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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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quarta-feira, 6 de julho de 2022

QUEIXAR-SE: UMA CONDUTA TÓXICA

José Cássio Simões Vieira
Mestre Instalado da ARLS Theobaldo Varoli Filho
São Paulo SP

Podemos comentar com os demais sobre os problemas que nos afligem, aqui e agora, e pedir apoio e proteção para que nos sintamos bem. Isso é sadio, é sermos abertos, comprometidos confiantes. Não precisamos usar de uma couraça para ocultar nossas dificuldades.

Bem diferente, porém, é queixar-se, lamuriar-se, o que traz implícita a mensagem “alguém é culpado do que acontece comigo”. Esse alguém pode ser o próximo (cônjuge, amigo, filho, empregado, patrão, seja lá a pessoa que for), o “sistema”, a vida, Deus, quem estiver mais à mão, enfim.

É como se disséssemos “Afinal, o outro está aí no mundo para ser o culpado de tudo o que vai mal comigo”; “se não fosse por você, eu estaria bem...”

Essa atitude é tanto mais tóxica quanto mais alguém se queixa de situações que ninguém pode fazer nada para modificá-las, ou que, de per si, são imutáveis. Há quem se queixe até de que o gelo é muito frio, ou que não se conforma com que 2 + 2 sejam 4.

Com isso, as pessoas se põem como vítimas, buscando algumas pseudo-vantagens dessa posição (lástima, fuga às responsabilidades, não cumprimento de suas tarefas etc.).

Um triunfador não faz tal papel. Em vez de se queixar, atua para melhorar as coisas, de forma criativa e real. Ele é o senhor de seu

destino, negativo e positivo; é o comandante de sua vida de “pecador e de justo”. Fabrum esse quemque fortunae, cada um é o artífice de sua própria sorte.

O PROBLEMA DA FELICIDADE HUMANA

Toda pessoa que não realizou suas potencialidades tem a tendência de se queixar, de uma forma ou de outra. É uma conduta sintomática.

Para quem encara a felicidade de um modo absoluto, consistindo na satisfação imediata de todos os caprichos momentâneos, a frustração é inevitável e queixar-se será o esperado. Age como a criança, dirigindo-se à busca do prazer imediato. Usa o “pensamento mágico”; não tolera a espera, a postergação nem a frustração.

O mesmo não se dá, porém, com a pessoa que atingiu a maturidade adulta, que planeja o futuro aqui e agora, valendo-se do passado como experiência – e não como justificativa de seus fracassos – e estabelece suas metas com critério realista.

Os ensinamentos maçônicos nos ajudam encarar a existência em seu conjunto e complexidade, como resultante da natureza do mundo e do próprio homem, de forma racional, sem expectativas mágicas ou falsas crenças.

A felicidade estando, sobretudo, em nós mesmos e dependendo, muito mais, de nossa personalidade e visão-de-mundo do que da “sorte”, ocorre sempre que condicionarmos nossos desejos às

situações reais, visto ser impossível eliminarem-se as leis naturais que as regem. Daí, não haver do que se queixar.

Não podemos fazer depender nossa felicidade de algo que não dependa de nós. Igualmente, sabemos que não podemos ser “felizes” o tempo todo e que a felicidade é, antes de tudo, um estilo de vida, uma posição existencial.

Isso, logicamente, não significa fazer o “jogo do contente”, rindo-se para tragar a própria dor. Tal conformismo mórbido é completamente distinto da conformação à realidade.

A conclusão, repassada de relativismo, do primeiro soneto de Poemas e Canções de Vicente de Carvalho, é um maravilhoso resumo do tema exposto:

“Essa felicidade que supomos,
A árvore milagrosa que sonhamos,
Toda arreada de dourados pomos,
Existe, sim, mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.”

Fonte: JBNews - Informativo nº 0177 - 20 de fevereiro de 2011

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