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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

CONTRIBUTOS PARA UMA BREVE HISTÓRIA DO REAA

CONTRIBUTOS PARA UMA BREVE HISTÓRIA DO REAA
Publicada pelo Ir.’. Sergio Santos (Portugal)

Não existe prazer maior que ficar firme sobre o vantajoso terreno da verdade. (Francis Bacon)

1-Introdução

A título de esclarecimento prévio importa referir que esta prancha é traçada nas condições possíveis a quem não é investigador especializado no assunto e que reside longe dos grandes centros e, por isso, tem dificuldade de acesso às fontes bibliográficas tradicionais. Não pretende, por isso, ser criadora de informação histórica e filosófica nova por o meu engenho e a impossibilidade de acesso a fontes originais não o permitirem, nem ser esse o seu objectivo. Daí que, embora tal não seja do agrado de muitas pessoas ligadas à investigação histórica, esta prancha tenha sido elaborada recorrendo a fontes em suporte digital, sobretudo as disponíveis na Internet, em português ou outras línguas europeias, sujeitando-as ao crivo do meu sentido crítico, visando um maior enriquecimento pessoal com base na reflexão sobre a informação que ao longo dos últimos anos fui recolhendo.

Sentido crítico de quem considera que a Maçonaria como Ordem Universal deve ser o ponto de encontro dos homens e mulheres interessados, em plena liberdade de consciência, em questionar-se e reflectir sobre “ de onde viemos”, “o que somos ou como somos” e “o que queremos para o futuro”, não só no plano individual da construção do nosso aperfeiçoamento pessoal ou templo interior, mas também na construção e aperfeiçoamento do Templo Universal, que entendemos como a sociedade e o espaço terreno em que vivemos e trabalhamos.

Obviamente que essa reflexão não poderá deixar de ter em conta os contextos temporais, económicos e político-sociais em que a Ordem Maçónica se construiu e desenvolveu, sem o que se torna dificilmente inteligível a necessidade e importância do trabalho maçónico numa sociedade em mutação cada vez mais rápida, que podemos dizer estar hoje, com as novas tecnologias e formas de comunicação, bem próximo da “aldeia planetária” concebida por Marshal MacLuan. Sociedade que produz e disponibiliza mais informação num só jornal diário de uma grande metrópole do que se produzia no conjunto do Séc. XVIII, segundo os especialistas da comunicação e informação, com as consequências que daí advêm quando se pretende reflectir nos termos que atrás considerámos. E ainda em que em grande parte do mundo a escolarização de grande parte da população e a “democratização” do acesso à informação e conhecimento daí decorrente, conjugados com as novas formas facilitadoras de acesso a eles, que são bens de partilha e não bens de posse, geraram condições que obrigam a um grande esforço de reflexão sobre o que implica hoje ser Maçom, quer nos Graus Simbólicos, quer nos Altos Graus.

Reflexão que não pode perder de vista, num Rito que pretende que cada grau seja um aprofundamento do aperfeiçoamento pessoal através da aprendizagem ritual sobre os “novos mistérios” de cada um deles, que o ritual dos mesmos não é mais que um instrumento de disciplina dos trabalhos em Loja e uma referência simbólica para marcar os passos do aperfeiçoamento individual e que grande conhecimento do mesmo não será a finalidade essencial do trabalho maçónico. Até porque essa perspectiva tornaria o Ritual, ou conjunto dos rituais dos sucessivos graus, numa forma de registo de “uma verdade revelada”, muito ao gosto dos “teosofistas”, e não contraditória com tradição Teísta original e datada do REAA, mas muito dificilmente compaginável com a liberdade de pensamento e consciência consagrada na Maçonaria Simbólica do GOL.

2-A “construção” do REAA e sua influência no desenho da simbologia e filosofia dos seus Graus

Os estudiosos modernos da filosofia do Rito Escocês Antigo e Aceito (ou Aceite)[1], com os seus três Graus Simbólicos e os trinta Altos Graus que lhes sucedem, costumam defini-lo como um rito em que se combinam os elementos simbólicos mais tradicionais com uma dinâmica de funcionamento expressiva que permite desenvolver, simultaneamente, um profundo sentido de fraternidade e um acurado sentido de análise racional que convida a entender a vida tanto com base num critério espiritual como num critério racional que se complementam e potenciam.

A prática do ritual, permite, nos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre, mediante uma série de representações ritualísticas de antiquíssima simbologia, adquirir uma consciência das Leis e preceitos da Natureza e do Universo maior do que a que descobriria a nossa simples mas atenta observação. Assim, o ritual está estruturado e codificado como um fio condutor, que não só pode transmitir uma clara e significativa mensagem geral, mas também pode activar mecanismos subconscientes e inconscientes que geram um elevado sentido da transcendência do Grande Arquitecto do Universo (GADU). Assim, consideram os teorizadores deste Rito, que tem uma importância capital não só a prática do ritual mas também a sua assimilação espiritual, psicológica e conceptual.

Mas em segundo lugar, dentro de los trabalhos de Loja põe-se igualmente ênfase nos Trabalhos Maçónicos de tipo intelectual. Os Trabalhos são apresentados geralmente por escrito e, uma vez lidos na reunião ritual, são tratados de forma oral com debate coloquial entre os irmãos. Desta maneira consegue-se, através das diferentes apreciações e opiniões expressas no debate, uma percepção profunda do tema tratado, com o consequente enriquecimento e formação maçónica que dará frutos posteriores em qualquer âmbito ou situação.

Será interessante apreciar alguns factos e momentos que levaram à criação do REAA e dela à filosofia sumariamente exposta nos parágrafos anteriores.

2.1-Os antecedentes – a criação do Rito de Perfeição ou de Heredom.

Entende-se habitualmente por rito maçónico um conjunto sistemático de cerimónias e ensinamentos maçónicos visando o aperfeiçoamento dos obreiros, conjunto esse que varia de acordo com o período histórico, conotação, objectivos e temáticas desenvolvidas pelos seus criadores.

Já o ritual será o “manual” ou guião que rege a sequência das cerimónias e da utilização dos textos, dos símbolos e das acções dos obreiros durante as sessões rituais, funcionado como uma espécie “ encenação”, ou no campo da religião católico/cristã como “missal”.

Por isso, em cada rito, haverá vários rituais, normalmente tantos quantos os graus desse rito em que haja sessões rituais.

Desde a transformação da Maçonaria Operativa em Maçonaria dita Especulativa, que teve a sua fase mais acentuada no final do séc. XVI a primeira parte do séc. XVII, até à divulgação pública ao Mundo, em 1802, da criação do Supremo Conselho Universal dos Inspectores Gerais do 33º Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito , sediado em Charleston, Carolina no Sul, como Potência do Rito Escocês com 33 Graus, que ocorreu a partir de Maio de 1801, foi percorrido um caminho longo e bem recheado de sobressaltos e peripécias e com muitos e variados protagonistas. A instalação do próprio Supremo Conselho é exemplo disso, tendo os trabalhos sido abertos a 1 de Maio de 1801 por John Mitchell e Frederick Dalcho, trabalhos que se prolongaram ao longo do ano até que o Conselho estivesse completo e a funcionar nos termos das Constituições do Rito, as ditas Constituições de 1786[2], ainda hoje muitas vezes impropriamente conhecidas como as Constituições de Frederico II da Prússia.

Importará fazer uma breve resenha do percurso que levou à institucionalização de um Rito designado por Escocês, na forma atual, na América do Norte, na data acima referida, e ao seu retorno à Europa, percurso que poderá contribuir para aclarar várias interpretações possíveis do simbolismo e ritual dos Graus que o integram ao longo do percurso maçónico dos Maçons do REAA.

Não importa entrar agora no campo do fértil debate sobre as origens remotas da Maçonaria, quer em relação aos que defendem as suas origens nas filosofias orientais ou nas filosofias da justiça e equilíbrio ligada à deusa Maat egípcia e outras Sociedades Iniciáticas Egípcias, quer aos defensores das origens ligadas à Ordem dos Pobres Soldados de Cristo e do Templo de Salomão ou Templários, ou das influências das várias fraternidades rosacruzes e outras correntes ligadas ao Hermetismo, ao Cabalismo, ou à Alquimia. Nem no debate sobre outras diferentes visões imaginosas para a origem da Ordem Maçónica com passagem pela dita Maçonaria Operativa e suas diferentes corporações de origem, dos Colegia Fabrorum Romanos de Numa Pompílio criados em 704 (a.C.)[3], das Corporações dos Maçons de Estrasburgo, etc. O certo é que a Escócia aparece como localização fundamental para a transição da Maçonaria dita Operativa para o processo de aparecimento da Maçonaria dita Especulativa.

Isso decorre de ter sido na Escócia que o processo de entrada de personalidades, da nobreza ou não, nas lojas operativas, processo que os tornava Maçons Aceites, mais se fez sentir numa sociedade em que a dinastia Stuart reinava num país católico. Daí que não seja de estranhar que nos grandes nomes fundadores da Maçonaria Moderna pontifiquem muitos escoceses ou aceites em lojas escocesas.

Assis Carvalho que refere[4]

“… os Grandes nomes da Maçonaria Primitiva, eram escoceses. Que o primeiro Maçom Especulativo – John Boswell, iniciado em 8 de junho de 1600 -, era escocês, que a Primeira Loja Maçônica – a Loja de Kilwinning – por isso chamada de Loja Mãe do Mundo foi fundada na Escócia, que o Primeiro Compilador de uma Constituição Maçônica – o Reverendo James Anderson, em 1721, Constituição que até hoje rege os destinos da Maçonaria, no mundo todo, era escocês, que o idealizador dos Altos Graus, em 1737, André Miguel, Cavaleiro de Ramsay, era escocês, o Primeiro Professor de Maçonaria – 1772, William Preston, também nascera na Escócia, e muitos outros”.

É na sequência desta situação e no contexto político de Inglaterra no culminar da guerra civil, que Henriqueta Maria de França, viúva de Carlos I, rei de Inglaterra (da Dinastia dos Stuarts, de origem escocesa) executado em 1649, aceitou o convite de asilo político do rei Francês Luis XIV e, como era hábito, se fez acompanhar para Saint- Germain-enLaye, nos arredores de Paris, por nobres, alguns da Escócia, familiares de seu marido.

Mais tarde juntaram-se também em França os membros do partido legitimista inglês e escocês, os jacobitas, refugiados em território francês desde 1688 com o rei Jaime II da Inglaterra e Irlanda e Jaime VII da Escócia, deposto em favor seu genro, Guilherme de Orange, face à oposição da aristocracia apoiada pela maioria do exército, da burguesia e do povo5. Deposição que tivera como motivos de fundo a recusa a jurar o Test Act[5] e a conversão de Jaime II ao catolicismo em 1668/69, as suspeições de aproximação com Luiz XIV (durante a Guerra Civil Inglesa Jaime Stuart, então exilado, havia servido nas armadas espanhola e francesa)[6], bem como os favorecimentos concedidos aos católicos. A destituição de Jaime II, chamada Revolução Gloriosa por não ter originado derramamento de sangue, foi efectivada no ano do nascimento de seu filho Carlos Eduardo Stuart, porque seus opositores temeram a implantação de uma dinastia católica na Inglaterra, que desde 1534, adoptara o anglicanismo por acto do rei Henrique VIII como forma de tornear a oposição do Papa de Roma ao seu divórcio e de poder contar com os bens da Igreja Católica para recuperar as finanças reais.

Muitos desses nobres e jacobitas eram já Maçons ou Maçons Aceites. A eles se atribui a instalação da primeira ”Loja Escocesa”, que Jean Baylot situa em Saint-Germain-en-Laye em 1689[7], e em sequência outras, Lojas Maçónicas dos “Escoceses”, que reproduziam os rituais que tinham aprendido na Escócia, de clara feição teísta e influência católica e também das tradições das antigas Ordens da Cavalaria e pensamento rosacruciano. Não existia qualquer estrutura hierárquica superior de coordenação, funcionando essas Lojas segundo o princípio do “maçon livre numa loja livre”.

Os maçons jacobitas levaram o modelo organizativo das Lojas da Escócia para a França, incluindo os primeiros catecismos maçónicos expondo a “Palavra do Maçom” e os segredos de reconhecimento que também foram concebidos na maçonaria escocesa, e terão usado o segredo elaborado em torno da “Palavra do Maçom” para desenvolverem planos políticos de restauração da dinastia dos Stuarts com segurança e discrição, planos em que segundo alguns autores terão contado com a colaboração de alguns Jesuítas interessados nessa finalidade.

Esses maçons nobres e outros jacobitas, estabelecidos em França e que se encontravam sob a protecção de Luís XIV, de acordo com documentos encontrados posteriormente, são mencionados pela primeira vez nas Ordenações da Grande Loja de França em 1743 e constituíam em 1717, aquando do estabelecimento da Grande Loja de Londres, o que se podia considerar um sistema Escocês, sem ligações directas à Escócia, mas sim com influência dos Stuarts.

Em 1708, os Stuart tentaram retomar o trono para Jaime II na Inglaterra e Irlanda. A iniciativa fracassou. Em 1719, teve lugar uma nova tentativa na Escócia, que também foi mal sucedida. Fracassadas as duas tentativas, as Lojas escocesas jacobitas na França diminuíram a intensidade dos conteúdos políticos dos seus trabalhos e ampliaram a incidência dos mesmos sobre os temas culturais e esotéricos. O hermetismo e ideias inspiradas pelos movimentos Rosa-cruz ganharam terreno nas lojas que discutiam temas alquimistas com reserva e algum secretismo, conveniente face ao contexto de um país em que a religião católica era à época religião oficial de estado e em que o Édito de Nantes, um exemplo da promoção da tolerância religiosa para com os protestantes calvinistas, tinha sido revogado não muitos anos antes por Luís XIV (1685).

É sobre esta base que um grande número de lojas francesas, instaladas por escoceses ou franceses, vem a participar na criação de novos graus maçónicos, começando pelo grau de mestre que não estava ainda criado em 1717, data da criação da Grande Loja de Londres/Inglaterra e também em 1723, aquando da publicação das Constituições de Anderson em primeira edição. À época mestre era apenas aquele que dirigia a Loja, de forma similar ao mestre que na Maçonaria Operativa dirigia os trabalhos de uma obra em construção, havendo autores que atribuem a criação do grau de mestre aos maçons franceses em 1725, embora referenciem a efectivação desse grau apenas em 1738[8],[9].

Esses novos graus já chamados de Altos Graus, mas que não constituiam ainda qualquer sistema ou rito estruturados seguiu, segundo alguns historiadores maçónicos que têm outros a deles divergirem sobre esse assunto, a cronologia seguinte:

– seis Graus até 1737, sete Graus até 1747, nove Graus até 1754, dez Graus até 1758, vinte e cinco Graus até 1762, data da publicação da Constituição que regeria o Rito de Perfeição ou Rito de Heredom, designação que evidencia a influência da tradição escocesa da Ordem de Cavalaria do mesmo nome, que já atrá foi referida. Em relação à criação destes Graus e ao contexto que está subjacente à mesma o historiador maçónico francês Paul Naudon, refere em “A Maçonaria”:[10]

“O escocesismo é uma das particularidades da maçonaria francesa. Trata-se, com efeito, de um rito, ou melhor, de uma categoria de ritos, que nasceu em nosso país. A divergência política independia do ritual. Não tardariam, porém, as inovações, a principal das quais é o aparecimento dos altos graus, e o desenvolvimento que se seguiu só se verifica a princípio na França e depois na Alemanha. As origens e causas da criação desses altos graus permanecem obscuras: alegaram-se razões de ordem política, que permitiam aos chefes stuartistas dirigir à distância as Lojas comuns; motivos ligados a interesses pessoais, a colação de títulos cavaleirescos que lisonjeavam a vaidade dos Irmãos e eram pretexto para a percepção de foros consideráveis; razões espirituais, que aparecem nítidas no correr do século XVIII, correspondendo os altos graus a um desabrochar iniciatório do grau de mestre, em que se integram as diversas formas da tradição. Os escoceses já haviam criado o grau de mestre, antes dos ingleses. Vários autores (Mirabeau, N. de Bonneville, Mounier, Ragon, Findel, Rebold) atribuem a criação dos altos graus aos jesuítas que estavam à testa dos partidários dos Stuarts”.

Quando se fala em Altos Graus do REAA é muitas vezes referido o Cavaleiro Andrés Michel Ramsay (1686-1743) e o seu famoso discurso, dado como escrito em 1737, como estando na sua origem. Discurso sobre que há algumas dúvidas de autenticidade e que provavelmente poderá nunca ter sido lido em qualquer loja ou assembleia de maçons, mas de que se referem quatro versões, que terão sido distribuídas cópias em larga escala, para época, nas lojas francesas de países vizinhos, com destaque para Prússia.[11]

Nascido na Escócia, em 1686, Ramsay estudou teologia nas Universidades de Glasgow e Edimburgo, tendo-se diplomado em 1707. Em 1708, foi viver para Londres, tendo-se relacionado com Isaac Newton, Jean (ou John) Desaguliers e David Hume.

Refugiou-se em França com os jacobitas depois de falhadas as tentativas de recuperação do trono por Jaime II. Conheceu o filósofo e arcebispo Fenelon, de quem se tornou o discípulo mais identificado com suas ideias. Essa influência levou-o a converter-se do anglicanismo ao catolicismo.

Tendo ido viver para Paris em 1715, após a morte de Fénelon, entrou no círculo de amizades do Príncipe Regente de França, Philippe d’Orléans, que o fez, em 1723, Cavaleiro da Ordem de S.Lázaro de Jerusalém – o que motivou a sua futura designação por Chevalier Ramsay. Embora por breve espaço de tempo, desempenhou as funções de tutor dos filhos de Jaime II, Charles Edward e Henry e entre 1725 e 1728 e frequentou o clube literário parisiense Club de l’Entresol, onde se relacionou, entre outros, com Montesquieu.[12]Terá também mantido relações com sectores de jesuítas ainda interessados em apoiar um possível regresso dos Stuarts ao poder em Inglaterra, agora através do filho de Jaime III, Carlos Eduardo, católico e que, segundo é referido por vários autores, faria também parte da Comunidade Rosa Cruz.

Para alguns historiadores maçónicos, no seu famoso discurso Ramsay não desenvolve a teorização de Altos Graus, mas sim uma nova história da origem da Maçonaria defendendo que teria a sua origem nas Cruzadas e na actividade posterior dos Templários, o que, sem prejuízo de alguma influência por via da tradição escocesa provinda do acolhimento dos templários fugidos à perseguição, nunca foi confirmado. Procurou lançar princípios de para um embrião do que poderia ser um código de conduta e para a organização da Ordem, enfatizando a necessidade de estabelecer uma hierarquia, o que não surpreende para quem reclamava a origem da Maçonaria numa Ordem de Cavalaria e estava ligado à Igreja Católica, instituição tradicionalmente hierarquizada. Mas como novidade na época proclama o ideal maçónico na Fraternidade e num mundo sem fronteiras, tentando fazer valer antiguidade e nobreza à Maçonaria. E propôs a adopção de três graus com as designações de Mestre Escocês, Noviço e

Cavaleiro do Templo, que transmitiam que Maçonaria era continuação da Ordem dos Templários, em substituição dos então existentes.[13]

Mas há autores, como Ragon, que defendem que Ramsay teria proposto à Grande Loja de Londres e Westminster que acrescentasse aqueles seus três graus aos já existentes, o que não foi aceite, como não terá sido aceite uma sua proposta a lojas francesas que seguiam o modelo de York ou o da Grande Loja de Londres para que se acrescentassem mais sete Graus aos três graus já existentes.[14]

Porém muitas das lojas francesas de inspiração escocesa e outras que praticavam já então os chamados 4 graus irlandeses, acima do grau de mestre, assumiram essa inovação, mesmo acontecendo em várias lojas da Alemanha/Prússia, com sucesso entre os maçons ligados à aristocracia e alta burguesia.

O sistema de “graus templários” proposto por Ramsay terá estado mesmo na origem da Ordem e do Rito da Estrita Observância, de que se atribui a criação ao Barão de Hund em 1764, que terá tido vida efémera. Em 1782 a Assembleia de Wilhemsbad declarou não aceitar a origem templária da Maçonaria, vindo com isso a decretar-se a definitiva extinção da Ordem da Estrita Observância. Também parece que até 1760 não se conhecem rituais estruturados para esses graus templários que haviam sido propostos por Ramsay.[15],[16]

Mas mesmo não sendo Ramsay o teorizador do sistema que veio a dar origem ao REAA, o Rito de Perfeição ou de Heredom, parece provável que as suas ideias possam ter vindo a ter influência no desenvolvimento inicial daqueles ritos.

