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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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domingo, 10 de março de 2024

A ABÓBODA CELESTE

"No princípio, Deus criou o Céu e a Terra... Deus disse: Haja Luz! E houve Luz... Viu que a Luz era boa e separou a Luz das Trevas... Deus disse: Haja um firmamento... e chamou o firmamento de Céu. O Céu da Loja em Maçonaria, simbolicamente, representa o firmamento natural e se denomina de Abóbada Celeste.
Platão já nos falava:

"Para crer em Deus basta erguer o olhar para cima".

A Abóbada, de cor azulada, está decorada com astros, estrelas e nuvens. É a representação do firmamento celeste. Não apenas na Maçonaria, como também em várias religiões. O Templo significa o Cosmo, é o símbolo da universalidade. Está atribuída à construção da primeira abóbada aos romanos, que tiveram influência dos etruscos e gregos na arquitetura, construindo-a com tal habilidade e beleza que, naquela época, foi considerada como inspirada pelos deuses.

"No teto da Loja figuram: do lado do oriente, um pouco à frente do Trono do Venerável, o Sol; por cima do Altar do Primeiro Vigilante, um estrela de cinco pontas; acima do Altar do Segundo Vigilante, a Lua; no centro do teto, três estrelas da constelação de órion; entre estas últimas e o nordeste, as estrelas da constelação de Plêiades, Híades e Aldebaran; a meio do caminho entre Órion e o nordeste, Réguluz; ao norte, a Ursa Maior; a nordeste, em vermelho, Arcturos; a leste, a Spica da Virgem; a Oeste, Antares; ao Sul, Formalhaut. Júpiter no Oriente; Vênus no Ocidente; Mercúrio nas proximidades do Sol; Saturno e seus anéis, próximo a Órion.

A distribuição dos astros e estrelas no teto da Loja variam em alguns ritos. Cada astro e estrela têm sua importância simbólica e merece um estudo mais aprofundado. Mas para não deixar o trabalho muito longo, farei apenas alguns comentários a respeito dos astros e estrelas, começando pelas duas luminárias principais do nosso planeta:

O SOL é a estrela do centro do sistema solar (e pensar que Galileu Galilei quase morreu por defender o óbvio!!!), tem cerca de cinco bilhões de anos e continuará brilhando por mais cinco bilhões de anos. O Sol também é o símbolo do Deus Único, sustentado por Akenaton (faraó egípcio) no século XIV antes de Cristo, numa época em que o politeísmo (vários deuses) era a idéia predominante. No Egito Osíris era representado no Sol; na Síria Adônis era o Sol; na Grécia, o sumo sacerdote conhecido como Hierofante, simbolizava o Sol. No nosso caso não vamos adentrar na figura mitológica do Sol (ex. a lenda do Deus Rá, símbolo do Sol); tendo seu significado para cada povo da Antiguidade. Basta verificarmos o Panteão de deuses e deusas na mitologia grega.

O Sol na Maçonaria aparece no painel de Aprendiz; no avental do Mestre Instalado; na jóia do Orador; no oriente da Loja à frente do Trono e na denominação do 28º grau Adonhiramita, Cavaleiro do Sol. O mais importante para nós, neste grau, é o que está escrito no ritual de Aprendiz Adonhiramita, pg. 33: "Assim como o Sol aparece no Oriente para principiar sua carreia e romper o dia, assim o Venerável ali tem assento para abrir a Loja, ajudar os Obreiros com seus conselhos e iluminá-los com suas Luzes.

A LUA é o único satélite natural da Terra, tendo exatamente ¼ do tamanho da Terra. Nas antigas Escolas de Mistério, sempre esteve representada. No Egito era a deusa Ísis, patrona dos Mistérios Menores; na Síria, era a deusa Astaroth; na Grécia, Hecate. Na Loja a Lua aparece acima do Altar do Segundo Vigilante e no Painel de Aprendiz.

Os Planetas: Mercúrio é o menor dos planetas e o mais próximo do Sol; Vênus é o segundo mais próximo, quase do tamanho da Terra e de estrutura semelhante; Júpiter é o quinto planeta e o maior do Sistema Solar, existindo 16 luas jupterianas conhecidas; Saturno é o sexto planeta em distância do Sol, quase tão grande quanto Júpiter, possuindo 18 luas.Astros e estrelas estiveram representados em estátuas, quadros, arcos e pórticos de várias Igrejas do Velho Mundo. Para deixar mais claro, citamos um trecho do livro "Os Mistérios das Catedrais" de Fulcanelli, que faz comentários de uma gravura da Catedral de Notre Dame de Paris: "No centro do tímpano, na cornija média, olhai o sarcófago, assessório de um episódio da vida de Cristo; vereis aí sete círculos: são os símbolos dos sete metais planetários. O Sol indica o Ouro, o Azougue o mercúrio; o que Saturno é para o chumbo, é-o Vênus para o bronze; a Lua da prata, Júpiter do estanho; e Marte do ferro, são a imagem.

