COMO DEVE
PRATICAR-SE A CARIDADE
(Desconheço o autor)
(Desconheço o autor)
Fala-se também muito, na
Maçonaria e em outras instituições filantrópicas, da caridade e beneficência,
como deveres que os mais afortunados tem para com os "desafortunados e
deserdados da sorte". Mas, dificilmente a caridade e beneficência chegam a
ser verdadeiramente caritativas e benéficas, porquanto procedem do erro, bem mais
que da verdade, e assim contribuem muitas vezes a reforçar e tornar estático ou
crônico o mal que querem eliminar, reforçando sua raiz.
Como ensinado por todos os sábios
em todos os tempos (e esta pode ser, de certa maneira, a pedra de medição da
verdadeira Sabedoria), a raiz e a causa primeira de todos os males, deve ser
procurada no erro ou na ignorância. E até que não se remedie este erro e esta
ignorância, toda a forma de caridade não será mais que um paliativo, pois não
elimina a raiz do mal, senão que muitas vezes a torna ainda mais forte e vital
com a própria consciência do mal que estimula.
Por exemplo, não há dúvida que o
Tronco de Solidariedade oportunamente circulando em favor de um irmão
necessitado, ou de outro caso piedoso, possa constituir uma ajuda útil e
providencial a ajuda direta a esta ou aquele irmão. Mas, se a ajuda pecuniária
(cujo valor e efetividade não podem ser senão temporais e transitórios) é
acompanhada pelos presentes, como quase sempre acontece, por seus sentimentos e
pensamentos de compaixão, e pior ainda, de comiseração, ou, se a pessoa
necessitada for considerada impotente e em estado de inferioridade, a
influência destes pensamentos de compaixão, e pior ainda, de comiseração, ou,
se a pessoa necessitada for considerada impotente e em estado de inferioridade,
a influência destes pensamentos torna muito pouco desejável e efetiva a ajuda,
pois que contribui para abater bem mais que a realçar seu estado moral e a
confiança em si mesmo.
O mesmo deve ser dito, e com
maior razão, de toda forma de beneficência que mais que uma simples e
espontânea manifestação do espírito de fraternidade entre irmãos livres e
iguais, torne manifesta a distância entre benfeitor e beneficiado, ou de alguma
forma em humilhação, se transforme para este a dádiva, com a qual paga muito
cara a ajuda recebida. Não vamos dizer nada da beneficência que serve de
pretexto à ostentação e à vaidade, pois neste caso dificilmente poderá
considerar-se digna de tal nome.
A verdadeira beneficência deve
ser secreta e espontânea e não deve envolver em si nenhuma forma de humilhação.
Prever as necessidades de um irmão que se ache manifestamente em dificuldades é
muito mais fraternal que esperar que este peça uma ajuda, pois com o pedido
esta já está quase paga e nada se paga tão caro como quando se pede.
A mão que dá com verdadeiro
espírito de fraternidade deve ser escondida, e "a esquerda não deve saber
o que faz a direita". Deveria assim condenar-se absolutamente a prática em
uso em algumas Lojas, de pedir a outras uma contribuição para ajuda a algum
irmão, especialmente dando o nome deste irmão. Nem na própria Oficina deveria
ser divulgado o nome da pessoa socorrida, pois não há necessidade de que se
torne conhecida, com exceção daquelas que diretamente intervêm para ajudá-la.
A MAIS
VERDADEIRA AJUDA
Ainda que a ajuda direta possa
ser, em alguns casos, útil e necessária (sempre que for uma verdadeira
manifestação espontânea de solidariedade e fraternidade) é muito melhor
dirigir-se à raiz do mal, em vez de contentar-se com remediar temporariamente
seus sintomas exteriores.
A pessoa que se acha em
circunstâncias materiais difíceis tem antes de tudo, necessidade de ser ajudada
espiritual e moralmente, com pensamentos positivos que reergam seu estado de
ânimo abatido, e tenham para ela o efeito das palavras taumatúrgicas: Levanta-te
e anda! Ajudar um irmão a caminhar sobre seus próprios pés é muito melhor que
provê-lo de muletas. Facilitar um meio de ganhar por si mesmo aquilo de que
necessita é muito mais fraternal, desejável e digno que facilitar-lhe uma ajuda
que o ponha, como beneficiado, em condições de inferioridade.
Mas quando isto não for possível
momentaneamente, compartilhar o que temos, com verdadeiro espírito de
solidariedade fraternal, segundo o próprio ditado da consciência, deve ser
considerado como um dever elementar, um privilégio e uma oportunidade para todo
iniciado que verdadeiramente sinta em seu coração o laço de fraternidade, a
mística cadeia de união que o une a todos os seres, e em particular aqueles com
os quais tem uma mais profunda afinidade moral e espiritual.
As precedentes considerações não
devem ser entendidas com meios para afastar alguém de seus deveres de
solidariedade para com seus semelhantes em geral, e seus irmãos em particular,
mas ao contrário, para que eles sejam melhor atendidos e praticados, despojados
de toda ostentação por parte de quem dá e de toda humilhação por parte de quem
recebe, como convêm para uma verdadeira expressão do espírito maçônico, que não
pode ser nunca isolamento negativo nem deprimente solicitude.
Elevar-se sobre os sentimentos e
os conceitos profanos de caridade, para realizar a verdadeira fraternidade dos
iniciados, na qual aquilo que é feito por um irmão possui o mesmo espírito como
se fosse feito para si mesmo, sem que disso nasça nenhuma obrigação ou dever de
mostrar-se reconhecido, este tem de ser o ideal de todos os verdadeiros maçons.
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