No percurso para a criação do Rito de Perfeição ou Heredom, com 25 Graus, são relevantes como momentos e estruturas marcantes, para além do papel controverso de Ramsay e do “seu discurso”:

-A fundação, em 1747, na cidade de Arras, França, pelo Príncipe Carlos Eduardo Stuart, filho de James Eduard Stuart “ The Old Pretender” e seu primo, o conde de St. Germain, do Capítulo Primordial da Rosa-cruz, formalmente constituído pela Carta Régia de Arras. Terá sido a primeira “ obediência” a estruturar um conjunto completo e organizado com graus acima do de Mestre[17] criado na França por influência e inspiração Rosa-cruz e templária, com poderes para constituir Capítulos semelhantes em outras cidades, com a exigência de que não poderia haver mais do que um em cada cidade.[18]

– A Loja São João de Jerusalém, de Paris, que praticava altos graus, havendo também referência de serem praticados em Lion e Bordéus. Para alguns, esta Loja terá editado em 1755 os Estatutos que serviram de modelo para as Lojas que praticavam então os graus de inspiração escocesa que já tinham sido criados sem clara sistematização.[19]

-A criação, em 24.11.1754, pelo Conde de Benouville, do Capítulo de Clermont, o nome do Colégio dos Jesuítas, onde ele foi instalado e local que já havia sido residência do pretendente ao trono inglês, Carlos Eduardo Stuart, filho de Jaime III[20]. Esse capítulo era essencialmente constituído por aristocratas e muito fechado na aristocracia.

Não há certeza sobre o número de graus praticados, mas alguns autores referem que seriam sete e que os Irmãos que criaram este Corpo pretendiam continuar os mesmos princípios da Loja de Saint-Germian-en-Laye, fundada muito tempo antes, o que poderá ter alguma relação com o facto de o livro “Les plus secrets mysteres des hautes grades de la Maçonnerie devoilés, ou Le Vrai Rose Croix suivi do Noaquite”, publicado 1761, apenas descrever sete graus.

-O surgimento em Paris, em 1756, uma “potência” maçónica rival, o Soberano Conselho dos “Cavaleiros do Oriente, Soberanos Príncipes Maçons”, criado e dirigido por maçons da burguesia em ascensão, para organizar os Graus Superiores. Face à sua origem de classe não tinha um recrutamento tão fechado como o Capítulo de Clermont.

-O aparecimento em 1758, em Paris, talvez como resposta da aristocracia maçónica à criação do Conselho dos Cavaleiros do Oriente, o Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, Soberanos Príncipes Maçons. Os seus membros, com um nível cultural elevado, muito centrado na época no domínio da história das civilizações antigas e de várias tradições místicas e gnósticas antigas, trouxeram para este Corpo Maçónico as influências templárias, rosacrucianas e egípcias, além de se dizerem herdeiros dos Ritos de Clermont e das correntes escocesas de Kilwinning e Heredom. Daí decorreu uma clara tendência para acentuar a marca esotérica na Ordem.

Como entretanto já haviam sido criados mais graus até ao grau 25, esta “potência” organizou-se em dois corpos distintos, uma “Grande Loja” representada pela Loja São João de Jerusalém, responsável pela administração dos graus 4 ao 14, praticados pelas Lojas acima dos graus simbólicos e o “Soberano Conselho”, regendo os graus 15 ao 25, inclusive, que passaram a trabalhar no Rito que designaram Heredom ou de Perfeição, fazendo jus à sua base de inspiração escocesa.

Terá sido, segundo alguns, este Soberano Conselho que adoptou a águia bicéfala como símbolo dos Altos Graus, recuperando o que foi o símbolo do Império Romano no seu esplendor máximo, com os dois Governos do Império do Oriente e do Império do Ocidente, que se poderá ter inspirado na Águia de Lagasch dos Hititas.[21]

Este Soberano Conselho designou uma representação que reuniu com a representação do corpo de Bordéus onde, como em Lião, desde data anterior à criação do Soberano Conselho dos Imperadores do Oriente e Ocidente já se praticavam Altos Graus, tendo nessas reuniões, em Bordéus, sido elaboradas as Constituições de 1762 e respectivos Regulamentos divulgados em 21/9/1762 que instituem, no seu Artigo 3º, como responsável pela administração do Rito de Perfeição o Soberano Conselho dos Príncipes do Real Segredo.[22]

Surge assim o Rito de Perfeição com base na influência da Maçonaria jacobita católica escocesa, desenvolvido pela aristocracia e alta burguesia numa França ainda tradicionalmente esmagadoramente católica em que a revogação do Édito de Nantes reafirmara o catolicismo como religião oficial, com as perseguições de Luís XV aos protestantes e em que apesar da já apreciável divulgação das novas ideias iluministas ainda era a Monarquia Absoluta francesa do Antigo Regime o sistema político francês. Daí que não seja de estranhar que o Rito de Perfeição fosse um Rito fortemente teísta, de tradição católica temperada com as influências rosacrucianas e judaicas de alguns maçons judeus evidentes nas referências do Antigo Testamento no nome dos graus e suas referências simbólicas, aristocratizado e hierarquizado. Características que viriam a ser transmitidas ao seu “sucessor” REAA ao longo dos seu desenvolvimento sobre a base dos 25 graus ao serem consideradas como válidas no REAA as Constituições de 1762, do Rito de Perfeição.

Se dúvidas houvesse leitura do Artigo 1º das Constituições, referente à iniciação nos Altos Graus esclareceria:

“Sendo a Religião um culto necessariamente devido a Deus-Todo Poderoso, ninguém que cumpra religiosamente esse culto, do qual tenha recebido esses princípios venerandos, será iniciado nos mistérios sagrados deste grau eminente e sem que tenha um certificado para tal fim, assinado por três Cavaleiros Príncipes Maçons, provando que seus pais são livres e a sua conduta e nomes merecem boas informações e que assim tenha sido admitido em todos os graus precedentes da Maçonaria, tenha dado provas de obediência, docilidade, zelo, fervor e consciência à Ordem, e finalmente que esteja livre para assumir o graus de Alta Perfeição, obedecendo fielmente ao Muito Ilustre Soberano Conselho dos Sublimes Príncipes”[23]

Importará referir que o Rito de Perfeição criado em França, surge com a ambição dos seus fundadores de que viesse a ser uma forma de reestruturação universal da Maçonaria e sua dignificação, uma quase versão de verdade revelada, o que se adequa ao seu caracter teísta inicial, dominantemente católico, quando um número já considerável de ritos com altos Graus proliferava em França e outros países europeus. O preâmbulo do texto fundador evidencia-o quando refere:

“Com o decurso dos tempos, a Maçonaria e a unidade de seu regime primitivo sofreram grandes alterações, por efeito das catástrofes e das revoluções que as subverteram, mudaram alternativamente a face do mundo e dispersaram os fraco-maçons pelos diversos pontos do globo…Essa dispersão operou as divisões que hoje existem sob o nome e cujo conjunto compõe a Ordem. Mas outras divisões saídas do seio dessas primeiras deram lugar a novas associações, das quais grande número só tem em comum com a Maçonaria o nome e algumas formas conservadas por seus fundadores para encobrir secretos desígnios. As perturbações que essas novas associações trouxeram e muitas vezes mantiveram na Ordem, são conhecidas e não fizeram mais do que expô-la a suspeitas, à desconfiança de quase todos os chefes de governo e mesmo às perseguições de alguns.”[24]

Apesar dessa intenção a sua aceitação não foi universal pelas Lojas Maçónicas Francesas. As Lojas que seguiam o Rito da Grande Loja de Londres, a “Grande Loja dos Modernos” e as que seguiam o Rito da Loja de York mantiveram-se na sua linha.

2.2- Do Rito de Perfeição ao Rito Escocês Antigo e Aceito

Em França, como noutros territórios europeus, mormente por parte da aristocracia ociosa e ciosa de motivos de prestígio interpares e da alta burguesia, mas também por iniciativa de alguns maçons empenhados na sua visão de uma maçonaria mais fiel às suas tradições, foi surgindo entre 1717 e o final do século uma grande multiplicidade de ritos com a prática de altos graus. Há textos que referem para esse período de tempo a criação de mais de oito dezenas desses ritos, sem incluir nesse número os ritos que já pressupunham Maçonaria de Adopção ou Mista.

Essa situação, o clima político-social do final do reinado de Luís XV e a agitação que no Reinado de Luís XVI levou à Revolução Francesa terão levado a que o nascimento oficial e o desenvolvimento do REAA se tenham verificado nas Américas do Norte e Central, mormente na América do Norte, apesar de a ele serem anteriores seis dos ritos ditos escoceses conhecidos, desenvolvidos em França e na Bélgica (Escocês Reformado com 7 graus, Primitivo de Narbona com 10 graus, Filosófico de Paris com 10 graus, Filosófico de Marselha com 15 graus, Perfeição com 25 graus, todos de origem francesa, e Primitivo de Namur-Bélgica) com a particularidade deste último ter 33 graus. [25]

De forma muito breve veja-se como tal aconteceu.

Em 27 de Agosto 1761, o Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, Soberanos Príncipes Maçons, terá atribuído através do Irmão Chaillon de Joinville, substituto Geral da Ordem, e mais oito Irmãos da alta hierarquia que também teriam assinado o documento, uma patente constitucional de Grande Inspetor do Rito de Perfeição a Etienne Morin, maçom judeu e comerciante na Ilha de Santo Domingo, Antilhas, que já teria sido iniciado nos altos graus por volta de 1744 e fundado uma “Loja Escocesa” naquela ilha em Cap Français. A carta patente, atribuída antes da promulgação elaboração e das Constituições do Rito de Perfeição, nomeava-o “Grande Inspector para todas as partes do Mundo e autorizava-o a estabelecer e perpetuar a “Sublime Maçonaria” em todas as partes do Mundo” e investia-o de poderes para sagrar novos Inspectores.[26],[27]

As Constituições de 1762, que atribuíam aos Grandes Inspectores a competência para “outorgar Cartas Constitutivas ou Regulamentos”, constituir como regulares “Conselhos ou Lojas de Perfeição” e desempenhar os poderes do Soberano Conselho na sua jurisdição

“ Se a petição for de um país estrangeiro, o Grande Inspetro da respectiva Jurisdição poderá criar, constituir, pribir, revogar e excluir, conforme achar conveniente, informando de tudo o Soberano Grande Conselho. … Para seu melhor desempenho poderão nomear Deputados que façam a s suas vezes, autorizando-os com Cartas Patentes que tenham força e valor”. [28]

Mas há dúvidas se os poderes conferidos a Morin seriam tão alargados que abrangessem todos os Altos Graus do Rito de Perfeição, referindo a Wikipédia.fr:

“Des copies plus tardives de cette patente, qui ne visait probablement à l’origine que les loges symboliques, semblent avoir été embellies, peut-être par Morin lui-même, afin de mieux assurer sa prééminence sur les loges de hauts grades des Antilles»[29]

Morin regressou a Santo Domingo em 1762 ou 1763 e terá desenvolvido uma variante do Rito de Perfeição com 25 Graus com a designação de «Rito do Real Segredo» em que o grau 25 se designava «Sublime Príncipe do Real Segredo», e, graças à sua carta patente constituiu progressivamente lojas dos diferentes graus através das Antilhas e da América do Norte, tendo criado em 1770 um Grande Capítulo do seu Rito em Kingston, Jamaica, onde viria morrer em 1771.[30]

Morin parece não ter sido um modelo de moralidade e não ter sido muito escrupuloso na escolha dos seus inspectores e deputados. Terá havido segundo vários autores, “vendas de Graus e títulos”, o que face ao contexto maçónico e social da época não tem nada de surpreendente e também terá acontecido na Europa, tendo sido muito esquecidas as práticas rituais desenvolvidas para instrução sobre “os mistérios” pelo Soberano Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente que o nomeara Grande Inspector.

Mas foi a partir de um número significativo de designações de Inspectores Adjuntos por Morin, pelo seu Deputado Grande Inspector Geral Henry Andrew Francken, holandês naturalizado inglês que se estabeleceu em Nova York, que o seu Rito chegou à América do Norte.

Francken ajudou no desenvolvimento dos rituais de vários graus do Rito, concedeu esses graus e nomeou vários Inspectores-Gerais Adjuntos, entre eles a um negociante também judeu, Moses Michael Hays. Este, em 1781, nomeou por sua vez 8 outros InspectoresGerais Adjuntos para vários estados da América, dos quais quatro tiveram depois um papel importante na criação do Rito Escocês Antigo e Aceito em Charleston, Carolina do Sul. Foram eles Isaac Da Costa, Deputado Inspector-Geral para a Carolina do Sul, Abraham Forst, D.I.G. para a Virgínia, e Barend M. Spitzer, D.I.G. para a Geórgia e Joseph M. Myers, D.I.G. para Maryland, a quem alguns autores atribuem a criação dos graus para além do 25º do REAA.

Com a morte Morin, com a Independência Americana a reforçar tendências autonomistas, com novas influências de ritos de altos graus que vinham da Europa, o Rito do Real Segredo criado a partir do Rito de Perfeição, de inspiração teísta católica inicial cruzado com influências filosóficas libertinas, levado para as Américas por um judeu, sofreu as inevitáveis influências da sociedade colonial francesa das Antilhas e da sociedade americana já então com uma população de grande diversidade de origens geográficas, culturais e religiosas da e iniciou a sua evolução que havia de levar ao Rito Escocês Antigo e Aceito em 1801, depois de passar por uma fase organizacional hierarquicamente caótica.

Durante o período de evolução caótica do Rito no seio dos maçons das Américas, dois europeus exerceram importante papel, ainda que ainda hoje não muito claro. Foram eles o Conde Alexandre de Grasse Tilly e seu sogro Jean Batiste Delahogue, tabelião em Santo Domingo. Grasse de Tilly militar de carreira, filho de um almirante francês que lutara ao lado dos americanos na Guerra da Independência, chegou solteiro em finais de 1789 a aquela colónia de França, de onde terá levado conhecimento sobre os novos Ritos em desenvolvimento na Europa, onde tinha sido iniciado na Loja Saint Jean d’Écosse du Contrat social.[31]

Durante a revolta nas colónias francesas das Antilhas Grasse de Tilly cumpriu as suas obrigações militares nas forças francesas, mas o agravamento da situação obrigou-o e ao sogro, como à maioria dos franceses, a abandonar a ilha de Santo Domingo. Tilly e o sogro refugiaram-se em Charleston, na Carolina do Sul, em princípios de 1796.

