Em 24/06/2018 o Respeitável Irmão Thiers Antonio P. Ribeiro, Loja Antonio Lafetá Ribeiro, REAA, GOMG - COMAB, Oriente de Montes Claros, Estado de Minas Gerais, apresenta a questão que segue:
AVENTAL PELO LADO AVESSO
Ao me encaminhar para minha Loja para uma Sessão do Grau 3, encontrei os Irmãos paramentados com o avental pelo avesso. Pergunto: isso é correto ou é mais uma invenção desses "ritualistas" que nada entendem de Maçonaria?
Motivo lógico para o uso do avental pelo lado avesso realmente não existe, nem mesmo sob a alegação de luto.
Na realidade ainda existem rituais no Brasil que apregoam o uso do avental pelo lado avesso em um determinado período de uma cerimônia de um determinado grau.
Muito embora estando prevista em alguns rituais em vigência, pelo que obriga os maçons a segui-la, sem dúvida alguma essa é uma resolução completamente equivocada.
Desafortunadamente no REAA essa prática fora adquirida na época em que ainda existiam as Lojas Capitulares, cujas quais tinham sob a sua égide, além dos graus simbólicos, também a Perfeição e o Capítulo.
Nesse particular, o avental do 18º Grau possui a característica de ter duas faces decoradas, sendo a principal que é a externa comumente usada e a secundária que é a interna e na cor encarnada utilizada em momento específico. Destaque-se que esse avental não possui lado avesso, porém duas faces.
Segundo o saudoso Irmão Francisco de Assis Carvalho, com quem eu também concordo, foi devido ao uso desse avental de duas faces que surgiu a ideia de também se utilizar as alfaias de Mestre (colar e avental) pelo lado avesso, justificando para tal a alegórica consternação (luto) que é própria de uma cerimônia que envolve a Câmara do Meio – destaque-se, entretanto que o avental capitular, que possui a face interna vermelha, só serviu como ideia, pois ele nada tem a ver com sentimento de dor e tristeza.
Certamente, a imaginação latina atingiu de pronto o avental simbólico do Mestre, isso porque resolveram revestir indiscriminadamente o avesso do avental e do colar com forro de cor negra em alusão ao pretenso “luto”. Por certo aproveitando o teatro simbólico proposto pela lenda hirâmica – tudo na mais profunda e pura fantasia.
A despeito disso, muitos rituais passaram a orientar essa prática sem sentido algum, pois em nome da fantasia acabaram desconhecendo que esse simbolismo não existe, pois em qualquer circunstância, o avental do Mestre Maçom deve ser usado pelo seu lado direito. A cor do forro nesse caso é o que menos importa, lembrando que não é universal a utilização de forro na cor negra para o avesso do avental e do colar. Dependendo do rito ela pode variar, o que faz com que a “teoria” do luto caia por terra. A propósito o ideário da consternação existe, porém está presente na decoração da Loja em Câmara do Meio e não no avental.
Assim, a turma do copiar e colar vem perpetuando esses anacronismos, sobretudo aqueles que sem critério acham que qualquer ritual antigo é sinônimo de verdade. Não vai longe e a ainda encontramos aventais com crânio e tíbias cruzadas pintadas no avesso negro do avental como fosse ele uma bandeira de pirata, coisa que sem qualquer significado só serve para deturpar um dos mais importantes símbolos do maçom - o avental.
Não quero nem comentar e nem entrar no mérito de certos rituais de pompas fúnebres que, em alguns casos, andam por aí a piorar ainda mais a situação.
Respeitados autores, a exemplo do já mencionado Xico Trolha, assim como José Castellani e Theobaldo Varolli Filho, sempre que possível refutavam a barbárie de se usar em qualquer tempo e situação o avental de Mestre pelo lado avesso, fato esse com o qual eu concordo plenamente.
Muito ainda se poderia abordar, entretanto é melhor não despertar a crítica dos puristas de plantão que podem se arvorar contra a “exposição de segredos” ou mesmo os defensores do “sempre foi assim na minha Loja”.
Concluindo, devo acrescentar que não estou incentivando desrespeito a rituais legalmente em vigência e que apregoam práticas contrárias às minhas explanações. Os meus comentos tem apenas o objetivo de despertar no leitor o desejo de investigar a razão das coisas.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br
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