DÚVIDAS RITUALÍSTICAS
(republicação)
Em 02.02.2015 o Respeitável Irmão Sidney Jean Correia Teixeira, REAA, Loja Liberdade e Glória, 4.033, GOEB - GOB, Oriente de Glória, Estado da Bahia, solicita os esclarecimentos que seguem: sidneymacom@hotmail.com
Novamente recorro a você para que o Irmão me tire algumas dúvidas. A saber:
1 Por que os Aprendizes sentam na Coluna do Norte?
2 Quem é o responsável pela Instrução dos Aprendizes e Companheiros? Apenas o Venerável Mestre?
3 Por que as Colunas B e J no Rito Escocês Antigo e Aceito do GOB estão do lado de fora do Templo?
1. Em todos os Ritos e Trabalhos maçônicos oriundos (naturais) do hemisfério Norte do nosso Planeta na Moderna Maçonaria, os Aprendizes tomam assento simbolicamente no Norte da Loja em alusão à esfericidade da Terra. Essa concepção dá à alegoria de que no hemisfério setentrional quanto mais ao Norte (afastado do equador) se estiver localizado, existe menos iluminação solar. Obviamente essa e uma questão astronômica pela inclinação do eixo imaginário do Planeta em relação ao seu plano de órbita (aproximadamente 23º) o que dá essa analogia de mais ou menos luz de acordo com a posição geográfica do observador. Daí, quanto mais ao norte do Norte, mais escuro; quanto mais ao sul do Norte (próximo ao equador), mais luz. Assim também é a razão pela qual sob o ponto de vista do Norte relaciona-se o Sul com o Meio-Dia (local mais iluminado).
Como a Moderna Maçonaria mantém seu arcabouço doutrinário no esclarecimento e aprimoramento do Homem, relaciona a Luz com o conhecimento ou o aperfeiçoamento – Obra do Sol, ou do Requinte.
Sob essa ótica simbólica a Loja (Templo) sugere um canteiro especulativo de obras situado sobre a face da Terra onde a alegoria prevê as etapas de aperfeiçoamento. Daí o Aprendiz no Norte, representa o princípio, a infância, o pouco conhecimento, o que faz com que a doutrina o associe com o lugar de pouca Luz (Norte mais escuro).
Assim, iniciaticamente após o ocupante do Primeiro Grau ter cumprido essa etapa (infância) ele estará apto a ingressar simbolicamente no segundo ciclo da vida (juventude) cujo lugar em Loja será no Sul como Companheiro – a alegoria representa a evolução humana no aperfeiçoamento e aprimoramento da Pedra – o elemento mais instruído.
Destarte, os Aprendizes (princípio) em Loja aberta tomam assento no Norte e os Companheiros (mais evoluídos) no Sul – infância e juventude.
2. O REAA tradicionalmente revive apenas uma questão de tradição e hierarquia. Simbolicamente, o Segundo Vigilante (Meio-Dia, ou Sul) instruí os Aprendizes que tomam assento no topo (parede) da Coluna do Norte, enquanto que o Primeiro Vigilante no extremo do Ocidente a noroeste instrui os Companheiros no topo do Sul – isso está previsto no Ritual de Aprendiz em vigência.
Como dito, independente do lugar em que o instrutor tome assento, a questão é de hierarquia e não de responsabilidade pela Coluna – alegoricamente o Segundo Vigilante instrui os Aprendizes que se sentam no Norte, o Primeiro os Companheiros que tomam assento no Sul e o Venerável Mestre instrui todos os Mestres espalhados pela face da Terra.
Em se tratando de reminiscência história, nos Canteiros Medievais do passado no dia da Iniciação os Candidatos eram recebidos no recinto pelo Segundo Vigilante que primeiro os instruía para depois os conduzi-los até o Primeiro Vigilante para que fosse realizada em favor deles uma oração.
3. Em respeito à tradição do que concerne o termo “vestibular” é que se relaciona o lugar (situação) ao vestíbulo do Templo.
Sugere também a descrição da lenda da construção do primeiro Templo de Jerusalém e as duas Colunas colocadas à entrada daquele recinto – via-se (observava-se) os dois Obeliscos antes de ingressar no Templo, o que significa estarem às Colunas posicionadas no lado de fora da porta principal – ninguém entra primeiro para depois enxergar o que está pelo lado de fora.
Nesse particular atendendo a tradição o REAA assenta as Colunas Solsticiais B e J no vestíbulo do Templo (Colunas Vestibulares).
Assim, não se trata de se o Rito Escocês é o “do” GOB. O fato é que em qualquer circunstância todos os rituais do simbolismo escocês, independente da Obediência, deveriam prever essa situação de vestíbulo (átrio) para as Colunas Gêmeas que, no Rito em questão marcam também a passagem dos trópicos de Câncer ao Norte e Capricórnio ao Sul.
Não se deve tratar um Rito maçônico como propriedade desta ou daquela Potência. Ora, um Rito possui a sua história e a sua cultura. Estes são adotados pelas Obediências e estas deveriam respeitar, sobretudo a sua pureza que indubitavelmente é o veículo principal da sua particular mensagem e doutrina.
A priori nunca é demais lembrar que o Átrio é parte integrante do Templo no Rito em questão.
T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.705 – Melbourne – domingo, 31 de maio de 2015
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