VERDADEIRA ORIGEM DA MAÇONARIA ESPECULATIVA
Ir∴ Joaquim da Silva Pires
A atual forma da maçonaria foi se materializando pouco a pouco desde a Idade Média. Todas as pesquisas criteriosas, referentes às origens da Maçonaria, convergem à Idade Média. Portanto as alegações dos que defendem épocas remotas em torno do nascedouro maçônico não passam de suposições fictícias, hipóteses fabulosas, obviamente contrárias às provas documentais, aos indícios confiáveis ao proverbial bom-senso dos autênticos estudiosos e, enfim, contrárias à seriedade caracterizadora da História Universal.
Sim, em verdade, nos tempos medievais, existiram na Europa confrarias de ofícios que, mais tarde, receberam o nome de comunidade de ofícios e, finalmente, corporações de ofícios.
Na Inglaterra foi usado o vocábulo "guild" (guilda), mais tarde "company" (companhia) e, posteriormente, "fraternity" (fraternidade).
Naquelas associações, os seus membros estavam ligados por juramentos sagrados, segredos, senhas. Faziam a representação dos antigos mistérios, quando estes deixaram de ser privativos da Igreja Católica Romana, que os recebera sob inegável influência da civilização grega.
Para as nossas considerações, é necessário que mencionemos a existência, em 1376, da "London Company of Masons and Freemasons" (Companhia dos Pedreiros e dos Trabalhadores de Pedra de Londres), porque foi nas ilhas Britânicas que se verificou a transição entre agremiações profissionais e a Maçonaria.
Todas as corporações estavam tripartidas em aprendizes, oficiais (ou jornaleiros) e mestres. Os primeiros não recebiam remuneração. Quase sempre residiam na casa dos mestres, que lhes davam vestuário e alimentação. Depois de um tempo de aprendizado, que durava até sete anos, eram promovidos ao segundo grau.
Graças à citada promoção, eles recebiam salário. Os talentosos tornavam-se mestres, podendo abrir sua própria oficina. Mas antes eram examinados por uma comissão julgadora, cujos componentes chamavam-se jurados.
No tempo de seu apogeu, as corporações estavam submetidas a rígidas normas legais. O exercício profissional era duramente disciplinado. Só os obreiros associados podiam exercer a respectiva profissão.
Semelhança com os modernos sindicatos
Há quem veja, com certo exagero, relevantes semelhanças entre as referidas organizações e os modernos sindicatos e, também, os modernos institutos de previdência social. Todavia essa visão fica bastante reduzida pelo fato, incontestável, de que os mestres eram capitalistas, controlavam os meios de produção e, mesmo assim, incorporavam a dupla posição de patrões e trabalhadores, simultaneamente.
Porém, talvez possamos vislumbrar esboços previdenciários, porque as corporações acumulavam fundos que garantiam o pagamento de contribuições aos associados em dificuldade, aos órfãos e viúvas.
Com o passar do tempo, os associados obtiveram gradativas liberdades, em detrimento da própria organização, ocasionando seu enfraquecimento.
Diferente foi o destino dos construtores britânicos. A respectiva agremiação começou a aceitar membros não profissionais. Consta que o primeiro deles foi o aristocrata John Boswell, da Escócia, em 1600.
No século seguinte, em 1705, já na fase especulativa (ou seja, a fase dos não- profissionais), algumas lojas maçônicas de York estabeleceram normas vinculadoras, mas os maçons de Londres foram ainda mais longe, quando, em 1717, exatamente em 24 de junho (dia muito significativo !), na "Goose and Gridiron Tavern" (Taverna do Ganso e Grelha), fundaram a primeira potência maçônica do mundo, a "Grand Lodge of London" (Grande Loja de Londres).
O fidalgo Antony Sayer foi escolhido Grão-Mestre (presidente), o carpinteiro Jacob Lambdall foi escolhido Primeiro Grande Vigilante (primeiro vice-presidente) e o capitão Joseph Elliot foi escolhido Segundo Grande Vigilante (segundo vice-presidente).
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