USO DO CHAPÉU
(republicação)
Em 25.03.2015 o Respeitável Irmão Anderson Vasconcelos, Secretário Estadual de Educação e Cultura Maçônicas, Loja Adolfo Barbosa Leite, 3.341, REAA, GOB-AC, Oriente de Rio Branco, Estado do Acre, solicita o seguinte esclarecimento:
andersonvasconcelos@gmail.com
O Venerável Mestre deve fazer o uso do chapéu desabado também nas demais sessões do REAA?
Aproveito o mesmo texto de resposta que já fora dada para outro consulente em março do corrente.
Em se tratando da subordinação aos rituais do GOB eu não poderia considerar como viável o uso do chapéu negro desabado no REAA nos graus de Aprendiz e Companheiro, pelo menos enquanto os respectivos rituais ainda não os previrem.
À bem da verdade e da tradição do REAA∴ os rituais deveriam previr o uso do chapéu negro e desabado apenas pelo Venerável nos dois primeiros Graus e para todos os Mestres em Câmara do Meio.
Comento histórico sobre o uso do chapéu na Moderna Maçonaria:
O comentário procura então explicar principalmente sob o ponto de vista místico da influência hebraica em alguns Ritos maçônicos, sobretudo naquilo que se adapta ao Rito Escocês Antigo e Aceito.
Assim como no judaísmo, a cobertura da cabeça, além de expressar que por sobre da cabeça do Homem, existe algo transcendental, onisciente, onividente e onipresente que é “Deus”, o que evidencia também a pequenez da progênie humana perante o “Criador”, apontando assim para a incapacidade do Homem em entender a divindade.
Esse entendimento de aparência agnóstica resume, em última análise, a prova de subordinação do Homem a “Deus” - nos rígidos conceitos do judaísmo a cobertura da cabeça deve se fazer presente desde o “brit-milá” (circuncisão - no oitavo dia de vida que simboliza a aliança abraâmica com “Deus”).
Igualmente, na prática judaica essa cobertura é geralmente feita como o “kipá”, que é o solidéu (do latim soli Deo – só a Deus), cuja obrigatoriedade da sua presença esta em todas as cerimônias litúrgicas.
Do ponto de vista histórico em Maçonaria, o costume do uso do da cobertura na cabeça, geralmente com um chapéu negro desabado, deveria ser obrigatório para todos os Mestres Maçons em sessão de Grau 03, a despeito de existirem Ritos que tornam obrigatórios o seu uso para todos os Graus e em qualquer sessão.
No caso da verdadeira tradição relativa ao Rito Escocês Antigo e Aceito, além da obrigatoriedade do uso por todos em Câmara do Meio, fora desta, seria também obrigatório o uso do mesmo apenas pelo Venerável Mestre.
Esse costume é haurido das cortes europeias, principalmente do Século XVIII, quando o rei em cerimonial na presença de seus inferiores hierárquicos, cobria a cabeça como penhor da sua superioridade (sugere o Venerável em sessões do Primeiro e Segundo Graus). Já em reunião com seus pares (de igual hierarquia) todos tinham a cabeça coberta (como em Câmara do Meio).
De modo prático o costume resume que em Lojas do primeiro e segundo Graus, o uso do chapéu apenas pelo Venerável se expõe como fiança de superioridade e de autoridade. Já em Câmara do Meio, implica num penhor de igualdade entre os Mestres – todos permanecem com as cabeças cobertas.
Infelizmente, na atualidade, o uso do chapéu negro e desabado em Loja tem se resumido apenas em um vestígio de caráter um tanto quanto antiquado, já que muitos rituais nem mesmo preconizam mais o seu uso, alguns inclusive, deixando a prática a critério do Venerável como é o caso do atual Ritual de Mestre no GOB.
Apenas a título de esclarecimento, nas Lojas Azuis do Craft norte-americano (Rito Americano ou de York) o Venerável permanece usando um chapéu alto e de abas curtas (cartola). Nas Lojas alemãs é também frequente o uso da cartola, enquanto que nos trabalhos da Maçonaria inglesa (embora por tradição) o chapéu é praticamente ignorado. No Rito Escocês Antigo e Aceito (rito de origem francesa) o chapéu desabado tem sido usado apenas no terceiro Grau. No rito Adonhiramita – quase só exercitado do Brasil - todos usam o chapéu negro e desabado, independente do Grau simbólico.
Quanto ao formato do chapéu ser desabado, ele é relativo à moda de tendências regionais hauridas principalmente da Maçonaria praticada na França no século XIX. O formado desabado diante da testa do maçom servia também para encobrir ou camuflar a identidade do seu usuário.
Obviamente que todo esse entendimento apenas faz sentido na Moderna Maçonaria, já quem em se tratando do período operativo de Maçonaria, não existe qualquer referência ao uso da cobertura, senão àquela que porventura viesse existir para servir como proteção no ofício.
Finalizando, essas considerações possuem apenas o caráter elucidativo do ponto de vista da história, da tradição e dos costumes da Maçonaria não procurando, contudo interferir nos Rituais atualmente em vigor e legalmente constituídos. Daí qualquer viabilidade contrária ao nosso sistema latino de Maçonaria que é o de se observar irrestritamente apenas e tão somente aquilo que está escrito, qualquer outra possibilidade ficaria prejudicada – podendo ser tomada até com o desrespeito à Lei.
T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.736 – Melbourne – 4ª. e 5ª. feiras, 1º. e 2 de julho de 2015
Pelo conhecimento adquirido no início dos anos 80, o uso do chapéu e vestimenta adonhiramita, sempre foi o do estilo Rabi, que não usa chapéu desabado.
ResponderExcluirLamentamos que a instrução continua equivocada.
ResponderExcluirO Rito Adonhiramita adota o chapéu alinhado, combinando com as vestes. Jamais, o chapéu desabado...!