O ETERNO APRENDIZ
Em todos os sistemas e ritos da Maçonaria Simbólica universal, denomina-se “aprendiz” o iniciado nos seculares segredos da nossa Sublime Ordem. O termo foi tirado da Maçonaria Operativa, na qual o Aprendiz ocupava o lugar mais inferior da escala entre os operários. A Maçonaria Especulativa, que sucedeu à Maçonaria Operativa, ocupada não mais com a arte de construção mas com a moral, com o simbolismo e rituais, adotou os usos, costumes e regulamentos bem como os instrumentos da antiga modalidade. Através da adoção de todos os elementos da Maçonaria Operativa, a Maçonaria Especulativa estabeleceu o seu próprio sistema de organização e de moralidade.
O que representa o homem quando é apresentado aos primeiros elementos da Maçonaria, o aprendiz, portanto? Representa o ser humano nos primeiros passos da civilização, na sua infância cultural, tentando sair da escuridão, da ignorância. Assim são deveres do Aprendiz a luta contra os inimigos naturais do homem – as paixões, o estudo das leis, usos e costumes da Maçonaria através do seu trabalho simbólico em desbastar a Pedra Bruta desde o meio-dia até a meia-noite, o combate contra a mentira, o fanatismo, a ambição e a ignorância. O Aprendiz deve lutar arduamente pela vitória da luz sobre as trevas, da honra sobre a perfídia, da verdade sobre a hipocrisia, sobretudo da tolerância e moderação sobre a tempestade interior que pode ocasionar destemperos.
O Aprendiz, em Loja, deve permanecer em absoluto silêncio, em atitude de respeito e meditação, sempre procurando tirar o máximo de proveito de cada ensinamento vindo do Oriente, assim como dos Mestres, que devem sair do plano do discurso efêmero e, agindo de modo irradiador, praticar ações, inclusive de cunho doutrinário, que possam auxiliar a todos (inclusive os Mestres), a lapidarem a pedra bruta que todos somos, na mais absoluta essência. O Aprendiz deve saber esperar a concessão da palavra e saber usá-la com sabedoria. Da mesma forma, o Mestre, ao proferir qualquer manifestação, deve estar convicto de que a mensagem transmitida possui o mínimo de verdade, ou certeza, aspectos estes indispensáveis para que possam, de fato, encontrarem solo fértil no solo do Templo de todos nós. O Sinal de Ordem ao falar, deve lembrar ao Maçom que precisa dominar a exteriorização de seus pensamentos.
O trabalho em Loja sempre é iniciado ao “meio-dia” porque esta hora faz alusão ao período da vida em que o homem estaria capacitado a trabalhar pelo semelhante. Antes do meio-dia o homem vive a fase de aprendizado sobre os mistérios da existência. Ao meio-dia começa o seu trabalho. A morte, o fim, o encerramento dos trabalhos chega com as doze badaladas da noite.
Enquanto Aprendiz, o Maçom recebe a revelação do que representa o trabalho da Maçonaria, e aprende que para ser digno e capaz de desempenhar suas funções como legítimo Maçom precisará libertar e purificar o seu coração. Tal norte condutor, também é perfeitamente direcionado aos IIr.: Companheiros e Mestres, sendo que estes últimos, principalmente, devem, de forma constante e cautelosa, estarem sempre prontos a serem perquiridos pelos demais IIr.:. Apagar antigos rancores, superstições, ódios e equívocos históricos e filosóficos, é tarefa das mais difíceis, eis que devemos nos voltar para o nosso Templo interior. Contudo, não é uma tarefa impossível e, a grandeza de todos os IIr.:, irmanados na mais absoluta fraternidade, suplanta qualquer obstáculo !. Nessa fase diz-se que a Pedra Bruta começa a ser desbastada, ou seja, todos os maus costumes são abandonados juntamente com os preconceitos e paixões que enchem o nosso mundo profano. Para o trabalho de desbastar a Pedra Bruta, o Aprendiz recebe as suas ferramentas especiais: o Cinzel para tirar as asperezas da pedra, que eqüivale a faculdade de pensar com retidão.
O Cinzel é impulsionado pelo Maço ao ser aplicado sobre a Pedra Bruta. É sempre seguro com a mão esquerda – o lado passivo – que corresponde a receptividade intelectual e ao discernimento especulativo. O Cinzel produz a beleza final da obra e realiza os ornamentos e adornos ao mesmo tempo em que dá vida às figuras.
