Desde que, no século XVI, Thomas
More inventou a palavra e dela fez título de uma das suas obras que se designa
por Utopia a sociedade ideal, perfeita.
Em termos sociais, os maçons
procuram contribuir para a construção dessa Utopia. Fazem-no desde logo
procurando melhorar a qualidade dos materiais de que se fazem todas as
sociedades: os homens, suas ideias e suas ações.
Nenhuma sociedade organizada,
qualificada e funcionando com um exigível nível mínimo de organização,
qualidade, liberdade e eficiência pode assentar em pessoas desqualificadas,
seja em termos de conhecimentos e preparação, seja do ponto de vista da Moral e
dos Valores inerentes a uma sã, agradável e produtiva vida em comum.
Não há Valores sociais que se
fundem perenemente em homens de baixo caráter e inferiores qualificações
pessoais e relacionais. Homens apenas primários, sem capacidade para ver e agir
para além dos seus interesses pessoais egoísticos e imediatos não geram nem
acalentam valores essenciais a qualquer sociedade eticamente relevante.
As sociedades são compostas por
pessoas. Quanto melhores forem estas, melhores podem ser as Sociedades, os seus
valores, os seus níveis de organização e cooperação. Por isso, ao construir-se
a si próprio, ao melhorar-se a si mesmo, cada maçom está também a contribuir
para a melhoria da sociedade em que se insere, a favorecer um pequeno, quiçá
quase insensível, mas sempre significante, avanço da sociedade em que se insere
na construção da Utopia.
Mas a Utopia não se constrói
apenas com os materiais, as pessoas. Essa construção necessita também de
ferramentas, os valores. Neste campo, muito se avançou, na parte mais
desenvolvida do Mundo: a Liberdade é reconhecida como indispensável à
existência de uma Sociedade digna dos seus cidadãos; a Igualdade é uma
aspiração que se busca concretizar mais e mais; a Fraternidade emerge como uma
condição indispensável à coesão social; a Tolerância emerge cada vez mais como
uma necessidade; a Justiça consolida-se como uma essencialidade; a
Solidariedade aparece como um elemento indispensável à reação comum ao
infortúnio, ao cataclismo ou simplesmente à adversidade. Paulatinamente, estes
e outros essenciais valores adquirem o estatuto da naturalidade e ascendem ao
patamar da indispensabilidade. Mas muito ainda há e haverá ainda a fazer, para
que esses valores sejam efetivamente para todos tão naturais como o ato de
respirar.
Porém, a construção social não se
basta apenas com bons materiais e sólidas ferramentas. Há que limpar o espaço,
que afastar tudo o que prejudique a edificação que se busca. Há, assim, que
lutar com, afastar, remover, os preconceitos que tolhem o avanço comum - mas
sem os substituir por novos preconceitos, quiçá de sinal contrário. Também
neste campo muito se avançou. Também aqui muito mais há ainda a fazer. O
racismo perdeu o estatuto de naturalidade que ainda há cerca de meio século
(tão pouco tempo ainda; não mais de duas gerações...) detinha em sociedades tão
importantes como, por exemplo, alguns Estados dos Estados Unidos. Mas subsiste
teimosamente em muitas mentes e manifesta-se ainda insidiosamente em demasiadas
situações e abertamente numas quantas delas! A igualdade entre sexos evoluiu
notavelmente no último maio século, mas ainda é, manifestamente, um valor ainda
frágil, que muitos afastam sem rebuço à menor dificuldade social (basta ver as
diferentes taxas de desemprego e os não coincidentes níveis de remuneração
entre os dois sexos). A Igualdade afirmou-se quase universalmente como
princípio absoluto na teoria, mas é muito insuficientemente ainda na realidade
concretizada na prática, continuando - infelizmente! - ainda a ser válida a
frase de O Triunfo dos Porcos, de George Orwell, de que "Todos são
iguais... mas há alguns mais iguais do que os outros". Os fundamentalismos
existem, estão à vista de todos e não são extirpáveis por decreto.
Muito se andou, mas muito caminho está ainda
por percorrer, se se quiser ficar perto de ver ao longe uma Sociedade que possa
aspirar a comparar-se levemente com a Utopia... E esse caminho tem de ser
percorrido passo a passo, incansavelmente, inabalavelmente, persistentemente,
por cada um que aspira à Utopia.
Ao dedicarem-se ao seu
aperfeiçoamento, os maçons fazem esse caminho, dão o seu contributo à Sociedade
para a evolução desta. O que cada um dá é ínfimo, quase imensurável, no
contexto da imensidão do que é necessário. Mas o conjunto do que todos
proporcionam possibilita o avanço, ajuda a que a evolução se torne visível.
Os maçons são, por natureza,
construtores da Utopia. Não se afirmam, nem pretendem ser os únicos. Todos não
são demais, que a tarefa é enorme e prolongada!
Fonte: apartirapedra.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário