A MAÇONARIA E O CRISTIANISMO
ESTATUTOS
Em 1723 foi publicado o primeiro estatuto da novel
organização (A Grande Loja de Londres) conhecido mundialmente como
"Constituições de Anderson", por ter sido compilada e redigida pelo
Rev. Presbiteriano James Anderson (1680-1739). Outros dizem ser as
"Constituições" obra. de seu prefaciador, o Rev. Anglicano João
Teófilo Desaguliers (1683 - 1744) de família huguenote francesa que emigrou
para a Inglaterra após a revogação do Édito de Nantes.
INFLUÊNCIA PROTESTANTE
É inegável que a Maçonaria Moderna foi organizada sob
influencia protestante. Os redatores do primeiro Estatuto (Anderson e
Desaguliers) por suas crenças, não poderiam deixar de introduzir princípios
evangélicos na nova organização,
principalmente devido ao fim a que ela se destinava. Provavelmente devido a
tais princípios, a Maçonaria se desenvolveu muito nos países onde predominava a
influencia protestante (Inglaterra. Alemanha e América do Norte), propagando-se
depois para o resto do mundo.*
A MAÇONARIA E OS BATISTAS NO
BRASIL
Os emigrados dos EUA que se estabeleceram em Santa Bárbara em São
Paulo fundaram em 10/09/1871 a Igreja Batista em Santa Bárbara (4.
pg. 230), a primeira Igreja Batista estabelecida em solo brasileiro (Pr.
Richard Ratcliff), fundaram também em 1874 a Loja Maçônica "George
Washington" (4, pg. 44), onde se encontravam cerca de oito batistas sendo
que pelo menos cinco deles foram também fundadores da Primeira Igreja, entre
eles estava o Pr. Robert Porter Thomas .
O Pr. Thomas foi interino por diversas oportunidades tanto
na Primeira Igreja quanto na Igreja da Estação (2a), fundada em 02/11/1879 (Pr.
Elias Hoton Quillin). O pastorado
interino do Pr. Thomas nas duas Igrejas somou cerca de 25 anos de profícuo
trabalho, sendo o que mais tempo pastoreou tais Igrejas.
Em 12/07/1880, a pedido da Igreja da Estação, foi formado um
Concílio reunindo as duas Igrejas, para Recepção e Consagração ao Ministério do
Irmão Antônio Teixeira de Albuquerque, tendo sido batizado pelo Pr. Thomas. Foi
moderador do Concílio que se realizou no salão da Loja Maçônica, o Pr. Ouillin,
conforme se descreve na carta subscrita pelo moderador e pelo secretário do
Concílio (4, pg. 249 - tradução e pg. 407 fac-símile do original) ao Foreign
Mission Board of fhe Soufhern Baptist Convention (Richmond, VA., U. S.A. ).
Destaco o fato curioso de que o Primeiro Pastor Batista
Brasileiro, além de ter sido batizado por um Pastor que era Maçom foi ainda
consagrado ao Ministério da Palavra no salão da Loja Maçônica.
É importante recordar que a Igreja em Santa Bárbara era
uma igreja missionária. Foi ela que insistiu e conseguiu, que a "Junta de Richmond" nomeasse missionários para o
Brasil, estabelecendo-se então em Sta. Bárbara a "Missão Batista no
Brasil". O primeiro missionário foi o Pr. Ouillin (1878), com sustento
próprio. Seguiram-se, sustentados pela "Junta":
Bagby (1880), Taylor (1882), Soper (1885), Putheff (1885) e outros sendo que
Bagby, Soper e Putheff foram pastores da Igreja em Sta. Bárbara, que
tinha entre seus membros, um expressivo grupo de maçons
Em 1921, Salomão Luiz Ginsburg, Missionário da Junta de Missões Estrangeiras de Richmond, publicou o seu livro "Um Judeu
Errante no Brasil ", sua autobiografia. Encontra-se em algumas partes de
seu relato a descrição de sua condição de Maçom (5, pg. 82 e 83 ).**
Da imensa obra de Ginsburg desejo destacar poucos tópicos.
Foi Ginsburg o editor do primeiro Cantor Cristão (16 hinos) em 1891 e na edição
atual do referido Cantor ele aparece como Autor ou Tradutor de 102 hinos.
