Em 19/11/2018 o Respeitável Irmão Vanderlei Vicente, Loja Acácia, 177, REAA, GOB-RJ, Oriente de Niterói, Estado do Rio de Janeiro, solicita esclarecimentos.
PRÁTICAS RITUALÍSTICAS NO RITUAL DO REAA
Peço lhe ajuda no tange a nossa ritualística. Há muito que eu venho pensando sobre usos e costumes usados dentro de Loja.
Por exemplo, em algumas Lojas em que visito eu vejo em grau 1 as três luzes do venerável ficam acesa. As colunas das mesas dos Vigilantes, em umas têm e em outras não tem. Como o cobridor interno deve segurar a espada quando está sentado? E quando está à ordem? E o Venerável junto com os Vigilantes, põe ou não o malhete sobre o peito esquerdo?
Com relação ao Saco de Propostas e o Tronco de Beneficência, quando o irmão Mestre de Cerimônias e/ou Hospitaleiro faz o seu giro e vem para o fundo entre Colunas, o Cobridor segura o saco e/ou tronco para que os mesmos depositem. Nessa hora o Cobridor estará sem a espada ou segura o saco junto com a espada?
Eu vejo em algumas lojas Irmão trabalhando de formas distintas.
Estou pensando em escrever um trabalho, para mostrar, principalmente aos mais novos, uma forma correta e gostaria muito que o dileto Irmão me prestasse essa ajuda.
Antes das respostas é bom que se diga que o que está faltando é muita instrução. Tenho observado, sem generalizar, que muitas Lojas não cuidam de instruir, enquanto que outras adotam práticas equivocadas em nome do “quando eu fui iniciado era assim”, etc.
Venho há mais de vinte anos escrevendo e orientando sobre práticas ritualísticas, entretanto, parece que poucos dão importância para o caso.
Há ainda o conteúdo de muitos rituais que deixam muito a desejar. Alguns deles ou são meras cópias de rituais antigos e anacrônicos, ou são produtos de invenção oriundos de pseudos ritualistas que dão vazão à sua imaginação.
Vamos às questões no tocante ao ritual de Aprendiz do REAA em vigência no GOB:
a) Três Luzes acesas sobre o Altar ocupado pelo Venerável Mestre no Primeiro Grau – Esse é procedimento completamente equivocado. No Primeiro Grau, em alusão ao número que simboliza o Aprendiz, essas três luzes litúrgicas se distribuem ficando uma sobre o Altar ocupado pelo Venerável e as outras duas respectivamente sobre as mesas ocupadas pelos Vigilantes – uma no Oriente, uma no extremo do Ocidente e outra ao Meio-Dia. Esotericamente essa distribuição se dá convergindo para a idade do Aprendiz somada ao seu grau de conhecimento, ainda precário para aquele que inicia a jornada em direção à Luz (conhecimento). Outro aspecto para essa distribuição entre o Venerável e os Vigilantes é porque eles são também conhecidos como as “Luzes da Loja”. Assim, acredito que se o Irmão viu uma distribuição de Luzes acesas contrárias a aqui mencionada, certamente não foi procedimento oriundo do ritual em vigência no GOB.
b) Colunas sobre as mesas dos Vigilantes – Na realidade trata-se de pequenas colunas – colunetas – que representam o trabalho e o descanso na Loja. Quando a do Primeiro Vigilantes está em pé e a do Segundo deitada significa que a Loja está em período de trabalho. Quando ao contrário, a do Segundo Vigilante estiver em pé e a do Primeiro deitada, significa que a Loja está em período de descanso, ou mesmo sem atividade (Loja fechada). O problema é que essa prática não existe no REAA, porém é costume ritualístico do Craft, aqui muito conhecido como Rito de York. Infelizmente essa prática das colunetas acabou enxertada nos rituais brasileiros do REAA por uma Obediência brasileira, o que obviamente é um equívoco, pois originalmente ela não faz parte da liturgia do escocesismo simbólico. No que diz respeito ao ritual em vigência do REAA do GOB corretamente essas colunetas não estão presentes. Nesse sentido, o que o Irmão viu, provavelmente é um desses enxertos desnecessários e que depõem contra a originalidade do Rito em questão.
c) A espada e o Cobridor – Esse oficial somente utiliza a espada por dever de ofício ou quando o ritual assim determinar. Nesse sentido a espada deve estar embainhada, se a Loja possuir esse apetrecho, ou colocada num dispositivo que geralmente fica colocado na retaguarda do espadar do assento.
