eixo imaginário do Templo (se
portando instrumento, com um leve meneio de cabeça). Pois bem, por costume, há
a conversa de que "saudação só com o Livro aberto".
Segundo o Ritual vigente, o 1º
Diácono depois de receber a Palavra do Venerável, "desce os degraus do r\
e ao cruzar o Eixo do Templo, para, saúda o DELTA e desloca-se para o
Ocidente”.
Assim também a orientação ao 2º
Diácono para levar a palavra ao 2º Vigilante. Tudo isso, lógico, o Livro ainda
está fechado.
Em parte, eu concordo com a
saudação, em sinal de respeito (como diz você: não idolatria), visto que ali
está a Luz (lembro-me das igrejas católicas que mantinham o sacrário no altar e
quando passávamos em frente, fazíamos a genuflexão em sinal de respeito).
Livro aberto, as saudações se
procedem.
Quando o Oficiante retorna do
fechamento do Livro da Lei, não faz saudação alguma ao Delta.
Quando eu sou o Oficiante,
confesso que, no retorno, fico sem saber se faço ou não a saudação ao Delta (de
considerar que a nossa saudação em Loja é ao Delta).
Gostaria de sua orientação, mesmo
porque, por gostar de ler sobre os assuntos maçônicos, sou sempre requisitado
para esclarecimentos.
CONSIDERAÇÕES:
Quanto a esse costume (no REEA)
de saudar o Delta ao se cruzar o eixo (equador) é norma ultrapassada, pois como
já escrevi inúmeras vezes esse costume era peculiar, e até justificável, nos
primeiros rituais antes da elevação e demarcação do Oriente que viria surgir na
época das hoje já extintas Lojas Capitulares.
Quando existia essa prática ela
só era prevista em Loja aberta, isto é: quando a mesma era assim declarada pelo
Venerável Mestre diante do procedimento ritualístico da abertura do Livro da
Lei. Assim, depois de encerrados os trabalhos, a prática era interrompida. Em
face disso é que alguns rituais em vigência e/ou manuais de práticas
ritualísticas ainda mencionam equivocadamente esse costume (hoje anacrônico), a
despeito de que ritual em vigência, mesmo errado, deve ser rigorosamente
obedecido.
Ainda sobre essa saudação e a sua
relação com o Livro da Lei, nada mais é do que uma falsa interpretação,
provavelmente adquirida devida a liturgia de abertura e encerramento da Loja –
saudação ao Delta nada tem a ver especificamente com o Livro da Lei.
Outro aspecto para ser
considerado é que não se deve ter a pretensão de transformar práticas maçônicas
em um ato religioso, pois isso poderia levar alguns a cometer excessos
relacionando a liturgia com saudações inadequadas.
Na verdade, no intuito de se extirpar
essa prática que pode facilmente ferir as convicções religiosas íntimas de cada
um, houve por bem se convencionar em alguns rituais que a saudação é feita
somente em Loja aberta ao Venerável Mestre na entrada e saída do Oriente ou às
Luzes da Loja quando da entrada formal (após a Marcha), admitida também a
saudação às Luzes se o obreiro for autorizado a se retirar definitivamente
antes do encerramento dos trabalhos.
Faz-se também oportuno salientar
que é equivocado o costume de se inclinar o corpo ou fazer maneios com a cabeça
na intenção de se saudar alguém em Loja, isso porque saudações somente são
feitas pelo Sinal Penal do Grau.
Dado o exposto, essas são as
ponderações tradicionais sobre o que deveria ser seguido no simbolismo do REAA,
embora infelizmente cada Obediência produza o seu próprio ritual e esse nem
sempre se coadune com o que deveria ser praticado na sua essência.
De qualquer maneira, embora esse
costume (de saudar o Delat ao cruzar o eixo) ainda sobreviva em alguns
rituais, pelo menos esses deveriam orientar que a saudação pelo Sinal somente
deveria ser executada em Loja declarada aberta.
Concluindo, saliento que o Irmão
não deve tomar esse meu escrito como orientação ritualística privativa para o
ritual da Grande Loja do Estado da Bahia, já que ele tem as suas
características que, mesmo contraditórias em relação à tradição do Rito,
ratifico que ritual em vigência é Lei e a Lei é feita para ser cumprida.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br
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