Sem dúvida, a configuração desses planetas, que são os mesmos do teto da Loja, juntamente com o Sol e a Lua, é de cunho alquímico, um paradoxo do pensamento alquímico/rosacruz da época, iluminando o Templo do pensamento cristão. As Nuvens representam a ascensão da consciência e a pureza de pensamento que se volatiliza em direção ao Cosmos. A Abóbada Celeste é um Caminho Simbólico para alcançarmos verticalmente o Conhecimento Espiritual, dentro do Universo Infinito. O salmo 18 diz: "Os céus contam a Glória de Deus e o Firmamento proclama Sua Obra.

Os cargos em Loja e Os Planetas

Os sete principais cargos estão diretamente relacionados com os sete planetas esotéricos. Alguns autores maçons dizem que estão grafadas na Abóbada Celeste as presenças destes planetas por sobre os cargos a eles relacionados. Abordaremos a questão da Abóbada Celeste no próximo tópico. Iniciando pelo Ven∴M∴ Está relacionado ao planeta Júpiter, visto que representa a Sabedoria. Júpiter rege a visão, a prosperidade, a misericórdia, a liturgia, o sacerdócio, o mestre e a felicidade.

O Orad∴ Está relacionado com Mercúrio o planeta que rege a expressão da Verdade, pois é o enviado de Deus. Mercúrio tem asas nos pés e é o porta-voz, aquele que dá as boas vindas e domina os escritos. O cargo de Secr∴ relaciona-se com o planeta Saturno. É ele o responsável de gravar para a eternidade os fatos de forma fria e exata. Ele é o controlador rígido da ordem dos processos e cioso pela documentação dentro das normas. O M∴ de Cer∴ por sua vez está relacionado ao planeta Sol. O Sol caminha diariamente pelo Céu, levando e trazendo a existência, a verdade e a justiça. É ele que anima a vida e que circula no oriente e no ocidente. O Tes∴ recebe a simbologia da Lua em sua atividade. A Lua dispõe sobre os assuntos mundanos e materiais. Ela é o principal elemento de ligação com o mundo concreto regendo toda geração de uma nova vida ou o desenvolvimento de um corpo já existente. A Lua rege a família, a cidade, o lar e o corpo; portanto rege o Templo.

De forma óbvia, o 1º Vig∴ e o 2º Vig∴ são regidos respectivamente por Marte e Vênus, planetas da força e da beleza, simbologia das CCol∴ onde têm seus tronos. Marte rege o início, a coragem, o pioneirismo e o impulso. Vênus rege a harmonia, o prazer, a alegria, e a beleza como reflexo da manifestação do G∴A∴D∴U∴

Como sempre nos é ensinado devemos associar as ferramentas de trabalho aos sentidos místicos e extrair delas o seu significado e a sua essência para que possamos transmutar este conhecimento e realizar a obra criadora da luz divina.

O Circulo
Símbolo da livre criação, do infinito e do universo, visto não ter começo nem fim e resultar apenas de um ponto central (o homem), que o traça utilizando um instrumento (o compasso) cujo raio é o limite dos seus conhecimentos, da sua iniciativa e da sua ousadia.

Compasso
Símbolo do espírito, do pensamento nas diversas formas de raciocínio, e também do relativo (círculo) dependente do ponto inicial (absoluto). Os círculos traçados com o compasso representam as lojas. Algumas ciências naturais e artes acabaram se perdendo através dos séculos e acabe a maçonaria reunir os seus ensinamentos e preservar a sua essência, dois exemplos bem claros destes são a Alquimia e a Cabala Judaica.

Contra o racionalismo do Século XVIII, sobreveio uma reação no Século XIX, com o crescimento de um misticismo novo que muito deve à Santa Cabala, tradição antiga do Judaísmo, que relaciona a cosmogonia de Deus e universo à moral e verdades ocultas, e sua relação com o homem. Não é tanto uma religião, mas, sim, um sistema filosófico de compreensão fundamentado num simbolismo numérico e alfabético, relacionando palavras e conceitos.

Alquimia - é a arte espagírica: aquela que separa e reúne. Isto é perfeitamente expresso na máxima alquímica "solve et coagula" (dissolve e coagula). A alquimia é a arte de entender o universo. Ao seu modo, os alquimistas foram os psicólogos, filósofos e médicos de sua época. Suas idéias em comum envolvem: Imortalidade - Longa Vida Androginia - Pedra Filosofal - Tornar-se um Deus - Panacéia.

Para Dante Alighieri o décimo céu é o empíreo, ou esfera do fogo, onde se encontra a Cidade Santa. Mas enquanto os nove céus inferiores são animados de moto rotatório que transmite ao cosmo a fluência do tempo, o décimo permanece imóvel, num eterno presente sem passado nem futuro. Para Pitágoras o cosmo era envolvido pela esfera do tempo, ou periekon, e Arquitas afirmava que além do periekon existia uma esfera caracterizada por um tipo diferente de tempo que ele chamava de tempo psíquico. Na Divina Comédia, Dante mostra como, passando da consciência humana à consciência divina (localizada no décimo céu) se torna possível a conexão entre o tempo físico e o tempo psíquico. Nesse tempo psíquico o princípio e o fim se reúnem garantindo assim a solução do problema da mortalidade física dos seres humanos.