Destaco ainda, conforme nos informa o Pr. Ebenezer Soares Ferreira (veja O
Jornal Batista nº 30 de 24/07/94), Ginsburg foi o fundador, na cidade de São
Fidélis no Estado do Rio de Janeiro, da Loja Maçônica Auxílio à Virtude
(02/07/1894) e da "Egreja DE CHRISTO, CHAMADA BATISTA" (27/07/1894).
que foi a primeira Igreja Batista em São Fidélis Segundo o mesmo autor (9, pg.
64), o primeiro Templo Batista construído no Brasil, foi o da Primeira Igreja
Batista de Campos, edificado sob o pastorado de Salomão Ginsburg e com a
colaboração financeira dos Maçons.
O Pastor José de Souza Marques, que foi Presidente da
Convenção Batista Carioca e da Convenção Batista Brasileira, tendo em 1940, na
Convenção da Bahia, organizado a Aliança dos Pastores Batistas Brasileiros, que
mais tarde tomou o nome de Ordem dos Ministros Batistas do Brasil, permanecendo
em sua Presidência até 1962, cujo fruto todos conhecem, exerceu cargos
importantes na administração maçônica, tendo sido inclusive presidente, por
muito tempo, do Supremo Tribunal de Justiça Maçônica. Ainda hoje, a única foto
existente no Salão do Conselho do Palácio Maçônico do Lavradio, é a do Pr.
Souza Marques. No mesmo Palácio, a sala de Tribunal de Justiça tem o nome de
José de Souza Marques. Foi também Membro Efetivo do Supremo Conselho do Brasil
para o Rito Escocês Antigo e Aceito, encontrando-se em sua sede em exposição,
um retrato pintado a óleo do Pastor Souza Marques.
Inúmeros outros Homens de Fé, verdadeiros cristãos,
inclusive batistas de relevância na Denominação, têm sido maçons sem encontrar
incompatibilidades entre a Fé Cristã e a prática Maçônica. ***
OS ADVERSÁRIOS DA MAÇONARIA
Existem pessoas que têm razões para se oporem à Maçonaria.
Todos os que defendem princípios contrários aos princípios maçônicos são
adversários da maçonaria. Entre tais destacamos: Os Papas da Igreja Romana, os
sectários contrários ao livre arbítrio, os totalitários (nazistas, comunistas,
membros da TFP e outros); os fanáticos e muitos outros.
A perseguição aos Maçons, devido aos princípios que
defendem, é antiga. O primeiro documento encontrado combatendo a Maçonaria é
uma Capitular de Carlos Magno do ano de 779, proibindo a reunião de Guíldas. As
autoridades laicas alegavam que os associados se reuniam em banquetes periódicos
a fim de se entregarem ao vício da embriaguez, e as autoridades eclesiásticas
afirmavam que a perseguição que moviam contra as Guildas era por causa do
juramento. Diziam-se preocupadas pela salvação da alma do jurador no caso dele
perjurar-se. Na realidade, tentavam com semelhantes pretextos especiosos,
impedir o funcionamento das Gui1das temidas politicamente (8, pg. 46).
A perseguição dos Papas da Igreja Romana contra a Maçonaria
começou pela edição da Bula "II Eminenti" (6, pg. 379) em 28 de abril
de 1738, por Clemente XII e até 1907 seguiram-se mais 25 documentos entre
"Bulas", "Encíclicas" e outros, de ataque à Maçonaria.
Em 18/05/1751, o papa Bento XIV publicou a Bula
"Providas" (6, pg. 381), onde, referindo-se à "II
Eminenti", declarou: "Finalmente, entre as causas mais graves das
supraditas proibições e ordenações enunciadas na constituição acima inserida a
primeira é: Que nas sociedades e assembléias secretas, estão filiados
indistintamente homens de todos os credos; daí ser evidente a resultante de
um.grande perigo para a pureza da religião Católica."
Seguem-se mais cinco causas; proclamando-se contra a
obrigação do segredo, a forma de compromisso, a liberdade de reunião e outras.
Conclama os Bispos, Superiores, Prelados e Ordinários, a não deixarem de
solicitar o poder secular, para a execução das referidas regras.
Foi assim decretada a "Inquisição" contra os
Maçons, pela oposição papal à Instituição, com as conseqüências que a história
amplamente registra. Outros cristãos têm se manifestado contra a Maçonaria; os
Neopentecostais, os Fundamentalistas modernos os Cismáticos e outros.****
É interessante notar que as causas de oposição dos modernos
adversários dos maçons são muito antigas, são as mesmas utilizadas pelos papas
na antiguidade.
