O SIGNIFICADO DA ACLAMAÇÃO
(Desconheço o autor)
Aclamação, segundo o dicionário Aurélio, é definida como:
- Ato ou efeito de aclamar; ou ação;
- Manifestação da ascensão de um soberano ao trono;
- Testemunho, prova, manifestação.
Aclamação, segundo o dicionário da Maçonaria, é definida, ainda, como:
Interjeição solene que, em certos Ritos, acompanha o Sinal e a Bateria do Grau quando da abertura e do encerramento dos trabalhos.
Segundo José Castellani, a aclamação, nos Ritos que a possuem, deve ser feita em altos brados. Esclareça-se que o correto é aclamação e não exclamação, como consta de alguns rituais.
Aclamar é levantar clamor, é bradar aplaudindo, é proclamar a soberania.
Através de algumas pesquisas tentaremos escrever sobre as palavras utilizadas como aclamação nos diversos Ritos.
No Rito Escocês Antigo e Aceito é Huzzé! Huzzé! Huzzé!
No Rito Moderno ou Francês é Liberdade! Igualdade! Fraternidade!
No Rito Adonhiramita é Vívat! Vívat! Vívat!
No Rito Brasileiro é Glória! Glória! Glória!
No Rito York não existe a aclamação.
No Rito Schroeder não existe a aclamação.
A aclamação tem um sentido mais esotérico, seja no início, no final dos trabalhos ou no momento oportuno; trata-se de proferir em voz alta, de forma uníssona, determinadas palavras. Aclamação tem a finalidade de "criar" vibrações fortes destinadas a suprimir as vibrações negativas existentes. Na Loja Maçônica o V∴M∴ "comanda", no início dos trabalhos através destas palavras preparando o ambiente espiritual, afastando os resquícios de vibrações negativas trazidas para dentro do Templo pelos IIr∴, ao término dos trabalhos, é exclamado novamente estas palavras, com a finalidade de "aliviar" tensões surgidas durante os mesmos, quando algum Ir∴ trouxer vibrações negativas, recalcitradas dentro de si, bem como, fortalecer os IIr∴ com a energia positiva adquirida durante a sessão para que eles levem-na consigo ao deixarem o Templo.
Essas palavras provocam a expulsão do ar impuro, é substituído pelo "Prana" que se forma no Templo, harmonizando assim, a todos numa escala única, num nível salutar, capacita o Maçom a receber em seu interior as benesses da Loja.
Dando continuidade as explicações vemos que desde os tempos mais antigos era comum entre egípcios, hebreus e outros povos, o uso de sons vocálicos (mantras), que têm a finalidade de despertar e estimular os vários centros psíquicos do nosso corpo.
Na igreja católica, "cantos gregorianos", cujas entonações de vozes com notas musicais prolongadas agem como verdadeiros mantras, nos dão uma sensação de paz interior e felicidade, principalmente sincronizados e concentrados nos sons musicais emitidos pelo coral.
Há séculos os rosa-cruzes utilizam os sons vocálicos com o objetivo de se harmonizarem com as leis cósmicas e de agirem positivamente sobre os Ser físico, psíquico e espiritual.
ORIGEM DESSAS PALAVRAS NOS DIVERSOS RITOS:
R∴E∴A∴A∴
A palavra de aclamação é HUZZÉ! HUZZÉ! HUZZÉ! a qual segundo Rizzardo da Camino, em seu livro "Simbolismo do Segundo Grau", a palavra HUZZÉ é de origem hebraica e significa Ciência, Justiça, Trabalho.
A grafia em árabe é HUZZA, nome dado a uma espécie de Acácia consagrada ao sol como símbolo de imortalidade que tem como significado Força e Vigor. Os antigos árabes serviam da palavra HUZZA nas suas aclamações já que é também um dos nomes de Deus em sua língua.
Os árabes transmitiram as palavras aos ingleses que, por sua vez, as transmitiram aos franceses. Então, já com novo significado: "Viva o Rei!"
