Rui Bandeira
O tema Tolerância já deu, este mês, lugar a onze textos, cinco meus e seis do JoséSR. Parece-me ser tempo de encerrar o tema, sob pena de se criar uma monotonia no blogue. Julgo, porém, útil fazê-lo com uma menção à Tolerância do ponto de vista do maçon.
O JoséSR e eu expusemos os nossos mútuos entendimentos da Tolerância, em termos gerais. Não são coincidentes e não há qualquer problema nisso. Possivelmente, as diferenças entre nós resultarão mais de cada um olhar o conceito de diferente perspectiva e segundo o seu próprio temperamento do que de reais e profundas divergências: o JoséSR, mais directo e com tendência para o maniqueísmo, tenderá a deter a sua atenção no que eu considero uma prática de perversão do conceito, que merece ser realçado na sua pureza; eu, mais conciliador e com tendência para as soluções "diplomáticas", olharei para o que o JoséSR considerará uma idealização do conceito, não prescindindo ele de atender ao que, no seu entender, a prática do mesmo lhe parece ter de dúbio e perigoso.
No entanto, mais aparente ou mais real, mais ou menos bem fundamentada, a divergência por nós exposta e discutida abertamente respeita apenas ao conceito geral de Tolerância.
Sobre o entendimento que em Maçonaria se tem de Tolerância - aquilo a que eu, no título deste texto, com assumido risco de impropriedade a troco de mais fácil entendimento, chamo de Tolerância Maçónica - não temos, seguramente, absolutamente nenhuma divergência, nenhum entendimento diferente. Resulta essa minha certeza de ambos seguirmos, fiel e estritamente, os princípios da Maçonaria Regular e de, entre eles, se contar o constante no sexto Landmark, que dispõe:
A Maçonaria impõe a todos os seus membros o respeito das opiniões e crenças de cada um. Ela proíbe-lhes no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política ou religiosa. Ela é ainda um centro permanente de união fraterna, onde reinam a tolerante e frutuosa harmonia entre os homens, que sem ela seriam estranhos uns aos outros.
A Maçonaria é (por definição, diria eu) um espaço de Liberdade em que reina a Igualdade superlativada pela Fraternidade. Todos os maçons são iguais, se consideram iguais e consideram seus Irmãos seus iguais - por isso lhes dão esse tratamento de Irmãos! Nem mesmo o exercício de funções de direcção de Loja ou, mesmo, de Grande Loja, alteram essa situação: o Venerável Mestre de uma Loja, ou o Grão Mestre da Obediência, encaram como iguais a si próprios e exactamente na mesma medida, o mais antigo e respeitado maçon e o mais recente Aprendiz. Porque o mais respeitado maçon já foi um nóvel Aprendiz (e se deve sentir sempre como o Aprendiz que por toda a vida é...) e o mais recente Aprendiz só foi admitido na Ordem porque foi julgado digno de, se assim vier a suceder, vir a ser o Grão Mestre!
Neste espaço ímpar de Igualdade e Fraternidade, a Tolerância a que o Landmark se refere é bem mais exigente, bem mais pura, do que a praticada profanamente. E, consequentemente, não há, em relação a ela, receios de perversão ou de posturas de superioridade. O maçon respeita a opinião ou a crença de seu Irmão como sabe que ele respeita a sua: de olhos nos olhos e corações abertos, com um abraço fraterno, iguais entre iguais!
Os maçons não aceitam, não praticam, não concebem, menos do que isso!
E isto não tenho qualquer dúvida que o JoséSR ou qualquer outro dos meus Irmãos assina por baixo!
Fonte: https://a-partir-pedra.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário