SINAL, MARCHA E BATERIA
(republicação)
Em 10/10/2015 o Respeitável Irmão Ranulpho Augusto de Almeida Martins, Loja “DEUS E FRATERNIDADE” nº 51, REAA, GLEB, Oriente de Cruz das Almas, Estado da Bahia, apresenta o seguinte:
ranulphom@hotmail.com
(...) venho utilizar e encarecer seus bons ofícios, no sentido de nos orientar nos assuntos que abaixo exponho, elementares até mesmo, mas, ainda, pendentes de entendimento uniforme entre os Irmãos desta minha Oficina Maçônica (...).
1 – DO SINAL DE ORDEM E DE SAUDAÇÃO
1.1 – Entendo que o Sinal de Ordem é um procedimento e o Sinal de Saudação é outro procedimento. São ações distintas. Uma estática e outra dinâmica.
1.2 – Digo que o sinal de ordem é de procedimento estático porque, uma vez estando-se à Ordem, a imobilidade é total. Terminada a necessidade desta condição, desfaz-se o sinal, simplesmente, fazendo descer a mão verticalmente.
1.3 – Na hipótese do sinal de saudação, este é dinâmico. – Após o movimento instantâneo, retorna-se a posição anterior.
1.4 – Quando, em estado de inércia – (sinal de ordem) – se fizer necessário uma saudação (sinal dinâmico) – ocorre, neste momento, uma súbita transformação de estado físico, da inércia para o movimento, iniciando-se o novo sinal, que é o de saudação.
1.5 – Ocorre-me a ideia de que se estando à Ordem, para se desfazer este sinal, não se torna necessário fazer-se outro sinal (It. 1.3, acima), - o de saudação – pois, este, só é feito quando exigido ritualisticamente ou pela autoridade que dirige a Sessão.
1.6 – Tanto que, fico a entender, que surgindo a necessidade de se fazer o sinal de saudação, dinâmico no caso, independe de se ter que fazer o sinal de ordem, (estático). Onde, por consectário, o que me parece lógico, estando-se à Ordem, para se desfazer este sinal, não precisa se fazer outro sinal, que é o de saudação, salvo determinação ritualística em contrário.
Assim é que, meu caro Irmão Pedro Juk encareço seus favores, para a emissão de uma opinião crítica sobre este assunto, com a sensatez que lhe é peculiar, a fim de que eu possa avaliar as minhas assertivas acima, quanto a sua correção ou não.
2 – DE PERFIL E À ORDEM
Defendo a hipótese de que, estando-se de pé e à Ordem, “in casu”, entre Colunas, a posição ereta, deve demonstrar o Maçom com a ponta do pé esquerdo voltada para o nordeste da Loja, isto é, na direção da mesa do Tesoureiro; a ponta do pé direito, voltada para o sudeste da Loja, ou seja, voltada para a mesa do Chanceler, formando-se, ai, a esquadria que se pretende e a frente do corpo, na direção, no sentido Leste, da mesa do Venerável Mestre, ou seja, na mesma direção do eixo da Loja, da diagonal do ângulo.
Assim vejo que, estando o corpo do Maçom na direção da diagonal do ângulo reto formado, fico convencido – pelo menos a princípio – de que esta é a exata posição do Maçom à ordem, ereto, em esquadria, de perfil e em nível, fazendo-me lembrar, quando da minha primeira Instalação, a mensagem daquele segundo sinal procedimental.
Como consequência, os demais passos do 1º Grau, para conclusão da Marcha ritualística deverão ser dados, de forma simples e normal, permitindo, sempre, que a posição inicial, acima mencionada, seja sempre repetida, seja a mesma a cada passo.
O atual Ritual da nossa Grande Loja é omisso neste detalhe. O anterior, de 03 (três) anos passados mostrava, em um desenho, que a ponta do pé esquerdo – estando entre Colunas – deveria ficar na direção do Eixo da Loja, no sentido da mesa do Venerável, portanto, voltado para o Leste; já a ponta do pé direito, estaria voltada para o Sul, ou seja, na direção do 2º Vigilante, formando, então a esquadria proposta ritualisticamente. Já nesta última posição, a direção da diagonal deste ângulo está no sentido da mesa do Chanceler, que é a direção que ficaria a frente do corpo do Maçom.
Assim, neste caso, para que o Maçom, na execução da Marcha Primária – marcha de Aprendiz - ou da posição elementar de à Ordem, o seu corpo não ficaria na diagonal do ângulo formado, mas, sim, na direção do cateto esquerdo – do pé esquerdo - aquele voltado para o Leste, para a mesa do Venerável, desde quando ele terá que estar sempre com a frente do corpo voltado para o Oriente.
