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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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sexta-feira, 24 de novembro de 2023

COLUNETAS E OS VIGILANTES. ELEMENTOS INEXISTENTES NO REAA

Em 26/06/2023 o Respeitável Irmão Wellington Sampaio, Loja Cavaleiros de Aço de Alagoas, 37, (CMSB), REAA, Oriente de Maceió, Estado de Alagoas, apresenta a dúvida seguinte:

COLUNETAS E OS VIGILANTES

Sobre o levantar e abaixar das colunetas dos VVig∴ já li e reli em seu blog, assim como no livro Estudos Maçônicos sobre Simbolismo (pp. 140 a 155), de Nicola Aslan, bem como no seu Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia, Vol. 1 (p. 256), a Simbólica Maçônica (pp. 113 a 117) e em tantos outras fontes, inclusive no The Freemasons’ Guide and Compendium, porém nada encontrei da associação específica do "coluna em pé" corresponder a governo (dos trabalhos ou do descanso) e da "coluna deitada" corresponder a não-governo (dos trabalhos e do descanso).

Há algum simbolismo no fato da coluna da "Força" em ficar de pé durante os trabalhos e a da "Beleza" em ficar deitada, ou vice-versa durante o descanso/recreação?

NICOLA ASLAN diz que, quando se abre os trabalhos, a coluna do 2º Vig∴ deita porque ele (2º Vig∴) nada faz, senão receber ordens do 1º Vig∴; e no descanso, o governo é tão somente do 2º Vig∴, motivo pelo qual a coluna dele fica de pé. A leitura desse procedimento poderia ser entendida que uma coluna fica levantada é porque é ela que "sustenta" o peso dos trabalhos? e deitada é que não teria nenhuma responsabilidade? ou não tem nada a ver essa interpretação?

E esse procedimento foi inserido na maçonaria por qual motivo? Sou da Grande Loja e só temos um rito, o REAA, o que me dificulta entender o porquê exatamente desse procedimento, diferente do GOB, que adota muitos ritos, entre os quais, o de Emulação, de onde se originou esse procedimento, conforme vi em seu blog.

Por fim, e quanto a coluna do Venerável (Sabedoria)? por qual razão ela fica de pé tanto durante os trabalhos, quanto no descanso? haveria alguma explicação pra isso?

Caso o irmão tenha as respostas a esses questionamentos, agradeceria muito que me informasse, pois estou fazendo uma peça de arquitetura sobre o assunto, mas em que pese está há quase dois meses procurando por tais respostas, infelizmente não consigo obtê-las, pois as fontes não abordam sobre a especificidade dessa questão.

CONSIDERAÇÕES:

Veja, toda essa dificuldade oriunda de confusas interpretações advém de enxertos e as suas respectivas tentativas de explicar algo que não existe na originalidade do Rito, no caso o REAA.

 Estou cansado de dizer que originariamente no REAA não existem colunetas junto às Luzes da Loja. Não adianta querer forçar interpretações.

Infelizmente, vez por outra esse tema volta à baila e até bons autores às vezes escorregam nas justificativas para as invencionices. Por exemplo, essas interpretações de "governo e não-governo" são meras balelas inventadas para desculpar algo que não existe no rito em questão. Notadamente no REAA isso é um enxerto de outra prática ritualística que acabou ingressando indevidamente nos rituais de algumas Obediências.

Vamos aos fatos. Na Maçonaria anglo-saxônica, particularmente no CRAFT, existem apenas e tão somente "duas colunetas" sem qualquer ordem de arquitetura. Essas colunetas, que ficam junto aos respectivos Vigilantes, nada tem a ver com a alegoria das colunas que sustentam a Loja, ou seja, a da Sabedoria (Jônica), da Força (Dórica) e da Beleza (Coríntias), cujas três aparecem regularmente ilustradas na Tábua de Delinear Inglesa.

Assim, por falta de atenção, alguns autores, no afã de colocar em seus rituais aquilo que em outros ritos eles acham bonito, logo acabariam indevidamente enxertando costumes de outros sistemas em outros, comprometendo a originalidade - é o caso das tais colunetas do Craft indevidamente enxertadas no REAA. Vale dizer que um símbolo está diretamente ligado à estrutura iniciática do rito. Isso é imperativo para se compreender a sua organização e o seu objetivo.

A vista disso, as colunetas - que originalmente só existem no Craft (Maçonaria Britânica) - são apenas elementos indicadores ou sinalizadores do andamento dos trabalhos em Loja. Explica-se: se a coluneta relativa ao 1º Vigilante estiver em pé e a do 2º Vigilante deitada, quer dizer que os trabalhos se encontram em plena força e vigor. Já ao contrário, se a do 2º Vigilante estiver em pé e a do 1º Vigilante deitada, quer dizer que os operários estão em recreação, ou mesmo a Loja fechada. Nesse sentido, as colunetas existem apenas e tão somente para indicar o andamento dos trabalhos na Loja. Sem inventar, essa é a única função das delas, e ponto final.

Ainda nesse contexto, vale relatar que existem apenas duas colunetas na Loja - estas relativas a cada um dos Vigilantes. Não há coluneta para o Venerável Mestre.

Nessa conjuntura, vale relatar também que a prática de se colocar a Loja em descanso é comum no Craft, não no REAA. Graças a isso, se servindo das colunetas, há na Maçonaria anglo-saxônica uma ritualística própria para essa ocasião, oportunidade em que o 2º Vigilante, vendo que o Sol já passou do zênite, se o Venerável desejar, pode mandar os operários para a recreação. Uma particularidade desse período é que em recreação a Loja permanece aberta, mas com os trabalhos suspensos. No momento apropriado é também dever do 2º Vigilante chamar de volta os operários para o trabalho.

Uma particularidade é de que no Craft, quando a Loja estiver em recreação, o Livro da Lei é fechado, mas sem se retirar do seu interior o Esquadro e o Compasso organizados no grau. É por isso que no Rito de York esses instrumentos ficam dispostos sobre a página do Volume da Lei Sagrada que fica à direita do titular que os arranja. Assim, quando a Loja estiver suspensa, o Livro é fechado, mas sem que se retirem os instrumentos emblemáticos do seu interior. Nessa ocasião, a coluneta do 2º Vigilante fica em pé e a do 1º tombada.

Como dito, tudo isso originalmente ocorre na vertente anglo-saxônica de Maçonaria, mas é desconhecido no REAA, que é um rito de origem francesa. Obviamente que meus comentários se prendem à originalidade do REAA e não ele enxertado com práticas de outros ritos.

Ao encerrar reitero alguns pontos: 1) no verdadeiro REAA não existem colunetas para os Vigilantes; 2) as colunetas são naturais nos trabalhos do Craft (Rito de York, por exemplo); 3) no Craft não há ordem de Arquitetura para as colunetas (estas não podem ser confundidas com as Colunas da Tábua de Delinear inglesa); 4) no Craft existem apenas duas colunetas, uma para cada Vigilante, já o Venerável não possui nenhuma coluneta sobre o pedestal; 5) pela inexistência desses elementos no REAA, nele seria improcedente alegar qualquer significado para os mesmos.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br



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