Em 17.02.2023 o Respeitável Irmão Rayter Abib Salomão, Loja Estrela de Dourados, nº 2015, Benfeitora da Ordem, REAA, GOB-MS, Oriente de Dourados, Estado do Mato Grosso do Sul, apresenta o que segue:
TRONCO DE BENEFICÊNCIA POR PIX
Pergunta: A Loja pode receber o tronco de beneficência por meio de PIX?
À primeira vista a resposta seria NÃO.
Mas antes de responder à pergunta, precisamos analisar e refletir sobre alguns aspectos que passaremos a tecer, que acreditamos não ferir a essência do tronco de solidariedade:
CONSIDERANDO que todos nós sabemos a finalidade do Tronco de Beneficência e sua essência simbólica, ritualística, filantrópica, etc.
CONSIDERANDO que todos nós sabemos que as doações ao tronco são sigilosas.
CONSIDERANDO que as instituições milenares passam por EVOLUÇÕES, sem, contudo, perder suas tradições, ritos, costumes, etc. Cito como por exemplo as igrejas, maçonarias, etc...
CONSIDERANDO que sem fazer uma comparação, mas, atualmente, algumas igrejas recebem suas ofertas por meio de transferências bancárias (QR Code colado nos bancos das igrejas).
CONSIDERANDO que durante a sessão, alguns irmãos possam estar desprovidos de metais para depositar o seu óbolo naquele momento.
CONSIDERANDO que o Irmão poderá fazer o PIX antes de iniciar a reunião, de maneira que não utilize o aparelho de celular durante a reunião.
CONSIDERANDO que o PIX, por ser uma transferência bancária, está adstrita TÃO SOMENTE ao tesoureiro, sem que os demais irmãos saibam do valor depositado e desde que não haja a identificação de valores depositados na bolsa, seja por meio de dinheiro ou transferência via PIX, apenas o anúncio do valor arrecadado.
Feito tais considerações iniciais, voltamos à pergunta.
A loja pode receber o tronco de beneficência por meio de PIX?
CONSIDERAÇÕES:
Absolutamente, isso está totalmente fora de cogitação. O giro do Tronco de Beneficência é tradicional em alguns ritos maçônicos, sobretudo pelo seu modus operandi (maneira determinada de agir e trabalhar) de arrecadação.
A prática ritualística que envolve a coleta possui características iniciáticas, ou seja, além do escopo a que se destina o Tronco, a sua liturgia envolve todo um simbolismo para esse período.
Essa forma peculiar de arrecadação, em que cada um doa conforme sua disponibilidade e ninguém sabe quem deu mais ou deu menos, ou ainda nada pode dar naquele momento, está no ritual de alguns ritos desde o século XIX e não faz sentido alterar um ritual para satisfazer modernismos.
Uma das regras mais importantes nesse sistema ritualístico de coleta é o sigilo, o que não seria satisfatoriamente cumprido se aventada a hipótese de transferência bancária. A propósito, não existe "meio-sigilo"; ou é sigiloso ou não é sigiloso.
A lembrança do ancestral hospitalário ou do esmoler que arrecadava donativos para os necessitados e viúvas desamparadas nas igrejas francesas, de certo modo é rememorada na postura com que o Hospitaleiro da Loja se coloca no ato da coleta. Alterar isso por conta do PIX me parece algo incoerente com a liturgia dos trabalhos maçônicos.
Em se usando do bom senso, naturalmente nada impede que a Loja crie legalmente um mecanismo de arrecadação à parte para reforçar as suas obras de caridade, contudo, isso sem alterar a liturgia e a ritualística que consta nos rituais.
Para manter as tradições, usos e costumes da Maçonaria é preciso antes que se siga ipsis-litteris o contido no ritual em vigência.
T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br
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