O ALCOOLISMO NA MAÇONARIA
Irmãos Autores:
Luiz Carlos Affonso da Costa – CIM: 218444.
Luiz Fernandes de Carvalho Filho – CIM: 125035.
Mário Monteiro Morgado – CIM: 219712.
Mauro Alves Lima – CIM: 208851.
Rodrigo Tomaz da Silva – CIM: 226158.
O presente trabalho elaborado e apresentado, no inicio de Dezembro de 2005, pelos Irmãos Mario Monteiro Morgado (e mail:mm.morgado@uol.com.br ) e Luis Fernandes de Carvalho Filho (e-mail: lfernandes01@yahoo.com.br) da ARLS União e Vitória n° 2622 surgiu de uma idéia do Venerável Mestre, da loja Irmão Pascoal Argenti Sobrinho, e contou com a colaboração do Irmão Alexandre Maurmo da ARLS Sesquicentenário n° 1915.
1. INTRODUÇÃO
Muitas vezes desejaríamos que as drogas simplesmente não existissem, principalmente quando vemos pessoas a quem amamos sofrendo e nos fazendo sofrer por estarem envolvidas com drogas. Entretanto, elas existem. O que podemos fazer é tentar evitar que as pessoas se envolvam com essas substâncias. Os que já se envolveram, podemos ajudá-los a evitar que se tornem dependentes. Para aqueles que já se tornaram dependentes, cabe-nos oferecer os melhores meios para que possam abandonar a dependência. Se, apesar de todos os nossos esforços, eles continuarem a consumir drogas, temos a obrigação de orientá-los para que o façam da maneira menos prejudicial possível, mantendo a esperança de que estejam atravessando uma fase difícil e necessitando, portanto, de nosso apoio.
Mas o que são drogas? Drogas são substâncias utilizadas para produzir alterações e mudanças nas sensações, no grau de consciência e no estado emocional. As alterações causadas por essas substâncias variam de acordo com as características da pessoa que as usa, qual droga é utilizada e em que quantidade, o efeito que se espera da droga e as circunstâncias em que é consumida.
Geralmente achamos que existem apenas algumas poucas substâncias extremamente perigosas: são essas que chamamos de drogas. Achamos também que drogas são apenas os produtos ilegais como a maconha, a cocaína e o crack. Porém, do ponto de vista de saúde, muitas substâncias legalizadas podem ser igualmente perigosas, como por exemplo, o álcool, que também é considerado uma droga como as demais.
2. ÁLCOOL
O álcool é a substância química mais utilizada pela humanidade e faz parte de nosso dia-a-dia, sendo plenamente aceito em nossa sociedade. Porém, se pararmos para pensar, a bebida muitas vezes é usada de forma abusiva e pode trazer graves danos físicos, sociais e emocionais, apesar de estar presente na maioria das festas e em alguns rituais. Quase todos os países do mundo, onde o consumo é aceito, possuem uma bebida típica da qual se orgulham, por exemplo: pinga ou cachaça no Brasil, wisky na Escócia, tequila no México, saquê no Japão.
2.1. Efeitos:
Os sinais e sintomas da intoxicação alcoólica caracterizam-se por níveis crescentes de depressão do sistema nervoso central.
Inicialmente há sintomas de euforia leve, excitação, falso bem estar, clima sociável e receptivo, evoluindo para aumento da diurese (urina), tonturas, náuseas, vômitos, falta de coordenação dos movimentos do corpo (ataxia), andar cambaleante, aumento da pressão arterial, passando à confusão e desorientação e atingindo graus variáveis de anestesia, entre eles o estado mórbido com consciência (estupor) e o coma. A intensidade do sintoma da intoxicação tem relação direta com a quantidade de álcool. O desenvolvimento de tolerância, a velocidade da ingestão, o consumo de alimentos (<>
O alcoolismo é considerado pela Organização Mundial de Saúde como uma "doença incurável", caracterizada pelo uso descontrolado e progressivo da bebida alcoólica. O doente bebe cada vez mais e pode ser levado à loucura e à morte.
O alcoolismo é a terceira doença que mais mata no mundo. Perde apenas para o câncer e para as doenças do coração. Porém, muitas vezes, o próprio alcoolismo é a causa de vários tipos de câncer e de doenças do coração.
Para cada alcoólatra, cerca de cinco pessoas de alguma forma são afetadas, principalmente as famílias.
Esta é uma doença que aparece igualmente, na mesma proporção, entre ricos, pobres, intelectuais, analfabetos, jovens, velhos, brancos, negros, etc.
2.2. Danos à Saúde:
- Gastrite, esofagite, úlceras, sangramentos.