Ninguém sabe exatamente o que existe além dos extremos limites do universo, mas a cosmologia moderna nos oferece uma visão extremamente sugestiva. Vários bilhões de anos atrás, uma explosão primordial (big bang) deu origem não apenas ao mundo material como também ao cenário onde o cosmo está mergulhado, os seja o espaço-tempo. Desde o instante inicial do big bang o espaço-tempo tem se propagado com a velocidade da luz uniformemente em todas as direções fazendo com que o universo ocupe agora um volume limitado, embora ainda em expansão. É claro, então, que além dos limites do universo sempre se encontrará algo de indefinível, mas que não é espaço vazio, pois o espaço-tempo ainda não chegou lá. Nessa região, que envolve totalmente o cosmo, o tempo não transcorre porque lá ele não existe. Assim, a visão cosmológica dos antigos pitagóricos apresenta, pelo menos na questão do tempo, uma considerável analogia com a estrutura do universo proposto pelos cientistas modernos.

Os efeitos dos corpos celestes sobre os assuntos terrestres tem sido observados e registrados por milhares de anos. Evidencia-se que nenhum sistema de conhecimento poderia ter sobrevivido às vicissitudes de centenas de eras se não estivesse fundamentado numa verdade demonstrável. Os antigos estavam convencidos por incontáveis observações que os corpos celestes não apenas influenciam os assuntos do mundo, mas também que tal influencia é periódica e consistente, e os elementos envolvidos podem ser representados numa Ciência Exata - a única Ciência Profética Exata que o Homem preservou.

"Assim como ao final do grande ciclo do ano sideral, medido pela precessão dos equinócios em torno do círculo do Zodíaco, os corpos celestes voltam a ocupar as mesmas posições relativas, assim também, no final do ciclo de Iniciação, a parte divina do homem recuperava seu prístino estado de divina pureza e conhecimento", do qual partiu para realizar sua peregrinação através da. Matéria, mas enriquecido pelas experiências então obtidas.

O mais antigo zodíaco circular conhecido se encontra em Dendera, no Egito. As constelações estão representadas no medalhão central, circundado por outro círculo que contem caracteres hieróglifos, contidos em um quadrado. As constelações zodiacais, misturadas a outras configuram uma espiral. Nas extremidades desta espiral após uma revolução estão Leão e Câncer.O Leão está sobre uma serpente e sua cauda é segurada por uma mulher.Após o Leão vemos uma Virgem segurando uma espiga de milho, e logo depois a balança (Libra), acima da qual num medalhão aparece a figura de Harpócrates. Em seguida vemos representados os signos deEscorpião e Sagitário, o qual foi representado como um Centauro alado com dupla face.Após Sagitário estão sucessivamente colocados Capricórnio (Cabra com rabo de peixe), Aquário (figura humana), Piscis (Peixe) , Áries (Carneiro), Taurus (Touro)e Geminis (Gêmeos) A precessão zodiacaltermina em Câncer (representado pelo escaravelho, o emblema da alma). Os planetas também são exibidos, com os signos nos quais estão exaltados (Vênus em Piscis; Marte em Capricórnio; Mercúrio em Virgo e Saturno em Libra). O círculo externo indica a precessão dos equinócios.

Esta era a forma de representar o universo no passado associando as constelações e conhecimentos existentes a sua relação esotérica, pois muito se não tudo que o homem tem e conhece ou foi ensinado pelas palavras do GADU ou transmutado das estrelas, ou seja, o conhecimento contido na estrutura do universo se deposita em forma de luz ao chegar a terra e este conhecimento depositado é transmutado e renasce como a fênix das cinzas em forma de ensinamento e de interpretações da lógica universal e das viagens físicas e mentais que a consciência percorre na sua busca através dos conhecimentos que uma vez assimilados são extraídos da forma mais pura de consciência e associados à essência do Universo e de sua infinita sabedoria.

BIBLIOGRAFIA:
1. Símbolos Maçônicos e suas origens Assis Carvalho Ed. A Trolha;
2. Comentários ao Ritual de Aprendiz, vol. 2 e 3, Nicola Aslan Ed. A Trolha;
3. Grau do Aprendiz e Seus Mistérios Dr. Jorge Adoum Pensamento;
4. Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom- Edit. A Gazeta Maçônica - 1a. ed. - 1985 - 2a. ed. 1992.
5. Maçonaria, um estudo completo Júlio Doin Vieira Ed. A Trolha;
6. Maçonaria Simbólica Raul Silva Pensamento;
7. Iniciação à Astronomia, Vol. 1 e 2 Euclides Bordignon Ordem Rosacruz;
8. Instruções de Aprendiz Adonhiramita GOSC
9. Ritual de Aprendiz Adonhiramita GOSC
10. Bíblia de Jerusalém Ed. Paulinas.

Fonte: http://conhecendomaconaria.blogspot.com

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