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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

quarta-feira, 19 de julho de 2023

INFORMAÇÃO SOBRE LOJA DE MESA

(republicação)
Informações que pede o Respeitável Irmão Ismael Mendonça, membro da Academia Mogicruzense de Letras, Ciências e Artes Maçônicas e da Loja Cruzeiro de Itapevi, GOB, Oriente de Mogi das Cruzes, Estado de São Paulo. 
imendonca@superig.com.br

Faço parte da Academia Mogicruzense de Letras Ciências e Artes Maçônicas, como secretário e estamos desenvolvendo um trabalho para tentar unificar a ritualística de nosso oriente, do REAA e surgiram algumas dúvidas com relação ao Jantar Ritualístico ou Loja de Mesa, ao qual tenho várias informações e nada definitivo, como segue: Tenho como base um Livro, onde o jantar é realizado internamente, no ocidente e a formação da mesa é em “U”.

1 Nos arranjos de mesa, além das flores é obrigatório o uso de velas e candelabros como o shekinah (7 velas) em frente ao Venerável Mestre e também nos Irmãos Primeiro e Segundo Vigilantes ou pode ser usado somente as luzes já existentes nos altares?

2 No caso dos castiçais, acende todas as velas ou somente a referente ao Grau de Aprendiz, como se faz nas Sessões normais?

3 No caso de obrigatoriedade dos castiçais com velas na mesa, tem necessidade de acender as dos altares?

4 Tem que fazer a exposição do quadro, com o painel do Grau? E onde ele ficará dentro da Loja?

5 A circulação continua em sentido horário, mesmo se o painel não ficar no centro do ocidente?

6 Existe algum manual específico para o Jantar Ritualístico, se tiver como posso adquirir? 

CONSIDERAÇÕES:

O nome correto é mesmo Loja de Mesa. Outros títulos não se coadunam com o ideário ritualístico maçônico. Infelizmente muitos autores que se enveredam nesse campo têm tratado essa cerimônia tradicional da Maçonaria como “jantar” e “banquete”. Isso acontece talvez pelas pesquisas superficiais feitas em rituais equivocados e escritos que não raras vezes são meras cópias de uns para os outros. 

Penso que muitos rituais especiais referentes ao tema confundem o brinde maçônico com uma Loja de Mesa. As mesas de brindes não possuem data específica para a sua realização, todavia a autêntica Loja de Mesa costumeiramente é realizada nas datas solsticiais e em alguns casos nas equinociais, daí elas possuírem uma ritualística, liturgia e decoração específicas, fato que atualmente elas são adaptadas conforme o Rito, posto que a sua origem venha das antigas Guildas de construtores (no caso da Maçonaria) e, à época, nem mesmo existiam arremedos de ritos e rituais. 

Ainda considerando e respeitado a antiga tradição das tabernas medievais não é de boa geometria realizar uma Loja de Mesa dentro de um Templo Maçônico, senão em um recinto próprio e espaçoso, desde que o acontecimento esteja protegido (coberto) dos olhos e ouvido alheio, dos não iniciados. 

Comentar sobre os ágapes fraternais demanda do palmilhar do mosaico histórico da Ordem desde os tempos das Associações Monásticas, Confrarias Leigas e posteriormente a Franco Maçonaria. 

Trazer essas tradições espalhadas pelas diversas latitudes do Hemisfério Norte para a Moderna Maçonaria não é tão simples como possa parecer. Note que os primeiros arremedos de uma Loja de Mesa estão condicionados as Guildas que, inclusive originaram o termo Loja. 

Nos antigos tempos das confrarias dos construtores essas reuniões eram realizadas em torno de uma grande mesa retangular estando o Mestre da Obra no centro e nas extremidades os seus auxiliares imediatos (Wardens), zeladores que posteriormente assumiriam o rótulo de Vigilantes na Maçonaria. 

Essas reuniões eram realizadas principalmente nas datas solsticiais para discussão dos planos da obra e instrução de novos artífices da pedra calcária (origem da Iniciação maçônica). Ao final dessas reuniões era servida a refeição onde os confrades brindavam e se alimentavam fraternalmente (o ágape). 