- Anemia e desnutrição
- Agressão hepática, cirrose, barriga d´água, varizes de esôfago, hemorragias graves, insuficiência hepática, desnutrição, alterações na coagulação.
- Agressão cerebral, perda de memória, inteligência, concentração, coordenação e visão. Riscos de acidente vascular cerebral (AVC), tremores contínuos nos membros (braços e pernas), neurite alcoólica e coma.
- Agressão ao coração, com um risco superior a 45 vezes maior que o do câncer em geral.
- Impotência, desenvolvimento excessivo da glândula mamaria do homem, infertilidade, grave agressão ao Recém Nascido (Síndrome Alcoólica fetal, retardamento mental, má formações graves) podendo chegar à MORTE PRECOCE.
2.3. Então porque bebemos?
Busca de prazer, reforço positivo, repetimos para obtermos a mesma satisfação; Para evitar a dor ou desprazer; fuga; Aliviar tensões, ansiedades, medos, sensações físicas desagradáveis; Por experiência, para se adaptar ao grupo, aprovação social, “sou macho!”; e Imitar os familiares, os pais, o exemplo familiar.
2.4. O Problema
Não dá para saber quem será bebedor social, apenas experimentador, usuário eventual ou dependente. Sabemos que 20% dos que experimentam serão alcoólatras ou simpatizantes. Existe uma predisposição “química” genética do corpo nestes casos. Não haverá DOENÇA se não experimentar.
Não é: “Falta de vergonha, falta de força de vontade ou coisa do demônio”. É DOENÇA.
2.5. Dependência:
Caracteriza-se pelo uso do álcool ou outras drogas de forma contínua, repetida, em doses cada vez maiores, para obter prazer, sem conseguir parar. Quando tenta parar tem sintomas da falta do álcool ou das outras drogas (abstinência): no caso do álcool = tremores, náuseas, vômitos, até o delirium tremens e a morte. É uma DOENÇA.
Sinal de perigo: “Quando quiser eu paro!”. Negação do próprio alcoolismo ou Dependência Química quando já evidente. Defesa da auto-imagem, da auto-estima.
Reconhecer a doença é o principal passo para iniciar o tratamento. 2.6. Sinais de Alerta – Risco da Doença e Dependência Química:
Queda do rendimento na escola e no trabalho; Aumento do índice de faltas, sem justificativa; Bebe por estar alegre e por estar triste; Bebe com freqüência, para “relaxar e para esquecer”; Começa a se justificar de estar bebendo; Refugia-se na bebida diante de brigas e problemas; Bebe sozinho; Bebe pela manhã; Mente, quanto à quantidade de bebida; Acha se “o BOM” por que bebe mais que os outros; Fica bêbado, toda vez; e Cria tolerância, necessita cada vez mais álcool, para se satisfazer e manter a embriaguez. Perda relativa do efeito da bebida.
2.7. COMPORTAMENTOS TÍPICOS:
- Obsessão pelo copo, medo do copo vazio;
- Sofreguidão para beber, prefere esvaziar logo o copo, não come para não tirar o efeito, pois se comer a metabolização do álcool é maior;
- Pouco sono, não reparador;
- Autoritário, vulnerável a bajulações, a ser enganado;
- Isolamento e Negação;
- Planejamento excessivo, artimanhas para não faltar à bebida. Afasta quem atrapalha (chefe, mulher, filhos);
- Sucessão de ”Dane-se”;
- Solta as amarras, não esconde mais, começam as brigas conjugais;
- Lapsos de memória; e Impotência Sexual, culpa a(o) companheira(o).
2.8. Fases:
Fase 1 = Social;
Fase 2 = Social com dependência emocional; Fase 3 = Fase problemática, com dependência emocional e física; e Fase 4 = Fase problemática com graves problemas de saúde. Perdas extremas.
2.8.1. Fases Típicas
PAVÃO = se gaba/se mostra!;
PAPAGAIO = falador/repetidor;
MACACO = palhaçadas/larápio;
LEÃO = agressivo/brigão; e
PORCO = sujeira / sarjeta.
2.9. Tratamento:
- NÃO HÁ CURA;
- DÁ PARA ESTABILIZAR E CONTROLAR A DOENÇA. São Alcoolistas e/ou Dependentes Químicos em recuperação;
- Medicamentos: calmantes, antidepressivos e medicamentos mais concentrados que são usados durante as internações de desintoxicação;
- Psicoterapia = tratamentos psicossociais, comportamentais, treinamento de autocontrole, psicodinâmicas, terapia conjugal e familiar, terapias de grupo;
- GRUPOS DE AUTO-AJUDA:
- Alcoólicos Anônimos; e
- Narcóticos Anônimos.
3. SITUAÇÃO ATUAL:
Afeta 15% da população brasileira e 12% da mundial.
