O COBRIDOR
Ir⸫ Fábio Sérgio do Amaral
ARLS Theobaldo Varoli Filho
Introdução
O tema Cobridor se revelou bastante desafiador, uma vez que pouco há escrito sobre o tema, tanto nos livros, como em artigos e sites da Internet.
Entretanto, mostra-se uma função de extrema importância no desenvolvimento dos trabalhos em Loja.
Para fins deste estudo, dividiremos a análise do significado e atribuições do Cobridor, resumidamente, em dois planos:
1. Atribuições legais e aspectos práticos; e
2. Simbolismo do cargo.
Atribuições Legais e Aspectos Práticos
O Regulamento Geral da Federação – Grande Oriente do Brasil, estabelece as atribuições legais dos Cobridores Interno e Externo, a saber:
“Do Cobridor Interno
Art. 107 - Compete ao Cobridor Interno:
I - guardar a entrada do Templo, zelando pela plena segurança dos trabalhos da Loja;
II - não consentir a entrada ou saída de Obreiros sem a devida autorização;
III - verificar se os Obreiros que desejarem entrar no Templo, após o início dos trabalhos, estão trajados regularmente e encaminhá-los consoante determina o respectivo Ritual.
Do Cobridor Externo
Art. 108 - Ao Cobridor Externo compete:
I - fazer observar o mais rigoroso silêncio nas cercanias do Templo;
II - não permitir que sejam ouvidos, externamente, por quem quer que seja, os trabalhos realizados em Loja;
III - certificar-se quanto à regularidade de visitantes.”
Em outras palavras, o Cobridor é o “guardião” do Templo, que zela pela sua incolumidade, pelo sigilo dos trabalhos, pela segurança na entrada do Templo, pela identificação das pessoas que a ele se dirigem, pela fiscalização da indumentária dos obreiros, reportando-se sempre ao Ir⸫ 1º Vig⸫, o qual transmite as informações ao V⸫ M⸫
Vale lembrar que durante as sessões, quando não houver Cobridor Externo, o cobridor interno fará suas vezes. Isso é o que se depreende da análise do Ritual do 1º Grau do REAA, o qual, após o Ir⸫ 1º Vig⸫ determinar ao Ir⸫ Cobr⸫ verificar se o Templo está coberto, assim determina:
“se houver Cobr⸫ Ext⸫, o Cobr⸫ Int⸫ dará as pancadas do Grau (com o cabo da espada) na porta pelo lado de dentro e o Cobr⸫ Ext⸫, após fazer a verificação, dará as pancadas do Grau na porta pelo lado de fora. Se houver somente Cobr⸫ Int⸫, o mesmo sairá do Templo, fará a verificação, baterá na porta pelo lado de dentro e dirá:
- Ir⸫ 1º Vig⸫, o Templo está coberto.”
Outro ponto importante a destacar quanto às normas de comportamento ritualístico e litúrgico foi destacado pelo Ir⸫ Sidney Riesco Marculino, em alentado trabalho publicado na revista Colunas Voz do Dia, ano XIII, nº 64 de 2003, p. 8 e 9, que assim ensina:
...Independentemente do grau em que a Loja estiver trabalhando, o Obr⸫ que chegar atrasado a Ses⸫ deverá dar somente três pancadas na porta (bateria do Grau de Apr⸫) e não as baterias de outros Graus. Compete ao Cobr⸫ verificar quem bate, certificando-se de que o Obr⸫ do Quadro ou visitante, tem Grau simbólico suficiente para assistir a Ses⸫
Se no momento em que o Obr⸫ bater à porta do Templo, não for possível franquear-lhe o ingresso, o Cobr⸫ dará as mesmas três pancadas do Grau, na parte interna da porta. Isso significa que o retardatário deverá aguardar o momento propício para entrar.”
Em nosso modesto entendimento, dependendo do assunto que estiver sendo tratado, dependendo do momento em que se encontre a ritualística da sessão, e dependendo também de quem esteja fazendo uso da palavra, como por exemplo, o V⸫ M⸫, seria inadequado o Cobr⸫ levantar-se somente para responder às pancadas na porta do Templo, sem abrí-la, uma vez que atrapalharia o curso dos trabalhos e poderia eventualmente tumultuar desnecessariamente a Sessão, pois é certo que o Ir⸫ que bateu à porta do Templo deverá aguardar resposta, demore quanto tempo demorar, e o Cobr⸫, já gozando de certa experiência, deverá saber o momento oportuno para anunciar a batida à porta e fazer entrar o Ir⸫ que chegou intempestivamente. Essa a única ressalva ao importante ensinamento prático do Ir⸫ Sidney.
Simbolismo do Cargo
O Cobr⸫ é um dos Oficiais que compõem a Estrela Hexagonal, composta por um triângulo de ápice superior e outro de ápice inferior, ambos eqüiláteros e sobrepostos, também presente no painel do grau de Companheiro Maçom, a qual serve para simbolizar os dirigentes de uma Loja maçônica composta, de acordo com as suas atribuições, ligadas à espiritualidade, ou à materialidade.
Assim, no triângulo de ápice superior, o ângulo superior é representando pelo Venerável Mestre, enquanto os outros dois são representados pelos Vigilantes, já que essas três Dignidades (ou três Luzes da Oficina) são responsáveis pela orientação espiritual dos obreiros, formando o Triângulo da Espiritualidade (tomada, aí, como o conjunto das qualidades espirituais do homem: mentais, ou intelectuais).
Já no triângulo de ápice inferior, o ângulo inferior é representado pelo Cobridor, ou Telhador, enquanto os dois outros ângulos são representados, respectivamente, pelo Orador e pelo Secretário, pois, competindo-lhe a orientação material da Loja (o Orador, selando pelo cumprimento das leis, o Secretário, como responsável pelas atas e expediente da Loja, e o Cobridor, zelando pela segurança do templo), eles formam o Triângulo da Materialidade.
Por essa peculiar representação de Dignidades e de um Oficial da Loja, a Estrela Hexagonal gerou a mais correta maneira de circulação, nos ritos que os possuem, do Tronco de Beneficência e do Saco de Propostas e Informações, quando o oficial circulante atende, inicialmente, ao Venerável Mestre e aos Vigilantes, formando o triângulo da espiritualidade, e, depois, ao Orador, ao Secretário e ao Cobridor, formando o triângulo da materialidade e completando a estrela, para, finalmente, atender às demais autoridades do Or.:, aos Mestres da Coluna do 2º Vigilante, aos Mestres da Coluna do 1º Vigilante, aos Companheiros e aos Aprendizes, nessa ordem. A circulação, feita dessa forma, satisfaz ao simbolismo dos cargos e respeita a hierarquia do quadro de obreiros.
Nota
A palavra Cobridor pode também ser encontrada na literatura maçônica como sinônimo de manual ou rito. Exemplo: Manual Maçônico ou Cobridor do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Bibliografia
Regulamento Geral do Grande Oriente do Brasil.
Ritual do 1º Grau do REAA.
Revista Colunas Voz do Dia, Ano XIII – 1982/2003 – nº 64.
CASTELLANI, José. "Origens Históricas e Místicas do Templo Maçônico". São Paulo, Editora Gazeta Maçônica - 1991.
CASTELLANI, José .“Consultório Maçônico”, vol VII. São Paulo, Editora A Trolha – 2000.
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