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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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terça-feira, 6 de novembro de 2018

REAA E OS DIÁCONOS

REAA E OS DIÁCONOS
(republicação)

O Respeitável Irmão Paulo Assis Valduga, Loja Luz Invisível, 219, REAA, COMAB, GORGS, Oriente de São Borja, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta a seguinte questão (paulovalduga@gmail.com) 

Partindo de vossa explanação sobre o 2° Diácono (JB News 1134), gostaria de fazer, para obter luzes, de algumas explicações: 

1. Tenho dois rituais do REAA que dizem ser o original de 1.804, contudo são diferentes, um traz a participação dos Diáconos, tanto no diálogo com o Venerável Mestre bem como a transmissão da palavra; outro não traz absolutamente nada deste comportamento. Qual o original? Qual o verdadeiro?

2. Nas Gran Logias da Argentina e no Paraguai também não é encontrado esta participação dos Diáconos nos Trabalhos, assim que se parecem muito com um dos rituais de 1804.

3. No ritual do GORGS de 1893 (sua inauguração) também não havia a participação dos diáconos e quando o Grão-Mestre Milton Barbosa da Silva adotou (não me recordo o ano) este ritual, também não havia a participação dos Diáconos nas sessões econômicas. Recordo-me quando me filiei ao GORGS, vindo do GOB-RS (na época GOESUL) em 1996 deparei-me com este ritual que era completamente diferente daquele que conhecia e me reportei para o saudoso Irmão José Castellani que "metralhou" sem piedade tanto o Milton como o ritual em questão. De forma que: se em determinado momento da formação do REAA não existia a participação dos Diáconos na ritualística dos Trabalhos, quando é que eles foram incorporados, ou, se já existia, por que duas Gran Logias (pelo menos são as que eu conheço...) não o adotam? 

CONSIDERAÇÕES:
Inquestionavelmente o primeiro Ritual simbólico do Rito Escocês Antigo e Aceito é o datado de 1.804 elaborado na França, baseado nas Lojas Azuis norte-americanas trazidas por Maçons egressos da Maçonaria da América do Norte. A França desconhecia o sistema antigo, senão o dos Modernos baseados na Premier Grand Lodge – Modernos de 1.717.

Quando da fundação do Segundo Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito em 1.802 na França, o Grande Oriente da França passaria a englobar nos anos seguintes os Graus Simbólicos até o Grau 18, ficando para o Segundo Supremo Conselho os Graus a partir do 19º até o 33º.

Nesse teatro histórico viriam aparecer as hoje extintas Lojas Capitulares que englobavam os Graus Simbólicos até o 18º cujo governante seria o Athersata e o Venerável do simbolismo.

Esses acontecimentos demandariam de adaptações no sistema antigo oriundo da América do Norte no Rito Escocês, filho espiritual da França. Também não tardaria a volta dos Graus 04 até o Grau 18 para o Segundo Supremo Conselho, ficando o Grande Oriente da França apenas com os respectivos Graus Simbólicos, ou Franco-Maçônico básico.

Extinguiam-se assim as Lojas Capitulares e as coisas seriam então colocadas nos seus devidos lugares.

No trato desse assunto, o primeiro ritual escocês do simbolismo passaria por adaptações e sua própria evolução desenvolveria a doutrina do Rito no arcabouço doutrinário relacionado à França e o seu sistema, porém em se tratando do Rito Escocês, essa evolução não deixaria de inserir algumas práticas oriundas dos antigos – pelo seu próprio título distintivo “antigo e aceito” (maçons antigos e aceitos).

Nesse mistér, o Segundo Vigilante seria novamente colocado no formato tradicional (antigo) ao Sul no meridiano do Meio-Dia e as Colunas B e J à moda antiga – B à direita e J à esquerda de quem entra.

Assim apareceria a transmissão da Palavra em alusão às aprumadas e nivelamento da obra, cujos antigos oficiais de chão (atuais Diáconos) se integrariam nessa alegoria como transmissores de ordens, inclusive nesse particular, a própria dialética que permaneceria apenas como símbolo e tradição no que concerne esse particular.

Nesse sentido, ainda no Século XIX os Diáconos passariam a fazer parte da ritualística simbólica do Rito Escocês Antigo e Aceito como mensageiros do Canteiro entre as Luzes da Loja. 

Como os Diáconos já faziam parte da ritualística do Craft como auxiliares do cerimonial (são os que verdadeiramente trabalham nas cerimônias de mudança de grau), eles viriam fazer parte do Rito Escocês resguardado a influência anglo-saxônica adquirida das Lojas Azuis do Craft americano que é também uma extensão do Craft inglês antigo.

A questão do primeiro Ritual não pode ser considerada única no que concerne a pureza do Rito, todavia uma baliza para a sua evolução nos próximos e aproximados setenta anos no Século XIX. 

Uma das características principais adquiridas nessa evolução no Rito Escocês é a transmissão da Palavra e, por extensão, os seus protagonistas que são os Diáconos, cujo ofício é apenas e tão somente o de transmitir a Palavra em qualquer sessão e Grau no seu simbolismo. 

Já no Craft não há transmissão da Palavra, entretanto os Diáconos são os verdadeiros auxiliares imediatos nos trabalhos de Iniciação, Passagem e Elevação, dado que nesse costume não existem Expertos, Terrível e Mestre de Cerimônias tal como o que acontece nos ofícios característicos da vertente francesa.

Muitos rituais elaborados nos diversos rincões terrestres no final do Século XIX e Século XX acabariam por misturar procedimentos indistintamente sem observar o arcabouço doutrinário consolidado ao longo dos anos posteriores ao primeiro ritual (1.804). Essa é a razão pela qual ainda existem equivocados monitores do Rito Escocês sem a presença dos Diáconos com a função específica da transmissão da Palavra, senão à moda do Craft onde estes inclusive são portadores das “varas” como objeto de trabalho, procedimento esse inexistente no escocesismo.

T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.296 Florianópolis (SC) – quinta-feira, 20 de março de 2014.

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