Neste caso, o corpo do Maçom ficaria “de bandinha” – expressão que tirei da leitura de um dos livros do insigne José Castellani – totalmente fora de esquadria, fora de perfil e fora de nível. Insurjo-me, desta forma, pela má orientação do Ritual.
Este é o meu entendimento, meu caro Irmão Pedro Juk, para este procedimento, evidentemente e sem dúvida que S.M.J. (salvo melhor juízo). Daí, encarecer-lhe o favor de emitir, também, um parecer sobre este assunto.
3 – DA BATERIA DO SEGUNDO GRAU
No próximo ano, em 2016, estarei completando 40 (quarenta) promissores anos de Maçonaria. Mas, já a cerca de 2/3 (dois terços) deste período que venho questionando a Irmãos diversos, fazendo leituras, lendo revistas pertinentes e informes capazes, procurando uma explicação para a orientação contida em alguns Rituais, ensinando que as duas últimas pancadas da Bateria do 2º Grau, devem ser em ritmo mais acelerado, mais rápido, do que as pancadas anteriores.
Consegui Rituais da nossa Grande Loja, aqui da Bahia, (a GLEB), editados desde o ano de 1930, cerca de 5 (cinco) exemplares, de períodos diferentes, onde se viam as seguintes orientações:
1 – onde se via por ESCRITO em alguns Rituais:
“...(tantas pancadas)... e mais duas”.
E no DESENHO, assim expressava: ocultado.
Nota: Como entendo, esta é a forma correte e normal da bateria, isto é, todas as batidas no mesmo ritmo, no mesmo diapasão.
2 – em outros Rituais, apresenta por ESCRITO:
“... (tantas pancadas) ... e mais duas rápidas” (Sublinhei).
E no DESENHO, assim se expressava: ocultado.
Nota: Observa-se que neste item 2, não só por escrito está dito que as duas pancadas finais devem ser rápidas, assim como no desenho também está a indicar tal comportamento. Nunca tive ou consegui qualquer explicação sobre a razão de se mandar que as duas últimas pancadas sejam rápidas, diferentemente do ritmo das iniciais.
Já em outros Rituais, a dificuldade de entendimento se complica mais ainda, pois, POR ESCRITO, diz que as duas últimas são rápidas e no DESENHO mostra, estas duas últimas normais. Também, em outros Rituais, por sua vez, informam POR ESCRITO que as duas últimas pancadas são normais e no DESENHO mostra figuras com espaço e tamanho menor que as primeiras, indicando que são rápidas.
Durante a minha trajetória até a graduação de Grande Inspetor Geral, pude observar uma tendência dos Maçons em acelerar o ritmo, ao proceder as pancadas mais rápidas, no término das diversas baterias dos diversos Graus. Fato que não existe explicação nem determinante nas Séries dos Altos Corpos.
Isto me fez pensar ou admitir, face ao desconhecimento de explicações plausíveis, que o fenômeno que se repetia no caso da bateria do segundo grau, se tratava de uma inerência viciosa e comportamental humana, com uma tendência de se acelerar o término do procedimento. Meras ilações e conjecturas minhas.
Assim meu Irmão Pedro Juk, é como entendo estas três questões. Compenetradamente não me acho dono de verdade nenhuma. Daí sempre procurar auscultar o próximo para ampliar a verdade, principalmente quando este próximo tem a condição ideal de esclarecimento como, comprovadamente, no seu caso. Rogo-lhe, portanto, que me ajude, opinando ou indicando alguma fonte onde qualquer destes assuntos tenha sido ventilado.
CONSIDERAÇÕES:
1 – O Sinal Penal é composto por dois movimentos distintos. O primeiro é a sua própria composição (Gut∴, Cor∴ ou Ventr∴). O segundo diz respeito à aplicação simbólica da pena conforme o juramento.
Infelizmente inventaram esse nome de Sinal de Ordem para o Sinal Penal e deu no que deu. Ora, o termo “Ordem” não é propriamente um Sinal nesse caso, todavia um modo de postura corporal. Daí o correto é estar “à Ordem (significa preparado) compondo o Sinal Penal do Grau”.
Quando um protagonista estiver à Ordem isso significa que ele estará em pé com corpo ereto e os pés unidos pelos calcanhares formando com eles uma esquadria aberta para frente. Dessa postura então é que ele compõe o Sinal Penal do Grau, já que em se estando à Ordem sem portar nenhum objeto, cumpre-se a obrigatoriamente da regra de que o protagonista compõe imediatamente o respectivo Sinal.