Nosso país gasta 7% do PIB com problemas gerados pelo alcoolismo e pelas drogas: cai a produtividade, mais falta ao trabalho, tratamento do alcoolista, custos sociais de acidentes devidos ao alcoolismo. Só arrecada 5% do PIB com a indústria de bebidas e cigarros.
Somos o 3º maior produtor mundial de cerveja e consumimos 70% da produção, ou seja, aproximadamente 20 milhões de litros/dia, o que equivale a 7,1 bilhões litros/ano, sendo em média 44 l/ano-habitante, fora às outras bebidas.
É a 3ª Doença que mais mata no mundo.
Causa 90% das internações psiquiátricas e 20% das gerais em adultos. 20% dos alcoolistas se torna dependente de outras drogas. Inicia pelo álcool por que não é proibido, o acesso é mais fácil e é mais barato. Aumenta o risco de se transar sem camisinha (se cuida menos, tem mais parceiros) e com isso pegar AIDS e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST).
Aumenta em 45 vezes o risco de vários tipos de câncer, mas se morre mais e antes, das outras complicações.
3.1. Regulamentação do Teor de Bebida Alcoólica:
01 copo de cerveja 200ml (5%) que equivale a 01 copo de vinho 90ml (12%) ou ½ dose de pinga ou Wisky 25ml (40%) que são doses iguais a 10g de álcool.
Pela legislação um motorista é considerado alcoolizado tendo na sua corrente sanguínea um teor maior ou igual a 0,6 g/l de álcool ou então 02 latinhas de cerveja que equivale a ½ garrafa de vinho ou igual ou maior a aproximadamente 02 doses de pinga ou wisky.
Cerveja/chopp possuem cerca de 5% de álcool, vinho cerca de 12% e pinga/wisky/vodka cerca de 40%.
Risco físico sério já a partir de 10 latinhas de cerveja/semana para mulheres e 15 para homens.
56% de crianças entre 09 e 12 anos, já tiveram contato, principalmente os meninos (numa proporção de 80% para 40% de meninas), muitos incentivados socialmente pelos pais, e também por colegas.
3.2. CONSEQUÊNCIAS DO ALCOOLISMO
O alcoolismo é responsável ainda por:
- 80% dos suicídios;
- 64% dos homicídios;
- 60% das agressões a mulheres e crianças;
- 41% dos assaltos;
- 39% dos estupros;
- 25% dos atropelamentos de alcoólatras;
- 45% dos jovens envolvidos com acidentes estavam alcoolizados; e
- Motoristas alcoolizados são responsáveis por 66% dos acidentes fatais.
4. MAÇONARIA:
Foi realizada pesquisa sobre a influência do álcool na Maçonaria e os resultados obtidos vão de encontro com o que a nossa grã filosofia prega, ou seja, como podemos ter estatísticas de IIr∴ que bebem se lutamos contra o Vício?
O que se tem é a informação de alguns IIr∴ ou seus familiares que se encontram em tratamento, ou já se encontram no estado avançado de tratamento com êxito, além de Programas de Luta contra o Alcoolismo, como o do GOB/GOERJ – A Maçonaria contra as Drogas.
De encontro a isto buscamos depoimentos em livros e palestras dos Alcoólicos Anônimos, de familiares que tiveram pessoas alcoólatras, neste caso profanos e também contamos hoje com a participação de IIr.∴ que se dispuseram a participar deste trabalho com os seus depoimentos de vida.
Desta forma apresentamos o depoimento de uma senhora que teve o marido alcoólatra e dos IIr∴ Celso General e o Zildevam que já passaram por estes momentos.
1º Depoimento:
“O marido começou a beber. A mulher não teve coragem ou sabedoria para descobrir a causa e tentar ajudar. O problema foi se tornando lenta e gradativamente mais sério. O silêncio parecia ser a resposta mais adequada. Para que irritar o marido? Ele sempre foi um homem bom, trabalhador, honesto!! É um bom pai!! Qual o problema de ele tomar um pouco a mais no fim de semana? Para não brigar, a mulher fica quieta. A mágoa não assimilada e resolvida vira ressentimento, que desencadeia um processo de sofrimento e destruição. Toma remédios para se curar da depressão há mais de dezessete anos e acredita que vá tomar até morrer, porque não existe remédio que possa curar a raiz desse ressentimento, já que o mesmo trata as conseqüências deste, mas não elimina as causas. Enquanto continuar sofrendo agressões verbais, morais e até físicas de seu esposo alcoólatra, vai continuar profundamente deprimida. Por outro lado, acredita que o marido também é vitima de um ressentimento não tratado. A causa de seu alcoolismo precisa ser assumida e tratada. O que o antidepressivo é para ela o álcool é para o marido. Acredita ainda, que ambos estão reprimidos e guardando sentimentos estragados”.