A 24 de Julho de 1796, fundou com o sogro a Loja « La Candeur» em Charleston, que se filiou a 2 de Janeiro 1798 na Grand Lodge of Free and Accepted Masons of South Carolina. Saiu da primeira em 1799 para fundar uma outra, denominada «La Réunion française », sob a égide da Grand Lodge of South Carolina, Ancient York Masons.[32]

A Actividade maçónica de Grasse de Tilly e de seu sogro na última década do século XVIII não é clara, ainda que a ela haja referências em documentos da maçonaria americana. A esse respeito pode ler-se no site do Supremo Conselho do REAA de Espanha:

“Dentro de la actividad masónica de Grasse-Tilly y de Delahogue, que se encuentra suficientemente documentada históricamente en los archivos americanos, se halla la creación de una Logia de Altos Secretos, es decir, un Gran o Sublime Consejo del Grado 25 y Ultimo del Rito de Perfección (13/01/1797) en la ciudad de Charleston. Por estas mismas fechas, Grasse-Tilly envía una Patente del Grado 33 a Delahogue y a varios refugiados franceses en la ciudad de Charleston (estos hechos se hallan documentados, nuevamente, en los archivos americanos). Consecuentemente, para poder actuar de esta forma, Grasse-Tilly debía poseer, masónicamente hablando, el Grado 33 y por ello cabría preguntarse divulgativamente hablando: ¿De quién lo había obtenido?. A la pregunta no se ha podido dar respuesta histórica, pero lo que sí es cierto es que el 10/12/1797, firma una Patente del Grado 32 (Sublime Príncipe del Real Secreto) y lo hace en calidad de Soberano Gran Inspector General (grado 33) y como Soberano Gran Comendador del Supremo Consejo de las Indias Occidentales Francesas.

El anterior Supremo Consejo (1797, fecha de referencia de la Patente del Grado 32) debe entenderse como anterior al de Charleston (1801) y su existencia quedó confirmada por el Boletín Oficial del Supremo Consejo de Charleston (02/02/1802) que menciona a Grasse-Tilly como Soberano Gran Comendador y a Delahogue como Teniente Gran Comendador del Supremo Consejo de las Indias Occidentales Francesas. Así pues, históricamente, la paternidad del Rito escocista de estos dos personajes está suficientemente acreditada y, adicionalmente, que el Supremo Consejo de las Indias Occidentales Francesas, o también conocido como de las Islas Francesas de Sotavento y Barlovento existía ya en 1796, cuando Grasse-Tilly y Delahogue se refugiaron, por razón de la primera revuelta negra en la Isla Dominicana, en la ciudad de Charleston. Tampoco es menos cierto que existen documentos suficientes en los archivos americanos para afirmar que en la ciudad de Kingston (Isla de Jamaica), existía con anterioridad a 1801, un Supremo Consejo del Rito Escocés Antiguo y Aceptado para las Indias Occidentales Inglesas y tal afirmación se basa en el hecho histórico de la existencia de un manuscrito constituido por un Ritual del Grado 33 y un texto (¿) de las Grandes Constituciones de 1786.”[33]

Não se conhecendo a origem dos graus que Grasse de Tilly detinha, que estavam para além dos Rito do Real Segredo de Morin ou da sua origem Rito de Perfeição, ou quem lhos teria conferido, pode supor-se que na confusão/caos que reinava então nos “altos graus escoceses” esses graus tivessem a ver com os últimos graus do Rito Primitivo de Namur, já anteriormente referido, e que tivessem a ver com a redacção do texto das Constituições ditas de 1786 que ainda hoje, com as algumas alterações introduzidas pelo Congresso de Lausanne, em 1875 são a base do funcionamento do REAA.

Mas em relação às Grandes Constituições de 1786, as chamadas Constituições de Frederico II da Prússia, que validam e completam as Constituições de 1762 do Rito de Perfeição de 25 Graus criando os restantes oito graus até ao 33º há hoje enormes dúvidas sobre a sua autoria e data de conclusão de redacção, podendo mesmo dizer-se que aquilo sobre que há mais certezas é que Frederico II da Prússia nada teve a ver com elas e que seria mesmo uma adversário dos Altos Graus. É certo que as Constituições de 1786 no seu preâmbulo referem:

“NOS, FEDERICO, por la gracia de Dios, Rey de Prusia, Margrave de Brandeburgo, etc., etc., etc.: Soberano Protector, Gran Comendador, Gran Maestro Universal Conservador de la Antiquísima y Muy Respetable Sociedad de Antiguos Francmasones o Arquitectos Unidos, o sea, Orden Real y Militar del Arte Libre de Labrar la Piedra, o Francmasonería:…”[34]

Frederico II, um déspota iluminado que gostava de lidar com intelectuais como Voltaire, seu convidado habitual, e foi um bom administrador e comandante militar no seu Reino, foi secretamente iniciado Maçon para esconder o facto pai com quem tinha fortes desentendimentos, em 1738, antes de subir ao trono por morte do pai em 1740. A partir daí, embora de alguma forma protegesse a Maçonaria, deixou de ter actividade maçónica e a 1 de Maio de 1786 já se encontrava gravemente doente e incapaz de se deslocar de Potsdam a Berlim para assinar a promulgação das Constituições, tendo vindo a morrer três meses e meio depois dessa data. Motivos por que grande número de historiadores maçónicos dão hoje como provado que as mesmas nada têm a ver com Frederico II.

Parece hoje poder aceitar-se que, pelo menos o mito da promulgação das Constituições de 1786 por Frederico II, se deverá a Frederic Dalcho, cujo pai teria sido oficial do exército de Frederico, que o lançou num discurso de 8-12-1802, depois da constituição do Supremo Conselho do REAA da Jurisdição Sul-Charleston. Mito lançado como forma de valorização do Rito que pouco tempo tinha ainda de criação, sendo muito provável que as Constituições só tenham sido redigidas à data da criação do Supremo Conselho em 1801, pois não se conhecem referências seguras à sua redacção anteriores a essa data.[35]

Independentemente da questão da paternidade e data real de aprovação das Constituições ditas de 1786, Grasse de Tilly e o seu sogro, apesar de uma tentativa de regressar Santo Domingo em 1799, mantiveram-se em Charleston e tiveram uma activa colaboração na criação por John Mitchell e Frederic Dalcho do Supremo Conselho fundador do REAA e na configuração do Rito. Deve-se lhe, por certo, no meio do caos reinante nos altos graus nas Américas, a atribuição do grau 33 a vários maçons americanos no uso dos seus poderes de Soberano Comendador do Supremo Conselho das Índias Ocidentais Francesas de um Rito com 33 graus, permitindo assim as condições para a criação do 1º Supremo Conselho dos Grandes Inspectores Gerais do Rito Escocês Antigo e Aceito, que adoptou o lema “ORDO AB CHAO” face à sua aspiração de por ordem e coordenar os Altos Graus e o Rito, sem prejuízo do dignificado inicial de inspiração teísta da mesma expressão latina.

Tilly e o sogro integraram durante algum tempo o Supremo Conselho de Charleston, que o nomeou em 21 de Fevereiro de 1802 Grande Inspector Geral e Grande Comendador das Antilhas Francesas do Rito Escocês Antigo e Aceito.

Em 1804 Tilly regressou a Paris onde fundou o Supremo Conselho Francês do REAA, para o elevou ao grau 33 numerosos Irmãos, tendo também procedido à criação da Grande Loja Geral Escocesa de França do Rito Antigo e Aceito de que, na tradição aristocrática originária do Rito, se proclamou como Grão-Mestre o Príncipe Luis Napoleão, representado pelo Conde de Grasse Tilly.

Chegou assim à Europa um novo Rito, que tendo os seus antecedentes na mesma Europa, acabara por se nascer e organizar nas Américas. Um rito de características fortemente teísta, inicialmente de dominância católica à custa dos jacobitas[36], levado para as Américas por um judeu, e a que outros judeus lá residentes deram um forte impulso. E que sofreu as inevitáveis influências do ambiente colonial e depois independentista, em sociedades constituídas por populações com origens nacionais e tradições culturais, religiosas e de valores diferenciadas, mas com uma forte presença de varias correntes protestantes, que ajudaram a manter as características teístas do Rito e, com a participação dos maçons judeus da América, a manter as referências, nomeadamente na simbologia dos graus aos relatos e personagens do Antigo Testamento.

Para fazer jus às suas origens aristocráticas adoptou o nome de Escocês Antigo com o acrescento de “Aceito” que ainda hoje não tem acordo unânime em relação ao de Aceite e também não tem a concordância da Grande Loja da Escócia em relação à utilização da designação de Escocês.[37]

O REAA, que começara sem rituais próprios nos graus simbólicos, não teve até meados do século XIX uma grande expansão e relevância nos Estados Unidos e mesmo na Europa. Nos Estados Unidos a paranóia da conspiração dos Illuminati fomentada pelos sectores religiosos ultraconservadores, no final do século XVIII, e a perseguição aos maçons na segunda metade da década de 20 e na década de 30 do século XIX travaram a Maçonaria e o crescimento do REAA durante algum tempo.[38] Mas na segunda metade do século XIX, muito pela acção de Albert Mackey, autor da lista dos 25 Landmarks habitualmente associados ao REAA e sobretudo de Albert Pike, autor de Moral e Dogma, o Rito afirmou-se, o mesmo acontecendo também na Europa a partir de França, onde Tilly tinha criado o segundo Supremo Conselho do REAA do Mundo em 1804, data a partir da qual lá começaram a ser elaborados em rituais dos Graus Simbólicos do REEA.

Noutros países vários Supremos Conselhos começaram a surgir depois, surgindo o de Portugal, a partir de uma Carta Patente emitida pelo Supremo Conselho de Brasil, criando o Supremo Conselho dos Inspectores Gerais do 33º Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito para Portugal e sua jurisdição, instalado em 1844, que foi o 13º Supremo Conselho do Mundo a ser criado.

A expansão do REAA e o surgimento de um número significativo de Supremos Conselhos levou à realização de tentativas de criação formas de coordenação, uma primeira em Paris em 1836 sem consequências visíveis, e uma segunda em 1875, em Lausanne com representação de 11 Supremos Conselhos, em que se incluía uma do Supremo Conselho Português, em que foram tomadas um conjunto de decisões que em grande parte ainda hoje vigoram, entre as quais se contam:

-A revisão das Constituições de 1786, tendo como base a chamada versão latina das mesmas, com alteração em diferentes artigos e introduzindo o princípio da eleição para os cargos e limites temporais ao mandato dos Soberanos Grandes Comendadores e Grandes Oficiais;

-A adopção de um Monitor Escocês contendo especificações para os 33 graus sobre as decorações de Loja, títulos dos oficiais, palavras sagradas e de passe, jóias, etc, deixando-se para os Supremos Conselhos Nacionais a definição dos pormenores litúrgicos e rituais.

– Consagração do princípio do reconhecimento de um só Supremo Conselho por País, a partir daquela, salvaguardando a situação dos Estados Unidos em que existiam dois, o fundador da Jurisdição Sul, em Charleston, e o da Jurisdição Norte, em Nova York;

-A assinatura de um Tratado de União, de Aliança e Confederação dos Supremos Conselhos e de uma Declaração de Princípios do Rito.[39]

-A orientação de que em cada país o Supremo Conselho reconhecido deveria assumir a administração exclusiva dos graus acima dos graus simbólicos.

A ratificação das conclusões e dos tratados e declarações não foi unânime nem totalmente pacífica pelos Supremos Conselhos de vários países.

A conferência de Lausanne ficou marcada por uma larga discussão sobre o tema que hoje continua actual, a discussão sobre a obrigação de invocação do Grande Arquitecto do Universo, que apesar da polémica reinante em França e na Bélgica cujos Grandes Orientes vieram a abolir essa obrigatoriedade por a considerarem violadora da liberdade de consciência, ficou consagrada ainda que com redacções ligeiramente diferentes no tratado e na Declaração de Princípios. Posteriormente, em 1877, numa reunião em Edimburgo dos Supremos Conselhos da Escócia, da Grécia, dos EUA (Jurisdição Sul), da Irlanda e da América Central houve uma tentativa de acentuar a feição mais teísta de inspiração judaico-cristã, na linha da Grande Loja Unida de Inglaterra, que acabou por ser tacitamente aceite em nome da unidade do Rito[40], ainda que com leituras mais teístas ou mais deístas conforme as influências dominantes das várias correntes religiosas nos países de que os Supremos Conselhos são originários.

Em França e ma Bélgica, e em outros países Europeus de dominância religiosa católica, as sucessivas perseguições e condenações de Roma à Maçonaria provocaram um afastamento no sentido do Deísmo ou da Religião Natural, ou mesmo no de ignorar da necessidade da crença individual do GADU. Com a junção de Supremos Conselhos de alguns países mediterrânicos, como é caso da Turquia, há hoje um grupo que reclama a afirmação do laicismo, o que não deixará de ter consequências na obrigatoriedade da invocação do GADU.[42]

Nos países de predominância religiosa protestante o carácter mais fortemente teísta manteve-se, pois as boas relações dessas igrejas com a Maçonaria, de que muitos pastores eram e são membros de relevo, favoreceram a vertente teísta, pelo menos no plano formal e ritual.

Para além dessas acentuações rituais diferentes, a polémica da Regularidade/ Irregularidade, que soa a saudosismo imperial e a colonialismo requentado da Grande Loja Unida de Inglaterra, reflecte-se em divisões entre Supremos Conselhos do REAA, com reuniões separadas dos que se reconhecem como regulares e dos que integram a corrente adogmática e liberal que além não obrigarem os seus membros a acreditar num “deus revelado” assumem também o reconhecimento do direito à existência da Maçonaria Feminina.

