A Sublime Ordem Maçônica é uma escola de virtudes, onde buscamos incessantemente a Luz, o aperfeiçoamento do ser e a elevação coletiva. Contudo, mesmo no Templo do Espírito, onde a razão é erguida como pedra angular, não estamos isentos das sombras que cercam a natureza humana. Entre elas, há uma que silenciosamente ameaça a harmonia: a tirania da minoria.
No mundo profano, o termo já é conhecido: refere-se à imposição da vontade de poucos sobre a maioria, sustentada por mecanismos psicológicos como o medo do confronto, a pressão social, o conformismo e a ilusão de consenso. Trazido para o ambiente maçônico, esse fenômeno adquire contornos ainda mais sensíveis, pois aqui, a Verdade só floresce na pluralidade de vozes.
A Justiça não é o domínio da maioria, nem da minoria, mas do equilíbrio
Nas colunas do Templo, cada obreiro, seja Aprendiz, Companheiro ou Mestre, tem voz e valor. Não há graus na consciência, nem títulos na essência. Assim, quando uma pequena fração, seja por antiguidade, oratória, carisma ou acesso a canais de influência, impõe sua visão como verdade absoluta, desvia-se do Rumo Sagrado da Fraternidade.
Essa imposição pode parecer sutil: a escolha recorrente de temas inacessíveis aos mais novos; a exclusão de pautas que desafiem a visão dominante; ou o uso de meios internos para construir uma ilusão de consenso. Mas o resultado é visível: o silêncio de muitos, a desistência de alguns e o enfraquecimento do espírito coletivo.
O Malhete deve reunir, não subjugar
O ritual nos ensina que o Venerável Mestre conduz os trabalhos, mas jamais detém o monopólio da Verdade. Sua missão é inspirar, ouvir e equilibrar, como um justo arquiteto que dá voz a cada pedra, por mais bruta que ainda esteja. Assim também devem agir as Lojas e Obediências: abrindo canais de escuta sincera, garantindo espaços de fala aos tímidos e protegendo o contraditório como semente da evolução.
A tirania da minoria não precisa ser intencional para causar dano. Muitas vezes, nasce do zelo excessivo, do apego à própria interpretação, ou do medo da mudança. Contudo, a Maçonaria nos pede retificação contínua, retificar ideias, práticas e posturas, pois somente assim encontramos a Pedra Oculta da Sabedoria.
Que tipo de Loja queremos ser?
Uma Loja que brilha pela diversidade de pensamento ou que ecoa apenas a voz de alguns?
Uma Obediência que acolhe a diferença ou que a teme?
Uma Ordem que evolui com justiça ou que se cristaliza no conforto de uns poucos?
Como nos lembra o ensinamento estoico: “Irritar-se é uma fraqueza, tanto quanto abandonar a tarefa.” Nem a omissão nem o autoritarismo conduzem à Luz. Somente o diálogo fraterno, protegido pela régua da equidade e pela trolha da humildade, pode restaurar o verdadeiro espírito iniciático.
Conclusão: Restaurar a Harmonia pela Instrução e pela Escuta
O momento pede uma volta consciente às nossas origens: da Câmara de Reflexões ao Templo da Sabedoria, precisamos cultivar a escuta ativa, o respeito à pluralidade e o compromisso com a justiça.
Que possamos recordar com atenção: a Cadeia de União não é feita de elos iguais, mas de elos que se respeitam.
E que se cumpram as palavras do Ritual:
“Que a Verdade seja a lâmpada que ilumina nossos caminhos e que a Justiça reine soberana em nossos corações.”
TFA
Apresentado por:
.·. @androsbaruc .·.

Fonte: Facebook_Aprendiz de Cavaleiro
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