Segundo Jules Boucher, em seu compêndio "Le Symbolique Maçonique" temos que: HUZZÉ (HUZZA) significa grito de alegria dos maçons do R∴E∴A∴A∴ que significa "Viva o Rei". Assim, os maçons manifestavam sua alegria e patriotismo.
Vimos que a palavra HUZZA foi transmitida pelos árabes aos ingleses.
Como é sabido a vogal "A" em inglês é pronunciada "ÊI". Os maçons ingleses escrevem "HUZZA" e pronunciam "UZÊ".
Os maçons franceses, para não mexer numa tradição secular, ou seja, manter sua língua-materna inalterada, alteraram a grafia para conservar a pronúncia.
Em francês, o acento agudo fecha o som do "E", com isso os maçons franceses escrevem "HUZZE" mas a pronúncia se mantém inalterada ("UZÊ").
No Brasil, quando da elaboração dos primeiros rituais, a palavra foi transmitida do francês, sem, entretanto, fazer menção a pronúncia. Com isso, o acento agudo que em francês fecha o som do "E", abre em português. Devido a isso, nós pronunciamos erradamente, já que talvez por descuido, quebramos a tradição, passando a pronunciar com o som do "E" aberto, ou seja, "HUZZÉ". Talvez o mais correto, como os franceses o fizeram, seria alterar a grafia para "HUZZE", conservando assim a pronúncia com o "E" fechado.
MODERNO OU FRANCÊS
Segundo o Ir∴ José Castellani, a aclamação original do rito era "vivat, vivat et in aeternun vivat" e que a partir do final do século XIV é que passou a ser Liberdade! Igualdade! Fraternidade!, sendo essa trilogia adotada em toda a França, mesmo em outros ritos.
Acreditou-se, durante muito tempo, que o Ir∴ Louis-Claude de Saint Martin teria sido o autor da fórmula "Liberdade, Igualdade, Fraternidade". Na verdade, não foi a Maçonaria a inventar esse ternário, mas a República Francesa de 1792. Respeitadora do poder público, a Maçonaria Francesa adotou em 1849, na época da II República, esta aclamação que figurava nos papéis do novo Estado.
Todavia, como a expressão Liberdade, Igualdade, Fraternidade tem sido adotada como divisa pelo REAA torna-se necessário que a mesma seja explicada, maçonicamente, as palavras que compõem a famosa trilogia para que o maçom conheça o seu verdadeiro significado. Para os maçons, a Liberdade não é a ilusão encerrada nas leis, porém, a nossa libertação da ignorância, do erro no qual elas nos mantém, do domínio das paixões que nos degradam e nos levam até o nível dos brutos.
A Igualdade, para os maçons, consiste na consideração racional de que todos os seres somos emanações distintas em aparência diferentes de um único princípio gerador; é, ao mesmo tempo, resultante de nossa vontade e de nosso raciocínio, pelo impulso que nos move a nos pormos a nível com os princípios imanentes da Eqüidade e da Justiça aceitos pela razão ilustrada e reclamados pelos vínculos sociais que são necessários para a vida do homem civilizado e seu progresso.
O sentido de Fraternidade desenvolve-se no Iniciado de maneira natural e espontânea, como conseqüência direta do conhecimento de um fato indiscutível, que é ensinamento fundamental maçônico, de que o gênero humano é uno, filho, manifestação ou emanação de um único Pai, o princípio gerador da vida, e de uma única Mãe, a Terra, de onde todos os seres saíram e que a todos alimenta e sustenta até o seu fim aparente, e que as diferenças de raças e de religião, são unicamente manifestações da influência de climas e costumes que revelam a múltipla manifestação da vida, mas que nada retiram do princípio fundamental a sua origem.
ADONHIRAMITA
Como o rito Adonhiramita é de origem francesa, bem como o RE , a aclamação Vivat! Vivat! Vivat! nada mais é do que a tradução de HUZZÉ! HUZZÉ! HUZZÉ! que significa Vida! Vida! Vida!. Portanto, o significado é tal qual o do R∴E∴A∴A∴.