2º Depoimento:
3º Depoimento:
“Imaginemos um iniciado que vem a descobrir que é alcoólatra, devido a uma cerveja, a cada quarta-feira, depois uma no final de semana e em seguida todo dia, será que não seremos responsabilizados pela família deste Ir∴ por este fato?”
“Ressaltamos ainda que, a Loja União e Vitória é patrocinadora do Capítulo DeMolay Luz da Costa Verde e é proibido o uso de Bebidas Alcoólicas nas festas dos mesmos, conforme o parágrafo sobre Bebidas, constante no Capítulo XVI da Seção I - PRÁTICAS PROIBIDAS – Artigo 91-J da CONSTITUIÇÃO de 2004.”
“A Maçonaria não pode e não deve furtar-se ao compromisso social de divulgar por todos as formas e meios os efeitos danosos desse que podemos chamar de o GRANDE VILÃO SOCIAL, justamente por ser uma droga “LÍCITA”, com grande poder destrutivo, como já vimos anteriormente.”
5. CONCLUSÃO:
Fica para nós MAÇONS o grande desafio de colocarmos o primeiro tijolo na construção deste “TEMPLO A VIRTUDE”, cavando de maneira positiva, “MASMORRAS AO VÍCIO”.
Quando no trolhamento é feita a pergunta: “O QUE VINDES AQUI FAZER?” – respondemos, “VENCER MINHAS PAIXÕES, SUBMETER A MINHA VONTADE E FAZER NOVOS PROGRESSOS NA MAÇONARIA”. Portanto meus IIr., diante desse flagelo, fica aqui uma sugestão: “ABOLIRMOS DE VEZ EM NOSSA LOJA, POR OCASIÃO DOS ÁGAPES A BEBIDA ALCOOLICA”. Estaríamos dando assim a nossa pequena, mas decisiva contribuição para, se não resolvermos o problema, pelo menos, suavizar seus efeitos entre nós.
ESSE PODERIA SER O GRANDE DESAFIO DA LOJA UNIÃO E VITÓRIA PARA O BIENIO 2006/2007.
6. BIBLIOGRAFIA
1. Palestra: “Drogas – Um Alerta para a Família Maçônica” – 2º Encontro de Lojas da 17ª Circunscrição do GOERJ – ARLS Sesquicentenário nº 1915 – Angra dos Reis – 28/09/2004). Autor: M\ M\ Alexandre Mesquita Maurmo – CIM: 210308.
2. Pesquisa “Maçonaria Contra as Drogas – A Favor da Vida” – Site:www.gob.org.br - Autor: Prof.: Otávio Martins de Oliveira.
3. Dados do SENAD – Secretária Nacional Anti-Drogas.
4. Livro: A Cura do Ressentimento – Autor: Padre Léo – Edições Loyola – 2º Edição – Set./03.
5. Folder: Alcoólicos Anônimos em sua Comunidade – 1966 – Traduzido pela Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil.
6. Folder: Doze Peguntas às Quais Somente Você pode Responder – 1973 – Traduzido pela Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil.
7. Matéria: Aumento do Consumo de Álcool é Alarmante – Dados da SENAD/Organização Mundial da Saúde (OMS) - Jornal: O Globo – 29/11/2005 – pág.: 12.
8. Visita ao Alcoólicos Anônimos – Reunião de Depoimentos. MENSAGEM FINAL
"Nenhum homem é uma ilha", ninguém é completo em si mesmo. Cada um de nós, não importa idade, classe social, formação ou atividade profissional, é parte de um todo. Um todo que se inter-relaciona das mais diversas formas. É até possível que o ser humano consiga viver sozinho, mas não acredito que alguém possa chamar isso de felicidade. Fornecer informações para acelerar o crescimento das pessoas é um dos principais objetivos a ser seguido por aqueles que a possuem. Mas, a partir daí, do seu crescimento, procure compartilhá-lo com outras pessoas, transformando-se em um multiplicador. Certa vez isso foi dito de maneira muito bonita: "Procure conviver entre pessoas que o ensinem a caminhar entre as estrelas, porém, quando encontrar a luz, não a negue aos que ficaram nas trevas”. É como diz a sabedoria popular:
"Uma vela nada perde quando, com sua chama, se acende outra que estava apagada".
"É na prevenção ao uso de drogas que a ação da maçonaria pode ser decisiva não só pela possibilidade de passar aos irmãos informações confiáveis, mas acima de tudo por oferecer condições de convívio e integração capazes de se não neutralizar, ao menos atenuar a atração que o universo das drogas exerce sobre o ser humano".
Fonte: JBNews - Informativo N. 0170 13/02/2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário