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sexta-feira, 26 de abril de 2019

CONTEMPLAÇÃO DA ESTRELA FLAMÍGERA

CONTEMPLAÇÃO DA ESTRELA FLAMÍGERA
Ir∴ Júlio Cezar Bubniak 

As cinco pontas da estrela ainda lembram os cinco sentidos que estabelecem a comunicação da alma com o mundo material.

CONTEMPLAÇÃO DA ESTRELA FLAMÍGERA

Através dos séculos houve sempre a preferência por uma estrela de cinco pontas como figura dos astros de aparência menor do que a do sol e da lua.

O planeta Vênus tem sido representado assim e é considerado uma estrela matinal e vespertina, ensejou lendas sem conta.

A Vênus amorosa e leviana teve vários nomes como Afrodite (feita da espuma do mar), a Calipígia (de nádegas bonitas), Cipres, Páfia, Citeréia, Anadómene (surgindo das águas) e Dionéia, nome de sua mãe. Esposa adúltera de Vulcano, amante de Marte, a quem dedicou galanterias comentadas jocosamente pelos Deuses do Olimpo, apaixonou-se pelo mortal Adônis, a quem perseguia e cortejava desesperadamente desde que o viu caçar nas florestas do Líbano e mesmo quando ele, no inferno, tornou-se amante de Prosérpina.

Conformou-se com a sentença de Júpiter, que autorizou Adônis a passar quatro meses com ela e os meses restantes do ano com Prosérpina. Vênus era o seu nome dado pelos romanos na simbologia greco-romana, Vênus ou Afrodite era a Deusa do amor, mãe de Eros ou de Cupido. Adônis representava a natureza, a fecundidade capaz de persistir em todas as estações do ano, ou de renovar-se na primavera. Há certas analogias místicas e, mesmo, derivações entre Ishtar, da Mesopotâmia, Astarte, dos Fenícios, a grande mãe Cretense e outras Deusas protetoras do amor, da fecundidade e da geração, e Vênus, a incorrigível adúltera.

Por outro lado, A Estrela de Cinco Pontas sempre foi, desde tempos remotos e até hoje, o distintivo de comandantes militares, e de generais.

Como Símbolo Maçônico, A Estrela Flamígera, Flamejante ou Flamante é rigorosamente de origem Pitagórica, pelo menos quanto ao seu formato e significado, este muito mais antigo do que aqueles que lhe deram alquimia, a magia e o ocultismo, durante a idade média. O seu sentido mágico alquímico e cabalístico e o seu aspecto flamejante foram imaginados ou copiados por Cornélio Agrippa de Nettesheim (1486-1533), jurista, médico e teólogo, professor em diversas cidades européias.

A magia, dizia ele, permite a comunicação com o superior para dominar o plano inferior. Para conquistá-la seria necessário morrer para o mundo (Iniciação). Símbolo e distintivo dos Pitagóricos, A Estrela de Cinco Pontas ou Estrela Homonial é também denominada com impropriedade etimológica, Pentáculo (cinco cavidades), Penta Grama (cinco letras ou sinais gráficos, cinco princípios) ou Pentalfa.

Importa saber que os pitagóricos a usam para representar a sabedoria (sophia) e o conhecimento (gnose).

Por desconhecimento do Grego Clássico, alguns autores de livros chegaram a afirmar que no interior da Estrela Pitagórica estava escrita a letra H, de higiene. Ora o H, no grego, é a letra “ETA”, a qual devidamente acentuada é artigo definido, que nada tem a ver com a palavra ingueia ou ugueia, começada ipsilon, radical do qual derivou “higiene” a maneira latina, dado que os romanos cometiam o erro de ligar o artigo com o substantivo.

Mais provável é afirmar que os pitagóricos empregavam no interior do pentáculo a letra gama, de gnoses, não há esquecer a comprovada ligação dos pitagóricos com os mistérios órfilos.
O dualismo corpo e alma (soma e anemos), sustentado pelos órficos, integravam a doutrina da escola itálica.

Pitágoras nada escreveu, o que se pode saber dele está nas alusões constantes dos diálogos ou dialética escrita por diversos autores gregos e romanos.

Entre os pitagóricos a alma tinha o significado de animação e fator de movimento. Alguns deles falavam de um pó sutil que se movimentava como os astros. Outros entendiam por alma a força que movimentava esse pé, ou o próprio movimento cíclico dessa consistência etérea, capaz de introduzir-se no recém-nascido racional ou irracional quando este seria atingido pela trajetória circular do elemento sutil.

A Estrela Flamígera era símbolo desconhecido pelos pedreiros livres medievais. Seu aparecimento na Maçonaria, a partir de 1737, não encontrou guarida em todos os Ritos, pois o certo é que os construtores medievais conheciam a figura estelar apenas como desenho geométrico e não com interpretações ocultas que se introduziram na Maçonaria especulativa.

A Estrela Flamejante corresponde ao Pentagramaton ou Tríplice Triângulo cruzado dos pitagóricos. Distingue-se do Delta ou Triângulo do Oriente, embora, entre os antigos egípcios representasse também Horus que em lugar do pai, Osíris passou a governar as estações do ano e o movimento. O verdadeiro sentido da Estrela Flamígera é Homonial, eis que o símbolo designa o homem espiritual, o indivíduo dotado de alma (anemos), ou de fator de movimento e trabalho. Ou seja, o indivíduo como espírito ou fagulha interna que lhe concedeu o grande Arquiteto do Universo. A ponta superior da Estrela é a cabeça humana, a mente.

As demais pontas são os braços e as pernas. Na Maçonaria essa idéia serve para lembrar ao Maçom que o homem deve criar e trabalhar, isto é, inventar, planejar, executar e realizar, com sabedoria e conhecimento. Pode ocorrer que o ser humano falhe nos seus desígnios. O Maçom também pode falhar como ser humano, mas seu dever é imitar, dentro de seus ínfimos poderes o Grande Arquiteto do Universo, o ser dos seres.

Aí está o principal segredo do Grau de Companheiro.

Outra interpretação é a que se refere a 3+2=5, soma em que três é a divindade cuja fagulha é encarnada e dois é o material, o ser que se reproduz por dois sexos opostos e não consegue perpetuar-se de outro modo.

As cinco pontas da Estrela ainda lembram os cinco sentidos que estabelecem a comunicação da alma com o mundo material. Tato, audição, visão, olfato e paladar, dos quais para os Maçons três servem a comunicação fraternal, pois é pelo tato que se conhecem os toques. Pela audição se percebem as palavras e as baterias, e pela visão se notam os sinais.

Mas não se pode esquecer o paladar, pelo qual se conhecem as bebidas amargas e doces, bem como o sal, o pão e o vinho. Finalmente pelo olfato se percebem as fragrâncias das flores e os aromas do Altar de Perfumes.

A letra “G”, interior com o significado de gnose ou conhecimento, lembra a quinta essência, quanto ao transcendental.

Quanto ao Homonial, lembra ao Maçom o dever de conhecer-se a si mesmo.

No Grau de Companheiro recomenda-se ao Maçom o dever de analisar as próprias faculdades e bem empregar os poderes pessoais em benefício da humanidade.

POSIÇÃO DA ESTRELA FLAMÍGERA NO TEMPLO

Os Rituais do mundo e os diversos Ritos Maçônicos não se entendem também quanto a colocação da Estrela Flamígera no alto do recinto do Templo. Uns a colocam no Oriente a frente do trono, outros a configuram no interior do Delta, o que parece mais sugestivo, principalmente quando o Obreiro na elevação de Grau é chamado a contemplar o Triângulo Radiante. Outros, entendendo que ela é de brilho intermediário, isto é, de luminosidade simbolicamente situada entre a luz ativa do sol e a luz próxima ou reflexa da lua, mandam situá-la no meio do teto do Templo, dependurada, ou pelo menos no meio-dia, onde à maneira inglesa está o 2º Vigilante.