Entre os cismáticos devemos destacar o Ex. Ministro
presbiteriano Eduardo Carlos Pereira, que no início do século, com a oposição
aos Maçons dentro da Igreja Presbiteriana, conseguiu separar-se com seus
seguidores estabelecendo a Igreja Presbiteriana Independente. O tema tem sido
tratado em muitas Igrejas, sempre visando provar que a Maçonaria é Seita ou
Religião, para poderem assim combatê-la com facilidade no meio Cristão. O maçom
Rev. Presbiteriano Jorge Buarque Lyra, respondeu à altura as questões postas
por Eduardo Pereira".
NOTAS
* Bruno de Bonis é cristão evangélico, diácono da Igreja
Batista do Méier, no Rio de Janeiro, membro ativo da Loja Maçônica Trabalho e
Liberdade n° 1391, filiada ao Grande Oriente Estadual do Rio de Janeiro (GOB).
** Salomão Luiz Ginsburg fundou, em 1902, o Seminário
Teológico Batista do Norte do Brasil, o qual, no próximo ano estará comemorando
o seu Centenário, inclusive com a realização da Assembléia Anual da Convenção
Batista Brasileira nesta Cidade do Recife como parte da efeméride. Salomão
Ginsburg toi membro da "Duke de Clarence Lodge°, na Cidade de Salvador, da
, Restauração Pernambucana, em Recife e, na jurisdição da Grande Loja Maçônica
do Estado do Espírito Santo é patrono da
Loja nº 3 - Loja Salomão Ginsburg.
*** David Mein, reitor do Seminário Teológico Batista do
Norte do Brasil, durante quarenta anos, Pastor da Igreja Batista do Cordeiro
(segunda Igreja Batista fundada na Capital), Presidente da Convenção Batista
Brasileira em várias oportunidades, foi maçom atuante, membro da Loja
Cavaleiros da Cruz.
**** A obra "Antimaçonaria e os Movimentos
Fundamentalistas do Fim do Século XX". de autoria de Descartes de Souza
Teixeira, cristão batista, maçom ativo, membro da Grande Loja Maçônica de São
Paulo, traça um perfil detalhado dos movimentos antimaçônicos entres os
evangélicos.
REFERËNCIAS BIBLIOGRAFICAS
1 - Aslan, Nicola, A Maçonaria Operativa, Editora Aurora
Ltda, Rio de Janeiro (RJ), 1979.
2 - Constituições dos Franco-Maçons de 1723 (As), Reprodução
do original e tradução de João Nery Guimarães, Editora A Fraternidade, São
Paulo (SP), 1982.
3 - Autores Diversos, O Cantor Cristão, JUERP, Rio de
Janeiro (RJ), 1971,4a. edição com música.
4 - Oliveira, Betty Antunes de, Centelha em Restolho Seco,
Edição da Autora, Rio de Janeiro (RJ), 1985.
5 - Ginsburg, Salomão Luiz, Um Judeu Errante no Brasil, Casa
Publicadora Batista, Rio de Janeiro (RJ), 1970, 2a. edição.
6 - Aslan, Nicola, A História da Maçonaria, Editora
Espiritualista Ltda, Rio de Janeiro (Rl), 1959.
7 - Ferreira, Ebenezer Soares, História dos Batistas
Fluminenses , Rio de Janeiro (RJ), Edição do Autor, s.d
8 - Aslan, Nicola, Histórica Geral da Maçonaria - Período
Opera ivo, Gráfica e Fditora Aurora Ltda, Rio de Janeiro (RJ), 1979.
9 - Reimer, Haroldo, Maçonaria - A resposta a uma carta.
Edições Cristãs, Ourinhos (SP)- s.d.
10 - Pereira, Carlos Eduardo, A Maçonaria e a Igreja Cristã,
Livraria Independente Editora, São Paulo (SP), 1945, 3a edição.
11- Lyra,.Jorge Buarque, A Maçonaria e o Cristianismo,
Editora Espiritualista Ltda, Rio de Janeiro(RJ), 1971, 4a edição.
12 - Prober, Kurt, A História do Supremo Conselho do Grau 33
o Brasil, Livraria Kosmos Editora, Rio de Janeiro (RJ), 1 981.
13 - Pereira, I. Reis, A História dos Batistas no Brasil, JUERP,
Rio de Janeiro (RJ), 1982.
(Desconheço o autor)
(Desconheço o autor)
É muito triste cristãos envolvidos com a maçonaria
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