Não existe necessidade alguma de que um Cobridor tenha a espada empunhada, ou sobre as suas coxas (sentado) o tempo todo, ou ainda segura pelas duas mãos com a ponta apoiada no chão.
Se por dever de ofício um Cobridor precise ficar à Ordem e tenha consigo a espada empunhada, ele fica à rigor, ou em ombro-arma, que é a atitude de manter a espada segura pela mão direita tendo o respectivo punho junto à cintura direita mantendo a lâmina em riste na vertical e apontada para cima. Se porventura ele trouxer a espada embainhada, ele faz o Sinal na forma de costume. É bom que se diga que não se faz Sinal “com” o objeto de trabalho, ou seja, não se usa o objeto para com ele se compor ou fazer o Sinal.
Se a espada estiver fixa atrás do espaldar da cadeira, o Sinal será feito normalmente (na forma de costume).
É oportuno mencionar que tanto parado, quanto em deslocamento, um Cobridor empunhando a espada a manterá sempre em ombro-arma (em riste, apontada para cima junto ao lado direito do corpo). Ratifico: um Cobridor sentado não segura à espada ou a descansa sobre suas coxas. Nesse caso, ou ela estará embainhada, ou ela estará presa no dispositivo à retaguarda da cadeira. Não há necessidade de um Cobridor indistintamente, ao ficar em pé, tenha que obrigatoriamente ficar empunhando a espada. Isso só acontece se a situação exigir ou o ritual determinar. Por fim, estando com a espada em ombro-arma (à Rigor) e parado, o corpo estará ereto e os pés sempre em esquadria.
d) O malhete, o Venerável e os Vigilantes – Salvo quando o ritual determinar o contrário, as Luzes da Loja, permanecendo nos seus lugares e estando à Ordem, devem deixar os seus respectivos malhetes e compor o Sinal com a mão, ou mãos se for o caso. É anacrônico se achar que esse costume de trazer o malhete pousado no lado esquerdo do peito é o mesmo que ficar à Ordem. Malhete no lado esquerdo do peito só acontece quando as Luzes, por dever de ofício, precisam se ausentar dos seus lugares portando o malhete. Num caso desses eles conduzem o malhete e quando em pé e parados fora do seu lugar, pousam-no do lado esquerdo do peito. Detalhe: essa atitude não significa que se está compondo ou se fazendo um Sinal. Essa postura se identifica como posição de rigor justamente porque não se pode fazer Sinal com um objeto de trabalho.
e) Bolsa utilizada para a coleta – O último a depositar a proposta, informação ou o óbolo é o oficial que faz o giro para a coleta – o Mestre de Cerimônias ou o Hospitaleiro conforme o caso.
Esse oficial circulante, por último faz o seu depósito mediante auxílio do Cobridor Interno da seguinte maneira: antes de chegar entre colunas para encerrar a sua missão, o coletor vai até o Cobridor Interno que o aguarda à Ordem, portanto, sem empunhar a espada. À chegada do Mestre de Cerimônias ou do Hospitaleiro, o Cobridor desfaz o Sinal e dele recebe a bolsa. Ao recebê-la o Cobridor desfaz o Sinal e segura o recipiente com as duas mãos na forma de costume. Recebida a proposta, informação ou o óbolo, o Cobridor devolve o recipiente e, antes de sentar, faz o Sinal (isso não é saudação). Por sua vez o oficial circulante recebe de volta a bolsa e em seguida se coloca entre colunas para demonstrar que a sua missão fora cumprida.
Obviamente que como mencionado no item “c” acima, o Cobridor não traz a espada empunhada nessa oportunidade, ficando ela, ou embainhada, ou presa no dispositivo atrás do espaldar do seu assento. Não faria sentido o Cobridor Interno receber o oficial circulante no intuito de auxiliá-lo empunhando uma arma.
Eram essas as considerações a respeito. Assim que estejam prontas as orientações para os rituais dos três graus do REAA do GOB que ficarão a disposição no site do GOB em GOB-RITUALÍSTICA, pretendo providenciar um Manual de Procedimentos para essas questões ritualísticas.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br
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