Fraternidade é um
conceito filosófico intrinsecamente ligado a Liberdade e Igualdade, com os
quais forma o tripé que caracterizou grande parte do pensamento revolucionário
francês. Dos três foi o único que não esteve presente no lema Iluminista, que
era “Liberdade, Igualdade, Progresso”.
No dicionário as seguintes definições de Fraternidade são
citadas: “Parentesco de irmãos ou irmãs, união fraternal, amor ao próximo, boa
inteligência entre os homens, harmonia”.
Para definir o que é fraternidade de modo plenamente
compreensível, torna-se necessário entender um pouco o termo “O Homem é um
animal político”. Este termo se origina das Pólis, as poleis definem um modo de
vida urbano que seria a base da civilização ocidental, mostraram-se um elemento
fundamental na constituição da cultura grega, a ponto de se dizer que o homem é
um "animal político".
A Ideia de fraternidade estabelece que o homem, como animal
político, fez uma escolha consciente pela vida em sociedade, por sermos seres
frágeis, porém dotados de inteligência, por não termos garras, presas fortes,
força como os animais que sempre nos rodearam, para a própria perpetuação da
espécie necessário era que vivêssemos unidos e prezássemos uns pelos outros,
caso contrário teríamos há muito sido extintos, assim como animais políticos
que somos escolhemos conscientemente pela vida em sociedade e para tal
estabeleceu para com seus semelhantes uma relação de igualdade, visto que em
essência não há nada que hierarquicamente nos diferencie, ou seja, somos como
irmãos (fraternos). Este conceito é a peça chave para o pleno exercício da
cidadania entre homens, pois o principio gerador a todos os homens é o mesmo
Deus. De certa forma a Fraternidade não é independente da liberdade e da
igualdade, pois uma depende da outra para existir.
O termo Fraternidade está expresso no 1º primeiro artigo da
“Declaração Universal dos Direitos do Homem” ao qual transcrevo a seguir:
“Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas
de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de
fraternidade”.
A palavra corriqueiramente é confundida com as expressões
caridade e solidariedade, embora tenham significados radicalmente diferentes. A
fraternidade expressa à dignidade de todos os homens, considerados iguais
perante o Deus e a todos lhes assegura plenos direitos (sociais políticos e
individuais).
É historicamente comprovada a participação de diversos
Maçons na Revolução Francesa e nesta temos aos montes em diversos momentos a
aparição do conceito Fraternidade, porém a ideia de afeto, união, carinho ou
parentesco entre Irmãos estava presente na palavra correspondente no grego
comum do primeiro século, adelfótes. Segundo o apóstolo Pedro era o tipo de
união que identificava os verdadeiros cristãos – Pedro 2:17, podemos ver com
estes que este conceito surgiu há muitos séculos atrás, embora só tenha dado o
devido desenvolvimento das práticas e entendimento do mesmo com a Augusta
Respeitável e Benemérita Ordem Maçônica.
Martin Heidegger (nascido na cidade de Meβkirch em 26 de
Setembro de 1889, falecido em Friburgo, 26 de Maio de 1976) foi um filósofo
alemão, foi um dos pensadores fundamentais do século XX - ao lado de Bertrand
Russell, Wittgenstein, Adorno e Michel Foucault - quer pela recolocação do
problema do ser e pela refundação da Ontologia (do grego ontos "ente"
e logoi, "ciência do ser", que é a parte da metafísica que trata da
natureza, realidade e existência dos entes, a ontologia trata do ser enquanto
ser, isto é, do ser concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a
todos e a cada um dos seres) quer pela importância que atribui ao conhecimento
da tradição filosófica e cultural. Influenciou muitos outros filósofos, dentre
os quais Jean-Paul Sartre.
Acompanhando o pensamento deste filósofo alemão supracitado
(Heidegger), temos a questão do ser, junto do universo, junto da questão da
existência. “A existência humana não é um simples fato, ela articula no próprio
ato” da sua manifestação, a questão do ser, existir, é habitar estaticamente na
verdade o “Ser”. Pensar é descobrir refletivamente o caminho do “Ser”, o que
não significa, originalmente, compreender algo, mas compreender que se está
situado, a encontro deste pensamento temos a ilustre frase do matemático e
filósofo francês Descartes “Penso logo existo” (“Cogito, ergo sum” que tem o
mesmo significado, ou ainda “Dubito, ergo cogito, ergo sum” que significa:
“Duvido, logo penso, logo existo").
Não como falar deste importante termo “Ser” sem falar de
Descartes, ou ainda de Soren Kierkegaard, nascido em Copenhague em 5 de maio de
1813, falecido também em Copenhague no dia 11 de novembro de 1855, foi um
filósofo e teólogo dinamarquês. Kierkegaard criticava fortemente o hegelianismo
(corrente filosófica desenvolvida por Hegel que pretendia reduzir a realidade a
uma unidade sintética dentro de um sistema denominado idealismos
transcendental) do seu tempo quer o que ele via como as formalidades vazias da
Igreja da Dinamarca.
Soren Kierkegaard e Martin Heidegger foram um dos maiores
influenciadores do “Existencialismo”, este termo foi aplicado a uma escola de
filósofos dos séculos XIX e XX, que apesar de possuir grandes e profundas
diferenças das demais em termos de doutrinas, partilhavam da crença que o
pensamento filosófico, começa com o Ser Humano, não simplesmente com o sujeito
pensante, mas em suas ações, nas vivências e sentimentos de um ser humano
individual. No Existencialismo o ponto de partida é a “atitude existencial”, ou
seja, a sensação de desorientação e confusão em face de um mundo aparentemente
sem sentido e absurdo, muitos dos existencialistas viam as filosofias
acadêmicas e sistêmicas, como sendo muito abstratas e longínquas das
experiências humanas concretas. Este pensamento como podem ver contraria a
dedução de Descartes, mas ao meu parco modo de ver uma não existiria sem que
antes tivesse existido um gerador do raciocínio.