Contra o que tinha sido acordado em Lausanne, em 1875, mesmo que a ratificação dos acordos desse Convento, não tenha sido pacífica e geral, constata-se a existência de mais de um Supremo Conselho em vários países, como é o caso de Portugal, em função da separação ditada pelo “critério”? da dita regularidade/irregularidade maçónica. Situação tanto mais surpreendente quanto a declaração dos critérios de regularidade da Grande Loja Unida de Inglaterra é de Setembro de 1929, mais de meio século depois dos acordos de Lausanne e a grande Loja e o seu Rito não têm Altos Graus.

Enfim, uma interpretação peculiar da fraternidade maçónica.

Notas

[1] -Há defensores para cada uma das duas designações Aceito ou Aceite, com base em razões justificativas para cada uma delas. Ainda que pessoalmente perfilhe a de Aceite a oficialmente adoptada pelo Supremo Conselho dos Inspectores Gerais do 33º Grau para Portugal e sua Jurisdição é a de Rito Escocês Antigo e Aceito e como diz a sua divisa “DEUS MEUMQUE JUS” (Deus e o meu direito) tendo o poder de decidir como Câmara Superior do Rito e Supremo Conselho fixou a designação oficial.

[2] – Morris, S. Brent, Membre Actif du Suprême Conseil de la Juridiction Sud des Etats-Unis d’Amérique et directeur de la publication HEREDON, em comunicação no colóquio comemorativo dos 200 anos do Supremos Conselho de França, organizado pelo Conselho em 2004 em Paris.

[3] -Magalhães, Franklin Ribeiro, citado por Camino , Rizzardo da, O Rito Escocês Antigo e Aceito do 1º ao 33º, 2ª edição., Madras Editora, S:Paulo, 1999.

[4] -Ritos Maçónicos, O REAA, Grande Oriente de Mato Grosso, Internet , http://www.superinteligente.com.br/~gomsorg /?conteudo=canal&id=4&canal_id=17, transcrito de Camino , Rizzardo da, O Rito Escocês Antigo e Aceito do 1º ao 33º, 2ª edição., Madras Editora, S:Paulo, 1999. 5

-Terão fundado em 1688 uma Loja seguindo as práticas escocesas em Saint-Germain-en-Laye . Machado, Frederico II O Grande, palestra proferida na reunião do Colégio de Grandes Inspetores do REAA do Sul de Minas Gerais, em Outubro de 1998, Internet http://www.polibusca.com.br/texto.aspx?idTxt=139

[5] -Lei aprovada pelo Parlamento Inglês em,1673 que determinava que qualquer candidato a um cargo público devia jurar aceitar a soberania do rei como chefe da Igreja, o que visava impedir os católicos de os exercer. Oliveira, Cipriano Constituição de Anderson, Cadernos Humanitas, Edições Cosmos, 2011.

[6] – Jaime II de Inglaterra, Wikipédia.org, Enciclopédia Digital.

[7] Grande Loja Feminina de Portugal, texto informativo “ O Rito Escocês Antigo e Aceito”

[8] -Joton, Maurice-Origens do Rito Escocês Antigo e Aceito

[9] -Castellani, José – Venerável Mestre Origem do Título, texto disponível na Internet,

[10] -Branco, Ailton-Loja Escocesa e Escocesismo, http://www.oficinareaa.org.br/v1/

[11] – Joton, Maurice, texto citado

[12] – Bandeira, Rui – Os Altos Graus do REAA, texto disponível na Internet.

[13] Branco, Ailton-Loja Escocesa e Escocesismo, http://www.oficinareaa.org.br/v1/

[14] -Joton, Maurice, texto citado.

[15] -Branco, Ailton-Loja Escocesa e Escocesismo, http://www.oficinareaa.org.br/v1/

[16] -Joaquim Gervásio de Figueiredo de Figueiredo situa a criação do Rito da Estrita Observância em 1764, pelo Barão de Hund em terras da hoje Alemanha, com base na tradição mística das antigas Ordens de Cavalaria. Figueiredo, Joaquim Gervásio- Dicionário de Maçonaria, Google Books

[17] -Há quem refira que seriam doze para além dos simbólicos-Grande Loja Estadual de Mato Grosso- Ritos e seus Rituais – http://www.glemt.org/2010/ver2.php?id=164

[18] – Branco, Ailton-Loja Escocesa e Escocesismo, http://www.oficinareaa.org.br/v1/

[19] – Joton, Maurice, texto citado e Grande Oriente de Mato Grosso, Ritos Maçónicos, O REAA,

[20] – Machado, Frederico II O Grande, palestra proferida na reunião do Colégio de Grandes Inspetores do REAA do Sul de Minas Gerais, em Outubro de 1998, Internet http://www.polibusca.com.br/texto.aspx?idTxt=139


[22] Bacelar, Mário – Os 33 Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, Editora Mandarino, 4ª edição

[23] Bacelar, Mário – Os 33 Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, Editora Mandarino, 4ª edição

[24] Figueiredo, Joaquim Gervásio, Dicionário de Maçonaria, Googlebooks

[25] – Couto, Sérgio Pereira – Sociedades Secretas, Maçonaria, Google books

[26] – Joton, Maurice, texto citado e Grande Oriente de Mato Grosso, Ritos Maçónicos, O REAA.


[28] -Artº 15º, 26º e 27º das Constituições de 1762. Bacelar, Mário – Os 33 Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, Editora Mandarino, 4ª edição







[35] -A este respeito veja-se o interessante texto FREDERICO II DA PRUSSIA E AS GRANDES CONSTITUIÇÕES DE 1786 de William Almeida Carvalho, Director da Biblioteca do GOB e da Academia Maçónica de Letras do Distrito Federal, Brasil, disponível em http://www.freemasonsfreemasonry.com/6carvalho.html .

[36] – Há autores que contestam o papel stuartista/jacobita na criação da Maçonaria dos Altos Graus. http://fr.wikipedia.org/wiki/Auguste_de_Grasse-Tilly

[37] -Joaquim Gervásio de Figueiredo, a esse respeito, refere no seu dicionário já referenciado anteriormente que “a Grande Loja da Escócia que, para evitar o emprego abusivo desse título, declarou textualmente em 1836 “A Grande Loja da Escócia não pratica mais graus que o Aprendiz, Companheiro e Mestre, denominados Maçonaria de São João”.

[38] – Kristin Henley, A Maçonaria na América, documentário série Sociedades Secretas, nº3, Filmes Unimundos, Lisboa.

[39] Os interessados poderão encontrar uma versão digitalizada em espanhol do Tratado de Confederação em http://www.supremoconsejomasonicoespana.org

[40] -Carvalho, William Almeida – Génese e Expansão dos Supremos Conselhos- www.freemasonsfreemasonry.com/3carvalho.htm

[42]- No III Encontro Euro-Mediterrânico dos Altos Graus Escoceses realizado em Istambul de 24 a 26 de Maio de 2012 (o II realizou-se em Lisboa em 2010) com a presença dos Supremos Conselhos da Turquia, Bélgica, Líbano, Marrocos, França, Itália, Espanha, Grécia e Luxemburgo, que teve como tema “A Democracia e a Laicidade no Mediterrâneo na busca de um mundo melhor em relação com a lenda do 15º Grau do REAA”. Blog El Máson Aprendiz, http://www.masoneria-liberal.com/

Fonte: https://bibliot3ca.com

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