ESTRELA FLAMEJANTE
(republicação)
Recebi uma questão sobre a Estrela Flamejante de um Respeitável Irmão do GOB, REAA, que omito o nome, Loja, Oriente (Cidade) e Estado da Federação.
No Rito Escocês há como decoração do Templo do Grau de Aprendiz e do Grau de Companheiro a Estrela de Cinco Pontas que fica pendente sobre a mesa do Segundo Vigilante. Tenho visto que algumas Lojas insistem em mantê-la acesa em Grau de Aprendiz. Acredito que essa não seja a forma correta, sendo que ela somente deve ser acesa em Loja de Companheiro. O meu entendimento está correto?
A Estrela de Cinco Pontas, ou Estrela Flamejante não é objeto de estudo do Aprendiz Maçom. Ela aparece nesse Grau apenas como elemento decorativo por uma questão de praticidade evitando-se o desconforto de coloca-la no teto nas sessões do Grau de Companheiro. Nesse pormenor ela é então apenas citada na página 15 do Ritual de Aprendiz em vigência, inclusive sem nenhuma orientação para que ela seja iluminada, ou não.
Nesse sentido a Estrela não é citada como “ornamento” no Grau de Aprendiz, já que o ritual em vigência determina na segunda instrução que os ornamentos se constituem do Pavimento Mosaico (visível no piso da Loja), a Orla Denteada (visível no Painel do Grau) e a Corda de 81 Nós (visível na
frisa, ou base da abóbada).
Já em relação ao Segundo Grau, a Estrela não é um ornamento, senão um importante símbolo que é objeto de estudo do Companheiro e mantém a sua posição corretamente no Sul como uma estrela pendente do teto sobre a mesa do Segundo Vigilante que, dentre outros ela representa a Luz Intermediária entre o Sol do Oriente e a Lua do Ocidente – o Homem iluminado aperfeiçoado pela Geometria, ou 5ª Ciência das Artes Liberais no segundo “quatrivium” elaborado por Boécio. Esse símbolo é tão importante para o Segundo Grau que sugere a própria senha de reconhecimento - E∴ V∴ a E∴F∴.
Talvez por essa concepção intermediária, não como ornamento, alguns tratadistas resolveram iluminá-la do Grau de Companheiro, sugerindo que ela não é um corpo celeste com luz própria, senão um símbolo que recebe Luz.
Em relação ao Ritual do Segundo Grau em vigência, também não está prevista a prática de acender ou apagar a luz da Estrela. Ela simplesmente fica mantida pendente como elemento obrigatório de observação do Companheiro, já que dela, para o Segundo Grau, partem instruções sugeridas pela sua simbologia e alegoria.
O campo de instrução da Estrela Flamejante é extenso e profundo, já que deve haver uma explicação pela afirmativa de que o elemento Homem iniciado viu a Estrela. A questão é a de se aprender o significado desta visão.
Ainda sobre a Estrela do Segundo Grau no Rito Escocês ela é a única que aparece como elemento simbólico e alegórico, tendo a mesma raiz pitagórica e possui cinco pontas com um ápice apontado para cima.
Do mesmo modo a Estrela não pode ser confundida como membro que compõe a decoração da abóbada. É nesse sentido que ela aparece no ritual com “pendente do teto” e não “fixada no teto”.
Ainda nessa questão, nunca outra estrela de modo individual, é parte integrante do corolário doutrinário do Rito Escocês, já que alguns sugerem ainda uma pretensa estrela de seis pontas no Rito em questão (aquela que alguns insistem na composição dos seis primeiros cargos – mera invenção).
Estrela de seis pontas é parte integrante do simbolismo do Craft Inglês, nunca do Rito Escocês que é filho espiritual da vertente francesa.
Ainda é oportuno explicar outra razão dessas “estórias de acender e apagar a estrela”. Em muitos rituais ultrapassados e eminentemente equivocados (o pior é que alguns ainda os defendem), em nome da “luz intermediária” alguns “entendidos” acharam por bem inserir a Estrela Flamejante dentro do Delta que é um símbolo universal também dentro da Maçonaria como a representação da Divindade.
Além da “lambança” criaram um elemento altamente contraditório ao inserir o Homem na representação Divina. Todo esse mistifório fora embasado na “luz intermediária”, já que a lei do menor esforço seria a de colocar a Estrela entre o Sol e a Lua do retábulo do Oriente (parede imediatamente atrás do lugar do Venerável).
Assim os pseudos entendedores enxertaram a Estrela no Delta e levaram junto à letra G e ainda por cima “decretaram” que a letra G significaria o “Grande Arquiteto do Universo”. Assim mais uma contradição era criada porque o Delta Radiante, geralmente simbolicamente iluminado, recebia despropositadamente a Estrela que no conjunto equivocado acabaria por adquirir iluminação – essa é uma das razões do tal acende e apaga da Estrela.
Obviamente que esses “inventores” esqueceram que realmente a Estrela fica entre o Sol e a Lua, porém entre aqueles representados na abóbada, o que em linhas gerais representa a o ponto intermediário no trajeto do Obreiro que parte iniciaticamente do Ocidente em direção à Luz no Oriente.
Dado a mais esse procedimento enganoso é que de maneira falsamente interpretada colocaram a Estrela dentro do Delta e ainda por cima criaram a contradição de conduzir o protagonista durante a Elevação até o Oriente para ver a Estrela (note que isso ainda se faz presente inclusive no nosso Ritual em vigência). Além de errado, ainda comete-se o desatino de se fazer ingressar no Oriente, que é privativo dos Mestres, um Irmão que ainda não alcançou a plenitude maçônica. O Companheiro vê a Estrela do Ocidente, onde inclusive ela, e ele estão situados, nunca do Oriente.
Finalizando. Na questão de iluminar ou não a Estrela o ato não está previsto nos rituais em vigência, assim como o símbolo não está prognosticado como ornamento da Loja (página 175 do atual Ritual de Aprendiz).
Resumindo: a Estrela não é iluminada em nenhum grau simbólico do Rito em questão.
E.T. – Nos provimentos que estou preparando para correção dos rituais, está prevista a correção de não mais se levar o elevando ao Oriente para V∴ a E∴ F∴.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.199 – sábado, 14 de dezembro de 2013
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