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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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quinta-feira, 6 de abril de 2023

OS CASAMENTOS NÃO SÃO DETERMINADOS NO CÉU

José Cássio Simões Vieira
Mestre Instalado da ARLS Theobaldo Varoli Filho

Contrariando o velho prolóquio, os casamentos não são determinados nos céu.

Várias são as motivações que levam as pessoas a se casar. Muitas se casam cumprindo uma programação psicológica inadequada. Nesses casos, a decisão do casamento não é feita de forma autônoma, mas obedece a um "plano inconsciente de vida", elaborado na infância, a partir das influências das figuras parentais.

Em outros casos, a pessoa se casa com a expectativa mágica de que, através de seu par, irá resolver seus problemas emocionais da infância, não solucionados por ela mesma, ou encontrará a realização de suas fantasias a respeito da vida.

Seja como for, os casamentos, muitas vezes, acabam de modo infeliz, embora estivessem, marido e mulher cheios de bons propósitos. Chega-se a um ponto de intoxicação mútua, nada mais deixando entrever do "amor" que os unia. Aquele "grande amor", que foi se esvaindo ao longo de uns tantos anos do dia-a-dia, parece ter sido uma grande ilusão.

O CONJUGO, primeira palavra da liturgia do matrimônio, passa a ser, tão somente, um "jugo", armação pela qual duas pessoas permanecem atadas, por causa dos filhos ou por motivos de outras ponderações. E, não é fácil a conservação de tais matrimônios fictícios, que apenas ostentam um "falso esplendor", exigindo, de cada lado, uma grande inversão de energia, um apoio em uma porção de "muletas" socialmente aceitas ou a repetição de uma série de desagrados e decepções.

O casamento impõe obrigações que visam ao aperfeiçoamento mútuo dos cônjuges, ao crescimento moral e espiritual de cada um, pela fidelidade aos compromissos matrimoniais, pela guarda, sustento e educação dos filhos. As leis que regem a união conjugal são elaboradas pelos seres humanos, com o objetivo de proteger a Família, ponto de partida de qualquer organização social, como é amplamente ressaltado nos estudos maçônicos da Moral. Por isso, o ideal seria que só se casassem pessoas conscientes de tal fato e com um "script" de vida construtivo, para evitarem decepções mútuas. Mas, o ideal é como o limite em Matemática: para ele convergimos nossos melhores esforços, sem jamais alcançá-lo...

A SEPARAÇÃO CONJUGAL

Um ambiente familiar de ódio, suspeita, ciúme, total desarmonia, enfim, é tóxico para o casal e para a visão de mundo que os filhos formarão mais tarde. Para estes, arruína, precocemente, a fé na própria Humanidade, abalando os alicerces da vida social. Em tais circunstâncias, se esgotados todos os meios possíveis para que as pessoas sigam juntas de forma harmônica, é conveniente a separação conjugal, mesmo que possa entrar em conflito com os postulados religiosos ou eclesiásticos. Evitar-se-á um mal maior, que pode chegar às raias do suicídio ou do homicídio.

Fique claro que deve ser o último recurso, aceito quando existir incompatibilidade a ponto de destruir o respeito próprio e a saúde mental.

Se um casal nessas condições insiste em permanecer junto, vinculando- se só através de uma programação negativa, torna-se responsável por sua própria inutilidade. É melhor que cada um siga seus próprios caminhos, visando a reencontrar seu equilíbrio e suas responsabilidades.

De fato, um casal é apenas um casal em nome. É um agregado de interesses, temperamentos, disposições, capacidades distintas. Qualquer tentativa por parte do marido ou da mulher a compelir, manipular, suprimir as inclinações naturais do outro provocará desarmonia. Um invade o "espaço vital" do outro. Não é possível sufocar alguém para a consecução de seus próprios objetivos, quer se acredite ou não serem estes certos, sem provocar violenta mutilação no relacionamento.

UM FATO SOCIALMENTE GRAVE

Qualquer que seja o motivo, no entanto, a ruptura da ligação conjugal é um fato socialmente grave e U, pois fala muito do caráter das pessoas, do seu autocontrole, de suas opções de vida. Há graus que cuidam particularmente desse tema.

Sou a favor da legislação que faz do divórcio, não uma impossibilidade, mas um procedimento difícil e que exige profunda reflexão.

Muitos casais, ao enfrentarem os inevitáveis problemas conjugais, "apelam", de imediato, para o divórcio e, se o legislador fosse menos severo, uma série de antigas uniões, que hoje se estabelecem em clima de harmonia, teriam sido dissolvidas durante os primeiros anos de casamento.

Apoio minha opinião no Fundador da Sociologia: "Tão versáteis são os corações, que a sociedade deve intervir, a fim de evitar irresoluções ou variações, cujo livre surto tenderia a fazer degenerar a existência humana em deplorável série de ensaios, sem fim e dignidade" (Augusto Comte, Catecismo Positivista, 10a Conferência).

OPÇÕES

Em todo Universo há uma bipolaridade. E, em nosso "universo interior" também é assim. A felicidade e a infelicidade, apesar de opostas, ou por isso mesmo, caminham dentro de nós pari passu, distribuídas em nosso modo de responder às diversas situações da existência. Somente nossa opção nos permite, a cada instante, senti-las de maneira única.

Quem "optou" por ser infeliz no casamento, vai encontrar motivos de sobra para tanto. O mesmo acontece com quem optou por ser feliz...

Essa felicidade, no entanto, não cai do céu. Deve ser conquistada através do desenvolvimento da responsabilidade e da capacidade recíproca de compreensão e respeito.

A Ordem Maçônica é muito zelosa no sentido da preservação da estrutura familiar e dos vínculos conjugais. Se o trabalho do Obreiro for motivo de desacordo do casal, é preferível que ele encontre outras formas, igualmente relevantes, de cumprir sua missão social, fora da Maçonaria, mas mantendo-se integrado a seu lar.

Tal, inclusive, é levado em conta, quando um profano é submetido às sindicâncias para ingresso à Sublime Instituição, ao ser entrevistada sua esposa.

Fonte: JBNews - Informativo nº 203 - 18/03/2011

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