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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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terça-feira, 5 de julho de 2022

24 DE JUNHO

Sebastião Marcondes
Muitos irmãos não entenderão a capa da Revista M∴B∴ desse mês, mas a intenção foi justamente essa, despertar a curiosidade para uma ilustração, de uma cena noturna com um símbolo, um Ganso.

A capa da primeira edição foi fácil, verde e amarelo com o esquadro e o compasso, ou seja, Maçonaria Brasileira. Agora, um ganso? O que isso tem a ver com maçonaria?

Sempre estudamos que maçom é uma palavra que significa pedreiro, construtor de templos e catedrais. Em nossos estudos vimos que esse os antigos pedreiros são chamados de “maçons operativos” e depois “surgiu” a “maçonaria especulativa”, onde estudiosos, pessoas cultas e filósofos começaram a estudar o simbolismo dos antigos pedreiros para a “lapidação de si próprio” e “construção do seu templo interior”. A maçonaria operativa existia por toda a Europa, afinal, onde existe construção de catedrais, existe maçons, e por toda a Europa, o que não faltam são catedrais, belíssimas, riquíssimas em detalhes.

Essa transição de operativa em especulativa iniciou após 1666, ano em houve o grande incêndio de Londres, que durou 4 dias, destruindo grande parte da cidade de Londres, engolindo mais de 13.000 casas e 87 igrejas, inclusive a Catedral de Saint Paul (São Paulo). O incêndio foi um desastre inimaginável que transformou Londres em um grande canteiro de obras, e uma vez que as construções de madeira foram, neste momento, proibidas, os pedreiros (maçons), com o intuito de reconstruir a cidade nos moldes medievais, se beneficiaram muito.

Um dos arquitetos “badalados” na época era o Sir Christopher Wren, e ele teve um lugar de destaque nesta reconstrução. Além de arquiteto, era projetista, astrônomo, geômetra e foi fundador e presidente da Royal Society. Ele estava em toda parte. Imagine que ele foi responsável pela reconstrução de mais de 50 igrejas, sendo a principal a Catedral de São Paulo.

Na época, devido ao grande número de maçons existente em Londres, surgiram algumas Lojas. As Lojas se reuniam em estabelecimentos conhecidos como tabernas e traziam como nome o próprio nome da taberna. As tabernas também eram frequentadas por pessoas da sociedade, como pessoas cultas, filósofos, cientistas e arquitetos. O Sir Wren e os seus amigos da Royal Society, também eram uns dos frequentadores. Ao lado do canteiro de obras da Catedral de São Paulo havia uma taberna chamada The Goose and Gridiron (O Ganso e a Grelha), a mais frequentada por Sir Wren, inclusive atas da Loja o menciona como o “Mestre da Loja”. 

Em 24 de junho de 1717, apesar de algumas pesquisas indicarem outra data, os maçons de quatro Lojas se reuniram no piso superior da Taverna “O Ganso e a Grelha” para se unirem e ter um Grão-Mestre como Centro de União e Harmonia. Esse momento foi a fundação da Grande Loja de Londres e Westminster, atual Grande Loja Unida da Inglaterra. Na mesma ocasião foi apresentada uma lista de candidatos adequados para o cargo de Grão-Mestre, sendo eleito, por uma maioria de mãos levantadas, o primeiro Grão-Mestre dos Maçons, o Cavalheiro Anthony Sayer. O carpinteiro Jacob Lamball e o Capitão Joseph Elliot foram eleitos Grandes Vigilantes. Oficialmente foi o ponto de partida da Maçonaria Moderna.

O dia da fundação, 24 de junho, também é o dia de Solstício de Verão (no hemisfério norte, nas antigas tradições) e dia de São João Batista, tornado como Patrono pelas corporações de construtores do Idade Média, aqueles célebres Maçons Operativos dos quais se originou a Maçonaria Especulativa. O Solstício de Verão, encarnado pela festividade de São João Batista, uma importância diferenciada, símbolo do início de numa nova vida, através do batismo, e da entrada numa época cíclica de maior Luz. O Batista, que hoje celebramos, lembra-nos, assim, o fundamento iniciático da Ordem a que pertencemos.

Pelos três motivos expostos, na opinião do editor da Revista M∴B∴, a data para se comemorar o Dia do Maçom, deveria ser 24 de junho. Sabemos que a atual data comemorada pelos Maçons Brasileiros é 20 de agosto, data essa, considerada por ter ocorrido a sessão histórica entre as Lojas de Maçonaria "Comércio e Artes" e "União e Tranquilidade", ocasião que Gonçalves Ledo fez um discurso inflamado, pedindo apoio aos maçons presentes e mostrando a necessidade de se proclamar a independência do Brasil, mas não consideramos como a melhor data para se comemorar o dia do maçom, até porque, seguindo os entendimentos históricos em torno dos calendários analisados pelo Irmão Pedro Juk, essa sessão ocorreu em 09 de setembro. E também não consideramos que o Dia do Maçom deva ser 22 de fevereiro, aniversário de George Washington, primeiro Presidente dos EUA. As datas de 20 de agosto ou 22 de fevereiro, podem ter relevância para alguns maçons de determinados localidades, entretanto, não deveria ser mais relevante para a Maçonaria do que o dia 24 de Junho.

Bibliografia
http://www.oprumodehiram.com.br/o-ganso-e-a-grelha-24-de-junho-de-1717-o-que-realmente-aconteceu-ali/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Royal_Society
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_de_Londres
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_ma%C3%A7onaria
https://opontodentrocirculo.com/2015/06/25/os-primeiros-mestres-macons/
https://www.maconaria.net/solsticio-de-verao/
https://www.noesquadro.com.br/noticias/o-tal-dia-internacional-do-macom/
https://www.uninter.com/noticias/os-macons-e-sua-influencia-na-proclamacao-da-independencia-do-brasil
https://pedro-juk.blogspot.com/2018/08/20-de-agosto-dia-do-macom-brasileiro.html
http://www.brasilmacom.com.br/dia-internacional-do-macom/
https://folhadolitoral.com.br/maconaria/dia-do-ma-om-e-explica-o-da-data-no-brasil
Jornal O Zzé, no 23, de julho de 1997, disponívelem https://bancadosbodes.com.br/o-zze-no-23/
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Fonte: Revista M∴ B∴ nº 02

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