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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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sexta-feira, 7 de abril de 2017

RITO FRANCÊS OU MODERNO

RITO FRANCÊS OU MODERNO

Hipólito da Costa trouxe de Londres e de Paris, em 1802, a Carta Patente necessária para o funcionamento do Grande Oriente Lusitano. Dois anos mais tarde, foi assinado um Tratado de Amizade com o Grande Oriente de França.

O Tratado é assinado, por parte do Grande Oriente Lusitano, pelo Maçon de nome simbólico Egas Moniz, Cavaleiro Rosa-Cruz, o que pressupõe que as Ordens de Sabedoria do Rito Francês já existiam anteriormente em Portugal, no seio do Grande Oriente Lusitano, mas não existem documentos que abonem nesse sentido.

Por outro lado, a Constituição do Grande Oriente Lusitano de 1806, refere-se explicitamente às diferentes Ordens e Capítulos do Rito Francês, nos seus Capítulos IIIº e XIIIº, o que pressupõe a existência dum “Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-Cruz”, assim como de vários Capítulos.


A evolução histórica das Ordens de Sabedoria do Rito Francês ou Moderno, conheceu vicissitudes diferentes. Enquanto em França deixaram de ser praticados durante cerca de 150 anos, a partir da segunda metade do século XIX, em Portugal, os Trabalhos prosseguiram durante este longo período, apesar das inúmeras perseguições e proibições de que a Maçonaria foi alvo. Em plena clandestinidade, depois de Salazar ter proibido a Maçonaria em 1935, os últimos Irmãos sobreviventes do “Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-Cruz”, já existente em 1804, foram integrados no Supremo Conselho dos Grandes Inspectores Gerais do Grau 33º do Rito Escocês Antigo e Aceito, para Portugal e sua jurisdição, através do Acordo de 1939 e a partir dessa data, o Rito Francês ou Moderno deixou de ser praticado em Portugal.

Somente em 1991, depois da Revolução dos Cravos em 25 de Abril de 1974, com a fundação da Loja simbólica “Delta”, o Rito Francês ou Moderno foi reintroduzido no Grande Oriente Lusitano, no qual foi praticado exclusivamente por esta Loja durante 10 anos.

A partir de 2001, um grupo de Maçons do Grande Oriente Lusitano, pertencentes às Lojas “Delta” e “25 de Abril”, foram Elevados em França, gradual e sucessivamente, nas diferentes Ordens de Sabedoria do Rito Francês ou Moderno, com o apoio do Grande Capítulo Geral do Grande Oriente de França e sob os auspícios do Grande Oriente Latino Americano, vindo a constituir o “Grande Capítulo Geral do Rito Francês de Portugal”, assim como vários Soberanos Capítulos.

O Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito, depositário desde o Acordo de 1939, da Patente e de todos os Poderes de Jurisdição e Administração do Rito Francês ou Moderno para Portugal, reactivou em 2003 o Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-Cruz, com os Maçons Elevados em França, assim como com outros, nomeadamente com o Dr. Fernando Valle, Iniciado no Rito Francês ou Moderno em 1923, (último sobrevivente desde 1939, com 103 anos em 2003, dos quais 80 como Maçon), transferindo para este Soberano Grande Capítulo a Patente e todas as suas Prerrogativas, permitindo assim o restabelecimento da Cadeia de União do Rito Francês ou Moderno em Portugal, em toda a sua plenitude.

Estes Maçons decidiram por unanimidade, em Assembléia de 5 de Setembro de 2003, integrar estas duas instâncias numa única Potência Maçónica, Livre e Soberana, afim de respeitar o legado e a Tradição histórica do Rito Francês ou Moderno em Portugal, constituindo assim o “Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-Cruz – Grande Capítulo Geral do Rito Francês de Portugal”.

A doutrina maçónica do Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-Cruz – Grande Capítulo Geral do Rito Francês de Portugal, insere-se na Tradição desenvolvida no seio do Grande Oriente de França, nomeadamente no que se refere à Câmara de Altos Graus de 1782, à acção de Roettiers de Montaleau, às decisões nesta matéria do Convent de 1786 e à sua actualização elaborada a partir de 1998.

O Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-Cruz – Grande Capítulo Geral do Rito Francês de Portugal, é uma Potência Maçónica, Soberana e Independente, Regularmente constituída e Instalada, essencialmente filantrópica, filosófica e progressiva, que tem por objecto a procura da Verdade, a prática da Solidariedade entre todos os Homens Livres e de Bons Costumes, sem rejeição de raças, de nacionalidades, de culturas, de sexo ou de crenças.

Trabalha para o aperfeiçoamento material e Ético do Homem e da Humanidade, assim como para o seu progresso intelectual e social. Tem por principio a Tolerância mútua, o respeito por terceiros e por nós próprios, o Livre Exame, a Democracia, a Laicidade e a Liberdade Absoluta de Consciência.

