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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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domingo, 26 de junho de 2011

QUEM ME GARANTE QUE NÃO HAVERÁ A MARCHA DA COCAÍNA E DE CRAK NO BRASIL?

Ir∴ Barbosa Nunes

A Marcha da Maconha no Brasil, conforme a sua Carta de Princípios e os objetivos expressados pelos seus integrantes, “é um movimento social, cultural e político, cujo objetivo é levantar a proibição, hoje vigente em nosso país, em relação ao plantio e consumo da ‘cannabis’, tanto para fins medicinais como recreativos. Também é entendimento que o potencial econômico dos produtos feitos de cânhamo deva ser explorado, especialmente, quando isto for adequado sob o ponto de vista ambiental.”

Perplexo e com profunda estranheza! Maconha com fim recreativo? Maconha sob o ponto de vista ambiental? Não estou conseguindo entender. Maconha com fim social e cultural? Político certamente.

No parágrafo seguinte, a Carta de Princípios define:

“A Marcha da Maconha Brasil não é um movimento de apologia ou incentivo ao uso de qualquer droga, o que inclui a ‘cannabis’. No entanto, partilhamos do entendimento de que a política proibicionista radical hoje vigente no Brasil e na esmagadora maioria dos países do mundo é um completo fracasso, que cobra um alto preço em vidas humanas e recursos públicos desperdiçados.”

Aqui já há uma defesa antecipada e uma conclamação duvidosa. “Não é movimento de apologia ou incentivo de qualquer droga.” Refere-se às outras drogas, talvez cocaína e crack.

Ora! Com o êxito deste movimento, novas campanhas serão lançadas e outras marchas teremos! Temo e acredito que haverá também, na defesa do direito de expressão e de reunião, Marcha da Cocaína e do Crack no Brasil.

“A Marcha da Maconha Brasil, segundo seus adeptos, não tem posição sobre a legalização de qualquer outra substância além da ‘cannabis’, a favor ou contra. O nosso objetivo limita-se a promover o debate sobre a planta em questão e demonstrar para a sociedade brasileira a inadequação de sua proibição. A Marcha da Maconha no Brasil tem como objetivo agregar todos aqueles que comunguem dessa visão, usuários da erva ou não, que desejem colaborar de alguma forma para que a proibição seja derrubada.”

Este parágrafo da Carta de Princípios é cristalino, quanto às outras drogas, pois ainda “não tem posição sobre a legalização de qualquer outra substância, a favor ou contra.” Não tem. Mas não afirma que não terá.

Num país de dimensões continentais, com problemas graves os mais diversos na saúde, educação, meio ambiente, segurança e tantos outros, surpreende-me a valorização que é dada à essa intitulada Marcha da Maconha no Brasil, chamando a atenção em favor do direito de expressão ou de reunião, para apoiar e permitir um movimento, que, pelo espaço que vai ocupando, é incentivo ao uso da maconha, já considerada, lamentavelmente, droga leve.

Prefiro ficar com os grupos religiosos. Prefiro ficar com Amor Exigente. Prefiro ficar com o Movimento do Ministério Público em favor da saúde e contra o crack.

Prefiro ficar com o médico Ronaldo Laranjeira que afirma: “A maconha, no geral, desorganiza a química cerebral. É pouco provável que a fumaça da maconha com toda toxicidade presente possa fazer bem. O problema é que o dependente da maconha acaba ficando muitos anos consumindo e minimizando os efeitos deletérios da droga e não associa a perda da motivação com a maconha. Quanto mais cedo começar a experimentação com a maconha, maiores as chances de ficar dependente. A maconha deposita-se no tecido gorduroso e podemos identificar o metabolito na urina até um mês após o consumo. Quem fuma a maconha uma vez por mês, corre o risco de ficar menos ativo por alguns dias ou menos motivado, além dos riscos de ter uma certa diminuição de memória. Cerca de 12% dos novos casos de esquizofrenia são devidos à maconha.”

Na verdade a proibição ou não, a legalização ou não, não é um tema para ser discutido, como solução. O que desejo colocar neste artigo para os pais, professores e cidadãos em geral, é que nos encontramos em um momento de divulgação aberta através dessa Marcha da Maconha no Brasil que incentiva, sobretudo os jovens.

Ora! Quanto mais a maconha for disponibilizada, maiores males recairão, principalmente, sobre os jovens. E com este movimento, não há convencimento de que não haverá aumento do uso.

Onde ficam os trabalhos importantes de prevenção ao uso de drogas, objetivando fortalecimento dos fatores de proteção? A sociedade pode ser conduzida a se desfazer do compromisso ético de cuidar de suas crianças e adolescentes, pois o momento, caso haja uma absorção desta campanha, poderá gerar o descaso do presente, incorrendo em um custo futuro pesado para toda a sociedade.

Precisamos sim, também, de estratégias que alcancem mães sofridas, para uma razoável Rede de Assistência ao Usuário de drogas, com ênfase na reabilitação e reinserção social.

Ao assistir um jovem diretor do documentário “Quebrando tabu”, discutir, com imponência, com o médico Ronaldo Laranjeira, dedicado ao tema há vários anos e que vem sempre conscientizando, debatendo com serenidade, sem fanatismo, sem imposição, mas com limites, concluo este artigo, muito preocupado e clamando aos pais, professores, cidadãos de bem, que formemos, também, a nossa “Marcha em Favor da Vida”, evitando que a Marcha da Maconha hoje, possa se transformar na Marcha da Cocaína e do Crack amanhã.

Quem me garante que não haverá?

Fonte: JBNews - Informativo nº 302 - 26 de junho de 2011

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