Para desfazer esse Sinal, aplica-se simbolicamente o gesto inerente à pena proposta pelo Sinal, seja ela G∴ Cor∴ou Ventr∴
Ratificando: uma vez em se estando à Ordem compondo o Sinal, obrigatoriamente para desfazê-lo, aplica-se o gesto da mencionada pena simbólica, seja um ato para simplesmente se desfazer o Sinal, ou para proceder à saudação pelo Sinal, já que toda saudação é inexoravelmente feita pelo Sinal.
Assim, é inexistente a prática de se desfazer diretamente um Sinal Penal sem antes proceder ao gesto que lembra a respectiva aplicação simbólica da Pena.
À bem da verdade o que também não existe é esse título de Sinal de Ordem que insistentemente tem acampado nos procedimentos maçônicos. Estar à Ordem sim, agora Sinal de Ordem é no mínimo discutível e contraditório.
É oportuno mencionar o termo “de pé e à Ordem”. Pergunta-se: alguém ficaria à Ordem estando sentado? Mera redundância haurida pelo excesso de preciosismo. Afinal estar à Ordem já se subentende que o elemento obrigatoriamente estará em pé compondo o Sinal do Grau.
2 – Originariamente no REAA, não existe essa prática de se apontar o pé esquerdo para frente - seja por ocasião da Marcha do Grau, ou na oportunidade em que se está simplesmente à Ordem. Essa é postura de alguns outros Ritos e Trabalhos maçônicos.
A posição correta para os pés nessa prática no simbolismo do Rito Escocês é a seguinte: com o corpo ereto e voltado normalmente para frente, unem-se os pés pelos calcanhares mantendo-se o esquerdo apontado para o lado esquerdo a aproximadamente 45º de uma linha imaginária longitudinal que passa pelo ponto onde se unem os calcanhares, enquanto que o pé direito vai também apontado a 45º, porém para a direita dessa mesma linha imaginária. Essa posição denota uma esquadria com o ângulo interno voltado para frente, cujo corpo também se mantém de frente e não “de bandinha” como mencionava o saudoso Irmão Castellani.
Assim, a soma dos dois ângulos de 45º formados pelos pés em relação à linha imaginária é igual a 90º (esquadria).
Ilustrando, a postura seria como se o protagonista estivesse posicionado em pé de frente para o Oriente entre as Colunas do Norte e do Sul no centro do Ocidente, cujos seus respectivos pés ficariam genericamente apontados um para o Tesoureiro e o outro para o Chanceler.
Essa é a mesma postura adotada com os pés para a execução da Marcha do Grau de Aprendiz a cada passo, entretanto sem a necessidade de se arrastar o(s) pé(s).
Infelizmente existe ainda a cultura de se misturar e enxertar procedimentos de Ritos uns nos outros, enquanto isso, o equívoco vai se consolidando com inúmeros rituais ensinando posturas equivocadas, sobretudo no simbolismo do Rito Escocês quando ainda vemos tantos Irmãos se posicionando “de bandinha” (andando de lado) em certos procedimentos ritualísticos.
Se bem observada a Arte, no Pavimento Mosaico de ordenamento oblíquo como é originalmente no REAA, a interseção das linhas que definem o Pavimento servem também para regular os passos – a direção oblíqua do cruzamento das linhas simula a posição dos pés.
3 – Na verdade o que deve existir nas pancadas da bateria do Segundo Grau no Rito Escocês Antigo e Aceito é que há nesse conjunto uma pausa maior de tempo entre o primeiro grupo de percussão e o segundo. Essa é a questão para ser observada, nem tanto o ritmo das baterias no o primeiro e segundo grupo.
À bem da verdade essa pausa maior entre os dois grupos, fez com que se adquirisse o hábito de, ao se completar a bateria, as últimas pancadas fossem dadas em ritmo mais rápido.
Assim, em se tratando do ritmo das pancadas em cada grupo, desde que elas sejam dadas sequencialmente e com um tempo maior entre o primeiro e o segundo grupo de pancadas que os identifique, não faz diferença alguma – não importa se o segundo grupo é de andamento mais rápido ou igual ao primeiro. O importante é a acentuação de tempo entre os dois grupos de tal modo que o conjunto todo seja compreensivo àqueles que ouvirem a bateria.
Às vezes a prolixidade e o excesso de preciosismo faz com que alguns rituais acabem por confundir o leitor. Sob a óptica da autenticidade e longe das ilações imaginárias apregoadas por autores que não merecem aqui nenhum comentário, não há nenhum fundamento para explicar se o ritmo é maior, menor ou igual nas pancadas que compõem cada grupo da bateria. O necessário é que entre cada grupo de percussões exista um tempo que a torne compreensível e a identifique conforme o Grau Simbólico do Rito em questão.
T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.078 – Melbourne (Vic.) sexta-feira, 10 de junho de 2016
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