Pedro Juchem,
M.'.M.'. - Loja Venâncio Aires
II, nº 2369, GOB RS , Or.'. Venâncio Aires, RS, Brasil.
Uma técnica tão antiga quanto o
ritual, que envolve o uso de símbolos, é a ativação e manipulação de
arquétipos. De acordo com o psicólogo alemão Jung, arquétipo é uma experiência,
ou um padrão de experiência, básica, comum a toda a humanidade.
A linguagem é um produto do
intelecto e da racionalidade, mas os arquétipos e os padrões de arquétipos
transcendem o intelecto e a racionalidade. Consequentemente, em geral é por
meio de símbolos que eles encontram sua expressão mais direta, porque um
símbolo não faz apelo apenas ao intelecto, mas desperta os níveis mais
profundos da psique, o que os psicólogos chamam de "inconsciente".
Os símbolos podem operar
isoladamente ou em conjunto, produzindo um conjunto de efeitos. Quando
organizados numa narrativa coerente, ou num enredo, os símbolos se tornam o que
chamamos "mito". A palavra "mito" não deveria ser usada no
sentido de ficção ou fantasia, pois ela implica ao contrário, algo extremamente
mais complexo e mais profundo.
Os mitos não foram criados
simplesmente para entreter, mas para explicar as coisas, para justificar a
realidade. Para os povos antigos - babilônicos, celtas, gregos, egípcios, etc.
- mito era sinônimo de religião, o que abrangia o conhecimento humano, o que
classificamos de ciência, filosofia, psicologia, história, etc.
Como os símbolos que o compõem,
um mito pode ser pessoal ou coletivo. O mito pessoal dispensa comentários, pois
todo o homem tem sua própria explicação da realidade, com base em experiências,
aventuras ou episódios de infância, que na memória assumem proporções míticas.
Todos conhecem o relevo que amigos ou pessoas amadas ausentes chegam a assumir
na nossa mente, alguns traços marcantes que despertam forte reação emocional.
Num nível coletivo, pode haver
figuras que gozam de uma condição mítica, mesmo quando estão vivas,
intensificando-a em virtude de sua morte. A maioria dos mitos coletivos tem
tanto um aspecto arquetípico quanto um aspecto puramente tribal.
Um mito arquetípico reflete
certas constantes universais da experiência humana. Uma virtude singular do
mito é que ele pode ser usado para unir pessoas, ao ressaltar o que elas têm em
comum.
Os mitos tribais, em
contrapartida, enfatizam não o que os homens têm em comum, mas o que os separa.
Em vez de levar ao auto-conhecimento, os mitos tribais apontam para fora,
buscando um bode expiatório, um adversário externo para lançar sobre suas
costas tudo o que se quer repudiar. Tudo o que o inimigo é, nós não somos. Tudo
o que o inimigo não é, somos.
Ao longo da história, as
religiões se valeram de mitos e, na maioria das vezes, usaram essencialmente o
mesmo mito, enfatizando seus aspectos tribais ou arquetípicos, para gerar
confiança e, em troca, conferir um sentido para sua existência. Um dos motivos
simbólicos e míticos de mais forte ressonância é o do apocalipse. Por vezes é
empregado como arquétipo para induzir, como uma preliminar para o "juízo
final". Por vezes é apresentado como explicação para os mais variados
males reais, imaginários ou previstos. Por vezes é usado para intimidar as
pessoas, para tirar proveito de sua culpa, quebrar sua resistência e arrancar
confiança. Por vezes é utilizado de maneira tribal, criando uma pretensa elite
dos que asseguram sua "salvação", em contraste com a massa dos
"condenados". E por vezes chega a servir de pretexto para a
perseguição dos supostos "condenados", como aconteceu no período da
Inquisição.
Segundo Jung, um mito está para a
humanidade geral assim como o sonho está para o indivíduo. O sonho mostra uma
verdade psicológica para a pessoa, em contrapartida, o mito mostra uma verdade
que se aplica a toda humanidade. O homem só se renova pela essência; as imagens
míticas constituem o veículo para que os padrões arquetípicos do inconsciente
coletivo se manifestem no consciente do ser humano e o ajudem no seu processo
de transformação.
Bibliografia: "A Herança
Messiânica", Editora Nova Fronteira.
Pedro Juchem,
M.'.M.'. - Loja Venâncio Aires II,
nº 2369, GOB RS , Or.'. Venâncio Aires, RS, Brasil.
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