CEGUEIRA MAÇÔNICA
Irmão Carlos Augusto G. Pereira da Silva
Loja “Obreiros de São João” no 42 –Porto Alegre/RS
O maior perigo, atualmente, é você parar de caminhar, por acreditar que já chegou lá. (José L. Tejon)
Meus Irmãos, todos!
Precisamos, na Maçonaria, relacionarmos o que fizemos em nossos Templos, com o que a sociedade precisa para ser feliz, caso contrário, s.m.j., não terá finalidade o que lá realizamos, inicialmente, com uma profunda reflexão sobre nossos valores e saberes relevantes, para que não fiquemos somente no sonho ou na retórica estéril.
E nisso, podemos utilizar o que a cultura nos proporciona, como, por exemplo, o filme “Ensaio sobre a Cegueira”, obra de José Saramago, e que, muito bem, foi transposta para a tela do cinema, pelo cineasta Fernando Meirelles.
Há necessidade de nos analisarmos e verificarmos o que temos e precisamos aperfeiçoar para agir, tanto no âmbito pessoal como no âmbito institucional.
O autoconhecimento:
“Existe um modelo chamado Janela de Johari, desenvolvido em 1963, por Joseph e Harry Ingham, em que os autores explicam as quatro áreas da personalidade humana, baseada numa matriz, originada por dois processos, a autoexposição e a busca de feedback. Uma destas áreas, a chamada área cega, é aquela em que o próprio indivíduo não conhece aspectos a respeito de si mesmo, mas que os outros veem. Esta “cegueira” impacta o nosso autoconhecimento e, consequentemente, a forma como nos relacionamos com os outros. O mesmo fato ocorre com as organizações, na Maçonaria, que, muitas vezes, não conseguem perceber o que se passa dentro delas próprias e, se não forem os clientes, os Maçons, o mercado - as Lojas -, os consultores - os expertos -, e outros instrumentos - os estudos -, os debates, tais como as pesquisas, acabam por não se darem conta do que precisam melhorar.”
E nós, Maçons, em todos os aspectos, precisamos melhorar.
Melhorar nas administrações das Lojas, com possíveis cursos para as Luzes; melhorar o ensinamento maçônico, com saberes relevantes e úteis para o agir maçônico; melhorar na relação de fraternidade, com uma boa administração de recursos humanos; melhorar com orientação de liderança maçônica, que saiba agir nos múltiplos aspectos da gestão; e, entre outras tantas e necessárias melhorias, visão de líder, para que possamos realizar tudo isso, se faz necessário.
Afinal, só é líder, quem serve.
Uma outra melhoria, que se faz necessária: a que elimina a CEGUEIRA MAÇÔNICA. Aquela que elimina as pessoas contaminadas, via preconceito e discriminação, que ficam isoladas em nosso meio. Contaminadas do quê? Do conhecimento, da ética, do estudo, da busca, e do fazer que, infelizmente, além do preconceito e discriminação, causam ciúmes, nestes que praticam o isolamento.
São aqueles contaminados pela CEGUEIRA BRANCA, os isolados no filme, os diferentes, mas que ajudam na evolução.
Quantas vezes isolamos Irmãos, porque pensam diferente do que nós, que, infantilmente, possam representar ameaça sobre os nossos interesses pessoais, e que geram qualquer tipo de desconforto em relação ao nosso padrão pessoal?
Suas ações nos forçam para sair da ZONA DE CONFORTO. E o filme, exatamente, mostra que foram estas pessoas, contaminadas pela CEGUEIRA BRANCA, que pensam diferente e fazem diferente, que foram as que sobreviveram e tiveram a chance ou oportunidade de recomeçar. As mentes abertas vão mais longe.
E nós, achando que aqueles Irmãos, que nos trazem conhecimento, práticas novas e o NOVO, são arrogantes, chatos e metidos, não é mesmo. Só que eles avançam. Evoluem. E alguns achando que ficar na ZONA DE CONFORTO é bom. Será suficiente para alcançar algo?
Quantos tipos de CEGUEIRA existem na MAÇONARIA?
O egocentrismo;
A inveja, pelo sucesso do outro;
O orgulho, daqueles que não podem ouvir críticas;
A gestão para grupos, as panelinhas;
A corte;
O boicote, aquilo que está dando certo nas Lojas;
O ciúme infantil, pelo que o outro realiza de melhor; e eu não consigo;
A fofoca, que, aliás, é sempre bem aceita pelos Maçons;
A falta de ética nas relações;
A subserviência ao poder;
A dissimulação;
O servilismo à hierarquia; e
A falta de fraternidade, que é tanto falado em nosso meio, mas é pouco praticada. Meus Irmãos, a CEGUEIRA MAÇÔNICA é qualquer atitude que nos impede de enxergarmos o OUTRO que é nosso Irmão. É qualquer atitude que não esteja de acordo com aquilo que falamos. Isso é CEGUEIRA MAÇÔNICA. Seriam essas, então, as manifestações desta doença em nosso meio.
O filme também nos mostra que são nas situações limítrofes, que reconhecemos os VERDADEIROS VALORES DAS PESSOAS ou IRMÃOS. É neste momento que sabemos com quem podemos contar de fato. São aqueles que não ficam só nas palavras, mas juntam-se a nós para a busca da solução: pessoas, Irmãos ÉTICOS, VALOROSOS, TRANSPARENTES, LEAIS e CLAROS EM SUAS POSIÇÕES.
As escalas de valores são convergentes.
São os verdadeiros valores que direcionam a ação. Principalmente para os ÉTICOS. O que o ser humano é capaz de fazer é motivado por necessidades, mas definido por seus valores.
Meus Irmãos, Todos, não deixemos ser contaminados pelos vírus da CEGUEIRA MAÇÔNICA. Tenhamos a capacidade de realizar a sinergia dos talentos em nosso meio. Fiquemos com a CEGUEIRA BRANCA, aquela que nos dá condições de evoluir, conforme o filme.
Apesar do CAOS, que estamos vivendo no mundo hoje, e, também, na MAÇONARIA, pela falta de norte, tenhamos olhos para as coisas boas.
Tenhamos a lucidez de agir, com ÉTICA e com VALORES, para que possamos TORNAR FELIZ A HUMANIDADE, sem preconceito ou discriminação, iniciando esta atitude aqui dentro da MAÇONARIA, já que falar aos outros o que devem fazer, sem dar exemplo é propaganda enganosa, permitindo a propagação da CEGUEIRA, e isso não é digno para um MAÇOM.
Pensemos nisso! Levemos este tema para debate em nossas Lojas. Afinal, só há compreensão com debate, e comprometimento com ação.
Fraternalmente! Pare de observar, comece a fazer. É SEMPRE MELHOR FAZER PARA ENSINAR DEPOIS, DO QUE ENSINAR SEMPRE SEM NUNCA FAZER.
Fonte: https://martinlutherking63.mvu.com.br
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