Fazendo uso da Metafísica, da Ontologia do Existencialismo e
da famosa frase de Descartes, pensando para perpetuar a nossa própria
existência e também procurando dar a esta palavra uma maior valia, podemos
deduzir (diferente de assumir como única verdade) que o sentido da palavra
“Ser” é algo equivalente ao modo humano de ser interrogativo, superando a
realidade que a determina a aplicação em relação à compreensão.
Definindo a palavra “Ser”, podemos fazer uma alusão também à
palavra “Estar”, pois esta encerra em si o sentido de achar-se, encontrar-se em
dado momento, ter certo vestuário, ornamento ou acessório, achar-se em certa
colocação, posição, ou postura, pode referir-se também a estado de saúde,
residência, momento e outros diversos.
Em pesquisa me deparei que este assunto é diretamente
complementar a outra prancha já escrita (Diferença entre Ser e Estar Maçom).
Constatamos por este que o termo “Estar” em sintaxe de
regência, onde exposto as relações de interdependência entre a palavra e as
frases, podemos perceber que este além de mais fácil é menos filosófico por
constituição, representa algo passageiro que se está vivenciando, que estamos
passando, mas que muda de acordo com acontecimentos externos pela nossa própria
vontade, também por ações ou mesmo por falta delas.
Assim o entendimento de raiz, intrínseca desta palavra nada
mais é que algo que se vivencia e que pode ou não passar a fazer parte do
“Ser”.
Como disse anteriormente a diferença entre “Ser Maçom” e
“Estar Maçom”, consiste muito mais que a prática dos atos, que o exercício da
simbologia, da escrita e do estudo que esta Augusta Ordem nos proporciona. Um
“Ser Maçom” além de atos, tem dentro de si a vivência das realizações, uma
força que nos move ao verdadeiro sentido Maçônico, como abordado em outrora, ao
sermos iniciado estamos Maçons, mas após esta aqueles que amarem a importante
representatividade de tudo o que se encerra ao fato de sermos participes, assim
promovemos a busca incessantemente o conhecimento, duvidamos, questionamos,
formamos opiniões, colocamo-las em pauta, aprendemos a escutar uma possível
crítica sem esmorecer em nossos intentos, mudamos-nos há todos os dias
incessantemente sempre para melhor sempre coordenados e instruídos por nossos
irmãos com mais idade, porém nunca deixamos de aprender também com os novos
iniciados.
O Maçom é muito mais que alguém que frequenta ou não as
reuniões, “Ser Maçom” é muito mais que isso, somos mais que carregadores de
paramentos, anéis, luvas e símbolos, somos filhos da viúva, descendentes da
luz, eternos aprendizes, temos e mantemos vivo em nossas mentes que esta
condição, este estado é permanente e constitui nosso próprio ser.
Elevados a cada dia mais pelos ensinamentos Divinos
melhoramos de forma incessante nosso estado profano, este que constitui o
inicio de nossos conhecimentos, sem nos desfazer de nossos primeiros
conhecimentos, pois desfazer do primeiro, é assumir que nunca caímos assim não
poderíamos reconhecer o perigo, sem querer enxergar estaríamos em completa
ignorância e em estado permanente de cegueira, aquele que nunca viu o ABC nunca
irá conseguir montar uma frase por si, no máximo constituirá desenhos, que
representariam algo que lhe contaram, acreditando piamente naquilo que se
constitui como um dogma e não por falta de vontade, mas sim de capacidade de
discutir os fios filosófico-históricos que a formaram. Levamos dentro de nós a
seguinte frase ilustre de Sócrates que é: “Só sei que nada sei” e somos
incitados a isso no nosso dia-a-dia.
O Maçom que sai do estado profano e atinge francamente o
“Ser Maçom”, se afastará do ato de soberba, de orgulho ou arrogância, pois se
entendido e absorvido é o conceito, não nos damos à permissão de subjugar a
outrem.
Devemos ver, observar o erro, a distração e tudo o mais que
causam a doença em nosso amado mundo, conseguindo observar a estes nos
afastamos dos erros e não sucumbimos a estes.
Devemos entender que os bons atos abrangem a todos e a tudo,
devemos todos ter isso conosco, devemos focar a todos os seres humanos, pois é
destes seres “Existencialistas” que se resume ao bem, ou o infortúnio de uma
vila, de uma cidade, se um Estado, de uma nação e do mundo.
“Ser Maçom” é amar infindavelmente o próximo, não como a nós
mesmos, mas mais do a nós, muitas vezes no próximo mora a miséria, a fome, a
ignorância e até mais do que isso, pior do que isso, a falta de amparo e o
completo descrédito do bem e do justo é o normal em nosso mundo e quando agimos
diferente somos vistos como diferentes, e não o diferente para o lado bom, mas
o diferente estranho.
Dentro de nosso mundo de sofrimentos e desilusão, procuramos
unidos buscar o mínimo necessário para acreditarmos que o mundo não é ruim, mas
que na verdade está cheio de pessoas que tem em si a falta de esperança e
recobrar isso com pequenos atos não é uma utopia, mas sim uma grande alegria
que carregamos em nossos corações.
Somos fraternais e gostamos disto, buscar incessantemente o
melhoramento de nós mesmo, fazer o melhor possível para melhorar o meio em que
vivemos, temos convicção de que se Deus nos permitir, faremos juntos de nossos
Irmãos a mudança de toda a sociedade que hoje conhecemos, não temendo aos
diversos problemas que poderemos enfrentar.
JOÃO CARLOS
(67) 9251.8382 joaodelbianco@gmail.com
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