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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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terça-feira, 3 de abril de 2018

UM EXEMPLO DO PASSADO, NO GRANDE ORIENTE BRASÍLICO

UM EXEMPLO DO PASSADO, NO GRANDE ORIENTE BRASÍLICO
Ir.·. José Castellani 

Fundado o Grande Oriente do Brasil (Brasílico, em seu nascedouro), no dia 17 de junho de 1822, prosseguia a luta — que já havia sido iniciada bem antes — dos maçons, pela independência do Brasil. As atas das sessões do Grande Oriente, desde a data de sua fundação, até o dia 25 de outubro de 1822, quando ele teve as suas atividades suspensas, por ordem de seu Grão-Mestre Guatimozin, ou seja, o imperador D. Pedro I, mostram todos os lances dessa verdadeira batalha, que exibiu, inclusive, um desprendimento e um sentido de força de coletividade, que dificilmente têm sido vistos na Maçonaria brasileira de nossos dias. É o que pode ser visto num trecho da ata do 23º dia do 6º mês maçônico, o qual, de acordo com o calendário maçônico da época, é o dia 12 de setembro:
(...) O Ir∴ Presidente propôz ao Gr Or — que attenta a boa disposição dos animos de todos os Brazileiros, conformes em acclamar o Nosso Aug Defensor Rei constitucional do Brazil, e devendo os MMaç que forão os primeiros a dar esse necessario impulso á opinião publica, adiantar e pôr em execução os meios precisos para que nenhuma corporação civil os precedesse na gloria de tão honorifica empreza; parecia acertado que d´esta Aug Ord se enviassem ás provincias do Brazil emmissarios encarregados de propagar a opinião abraçada e dispôr os animos dos povos á esta grande e gloriosa obra, fazendo-se a despeza aos empregados n´esta importante commissão, com aquelles fundos que se achavão em caixa, porque, posto que destinados para os ornatos e decorações da Loj, parecia ficarem melhor empregados na causa publica. A moção foi apoiada e approvada com o enthusiasmo e patriotismo, que a nossa Aug Ord tem sempre desenvolvido a respeito da causa do Brazil e para com o seu Aug Def constitucional, e não querendo nenhum dos IIr que se fizesse dos fundos em caixa, applicação diferente da de seu destino, se appressarão a offerecer generosas contribuições, prestandos-se os IIr Lopes e Vianna a fazer aos emissarios as precisas assistencias, e logo o Ir Francisco Xavier offereceo a quantia de 100$000 (NA: cem mil réis), o Ir Amaro Velho 300$000 (NA: trezentos mil réis) e o Ir Ruy 50$000 (NA: cinqüenta mil réis), prestando-se os outros IIr a subscreverem, conforme suas possibilidades, perante os dous IIr encarregados das assignaturas e assistencia. Offereceu-se para a commissão á provincia de Minas Geraes o Ir Gr Orad Conego Januario Barboza; á provincia de Pernambuco o Ir Mendes Vianna; á provincia de s. Catharina o Ir Tinoco e para a cidade de Cabo Frio o Ir Ruy, ficando o Ir Francisco Xavier incumbido de fazer logo por cartas as necessarias insinuações á provincia do Rio Grande e indicado para o mesmo na provincia do Espirito Santo o Ir Pinto. 
É lamentável constatar que, se a consolidação da independência dependesse, hoje, de propaganda feita à custa de cotização dos obreiros, ela jamais seria feita. Constatação dolorosa, mas absolutamente verdadeira, pois é preciso olhar para o próprio umbigo: o que mais se vê, hoje, é uma total má-vontade de muitos, em relação a tudo o que exija um esforço pecuniário comum, para a concretização de objetivos importantes da Maçonaria. Cotizações para a manutenção das obras assistenciais, para a construção de sedes próprias para as Lojas, para a ereção de sedes dignas para as Obediências, são sempre motivos de descontentamento e de conseqüente inadimplemento dos obreiros. E esse inadimplemento causa sérias conseqüências, com prejuízos para a Ordem, de maneira geral, e, em particular, para os obreiros que cumprem os seus compromissos financeiros e que acabam suportando uma carga, que deveria ser dividida entre todos. 

E a coisa chega a tal ponto que muitos deixam até de saldar suas obrigações financeiras comuns, destinadas a manter de pé a sua própria Oficina, onerando àqueles que as cumprem. E o montante dessas obrigações é, geralmente, bem pequeno, bem inferior às quantias despendidas na "sessão gastronômica", que costuma ocorrer depois da sessão maçônica. 

Isso precisa mudar, pois não se mantém uma Loja, ou uma Obediência, com brisa! Precisa mudar, pois nenhuma instituição pode desenvolver os seu trabalho sem uma escora financeira, que, em grande parte, tem que ser providenciada por seus próprios membros! Precisa mudar, pois uma entidade empobrecida, material e espiritualmente, não é respeitada! Isso precisa mudar! 

Mas, primeiro, é preciso mudar a mentalidade de muitos obreiros — se é que podem ser assim chamados — que não dão o devido valor à Maçonaria, que não respeitam a sua Obediência e que consideram a sua Loja como um simples local de reunião mundana e não como uma Oficina, onde se deve realizar o trabalho de construção social e de aperfeiçoamento do homem. 

Fica, aí, a escolha: muda-se a mentalidade, ou se muda de obreiros, ou mandando os parasitas e negligentes para qualquer outro lugar. Qualquer outro! 

Do livro "Do Pó dos Arquivos" - Vol. I - Editora A Trolha - 1995 

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