A MAÇONARIA E A PERFEIÇÃO
José Luis Crepaldi
Quando faço um retrospecto desde antes da minha entrada para
a Maçonaria, lembro-me muito bem da minha expectativa. Após a formalização do
convite a primeira questão que me veio à mente foi a seguinte: O que será que a
Maçonaria poderá fazer por mim? Em que ela poderá me ajudar? Hoje, passados
alguns poucos anos desde a minha Iniciação, percebi que o maior ensinamento que
ela poderia me dar, ela já deu: o de que, na verdade, quanto mais nos
esforçamos para aprender e crescer, mais consciência adquirimos de que muito
pouco ou quase nada sabemos.
Nossa caminhada pela vida torna-se mais interessante numa
relação diretamente proporcional ao nosso desejo de conhecimento e
auto-crescimento. É interessante quando notamos que, na busca da Grande
Verdade, vamos cada vez mais e mais adquirindo novos conhecimentos e, ao mesmo
tempo, também nos apercebemos do quão pouco sabemos e o quanto ainda temos para
trilhar deste caminho de aprendizado.
Na verdade a Maçonaria acabou por me dar a maior lição que
talvez eu jamais tenha tido em toda a minha vida: a de que antes de
perguntarmos o que ela poderá nos dar, deveríamos perguntar-nos o que é que nós
podemos e devemos dar ao Planeta através dela. Digo isto porque hoje não tenho
dúvidas de que o fato de ser Maçom é apenas uma graça que me foi concedida, um
instrumento e um caminho que me foi aberto graciosamente, através do qual eu
possa traduzir em gestos e atitudes concretas a minha contribuição para o
engrandecimento do ser humano e da Gloriosa Criação do GADU.
Muitas vezes incorremos no erro de duvidar da nossa
capacidade de transformar o mundo, achando que de nada adiantaria o nosso
esforço pessoal para provocar transformações que venham beneficiar a
humanidade. A cada passo que damos rumo ao auto-crescimento já estamos
colaborando para melhorar a consciência coletiva da humanidade, da qual fazemos
parte, quer queiramos ou não. Hoje não tenho dúvidas de que a Maçonaria espera
que todos nós possamos contribuir cada vez mais e mais para atingirmos uma
consciência universal de civilização planetária iluminada. Esta contribuição só
será possível a partir do momento que tomarmos plena consciência de que há
muito trabalho a ser feito e não há mais tempo a perder.
No mundo profano, com raras exceções, notamos que as pessoas
que ocupam cargos de destaque, ou até mesmo posições de chefia de pequena
escala, fazem questão de ostentá-la com um orgulho desmedido, até mesmo próximo
da presunção. O que nós necessitamos, com a maior brevidade possível, é entender
que qualquer posição que venhamos a ocupar em qualquer área, subentende uma
maior responsabilidade e maior capacidade de doação de nossa energia para bem
desempenhar o nosso papel. Quanto mais alto o cargo que se venha a ocupar,
maior será a nossa responsabilidade no que tange ao desempenho que teremos de
ter. Não obstante, por inúmeras vezes, observamos que as pessoas entendem que
um cargo ou uma posição elevada e de destaque é meramente um prêmio para que
possamos lustrar o nosso orgulho.
Dentro da Maçonaria devemos praticar cada vez mais e mais o
exercício da Humildade para estarmos sempre atentos e nunca incorrermos na
soberba. O verdadeiro Maçom é aquele que tem a noção da responsabilidade dos
Graus que possui ou dos Cargos nos quais está investido. Não podemos perder de
vista jamais a exata noção de que, quanto mais alta a posição que se possa ter
perante os irmãos, imensamente maior se torna a responsabilidade, seriedade,
dedicação, amor e humildade que deveremos ter para bem desempenhar nossas tarefas.
Quando tudo isso começa a nos preencher e apontar a direção
que devemos seguir, vez por outra somos assaltados por um questionamento
interior que tenta nos cobrar o fato de sermos tão imperfeitos. Nesta hora
parece que tudo desmorona e a apatia tenta instalar-se furtivamente em nossos
corações. Sobretudo porque a nossa meta de desenvolvimento pessoal é a busca da
Perfeição. Neste particular devemos estar sempre atentos para não tornarmos a
nossa vida num inferno inútil, através de cobranças demasiadas e auto-flagelos
pessoais. Ao reconhecermos que erramos devemos conceder sem demora o
auto-perdão, assimilar o fato de que nossa existência é na verdade o nosso
laboratório pessoal de auto-conhecimento, auto-aprimoramento e evolução.
É muito interessante quando resolvemos prestar mais atenção
nos fatos e nas ocorrências de nosso dia-a-dia. Via de regra costumamos
atribuir muitos acontecimentos ao simples acaso, a meras coincidências. Porém,
em algum momento sempre um pouco mais a frente começamos a nos aperceber e até
mesmo a entender fatos passados, enxergando com muito mais clareza que a vida
não é feita de casualidades mas sim de causalidades.
Por tudo isso é que acho necessário que pratiquemos muito a
humildade durante todos os trabalhos de nossa vida. Se cometermos o equívoco de
viver lustrando o nosso Ego com auto-suficiência e zelo desmedido é certo que,
quando da tomada de consciência da nossa pequenez diante da Gloriosa Criação, o
tombo será demasiado grande, aumentando ainda mais as dificuldades que enfrentaremos
para reerguermo-nos. Necessário se faz, portanto, que antes de mais nada
assumamos esta nossa condição de imperfeição, não como um castigo ou como uma
condenação eterna, mas antes como um grande, e porque não dizer também,
grandioso caminho a percorrer rumo a esta tão almejada e distante perfeição.
Porém é preciso que não nos deixemos abater por tantos obstáculos que
certamente temos encontrado em nossas vidas e também pelos que ainda virão,
pois o G A D U certamente espera que venhamos a atingir os estados de
consciência que Ele traçou para nós para que possamos integrar cada vez mais e
com maior poder de engajamento esta maravilhosa Criação Abençoada.
Não devemos contudo assumir uma postura de conformação com o
nosso atual estado de desenvolvimento. Precisamos é aprender a lidar com nossas
limitações de forma tal que possamos expandir cada vez mais e mais os seus
limites. Para isso se faz necessário que, antes de mais nada, comecemos a amar
e respeitar este nosso laboratório pessoal que é a nossa existência, não
deixando que o abatimento, a desesperança e o desalento tenham espaço em nossas
vidas. Imediatamente após a tomada de consciência que um fato, uma atitude ou
uma simples idéia não irá colaborar para o nosso aprimoramento moral e formação
de caráter é preciso que adotemos uma postura de compreensão e perdão, não só
com pessoas ou agentes externos que tenham porventura sido os protagonistas da
situação, mas também e sobretudo conosco pois, certamente, iremos notar que na
grande maioria das vezes e porque não dizer sempre, estamos apenas recebendo de
volta as freqüências de energia que emitimos para o Universo. Só o fato de
reconhecermos esta simples verdade já nos torna mais capazes de trilhar este
longo, difícil, intrincado mas, sobretudo, maravilhoso caminho rumo à
Perfeição.
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