Considera as concepções metafísicas como fazendo parte do foro intimo e exclusivo da avaliação individual dos seus membros.

Recusa-se a efectivar qualquer afirmação dogmática e tem por divisa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

As origens do Rito

A Maçonaria especulativa surge progressivamente desde os finais do século XVII, princípios do século XVIII, oriunda das Lojas operativas medievais e da Royal Society de Londres.

A Maçonaria especulativa actual, encontra a sua origem na Inglaterra, especialmente na Escócia, independente até 1705, onde se guardam fragmentos de vários documentos sobre rituais conhecidos a partir de 1630, embora só em 1696 através dos “Arquivos de Edimburgo”, apareça o primeiro Ritual maçónico completo.

Quatro Lojas não-operativas, vão juntar-se para fundar, em 1717, a Grande Loja de Londres e Westminster e colocar a primeira pedra da Maçonaria especulativa contemporânea, funcionando apenas com os três primeiros graus simbólicos.

Em 1723 são publicadas as primeiras Constituições de Anderson.

Conhecem-se os rituais desta primeira Grande Loja, através duma obra publicada de 1730, “Masonry Dissected”, que provocou enorme escândalo e alarido, ao revelar publicamente estes rituais. Se citamos uma primeira; Grande Loja, é porque a Maçonaria Inglesa, que aparece tão monolítica e conservadora hoje, vai assistir ao aparecimento duma segunda Grande Loja, em 1751. Esta Grande Loja, dita dos “Antigos Maçons”, apresenta-se como congregando os Maçons fiéis aos “antigos” costumes da Ordem e censura, entre outras coisas, a “primeira” Grande Loja, dita dos “Modernos”, por introduzir inovações e modificações aos Rituais, nomeadamente para despistar os profanos que eventualmente tenham lido o livro “Masonry Dissected”.

As rivalidades, as querelas, as controvérsias e os anátemas entre estas duas Grandes Lojas, fazem parte da história da Maçonaria Inglesa até 1813, data a partir da qual se fundem - sob a pressão do poder político - para criarem a actual Grande Loja Unida de Inglaterra.

Quando em 1725 foram criadas as primeiras Lojas em França, estas utilizavam o Ritual da “primeira” Grande Loja de Londres, dita dos “Modernos”, visto que só em 1751 é que foi criada a “segunda” Grande Loja, dita dos “Antigos” Maçons.

O Rito dos “modernos” é traduzido para francês e passa a denominar-se, por facilidade e abreviação de Rito Francês, em vez de Rito Francês ou Moderno, principalmente a partir de 1801, quando o Grande Oriente de França publica o “Régulateur du Maçon” para as Lojas Simbólicas.

Em Portugal também se constituem Lojas maçónicas, ora de origem inglesa (irlandesa ou escocesa) constituídas por mercadores ou militares, ora de origem francesa principalmente de mercadores. A mais conhecida é a de Koustos, constituída por mercadores que foi dissolvida e os seus membros presos pela Inquisição. Mais tarde, depois de libertado, Koustos escreveu um livro sobre a sua passagem pelas masmorras da Inquisição, livro esse que foi publicado em Inglaterra e França e que veio dar a conhecer os primórdios da Maçonaria em Portugal.

Os Roettiers de Montaleau

Durante cerca de 50 anos, entre 1735 e 1785, fundaram-se e desenvolveram-se por toda a França, inúmeras Lojas e Capítulos, que por sua vez constituíam indiscriminadamente Altos Graus.

Aquando do Convent de 1773, no qual a primeira Grande Loja de França (fundada em 1738), muda o seu nome para o actual Grande Oriente de França, federação de Lojas e de Ritos, nos trabalhos históricos deste Convent, cerca de 20 anos antes à Revolução Francesa, põe-se cobro à inamovibilidade dos Veneráveis Mestres das Lojas, instaurando-se o principio da eleição para os diferentes cargos, assim como se instaura igualmente o direito de representatividade das Lojas, cujos Representantes ou Deputados, vêm a constituir o Convent (o equivalente da Grande Dieta do Grande Oriente Lusitano), órgão legislativo do Grande Oriente de França.

O Grande Oriente de França, consciente da necessidade de estabelecer a sua própria doutrina dos Altos Graus e para pôr cobro à proliferação indiscriminada de Graus e de rituais, vai criar em 1782, uma Câmara de Altos Graus. Através duma circular publicada em 1784, esta Câmara anuncia a reunificação de 7 Soberanos Capítulos Rosa-Cruz, criando uma nova instituição denominada Grande Capítulo Geral de França, que tem como finalidade “ser a Assembleia Geral de todos os Soberanos Capítulos que existem ou que venham a existir regularmente em França” e que “não afiliará no seu seio nenhum Soberano Capitulo que não seja portador de constituições outorgadas pelo Grande Oriente de França”.

Este Grande Capítulo Geral, sob a orientação e dinamização de Roettiers de Montaleau, seu Grande Orador, vai efectuar a análise e o estudo de uma centena de graus e vai redigir um Ritual próprio consoante a sua respectiva afinidade ritualistica simbólica e filosófica.

A este agrupamento de diferentes graus da mesma “família filosófica maçónica”, vai dar-se-lhe o nome de Ordens.

O Convent de 1786, reunindo com o Grande Capítulo Geral, confia a este, a administração dos Capítulos que trabalham num grau “superior” ao terceiro. A actividade das Ordens de Sabedoria ou dos Altos Graus do Rito Francês, desenvolve-se então intensamente nesta época, tendo em seguida desaparecido progressivamente, no decorrer da segunda metade do século XIX, principalmente em França.

Alta Maçonaria

As Ordens de Sabedoria do Rito Francês ou Alta Maçonaria, dita também impropriamente dos Altos Graus, por influência escocesa, estão codificadas segundo quatro grandes princípios.

1° Princípio: o reagrupamento e a codificação de quatro grandes famílias de graus, em quatro Ordens + uma. Estas quatro Ordens, com os três primeiros graus simbólicos de Aprendiz a Mestre, formam um sistema coerente de 3 graus + quatro Ordens + uma Quinta Ordem de vocação universal, conservadora da Tradição, do Saber e da Essência do Rito, coordenadora administrativa, englobando todos os graus físicos e metafísicos de índole latitudinário e humanista.

2° Princípio: respeito pela praxis tradicional dos Capítulos então existentes, visto que o Grande Capitulo Geral se posiciona enquanto federação de Capítulos. Cada Ordem será portadora do nome e do conteúdo dum leque de determinados graus análogos, somatório dos conhecimentos e dos ensinamentos relativos á mesma família de graus, a que se refere o seu simbolismo inserido em cada Ordem, a qual, é apenas o seu depositário.

3° Princípio: este conjunto de Ordens deverá permanecer aberto, pois é o somatório de diferentes graus da mesma família simbólica e filosófica da Maçonaria, expressa nas diferentes Ordens de Sabedoria do Rito Francês. O Grande Capitulo Geral deve ser um sistema federativo para os diferentes Capítulos, assim como os Grandes Orientes o devem ser para as Lojas simbólicas dos três primeiros graus.

4° Princípio: as Ordens de Sabedoria do Rito Francês não são algo de diferente e de novo em relação ao simbolismo dos três primeiros graus, mas antes o seu prolongamento natural, pois passamos duma análise simbólica para uma análise filosófica, da postura do Homem perante si mesmo e perante a Humanidade em que vive, onde o Maçon deve Trabalhar para o seu aperfeiçoamento interior (Lojas simbólicas) e activo no mundo profano (Capítulos filosóficos), que no seu conjunto, sabiamente compreendido e formando uma unidade de conceitos, deve levar ao progresso da Humanidade. Unidade na diversidade de interpretações, continuidade no conhecimento e no aprofundamento filosófico do mito e da utopia da Maçonaria, tal deverá ser a originalidade de abertura e postura do espírito de conhecimento das Ordens de Sabedoria do Rito Francês.

Ordens de Sabedoria

O conjunto da Alta Maçonaria Filosófica do Rito Francês ou Moderno, compreende CINCO Ordens de Sabedoria.

1ª Ordem: Eleito ou Eleito Secreto;
2ª Ordem: Grande Eleito ou Grande Eleito Escocês;
3ª Ordem: Cavaleiro Maçon ou Cavaleiro do Oriente;
4ª Ordem: Soberano Príncipe Rosa-Cruz, Cavaleiro da Águia e do Pelicano ou Perfeito Maçon Livre;
5ª Ordem: Ilustre e Perfeito Mestre

O Rito Francês e os outros Ritos
As equivalências com outros Ritos, são as seguintes.
Com o Rito Escocês Antigo Aceito:
1ª Ordem: 9º ou mais (Mestre Eleito dos Nove);
2ª Ordem: 14º e mais (Grande Escocês da Abóbada Sagrada);
3ª Ordem: 18º e mais (Cavaleiro Rosa-Cruz);
4ª Ordem: 30º e mais (Cavaleiro Kaddosch);
5ª Ordem: 33º (Grande Inspector Geral);

Com o Rito Escocês Rectificado:
1ª à 4ª Ordem: Mestre Escocês de Santo André e mais;
5ª Ordem: Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa (CBCS).

Fonte: www.gremiolusitano.eu

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