Autor: Dermivaldo Collinetti
Origens
Muitos maçons perguntam qual a origem da Câmara de Reflexões pois, todos eles, queiram ou não, entram em contato com ela no dia de sua iniciação. Sua origem remonta à lenda dos três assassinos do Mestre Hiram Abiff que, após cometerem o crime, refugiaram-se em uma caverna para evitar serem descobertos e posteriormente presos pelos emissários do Rei Salomão. Naquele momento, eles refletiram sobre o crime que cometeram e sobre suas condições humanas.
Contato
Quando da iniciação, o profano tem sua primeira experiência e contato com nossos mistérios, contato esse real, através da Câmara de Reflexões, local sagrado, onde o candidato se concentra, medita, reflete sobre a importância de sua vida, sobre como nós somos pequenos e frágeis diante da providência divina e do mundo, fazendo-o conduzi-lo a meditação permitindo o acesso a seu interior. É no mais profundo silencio que ele se prepara para nascer de novo, para tornar-se um novo homem e reflita sobre o passo que irá dar. Neste sagrado momento, ele se interioriza em seu Deus Interior. Neste isolamento ele é confronta-se com o silêncio, o esmero, a inércia e a obscuridade. Ele encontra-se num local fechado de meditação, todo pintado de negro, que simboliza não sua a morte física, mas uma morte do seu ser. Este momento de meditação permite que ele faça um balanço de sua vida passada, Sentido uma morte simbólica virtual que será uma passagem para uma nova vida.
Ela tem suas paredes negras e ali não deve penetrar qualquer luz do exterior, sendo que ela é composta de um banco e uma mesinha. Sobre a mesa, um pedaço de pão e uma moringa de água, um recipiente com enxofre e outro com sal. Ainda ali, caneta e tinta. Próximo ao pão e à água, um crânio escaveirado. Uma ampulheta completa os utensílios que se encontram sobre a mesa. Nas paredes, pintados, símbolos de morte: esqueletos, ossadas e uma foice segadeira. Na parede fronteira à mesa, há a figura de um galo e as palavras “Vigilância e Perseverança”. Em letras maiúsculas a palavra VITRIOL. Nas outras paredes, frases de advertência como tais: “Se a curiosidade aqui te conduz retira-te, entre outras frases (página 18 de nosso ritual).
Símbolos
O Galo – A figura de um galo, é o símbolo da audácia e vigilância. Indicando que um novo dia se aproxima trazendo ao neófito o futuro que está por chegar, libertando-se da escuridão a que está submetido. O Galo anuncia um novo dia, anunciando que o futuro irmão está para receber a Luz. Ele simboliza ainda a esperança da ressurreição, o alvorecer de uma nova era, visto que o neófito vai morrer para a vida profana e renascer na vida maçônica, sendo que o maçom deve estar sempre vigilante no seu dia a dia.
A Foice –Sugere ao neófito que todos os seus vícios e todas as suas imperfeições deverão ser cortados e extirpados, para que possa assim estar apto para conhecer a verdadeira Luz.
Crânio e o Esqueleto – Ambos simbolizam que nossa vida aqui é passageira, e a morte corporal inevitável, sendo o prelúdio do renascimento de uma nova vida. Símbolo da morte física, onde o homem velho se extingue para transformar-se, representam não uma morte, definitiva, mas, sim, uma morte dinâmica, que anuncia uma novo momento de vida. Significando, em uma única palavra, Transformação.
A Ampulheta – É o instrumento para medir o tempo, mediante uma porção de areia dentro dela. Simboliza a passagem do tempo, indicando ao Maçom que ele deve aproveitar o seu tempo, com coisas úteis e proveitosas para si próprio e também para a humanidade., não devendo dedicar sua vida, somente ao acúmulo de riquezas e ao gozo dos prazeres mundanos, desperdiçando sua vida.
O Pão e a Água – O Pão é, um símbolo do alimento essencial ao ser humano, O Pão ainda simboliza o laço que deve unir os Maçons fraternalmente, já a Água representa a fonte de vida; da purificação, indispensável para o ser humano, sendo o símbolo da Mãe Natureza, que gera de vida material, mas, também, a vida espiritual. São ambos indispensáveis a vida.
O Sal – É uma representação da vida, da pureza e da sabedoria; preceitos que devem orientar os passos do candidato em sua nova jornada dentro da ordem maçônica .O Sal é símbolo ainda da palavra empenhada ao fazer seu juramento, porque a palavra do Maçom, como o sal, deve ser indestrutível.
O Mercúrio – O mercúrio é o símbolo alquímico universal e do princípio feminino passivo, sendo considerado como o princípio da Inteligência e Sabedoria. Na mitologia grego-romana, ele é o mensageiro dos deuses, sendo o agente harmonizador dos contrários, que procura colocar a ordem no caos, pois ele representa algo que é instável em cada um de nós.
O Enxofre – É o símbolo do espírito e por isso simboliza as nossas paixões, nossos desejos excessivos, o que nós temos de mais sinistro. Ele corresponde ao fogo, sendo que Mercúrio à água. É o princípio gerador masculino (yang). É um símbolo de culpa e punição, de forças destruidoras, do desastre,
“A pedra Filosofal é um Sal perfeitamente purificado, que coagula o Mercúrio a fim de fixá-lo em um Enxofre extremamente ativo. Esta fórmula sintética resume a Grande Obra em três Operações que são: a purificação do Sal, a coagulação do Mercúrio e a fixação do Enxofre”. (In “O Simbolismo Hermético” de Oswald Wirth)
O Testamento – É um documento jurídico utilizado na vida profana, para deixar ao futuro falecido suas últimas vontades. Mas na Maçonaria é considerado como um testamento “filosófico”, e iniciático sendo uma preparação para a nova vida que ele irá começar. Através dele, os Irmãos terão um real conhecimento dos verdadeiros sentimentos e intenções do Profano.
A Vela – A Câmara de Reflexões é iluminada apenas pela luz de uma vela, sendo que há várias interpretações sobre este símbolo. Entre elas indica que o profano recebe sua primeira Luz na Maçonaria, sendo ela, o reflexo de Deus no plano terrestre. Simboliza também a luz da razão, que ilumina a Câmara e que deve iluminar a mente do profano, dando-lhe assim a esperança de um mundo totalmente novo e diferente, que se deslumbra a sua frente,
Conclusão
Em resumo, a Câmara de Reflexões nada mais é do que a transição de uma vida para outra, ou seja da vida profana para a vida Maçônica, que usa de seus elementos e símbolos para preparar o futuro irmão e para essa nova vida.
Referências bibliográficas
- Comentários ao Ritual de Aprendiz – Volume I – Nicola Aslan
- O Templo Maçônico – Dario Velozzo
- Ritual de Aprendiz Maçom – REAA
- Pesquisa de vários autores – Internet
Fonte: https://opontodentrocirculo.com
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