Ir∴ Luiz Felipe Tavares São Bento do Sul - SC
Todos já passamos pela experiência de acender uma fogueira.
Se a lenha estiver encharcada, só pegará fogo se posta em fogueira já acesa, e isto depois de muito tempo, e não antes de fazer muita fumaça e também muito barulho. Será uma queima imperfeita e muito do calor e da luz se perderá.
Se, no entanto a lenha estiver seca e preparada para a transformação, rapidamente entrará em combustão produzindo pouca fumaça e barulho, porém gerando luz e calor em abundância. Será uma queima altamente eficiente.
A lenha representa a condição de aprendiz.
Uma lenha encharcada equivale à pessoa despreparada para a mudança. Cheia de vícios e obscurecida pela ignorância e não se permite aquecer pelo aprendizado. Mesmo se posta sob o calor intensivo da palavra, se comportará de forma descabida e terá aproveitamento quase nulo. Reclamará e se revoltará contra quem lhe desejar aquecer, gerando muito barulho e fumaça.
Uma lenha seca, no entanto representa aquele que está pronto para ascender ao aprendizado. Pessoa enxuta e desejosa de ser destituída do charco da ignorância e do vício. Tal madeira está apta à ignição e à transmutação. Terá uma queima limpa e eficiente produzindo grande quantidade de calor reconfortante e luz.
Porém até mesmo a lenha seca precisa ser devidamente acesa.
Se utilizarmos um fósforo com uma queima brilhante, mas fugidia, com certeza não conseguiremos atear o fogo que desejamos.
Porém se utilizarmos algo que queime com constância, mesmo que sem o brilho de artifício do fósforo, gradativa e paulatinamente aqueceremos a madeira até seu cerne, fazendo surgir por fim uma brasa que perdurará e ateará fogo em todo o resto. Tal fogo não mais se apagará.
O que acende a fogueira representa a condição de mestre.
Quando aquele que ensina o faz pelo vazio de requintadas, mas fugidias palavras, acaba por chamar atenção para seu brilho fantasioso sem, no entanto ter a força da autenticidade moral para criar combustão. Chama levada pelo vento.
Porém se aquele que se candidata ao ensino, além de palavras bem postas também possuir a força moral da vivência destas mesmas palavras, conseguirá com tal exemplo diário e constante comover a madeira em se fazer brasa. Chama que não se apaga.
A constante presença do fogo vivo do exemplo sempre acenderá brasas em qualquer coração.
Fonte: JBNews - Informativo nº 263 - 18.05.2011
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