Posteriormente com o advento da Franco Maçonaria Operativa essas reuniões tomavam um formato mais direcionado ao canteiro e surgiria a mesa em formato de “U” que dispunha os arremedos iniciais de orientação – O Mestre da Obra no Ocidente e os seus Vigilantes na extremidade final das figuradas pernas do “U”. 

Daí em diante respeitado os períodos solsticiais e ás vezes equinociais as diversas confrarias de construtores (canteiros medievais) se encarregariam de dar um formato mais conhecido por nós da Moderna Maçonaria. 

É sempre bom repetir que essas concentrações de comensais (convivas maçons) não obedeciam a um rito maçônico específico, já que à época eles eram desconhecidos dos nossos Irmãos do passado. 

Outro aspecto para ser lembrado é que as datas solsticiais, por influência da Igreja, acabariam por se confundir com as datas comemorativas de João, o Batista e de João, o Evangelista. 

A bem da verdade essas Lojas de Mesa ficariam norteadas para uma espécie de celebração e nunca uma reunião de brindes aleatórios e impensados. 

Dadas essas considerações seguem os apontamentos de acordo com os tópicos solicitados: 

1 – Além da decoração de alinhamento das bandejas, canhões, barricas, etc., o bom gosto pode ser arranjado de acordo com o Rito na Moderna Maçonaria. Assim algumas toponímias maçônicas são indispensáveis sobre a mesa em forma de “U”. Diante do Venerável estará um candelabro com uma vela, ou luz elétrica se for o caso. Assim também fica posicionadas uma em cada extremidade longitudinal da mesa, ou seja, em frente aos Vigilantes. Ainda, diante do Venerável e sobre a mesa estarão o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso. Toda Loja de Mesa tradicionalmente só é realizada no Grau de Aprendiz, assim as três luzes dispostas relembram os tocheiros do passado. Como a Loja é de mesa, nela não existe “altar”. No tocante ao termo “shekinah” ele é impróprio quando confundido com o candelabro de sete braços, ou a “menorá” (menorah). Em Loja de Mesa do simbolismo esse símbolo judaico é impróprio, embora muitos autores apregoem o seu uso. Não há como confundir com a cerimônia de endoenças ou do Cordeiro Pascal do grau 18 do escocesismo, a despeito da influência hebraica no Rito Escocês Antigo e Aceito. 

2 – Essa questão acredito estar respondida na explanação do item um. 

3 – De maneira tradicional uma Loja de Mesa não é realizada dentro do Templo. Assim no recinto coberto (cobertura maçônica) ocupado para a finalidade não existe altar. 

4 – Como dito, no item anterior, também não existe Painel da Loja. 

5 – Na Moderna Maçonaria (especulativa) em se obedecendo à tradição do Rito, em havendo neste a circulação, esta é feita ao redor da mesa passando inclusive por trás do Venerável. Não existe circulação no espaço entre as colunas dispostas através dos Vigilantes (entre as duas pernas do “U”). 

6 – Estarei enviando em anexo dois projetos de rituais que são frutos da minha pesquisa e adaptados para o Rito Escocês Antigo e Aceito. Esse trabalho é produto de pesquisa por aproximadamente cinco anos tendo como elementos primários os costumes das Guildas e Canteiros medievais, os Estatutos Schaw (1.500) e as casas de duelo da Escócia (Edimburgo), as comemorações do Craft, dentre outros roteiros bibliográficos. Embora adaptados, procurei manter o número tradicional das saúdes de obrigação (fogo), me aproximando no máximo com a dialética a que se referia cada uma destas saúdes. Um dos rituais é para uso nas datas solsticiais (junho e dezembro). O outro nas datas equinociais (março e setembro) Esses rituais servem para experimentos e estudos, todavia não estou com isso recomendando-os para afrontar os que porventura estejam legalmente aprovados nas Obediências brasileiras. Esses projetos de pesquisa darão dentre outros a verdadeira posição das Três Grandes Luzes Emblemáticas colocadas diante do Venerável. 

T.F.A. 
PEDRO JUK  - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 0964, Milano – quarta-feira, 24 de abril de 2013

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