Outros a consideram uma Estrela do Ocidente. Lojas do Rito Moderno as têm colocado no Ocidente ao lado o 2º Vigilante (norte).

Entende-se que a melhor forma é se colocar a Estrela Homonial no meio do teto do Templo, ou de maneira que o Iniciado possa contemplar o Símbolo quando é chamado a fazê-lo.

SIGNIFICADOS MAÇÔNICOS DA LETRA G NO INTERIOR DO PENTAGRAMA

Ficou demonstrado que a melhor significação do G central do pentagrama é gnose=conhecimento.

O caráter Homonial da Estrela Flamejante é indiscutível, a luz das fontes pitagóricas e das referências gregas e romanas.

Ninguém negaria ao Símbolo o seu sentido mágico, eis que Pitágoras se dedicava à magia.

Não vemos portanto qualquer possibilidade de se confundir o pentagrama com o Delta. Este é divino e aquele é Homonial e referente ao homem espiritual.

No pentagrama a letra G quer dizer principalmente gnose, porém para satisfazer gregos e troianos tem que se acrescentar os significados, GERAÇÃO, GÊNIO, GEOMETRIA e GRAVITAÇÃO, e também GLÓRIA PARA DEUS, GRANDEZA PARA O VENERÁVEL DA LOJA, ou para A LOJA, e tem sido registrado em muitos Rituais Maçônicos na tentativa de se encontrar ligação entre estes hipotéticos significados da letra “G”.

Diz-se que GERAÇÃO estaria ligada ao princípio (gênesis da Bíblia) ou a Arquem, dos gregos. Gênio seria o correspondente a “DJINN” dos árabes e a “GINES” dos persas, que no ocultismo tange aos chamados “ELEMENTAIS” ou “SEMI-INTELIGENTES ESPÍRITOS DA NATUREZA” e em outras interpretações quer dizer o espírito criador ou inventor, ou a chama realizadora.

GEOMETRIA, ciência da medida das extensões, que lembra as regras do grande geômetra para realizar a Arquitetura do Universo. Na sabedoria ela provocou os diálogos sobre ORDEM, EQUILÍBRIO e HARMONIA. A GRAVITAÇÃO lembra Newton e sua lei: A matéria atrai a matéria na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado das distâncias.

ARQUEU, O PRINCÍPIO, O FOGO REALIZADOR

A palavra Arqueu, que deriva do grego que queria dizer, princípio, principal, primeiro, príncipe, reino, domínio. Para os gregos, a palavra tinha o sentido de poder formador da natureza. Seria a essência vital que exprime as propriedades e as características das coisas.

Por comparação, corresponderia ao sopro divino que deu vida a Adão na Bíblia.

Ensinam certas instruções maçônicas o motivo simbólico das chamas que envolvem a Estrela Pentacular, relembrando Arqueu, o Fogo Realizador, ou ensinando que a letra G significa o gênio ou a ÁSCUA SAGRADA que anima o Companheiro Maçom à realização.

Tem-se afirmado que a Estrela Flamígera traduz a luz interna do Companheiro Maçom ou que representa o próprio homem Maçom dotado da luz divina que lhe foi transmitida.

CONCLUSÃO

Concluo meus Irmãos que a Estrela de Cinco Pontas representa o MACROCOSMOS, onde o GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO colocou o homem dotado de inteligência para que o mesmo busque com genialidade e sabedoria, a prática de grandes ações, buscando amar, praticando a verdade, a justiça e a equidade.

Ir:. Júlio Cezar Bubniak
Or:. de Londrina – PR

BIBLIOGRAFIA

1. ASLAN, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria.
2. INSTRUÇÕES para o Grau de Companheiro. “A TROLHA”.
3. Troca de informações com o Irmão Francisco e com os Irmãos Companheiros da Loja.
4. VAROLI FILHO, Theobaldo. Curso de Maçonaria Simbólica. A Gazeta Maçônica.

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