Representa ainda o senso crítico para afastar o supérfluo e corrigir o erro sob os golpes do Maço. A outra ferramenta que o Aprendiz recebe é o Maço – ou Malho – instrumento de madeira com cabo, usado pelos carpinteiros e escultores. Simboliza a força dirigida e controlada. Representa a aplicação da força em determinado ponto; representa a vontade ativa e a perseverança do Aprendiz. O Maço direciona a energia necessária para dar forma ao trabalho.
Além do Cinzel e do Maço, o Aprendiz recebe ainda o Avental, sempre presente no traje maçônico. Esta peça tem a forma quadrada com uma abeta triangular voltada para cima, simbolizando a sua falta de conhecimento do ofício. A cor é branca para traduzir a inocência do Aprendiz. Uma vez trajando seu Avental, o Aprendiz não é mais aquela pessoa de antes. Tem agora gestos solenes, postura serena porém disciplinada, e sua palavras, estando à ordem e, quando absolutamente necessário (eis que o Aprendiz muito escuta e observa e, pouco se manifesta nesta fase), devem ser calmas e cuidadosamente pronunciadas ao defender suas idéias e posicionamentos.
Em Loja, notadamente durante os trabalhos desenvolvidos no R∴E∴A∴A∴, um Aprendiz ocupa a coluna do Norte ou o Setentrião que é a Coluna destinada aos que ainda “receberam mui fraca luz”, e ainda não compreendem os simbolismos e as mensagens do Oriente. Ali o Aprendiz desenvolverá seu trabalho recebendo toques, gestos e palavras secretos e outros ensinamentos básicos para um Maçom, esperando pela oportunidade em que receberá um aumento de salário. O pagamento do trabalho dos Aprendizes e Companheiros é feito pelos Vigilantes. Pagar em linguagem maçônica quer dizer ensinar, satisfazer a vontade por conhecimento, fazer justiça. É através de um aumento de salário que os Aprendizes e Companheiros são recompensados, isto é, pela promoção ou elevação a um grau superior. Tanto o Cinzel como o Maço, tanto o Avental como o Pagamento e o Aumento de Salário, são símbolos retirados da Maçonaria Operativa.
O Aprendiz não deve deixar que tanta riqueza em simbolismo e tantas informações representem um obstáculo para o seu trabalho em Loja. Com calma e sensatez ele será capaz de compreender todos os elementos que encontrar pela frente, contando sempre com a valiosa ajuda dos Companheiros e Mestres. Ele descobrirá que as reuniões são realizadas muitas vezes num clima de grande emoção e outras vezes dando a impressão que são muito difíceis de serem entendidas. É importante para o Aprendiz saber que tudo virá a seu tempo certo, sempre obedecendo o progresso do seu trabalho em Loja.
Do momento em que sua venda lhe é arrancada dos olhos, quando ele se encontra cercado de Irmãos conhecidos e desconhecidos em um ambiente absolutamente novo e intrigante para o resto de sua vida, o Aprendiz de Maçom jamais será o mesmo, e, todas as suas dúvidas serão esclarecidas na freqüência assídua de sua Loja. Poderá então perceber, mas não poderá divulgar ao mundo profano todas as maravilhas que lhe serão apresentadas. Este comando, aliás, é direcionado ao todos or II∴, que devem guardar absoluto sigilo sobre tudo o que se passa em um trabalho maçônico, inclusive para outros IIr∴, que por um motivo ou outro, não tenham tido a possibilidade de participar dos trabalhos. Assim, a regra do SILÊNCIO deve sempre ser perseguida, sem hipocrisia ou falsos moralismos, sob pena de se permitir que as nossas estruturas que alicerçam o nosso Templo interior, notadamente, possam apresentar fissuras, estas representadas por “desvios de condutas”, desvios estes que viemos procurar corrigir, exatamente, com os ferramentais que a nossa Sublime Instituição nos oferece. Assim, Poderá logo aprender, mas não poderá ensinar, sob o peso de um solene juramento, as revelações milenares que constituem o vasto conhecimento maçônico.
OBS: Este trabalho é de autoria (na essência), de um Ir∴ do Or∴ do Piauí, e sofreu modificações/complementações do Ir∴ Romeo Piazera Júnior
Bibliografia:
ASLAN, Nicola – Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia – Ed. Artenova
FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio – Dicionário de Maçonaria – Ed. Pensamento
CASTELLANI, José – A Maçonaria e Sua História Secreta – Ed. A Trolha
CAMINO, Rizzardo da – A Pedra Bruta – Ed. A Trolha
A TROLHA – Revista Maçônica – vários números
O PRUMO – Revista Maçônica – vários números
Enciclopédia Barsa
J e P seremos eternos aprendizes!Somos todos pessoa em busca da felicidade, em busca sonhos e amor.
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