Autor: Aildo Virgínio Carolino
Ao pensarmos em Maçonaria, o que vem a nossa mente, quase de imediato, é a figura do maçom. Essa imagem é projetada em nossa sociedade atual, pela postura dos nossos antecessores, que consolidaram seu caráter, hábitos e costumes irrepreensíveis junto as mais diversas questões políticas e sociais das quais fizeram parte.
Nesse sentido, nosso objetivo é o de reforçar o quanto os bons costumes que são indissociáveis da Maçonaria, pois, através deles, o maçom consolida-se como paradigma da sociedade a que pertence.
Assim, é importante destacar que entendemos costume como o hábito ou a prática reiterada associada à moralidade, geralmente observada pela sociedade, ou seja, procedimentos ou comportamentos que são prescritos do ponto de vista moral. São atitudes ou valores sociais consagrados pela tradição.
“Costume é a regra aceita como obrigatória pela tradição ou consequência do povo, sem que o poder público a tenha estabelecido.”
Vale a pena lembrar que, a retidão, a honestidade, a lealdade, o respeito, a tolerância e a justiça são imprescindíveis ao Maçom, uma vez que é visto como paradigma da sociedade, significando que ele é possuidor de bons costumes e reputação ilibada.
Na Maçonaria, os bons costumes são entendidos como valores morais indispensáveis ao maçom, os quais representam o somatório de suas ações e comportamentos do passado e do presente.
Nessa esteira, a Maçonaria pode ser entendida como um centro de união fraternal, onde a retidão, a responsabilidade, a honestidade, a bondade, a tolerância, a justiça, a busca pela verdade e pelo aperfeiçoamento devem ser permanentes. Além disso, defende e propaga o respeito e a prática da ética e da moral.
Os bons costumes referem-se, portanto, como foi dito acima, tanto ao passado quanto ao presente, isto é, correspondem ao somatório dos dois. Quando a conduta, o comportamento, a postura e as atitudes positivas são reconhecidas pelos que estão mais próximos ou pela sociedade em geral, podemos dizer que se trata de alguém de bons costumes e, consequentemente, de reputação ilibada.
Dessa forma, podemos dizer que o objeto principal deste trabalho é despertar no Maçom o interesse pelo verdadeiro significado daquilo que nós chamamos de “Bons Costumes”. Entretanto, há aqueles que acreditam que “os bons costumes” se referem tão somente ao estado atual de uma pessoa, o que não corresponde à verdade, esse entendimento é equivocado, uma vez que, os “bons costumes” podem ser compreendidos como a prática reiterada de boas ações, abrangendo passado e presente.
A Maçonaria é uma sociedade que, acertadamente, só admite em seu quadro, homens retos, de bons costumes e possuidores de comportamento ético, moral e humanístico compatíveis com sua finalidade, isto é, que vise alcançar o ápice do aperfeiçoamento humano, razão pela qual, para ingressar nos seus quadros exige-se o preenchimento de requisitos que contemplem a retidão do seu pretendente.
Há que ser ressaltado que, a Constituição do Grande Oriente do Brasil, logo no seu artigo 1º corrobora o objetivo deste trabalho, dando balizamento para várias situações. Diz o dispositivo legal que, a Maçonaria é uma instituição essencialmente Iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista, proclamando a prevalência do espírito sobre a matéria. Além disso, estabelece que seus fins supremos são a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, pugnando pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade. Assim, acreditamos que, a possibilidade de alcançarmos o aperfeiçoamento humano deve ser precedido pelos bons costumes.
Desta forma, a Maçonaria, através da observância dos seus princípios e valores, acima enumerados, aliado à prática da beneficência e do cumprimento inflexível dos deveres e responsabilidades, quer nos parecer que, por si só, poderia justificar a repulsa que os maçons devem sentir em face da corrupção, ao mesmo tempo em que defende e propaga o respeito e a prática da ética, da moral e dos bons costumes.
Por outro lado, quer nos parecer ainda que, a Maçonaria deseja, em primeiro lugar, proporcionar o encontro do Homem Maçom consigo mesmo, transformando-o no seu próprio paradigma. Assim sendo, faz-se necessário que, o Maçom esteja sempre atento ao aprendizado e à prática correta dos princípios maçônicos, ao mesmo tempo em que procura evitar que um Irmão desavisado seja levado a praticar o que chamamos de “Heresia Maçônica”, desviando-se do verdadeiro objetivo da Ordem, que é a busca pela evolução maçônica.
O Maçom ao ser iniciado ingressa num “sistema”, no qual se exige que seus membros devem, necessariamente, percorrer o que podemos chamar de “Via Mística”, com vista a conduzi-lo a um determinado lugar, geralmente, oculto para os não iniciados, mas podendo ser visível ao verdadeiro Maçom.
Esse entendimento, nos leva a acreditar que a Maçonaria é um sistema de conhecimento extremamente importante e eficiente, uma vez que tem como meta principal o aperfeiçoamento do homem no Mundo Espiritual, mas ao mesmo tempo não abandona e nem ignora o Mundo Material. A justificativa talvez seja que a saúde material se faz necessária, sobretudo quando da prática da filantropia ou beneficência, uma das ações básicas da Ordem.
Como já foi dito anteriormente, a filantropia é, também, dentre tantas, uma das finalidades da Maçonaria. Sua terminologia pode ser traduzida como a “Mão da Maçonaria” estendida aos necessitados, Irmãos ou não, mas “dando com a mão direita sem que a esquerda saiba”. Todavia, modernamente, a solidariedade deve, a nosso ver e com razão, sobrepor-se à filantropia, uma vez que esta, simplesmente, “dá o peixe”, ao passo que aquela, “ensina a pescá-lo”, ou seja, em uma delas a fome é saciada por um dia, já na outra, a fome pode ser afastada não por um dia apenas, mas para sempre.
Vale a pena lembrar que, o progresso que a Maçonaria admite como essencial, pode ser definido como melhoramento da humanidade, calcado no aperfeiçoamento ético, moral, intelectual e social dos seus membros. Além do mais, ela tem como alguns de seus símbolos o Cinzel e o Malho que, juntos, servem de instrumentos para desbastar a Pedra Bruta que somos e, ao mesmo tempo, construir nosso Edifício Moral ou Espiritual. Esta é a verdadeira evolução humana, mesmo porque o Maçom deve, necessariamente, buscar a perfeição humana, até tornar-se um Mestre de fato, não se deixando confundir com um profano de avental.
É bem possível que, para muitas pessoas, ser livre significa não ter limites. Contudo, para o Maçom, a liberdade deve consistir numa via de mão dupla, ou seja, a liberdade exigirá sempre uma correlata responsabilidade. Isto porque a liberdade não exclui a disciplina, nem pode sobrepor-se à liberdade de outrem.
Assim sendo, “ser livre e de bons costumes”, tem um significado extremamente importante para a Maçonaria, uma vez que se presume que todo homem que preencha tais requisitos estaria, a princípio, em condições de ser iniciado na Arte Real e poderia, até mesmo, transformar-se em um bom Maçom, observador atento das tradições da Ordem. Entretanto, para melhor compreender a frase acima, se faz necessário entender que ela seja interpretada à luz da ética e da moral.
A terminologia “Livre” expressa o momento presente e diz respeito ao cidadão em pleno gozo de seus direitos civis, os quais guardam limites ao direito alheio. Já a expressão “Bons Costumes”, refere-se não só ao presente, mas também ao passado, por tratar-se de um somatório de condutas, alcançando até os dias de hoje, ou seja, comportamentos e atitudes positivas reconhecidas pelos que estão próximos e pela sociedade em geral.
Nesse sentido, anda bem a nossa Ordem ao exigir que, para se iniciar em seus mistérios, há que ser levado em conta o presente e o passado do candidato, de tal maneira que, seja visto e analisado como um todo indivisível. Só assim, será ele considerado apto ou não, isto é, livre e de bons costumes para receber permissão de ingresso na Ordem.
Na verdade, homens de bons costumes são aqueles que têm valor social reconhecido ou consagrado, que se orientam pelas coisas justas, pela ética, pela moral, pela honestidade, pelas ideias mais elevadas, pela disciplina e pelo respeito. Eles não participam de grupos que sejam desprovidos de moral ou honestidade, além do mais, devem desfrutar de boa reputação e ter conduta irrepreensível em todos os seus aspectos.
Portanto, podemos dizer que, o homem livre é aquele isento de preconceitos, de maledicências, ou seja, deve, necessariamente, ter a consciência livre e que não tome o mal pelo bem. Além disso, deve ser desprovido de quaisquer vícios. Isso nos permite inferir que, a corrupção e a ausência de bons costumes afastam toda e qualquer evolução ou progresso moral do Maçom, enquanto que a observância à ética, à moral e aos bons costumes o aproxima da sua evolução e progresso, especialmente, no campo espiritual.
Finalmente, concluímos convidando a todos os maçons, principalmente os do Grande Oriente do Brasil no Estado do Rio de Janeiro, a buscarem atitudes compatíveis com os bons costumes, sobretudo, que sejam comprometidos com a moral, a ética e a evolução maçônica, pois, só assim conseguiremos ascender ao patamar de Mestre Maçom de fato.
Fonte: GOB-RJ
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