A pronúncia correta do Vivat! é [vívat] devido a origem da mesma ser do latim e não [vivá] como algumas Lojas do Nordeste e do Sul o fazem devido a um equívoco achando que a palavra é de origem francesa pelo Rito ter a sua origem na França.
A aclamação é acompanhada pelo estalar dos dedos, primeiro no ombro esquerdo, depois no direito e por último acima da cabeça em formato triangular.
BRASILEIRO
No Rito Brasileiro foi escolhida uma palavra muito similar, isto é, com o mesmo significado de viva, ou seja, GLÓRIA! GLÓRIA! GLÓRIA! Apenas para dar peculiaridade ao rito, não querendo com isso dizer que foi copiada de outro rito.
Este Rito Brasileiro de que estamos falando, é o que tem Tratado de Amizade e Reconhecimento com o Grande Oriente do Brasil, mas, existe, todavia, outro Rito Brasileiro que nasceu da dissidência de 1973 e que tem sede na cidade de Cataguases, no Estado de Minas Gerais. Este Rito dá sustentação de Altos Graus à COMAB, isto é, dos Grandes Orientes Independentes do Brasil, o qual tem outra aclamação que é PÁTRIA! ORDEM! FRATERNIDADE!, cujo significado também é de viva, sendo diferente apenas para se diferenciar do Rito Brasileiro praticado pelo GOB.
O PODER DA PALAVRA
As vibrações que se formam pelas vozes de muitos, atingem a todos, proporcionando os benefícios necessários para a ocasião. Para reforçar o poder que as palavras exercem, mencionamos algumas aclamações a seguir:
AMÉM
Adjetivo verbal hebraico e significa fiel, certo. Era muito usada, e ainda é, como partícula para significar o assentimento às palavras do interlocutor, principalmente no fim das orações quando um rezava em nome de todos. Também, pronunciada individualmente ou em conjunto, emite vibrações positivas e de aprovação.
ÔM
Na prática da Ioga, este som é considerado o som do Universo. É a palavra criadora e é emitida em grupo ou individualmente, com a finalidade de invocar a presença da Força Maior, da Energia Suprema para purificar o Ser.
ALELUIA
É muito comum esta aclamação que, como tantas outras, também libera energia e demonstra alegria pela invocação de algum fato positivo.
CONCLUSÃO
Vimos o poder, vibração e energia que emana destas palavras, principalmente se pronunciada com união, entusiasmo e, principalmente com o conhecimento. É importante você saber o que fala. Se você tem o conhecimento do significado da palavra (HUZZÉ; LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE; VIVAT; GLÓRIA; AMÉM; ALELUIA; e outras), e ao pronunciá-la empregar este conhecimento, isto é, elevar o seu pensamento a seu significado, e daí, pensar e emitir o seu pensamento através da vibração do som, com certeza, neste momento você se comunicou com a Força Maior, ou você atingiu seu objetivo ou você usou a sua fé.
Quando falamos da necessidade do conhecimento do significado das palavras porque o nosso pensamento também tem poder. É vida. Não basta apenas emitir o som. É necessário emitir também a vibração celular, pois se cantarmos o mantra "paz, paz, paz" criando cenas de guerra em nossos pensamentos, qual seria o resultado?
O importante é que sempre pronunciemos a aclamação em voz alta, mas também em nossos pensamentos, pois com isso as vibrações que se formam pelas vozes trarão para dentro da Loja e para nossos corações a presença forte do G∴A∴D∴U∴.
BIBLIOGRAFIA
Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom - José Castellani.
Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia – Volume I – Nicola Aslan.
Dicionário de Maçonaria – Joaquim Gervásio de Figueiredo.
A Simbólica Maçônica – Jules Boucher.
Revista "A verdade" de novembro e dezembro de 2000
Revista "A Trolha" de 03/93 e 03/95
Sites na Internet
Apostilas dos Encontros Regionais de Aprendizes e Companheiros – ERACs – GOESP/GOB.
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