CONFERÊNCIA DO TRONCO
(republicação)
Em 18/11/2015 um Respeitável Irmão, se referindo a uma resposta minha dada e publicada no JB NEWS relacionada à conferência do produto do Tronco de Beneficência, formula a seguinte ponderação:
Pareceu-me que o questionamento a seguir, bem como a sua resposta a seguir não fora dada no sentido estrito.
No momento propício, geralmente quando da Palavra a Bem da Ordem em Geral e do Quadro em Particular (o grifo é meu), assim que a palavra esteja colocada na Coluna do Norte, o Tesoureiro de posse do produto auferido pela circulação do Tronco pede a mesma (a palavra) ao Primeiro Vigilante. Autorizado ele se posiciona à Ordem mencionando protocolarmente as Luzes e os demais na forma de costume para posteriormente informar o resultado da coleta. Caso o Tesoureiro tenha outros assuntos a comunicar ele aproveita esse momento para também usar da palavra após a sua primeira comunicação de ofício (resposta publicada no JB NEWS em outubro de 2.015 – assinada por Pedro Juk).
Prosseguindo a questão - salvo engano, a pergunta talvez se referisse ao momento da coleta do óbolo (Tronco de Beneficência), qual seria: Faz-se a coleta, o Venerável Mestre determina que oTesoureiro faça a contagem e aguarda. Terminada a contagem, a meu ver, compete ao Tesoureiro apenas levantar-se ficar à Ordem e informar o produto do tronco. Evidentemente, se deixado para informar na Pal. a Bem da Ordem em Geral e do quadro em Particular, concordo que no caso teria que pedir a palavra ao 1º Vigilante saudar as Luzes e os demais membros e aí informar. Submeto essa opinião à sua apreciação.
A despeito das dúvidas que o ritual indubitavelmente apresenta, entendo de modo prático essa questão sob dois pontos de vista.
O primeiro se reporta diretamente ao ritual em vigência a exemplo do contido na página 75 e o explicativo: (...) O Tes∴ comunica em voz alta, tão logo seja oportuno, (o grifo é meu) ao Ven∴ Mestre o resultado, (...). Logo em seguida diz o segundo explicativo: O Ven∴ Mestre dá andamento aos trabalhos enquanto é conferido o Tr∴ de Benef∴ (o grifo é meu).
Assim sob esse primeiro ponto, o explicitado em “dá andamento aos trabalhos” implica que o Venerável, enquanto é executada a apuração e conferência do Tronco, dando andamento, anuncia que a “Palavra a Bem da Ordem em Geral e do Quadro em Particular” será concedida - é o que se segue conforme a ordem dos trabalhos - página 76 do ritual mencionado.
Ainda, o que reforça esse exercício é o que está previsto no primeiro explicativo in “tão logo seja oportuno”. Entendo ser oportuno o período imediatamente seguinte, já que o mesmo menciona no seu título “(...) e do Quadro em Particular”.
Quanto ao segundo ponto de vista atendendo ao prescrito na página 51 do ritual: “Desde agora a nenhum Irmão é permitido falar ou passar para outra Coluna sem obter permissão (...)”. Como o Tesoureiro ocupa lugar na Coluna do Norte, para ele se pronunciar precisaria primeiro esperar que a palavra estivesse na sua Coluna e em seguida pedir permissão ao Primeiro Vigilante.
Acredito que se o Tesoureiro, ao contrário do que fora por mim exposto até aqui, já estivesse autorizado para fazer a comunicação, mesmo com os trabalhos em andamento, esse procedimento seria claramente qualificado no ritual, porém ele menciona apenas “tão logo seja oportuno”, o que me faz entender que o momento “oportuno” seja aquele no qual a Palavra a Bem da Ordem esteja franqueada na Coluna do Norte.
Há ainda outro importante aspecto para se considerar. Quem pode pedir a palavra diretamente ao Venerável nas Colunas é apenas o Primeiro e o Segundo Vigilante.
Do mesmo modo, ninguém pode falar sem obter permissão.
Graças a esses apontamentos é que eu dei a mencionada resposta publicada no JB NEWS.
Sem querer acrescentar mais justificativas para essas interpretações dúbias, infelizmente elas existem desde as mexidas que alguns “entendidos” se arvoraram a fazer nos rituais. Um bom exemplo disso é aquela que alterou no REAA a conferência do Tronco feita pelo Orador para o Tesoureiro.
Historicamente essa obrigação sempre fez parte do ofício do Orador, nunca do Tesoureiro. A herança desse tradicional costume fora adquirida ainda no Século XIX na França, época em que os “metais preciosos” arrecadados na coleta eram pesados (averiguados) diante da assembleia para o conhecimento de todos e guardados na Tesouraria à disposição do Hospitaleiro para as obras de caridade da Loja.
Desse modo é que esse ofício sempre coube ao Orador como Guarda da Lei que, vislumbrando a transparência e a lisura do ato, comunicava o resultado ao Venerável e, este por sua vez, oficializa a apuração à Loja – muitos rituais autênticos preservam esse costume.
Infelizmente “certos entendidos”, dentre outros(*), vislumbrando equivocadamente que a arrecadação pertença ao Tesoureiro, provavelmente “acharam e associaram” que também ficaria melhor se ele mesmo viesse a conferir o Tronco.
Diante disso é que se no ritual o Orador ainda mantivesse a tradicional obrigação da conferência e comunicação ao Venerável, certamente não haveria interpretações dúbias nesse caso.
Como é nossa obrigação seguir o ritual legalmente aprovado, pelo menos se faz cogente retificar os respectivos textos explicativos, inclusive relocar as comunicações feitas pelo Tesoureiro e pelo Venerável que acontecem, segundo o ritual na sua página 75, inapropriadamente para o contexto ritualístico – elas (as comunicações) deveriam acontecer na sequência dos trabalhos, porém durante a Palavra a Bem da Ordem em Geral e do Quadro em Particular.
(*) Só para ilustrar a presença dos “entendidos”, assim também eles mudaram as tradicionais designações maçônicas como o Balaústre em Ata, as Sessões Econômicas em Ordinárias, as Elevações e Exaltações em Colação de Grau, etc.
T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.062 – Melbourne (Vic.) quarta-feira, 25 de maio de 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário