Páginas

PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

terça-feira, 7 de abril de 2020

CORES DO REAA

CORES DO REAA
(republicação)

Em 06.07.2015 o Respeitável Irmão Osnivaldo de Oliveira Simões, Loja Justiça, nº 12, REAA, GOP-COMAB, Oriente de Maringá, Estado do Paraná, solicita as informações seguintes. patto.simoes@hotmail.com

Caríssimo Irmão Pedro, se estiver em seu alcance, por favor, me indique onde ou qual livro já editados eu encontrarei sobre as indumentárias dos Graus do REAA e o porquê das cores vermelhas e o azul. E o porquê nós temos no Rito as duas cores e qual seria ou será a correta.

CONSIDERAÇÕES:

No tocante a indicação do livro, veja Rito Escocês Antigo e Aceito – História, Doutrina e Prática, autor José Castellani, Editora A Trolha. Essa obra possui ao seu final uma extensa bibliografia para pesquisa. Saliento que não vamos encontrar nada pronto, senão muitos achismos e invenções, na história da Ordem. Conclusões somente serão tomadas depois de uma profunda pesquisa criteriosa e acadêmica.

CORES DO REAA

A obra do Castellani indicada aborda inclusive as indumentárias dos Graus ditos superiores do escocesismo. 

No tocante às cores vermelha e azul, eu penso que o Irmão está se referindo à difusão dessas cores no simbolismo escocês conforme as Obediências brasileiras. São nesse sentido que seguem as minhas resumidas ponderações: A cor distintiva do REAA sempre foi o vermelho encarnado, cujas origens primitivamente são devidas aos Stuarts na Inglaterra (reis católicos). 

Em 1.649 após a revolução puritana de Cromwell e a posterior decapitação do Rei, o reinado deposto da Inglaterra receberia exílio na França. Sob a capa de algumas Lojas maçônicas em solo francês seria urdida a retomada do trono perdido na Inglaterra. 

Essa influência “jacobita” (católicos) e a sua simbólica cor vermelha (do Cardeal) viria influenciar a organização desse movimento maçônico composto por “stuartistas” alcunhado como “escocês” pela sua origem em território francês. 

Nessa acepção é que a cor “encarnada” historicamente viria aportar mais tarde no Rito Escocês sob a influência religiosa dos Stuarts. 

Em segunda instância é preciso que se leve também em consideração que em já estando o Rito organizado sob o título de Escocês Antigo e Aceito em 1.801 nos Estados Unidos da América do Norte e a fundação do seu Primeiro Supremo Conselho (Mãe do Mundo), já no ano de 1.804 seria elaborado, porém na França, o primeiro ritual simbólico para o REAA, esse sob a égide agora do Segundo Supremo Conselho em Paris e o Grande Oriente da França. 

Desse movimento maçônico em território francês resultaria - ainda no primeiro quartel do século XIX - no aparecimento das denominadas Lojas Capitulares em detrimento à acomodação do sistema capitular, que é de cor predominante vermelha, e que ficaria sob a tutela do Grande Oriente até o Grau 18 (Rosa Cruz), enquanto que os demais Graus ficariam sob a égide do Segundo Supremo Conselho na França. 

Embora esse costume não viesse a vingar por muito tempo e os episódios retomassem os seus devidos lugares ficando o simbolismo (três primeiros Graus) com o Grande Oriente e os outros mais com o Supremo Conselho o que geraria a extinção das Lojas Capitulares, muitos resquícios do Capítulo continuariam a predominar no simbolismo do Rito Escocês até os dias de hoje, como é o caso, dentre outros não menos importantes, o da cor predominantemente vermelha. 

Assim, sob a influência histórica primária jacobita (católica) stuartista e reforçada ainda mais tarde pelo evento das Lojas Capitulares (que também não deixavam de sofrer influência religiosa cristã católica e templária) o Rito Escocês Antigo e Aceito adotaria a cor encarnada (vermelha) como matiz identificador do seu simbolismo, sacramentada em 1.875 na Suíça por ocasião do Conselho de Lausanne que reunia oficialmente os Supremos Conselhos do Rito para as competentes medidas oficiais. 

Em se tratando da Maçonaria brasileira e o azul no simbolismo do Rito aconteceria a partir do evento da cisão no GOB e a fundação das Grandes Lojas Estaduais brasileiras no ano de 1.927 pelo Irmão Mário Marinho Béhring. Béhring, buscando reconhecimento para essa nova Obediência, o procurou nos Estados Unidos da América do Norte através das Grandes Lojas Americanas que praticavam, e ainda praticam, o Craft Americano, comumente aqui conhecido como Rito de York (sistema antigo organizado por Thomas Smith Webb), cujos três primeiros graus americanos são sobejamente conhecidos como Lojas Azuis e que tem por coincidência, não pelo título em si, como sua cor distintiva também a gradação azul.

Desse reconhecimento adquirido então por Béhring para as Grandes Lojas Estaduais brasileiras é que parte do Rito Escocês Antigo e Aceito no Brasil, na contramão da história, assumiria equivocadamente a cor azul como coloração identificadora de um Rito que é verdadeiramente vermelho – é o caso de Templos e aventais azuis no escocesismo simbólico em lugar do tradicional encarnado que fora historicamente oficializado desde 1.875 no Conselho de Lausanne. 

Dados esses comentários, o Grande Oriente do Brasil viria também mais tarde a “azular” os aventais e templos escoceses - isso nos anos aproximados de 1.965, principalmente sob a influência de Irmãos egressos das Grandes Lojas Estaduais no GOB. 

Atualmente, em se tratando das três Obediências brasileiras, apenas a COMAB tem se mantido na verdadeira e tradicional cor encarnada no simbolismo do REAA∴ 

Em síntese essa e a razão da ambiguidade que envolve o vermelho e o azul no que concerne a cor do rito em questão no Brasil, muito embora ainda existam resquícios de certas “carcaças de dinossauro” defendidas por certos articulistas que se apoiam em coleções de rituais anacrônicos editados no Brasil e que ficam - “se achando” com isso douto – a escrever com títulos faustosos certas pérolas que engrossam ainda mais o FBAMA (Festival de Besteiras que Assola a Maçonaria). 

Finalizando, esse é um resumo dessas aparições e fatos inexplicáveis que acabaram aparecendo por aqui e que “azularam” um Rito que é indiscutivelmente de identificação “vermelha”. 

Deixo para o Irmão o desígnio de tirar as suas próprias conclusões, lembrando sempre que rituais aprovados e em vigência, mesmo que equivocados devem ser rigorosamente cumpridos. 

E.T. Aos Irmãos que estão, ou já estiveram colados no Grau 18, sugiro que atentem para a cor predominante no Sublime Capítulo R+ e, ao mesmo tempo, façam a sua correlação com as extintas Lojas Capitulares nos tempos de antanho onde o Athersata era o mesmo Venerável da Loja Simbólica.

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.891 – Florianópolis – sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário