(Eu, Irmão Pedro Juk, preferi omitir o nome, o Oriente e a Loja do consulente por razões óbvias).
Um Respeitável Irmão de uma Loja praticante do REAA, GOB-PR, Estado do Paraná, apresenta a questão seguinte:
FALAR SEM O SINAL DE ORDEM
Mano, boa noite!
Vou assumir o primeiro malhete da nossa Oficina em breve, e gostaria que o Irmão me desse uma luz.
No Oriente, se o Irmão quiser ele pode falar sentado. Em visita a várias Lojas de diversas Obediências, inclusive em nossa Loja acontece o mesmo, quando um Irmão faz o uso da palavra após protocolarmente dirigir as Luzes e aos demais Irmãos, desfazem o Sinal de Ordem sem autorização do Venerável.
Isso já faz parte dos costumes dos Veneráveis e Ex-Veneráveis. Costume feio é claro!
Como devo proceder principalmente com os visitantes?
E os demais Irmãos que tem Ofício no Oriente?
Nosso atual Venerável autoriza qualquer Irmão que está no Oriente a desfazer o Sinal. Está certo ele? Como sou considerado um Irmão “chato” no que tange a fazer uma Ritualística correta, preciso de suas orientações para fazer um Veneralato que agrade a gregos e troianos.
Eu já comentei e escrevi bastante sobre esse caso, mas infelizmente são poucos os maçons que gostam de ler, e menos ainda aqueles que dão importância e respeitam as regras ritualísticas em alguns casos.
No tocante ao Oriente, é costume antigo e herdado das hoje extintas Lojas Capitulares que os ocupantes do espaço oriental da Loja possam falar sentados, desde que o Ritual não determine o contrário.
Assim, se o ocupante do Oriente por deferência resolver falar em pé (é o que geralmente acontece atualmente), ele então fala à Ordem (compondo o Sinal de Ordem). Cabe lembrar que é regra consuetudinária e universalmente aceita que em alguns ritos, no caso o REAA, estando em Loja aberta, o maçom que estiver em pé deve ficar à Ordem. Ora, isso é notório no simbolismo do escocesismo.
Infelizmente, o que tem ocorrido é a falta de bom senso, sobretudo pelo mau costume e exagero de certos Veneráveis quando utilizam o tal do “podeis falar a vontade”. Pior ainda são aqueles Irmãos que “acham” que por estarem no Oriente podem simplesmente, nessa ocasião, desfazer o Sinal por própria conta (sem autorização).
Na realidade tudo isso nada mais é do que erro crasso em Maçonaria, portanto deve ser coibido e não sofrer ainda a conivência do Venerável.
Lembro que um Venerável deve ser o guardião das práticas ritualísticas e não deturpá-la em nome do comodismo ou sei lá do quê. Nesse sentido, o dirigente da Loja deve ser comedido nas suas ações e usar sempre do bom senso, autorizando alguém falar a vontade apenas nas ocasiões que de fato o momento necessite (idade avançada do Irmão, leitura de um texto que careça ser seguro pelas mãos, deferência respeitosa a uma autoridade, etc.). O que não se pode é o exagero, ao ponto de se tornar regra o falar em pé sem Sinal – seja no Oriente ou no Ocidente.
Cabe salientar que alguém em pé, se autorizado a falar sem sinal, antes, com o Sinal ainda composto, deve primeiro se dirigir protocolarmente às Luzes da Loja e outros como de costume (isso não é saudação). Só a parti daí é que ele, estando autorizado, desfaz o Sinal para usar da palavra. Concluída sua fala, compõe novamente o Sinal, porém desfazendo-o antes de sentar (isso também não é saudação).
Ao final penso que precisamos exercer as virtudes da igualdade e da humildade nas nossas ações. Em Maçonaria ninguém deve ter regalias por portar um título distintivo ou qualquer outra coisa similar. Indubitavelmente a não observação desse princípio é costume de caráter temerário e contrário aos propósitos iniciáticos.
No que diz respeito a como o Venerável Mestre deve proceder nessa ocasião, digo que ele deve simplesmente cumprir a regra. Portanto ele não deve a todo o momento autorizar aleatoriamente os usuários da palavra a falarem sem o Sinal. Inclusive ele precisa alertar a todos que ninguém está dispensado de desfazer o Sinal sem ser por ele antes autorizado, salvo se o Ritual determinar o contrário.
A propósito, o Orador também não deve ser conivente com práticas equivocadas ou de geometria delituosa. Especialmente o promotor da Lei deve saber que existem as regras escritas e as consuetudinárias, essas últimas fundadas nos costumes (costumeiro, habitual) e elas devem ser seguidas e cumpridas, pois afinal são elas muitas que vezes determinam o arquétipo do Rito.
Sob outro aspecto e de efeito prático, sem dúvida a manutenção da rigorosidade de se falar em se estando à Ordem também evita que, pelo desconforto do Sinal composto, apareçam os prolongados discursos rançosos e amparados por um excessivo lirismo que só servem para esgotar a paciência dos outros, ao contrário de contribuir para com a beleza dos trabalhos.
Sendo assim, ratifico o seguinte:
a) Qualquer obreiro em pé no REAA fala à Ordem.
b) O Venerável Mestre tem a prerrogativa de autorizar alguém a falar a vontade, porém não deve fazê-lo corriqueiramente. Dessa forma, ninguém por conta própria deve desfazer o Sinal para fazer uso da palavra – isso vale inclusive para Mestres Maçons Instalados.
c) Os que têm a prerrogativa de falar sentado, se resolverem falar em pé, falam à Ordem.
d) Regras, sem regalias, são para ser cumpridas; o bom senso opera em todas as situações.
Concluindo, o Venerável Mestre, para que evite dissabores e o torcer de narizes, ao se deparar com essas situações na Loja deve imediatamente marcar uma Sessão de Instrução e ensinar ao quadro o modo correto de como proceder nesse caso. Havendo visitantes e para se prevenir de situações constrangedoras, o Venerável Mestre deve avisar ainda no átrio e antes do ingresso para os trabalhos, que a Loja, cumprindo a regra do Rito não admitirá que ninguém sem autorização dispense o Sinal durante o uso da palavra. A propósito, um Venerável deve agradar à tradição, os usos e os costumes do Rito e não “aos gregos e aos troianos”.
T.F.A.
PEDRO JUK
Secretário Geral de Orientação Ritualística – GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br
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