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domingo, 23 de fevereiro de 2020

COLUNAS ZODIACAIS NO RITO BRASILEIRO?

Um Respeitável Irmão do Rito Brasileiro de Loja da constelação do GOB-PR me enviou, para meu parecer, uma peça de arquitetura versando sobre Colunas Zodiacais no Rito Brasileiro. Alegam os instrutores da Loja que o Aprendiz apresentou um trabalho com conteúdo inerente ao REAA e não ao Rito Brasileiro.

COLUNAS ZODIACAIS

De pronto devo mencionar que não há como comentar um tema que envolve as Colunas Zodiacais no Rito Brasileiro, isso simplesmente porque elas não pertencem ao corolário simbólico desse rito, fato que pode ser constatado no seu próprio ritual em vigência, onde em momento algum há referência a essas Colunas.

Entendo que a Loja não deveria solicitar ao Aprendiz um trabalho envolvendo um tema que não pertence ao seu Rito e, pior ainda é depois alegar que o que texto apresentado pelo Aprendiz tinha muito a ver com outro Rito e não com o Brasileiro. Ora, mas isso é muito lógico, pois as Colunas Zodiacais são alegorias iniciáticas do escocesismo, não do Rito Brasileiro – parece que o Aprendiz se virou como pode.

As Colunas Zodiacais pertencem à decoração dos templos do REAA e representam as etapas de aperfeiçoamento maçônico pelas quais passam os Aprendizes, Companheiros e Mestres. Entenda-se que isso é doutrina do REAA, e não do Rito Brasileiro.

Em linhas gerais, no escocesismo cada Coluna Zodiacal projeta na base da abóbada a correspondente constelação do Zodíaco, sugerindo com isso, emblematicamente nas paredes do Templo, o alinhamento Terra, Sol e Constelação Zodiacal que se dá durante o percurso anual que o nosso Planeta faz em torno do Sol. A essa faixa de constelações dá-se o nome de Zodíaco. Desse modo, dependendo do ponto no espaço pelo qual esteja passando o planeta Terra, inclinado em aproximadamente 23º sobre o seu plano de órbita, produzem-se as estações do ano (opostas em cada hemisfério terrestre). Esses ciclos se dividem em quatro grupos que englobam cada qual três constelações (3 x 4 = 12). Esse equilíbrio do Universo, em relação à Terra em que vivemos, é representado no REAA como uma alegoria iniciática, associando os ciclos da Natureza às etapas da vida humana. Destaque-se que essa associação é feita por um Rito que nasceu no hemisfério Norte, portanto os ciclos naturais são aqueles que ocorrem na meia-esfera setentrional. 

Para seguir esse ciclo como rota iniciática, no REAA as Colunas Zodiacais se distribuem nas paredes do Templo coincidindo com as estações do ano no hemisfério Norte – Áries, no topo do Norte e junto ao canto com a parede ocidental corresponde ao dia 21 de maço que é o início da primavera no Norte. Simboliza o Aprendiz que acaba de ser iniciado ao sair das profundezas da terra (Câmara de Reflexão) para renascer na Luz da primavera que se sobrepõe às trevas do inverno. É uma alegoria do renascimento e o caminho pelo ciclo da vida.

Entenda-se então que esse emblemático caminho é representado pelas doze Colunas Zodiacais e só fazem sentido para os ritos que têm os Aprendizes ocupando o topo da Coluna do Norte e os Companheiros o topo da Coluna do Sul. Não há como inverter o Zodíaco, pois se assim fizéssemos estaríamos invertendo a posição do Universo. Com isso, ritos que colocam seus Aprendizes na Coluna do Sul não têm como se servir dessa alegoria.

Embora o Rito Brasileiro tenha se originado basicamente no REAA, o seu nascimento, diferente do Escocês que viera do Norte, se deu no hemisfério Sul e com isso o seu caminho iniciático se inverte onde os Aprendizes ocupam o Sul e os Companheiros os Norte. Dado a isso não há como seguir a disposição das Colunas Zodiacais que originalmente e de acordo com o Universo indicam um caminho iniciático que se inicia em Áries colocado na Coluna do Norte. Inverter as Colunas Zodiacais para se adequar ao rito que se originou no hemisfério Sul não é possível pois isso seria contraditório ao que prevê a Lei Natural. Em síntese, não há como trazer uma constelação que se situa na abóbada ao Norte simplesmente para o Sul. Seria conflitante inverter posições das constelações que se apresentam fixas no firmamento.

Dessa forma, o Rito Brasileiro, originalmente não adotou as Colunas Zodiacais, pois seria ilógica a sua caminhada iniciática já que a primavera no hemisfério Sul não se inicia em Áries, porém em Libra, sobretudo levando-se em conta que a caminhada iniciática deve, em qualquer circunstância, se iniciar no extremo do Ocidente, como em Áries, por exemplo, e não em Libra que se situa próxima à grade do Oriente. Cabe destacar que o termo "topo" das Colunas do Norte e do Sul corresponde às paredes Norte e Sul na parte Ocidental do Templo.

Assim, reitera-se que o Rito Brasileiro não tem no seu corolário simbólico as Colunas Zodiacais decorando seu Templo. Se elas porventura viessem aparecer nesse rito elas seriam produto de equívoco. A isso dá-se o nome de enxerto. Pode até parecer bonito, mas não condiz com a doutrina do rito. Essa é uma conduta que só semeia incertezas.

Dado a esses comentários é que muito me estranha ver Mestres Maçons solicitarem a um Aprendiz da sua Loja uma peça de arquitetura abordando um símbolo, uma alegoria, ou um tema estranho ao rito por ela praticado. Seria interessante que os "instrutores" da Loja tivessem antes o discernimento de saber que não há como fazer alterações na originalidade iniciática de um rito em detrimento de outro - no caso do REAA para o Rito Brasileiro. O certo é escolher um tema condizente com o rito que a Loja pratica.

Finalizando, cabe ainda comentar que as mensagens colhidas dos símbolos devem satisfazer a doutrina do rito, nunca se adotando emblemas aleatoriamente simplesmente por acha-los bonitos ou interessantes. A Maçonaria, como uma Instituição investigadora da Verdade, não admite no seu seio conceitos e concepções que não possuam fundamento. Explicar um símbolo ou uma alegoria é necessário antes saber a razão da sua presença na estrutura doutrinária daquele rito. Trocando em miúdos, é saber antes o porquê de ele estar ali colocado. Embora o objetivo da Moderna Maçonaria seja um só, cada rito possui características próprias que merecem rigorosa observação.

T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br - 22/02/2020

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