Em 15/08/2019 o Respeitável Irmão Elierto da Silva Carvalho, Loja Acácia, 0177, REAA, GOB-RJ, Oriente de Niterói, Estado do Rio de Janeiro, formula a seguinte pergunta:
PRIMEIRO VIGIANTE FECHA A LOJA
Nos Rituais de Aprendiz Maçom e Companheiro Maçom, quando da abertura da Sessão, o Venerável Mestre declara que a Loja está aberta no Grau de Aprendiz Maçom ou de Companheiro Maçom, mas no encerramento o 1º Vigilante declara que está fechada a Loja de Aprendizes Maçons ou de Companheiros Maçons. Poderia esclarecer o porquê?
Esse é um costume herdado da Maçonaria de Ofício (Operativa), ancestral da Moderna Maçonaria (Especulativa).

Sistematicamente uma guilda de construtores era dirigida por um Companheiro escolhido entre os mais experientes. Esse dirigente levava o nome de Mestre da Obra e nada tinha a ver com o grau especulativo de Mestre Maçom como o que hoje conhecemos. O grau de Mestre especulativo só viria nascer na Moderna Maçonaria já no século XVIII (1725), enquanto que o Mestre da Obra do período operativo já era mencionado nos séculos X e XI.
Explicações à parte, a Moderna Maçonaria - especulativa por excelência - herdou muitos costumes dos nossos ancestrais. Assim, cabe, despido de fantasias e lendas, a seguinte explicação superficial:
Simbolicamente a Moderna Maçonaria trabalha alegoricamente num canteiro de obras estilizado e decorado conforme o rito, evidenciando as práticas operativas na transformação e aperfeiçoamento – do passado, onde a matéria prima era literalmente a pedra calcária, ao presente especulativo onde a pedra simboliza o próprio homem como matéria primitiva e passível ao aprimoramento.
Antes, quando os construtores se reuniam para efetivamente construir uma obra (igrejas, catedrais, abadias, etc.), os canteiros de obras eram abertos seguindo as regras e planos do ofício contratado (geralmente os ditados pela igreja-estado).
Assim, depois das conferências, averiguações e afins pertinentes ao ofício para o início dos trabalhos, em estando tudo "justo e perfeito", isto é, nos conformes com a exigência, o Mestre da Obra então mandava que se iniciassem os trabalhos intrínsecos àquela etapa da construção.

Junto ao outro poste, o da direita da entrada, ficava o 2º Warden, ou o segundo auxiliar do Mestre da Obra. Era da sua responsabilidade receber e instruir os recém-admitidos no Ofício, assim como dispensá-los para a recreação e fazê-los retornar ao trabalho. Auxiliava também o 1º Warden na administração da construção – ambos verificavam o nivelamento e as aprumadas dos cantos. O 2º Warden, mais tarde ficaria conhecido como Segundo Vigilante (segundo auxiliar), destacando que o Mestre da Obra, especulativamente ficaria conhecido como Venerável Mestre – imemorial, espontâneo e universalmente aceito, esse é um verdadeiro Landmark da Ordem, o de uma Loja ser dirigida por três Luzes.
Em comparação aos costumes do passado é que em muitos ritos maçônicos, relembrando o período operativo, colocam o 1º Vigilante para fechar a Loja. É o caso, por exemplo do REAA quando revive inclusive as aprumadas e nivelamentos pela alegoria da transmissão da Palavra e faz com que ritualisticamente seja do 1º Vigilante o ofício de fechar a Loja no final da jornada de trabalho (especulativamente os trabalhos se encerram à Meia-Noite).
Por fim, nesse contexto, outras explicações aparecem, tal como o Segundo Vigilante instruindo os recém-iniciados (Aprendizes), a declaração para abrir e fechar condicionada ao jargão "justo e perfeito", as joias dos Vigilantes como instrumentos imprescindíveis para uma construção perfeita e durável (nivelada e aprumada) e a impropriedade do inverno para o trabalho (a Terra viúva do Sol). Tenho dito, nada está colocado na liturgia maçônica por acaso. Sem licenciosidade, para tudo há uma explicação racional.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br - 27/11/2019
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